Criar adolescentes é difícil? Psicóloga dá dicas de como lidar com as emoções dos filhos


À medida que a saúde mental dos adolescentes piora, Lisa Damour, queridinha dos pais americanos e best-seller nos EUA, dá conselhos aos pais sobre ansiedade, estudos e dificuldades entre amigos

Por Cristina Caron

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A autora e psicóloga Lisa Damour se tornou uma espécie de celebridade entre muitos pais de adolescentes nos Estados Unidos.

“Há um mês, tenho me ‘damouralizado’. Gosto tanto dela que acabei de criar um verbo em sua homenagem”, afirmou Rebecca Gold, de Great Barrington, em Massachusetts, mãe de dois filhos adolescentes e de uma criança de dez anos, que vem devorando os livros de Damour, ouvindo seu podcast e “basicamente tentando me sintonizar com ela”.

Psicóloga best seller do The New York Times dá dicas de como os pais podem lidar com as emoções dos filhos adolescentes. Foto: Pikfree
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Em Seattle, Katie Eastwood, que tem duas filhas, de 15 e 12 anos, elogiou o livro Untangled (Desembaraçada, em tradução livre), o guia de Damour sobre as sete transições evolutivas de uma menina, dizendo que o livro “me salvou várias vezes”.

Damour, que é conhecida por dar conselhos práticos baseados em pesquisas científicas, tem mais de 25 anos de prática como psicóloga, aconselhando adolescentes e seus familiares. Seu livro mais recente, The Emotional Lives of Teenagers (A vida emocional dos adolescentes), tornou-se um best-seller do The New York Times, depois de Untangled e Under Pressure (Sob pressão).

Como mãe de duas filhas, de 12 e 19 anos, Damour sabe, por experiência própria, que a parentalidade é difícil e às vezes assustadora. Isso foi confirmado nos últimos anos, à medida que a saúde mental das crianças, especialmente das adolescentes, tem sido afetada.

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No entanto, uma esperança percorre o trabalho de Damour e parece dizer: você está no controle. “Ter saúde mental não é se sentir bem, mas ter os sentimentos certos no momento certo e ser capaz de gerenciá-los com eficácia”, escreveu ela em The Emotional Lives of Teenagers.

Perguntamos a Damour como ajudar, psicológica e emocionalmente, os adolescentes a enfrentar um novo ano letivo.

As perguntas e respostas foram editadas e condensadas por questão de clareza.

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Ultimamente, há muitas matérias sobre o agravamento da saúde mental dos adolescentes. No que os pais devem prestar mais atenção?

Quero que os pais fiquem atentos aos estados de espírito tristes, ou de raiva, que duram mais de um ou dois dias, e ao que chamo de “enfrentamento com custo”, no qual os jovens usam estratégias que lhes proporcionam alívio, mas causam danos, como o abuso de substâncias, o uso não saudável da tecnologia, o tratamento inadequado das pessoas ao seu redor ou de si mesmos.

É claro que quero também que os pais estejam alertas se um adolescente disser que está desesperado ou estiver querendo se machucar.

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Como você faz para que seu filho adolescente fale com você?

Os adolescentes querem fazer as coisas do seu jeito. Essa é a natureza da adolescência. Quando os adultos convocam a reunião e definem a pauta - quando dizem: “Como foi seu dia? O que aconteceu?” -, os adolescentes às vezes ficam nervosos e se sentem encurralados.

Mas eles também querem - e precisam - estar em contato com adultos amorosos. E costumam trazer à tona tópicos que são importantes para eles, muitas vezes em momentos inesperados ou até inconvenientes.

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Como sou mãe de adolescentes, tento não levar para o lado pessoal quando não estão a fim de responder às minhas perguntas e faço o possível para estar aberta e receptiva quando estão dispostas a conversar, mesmo que isso signifique adiar as minhas tarefas ou meu sono.

Algumas famílias sentem que esses momentos não surgem naturalmente, ou que seus filhos não estão se abrindo.

É importante que os adolescentes expressem suas emoções. Verbalizar seus sentimentos e falar sobre seu mundo interior é uma maneira de fazer isso, mas essa não é a opção preferida de todos os adolescentes. Devemos respeitar o fato de que às vezes eles “expressam seus sentimentos” saindo para correr, ou criando uma playlist que corresponde ao seu estado de espírito, para que possam mergulhar nessas emoções e depois sair delas em alta velocidade.

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A prioridade é que os adolescentes tenham maneiras de se expressar que tragam alívio e não os prejudiquem. Não é uma prioridade que eles se abram usando as palavras. As estratégias de enfrentamento são muito pessoais.

Vamos falar sobre os medos e a ansiedade relacionados à escola. O que você diz ao seu filho quando ele quer ficar em casa o tempo todo?

A fuga alimenta a ansiedade. Quando evitamos as coisas que tememos, o efeito imediato que sentimos é um grande alívio, o que pode reforçar o desejo de continuar evitando.

Ao não ir à escola, ou à festa, nossos medos ficam encapsulados porque não são confrontados com a realidade.

Outra preocupação é que quando um aluno falta à aula por qualquer motivo, é inevitável que ele fique um pouco atrasado acadêmica e socialmente.

O que quero que as famílias determinem é se o que seu filho adolescente está enfrentando é desconfortável ou incontrolável. Na maioria das situações - com a ajuda de estratégias para reduzir a ansiedade -, o adolescente pode participar, pelo menos um pouco, do que ele tanto teme. Sair durante parte do dia é melhor do que ficar em casa.

Vários pais me disseram que seus filhos enfrentam ansiedade relacionada ao desempenho acadêmico. Como podemos ajudar os adolescentes a aliviar parte dessa pressão?

Os pais e cuidadores podem ser mais úteis quando conseguem distinguir a ansiedade saudável da ansiedade não saudável. A ansiedade saudável é um sistema de segurança com o qual todos nascemos e que nos alerta sobre ameaças. Quando um adolescente, por exemplo, tem uma prova importante para a qual não começou a estudar, ou quando está em uma festa que está fora de controle, em ambos os casos eu esperaria ver uma resposta ansiosa e gostaria que esta o ajudasse a corrigir o rumo das coisas.

A ansiedade não saudável ocorre quando ela existe na ausência de uma ameaça, ou quando é desproporcional à ameaça. Na ansiedade irracional, tendemos a superestimar a ameaça e a subestimar nossa capacidade de lidar com ela.

Se um adolescente está preocupado com seu desempenho acadêmico, adultos compreensivos podem conversar com ele sobre a possibilidade de estar superestimando as consequências. Talvez ele também esteja subestimando sua capacidade de tomar medidas para lidar com as coisas que o preocupam.

O objetivo não é livrar os adolescentes da ansiedade. Isso nunca vai acontecer, nem deveria. O objetivo é garantir que a ansiedade permaneça dentro de limites saudáveis.

Como podemos ajudar um adolescente que está estressado por causa da sua agenda sobrecarregada?

O mais importante é saber se ele tem oportunidades suficientes para se recuperar entre os períodos de estresse. É semelhante ao treinamento de força. Se as pessoas não descansam entre os treinos de levantamento de peso, podem se machucar. Se descansarem entre os treinos, ganharão força. Essas demandas são tão grandes que o adolescente não dorme o suficiente? Ele não tem tempo para ver seus amigos? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, a agenda do adolescente precisa ser revisada.

Como saber quando devemos deixar o adolescente resolver as coisas por si mesmo?

Felizmente, os pais podem encontrar um meio-termo entre ser superprotetores e totalmente ausentes: assumindo o papel de treinadores.

Claro, queremos ajudar nossas crianças e adolescentes a lidar com os desafios que enfrentam, e nossa primeira atitude deve ser ficar de fora da situação para que eles possam nos usar como consultores sobre como resolver as coisas.

As situações em que os jovens se colocam podem ser tão complexas que já vi adultos bem-intencionados piorando as coisas ao se intrometer. Quanto mais pudermos ajudar os adolescentes a adquirir as habilidades necessárias para que se virem de forma independente, mais seguros nos sentiremos quando chegar a hora de saírem de casa.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A autora e psicóloga Lisa Damour se tornou uma espécie de celebridade entre muitos pais de adolescentes nos Estados Unidos.

“Há um mês, tenho me ‘damouralizado’. Gosto tanto dela que acabei de criar um verbo em sua homenagem”, afirmou Rebecca Gold, de Great Barrington, em Massachusetts, mãe de dois filhos adolescentes e de uma criança de dez anos, que vem devorando os livros de Damour, ouvindo seu podcast e “basicamente tentando me sintonizar com ela”.

Psicóloga best seller do The New York Times dá dicas de como os pais podem lidar com as emoções dos filhos adolescentes. Foto: Pikfree

Em Seattle, Katie Eastwood, que tem duas filhas, de 15 e 12 anos, elogiou o livro Untangled (Desembaraçada, em tradução livre), o guia de Damour sobre as sete transições evolutivas de uma menina, dizendo que o livro “me salvou várias vezes”.

Damour, que é conhecida por dar conselhos práticos baseados em pesquisas científicas, tem mais de 25 anos de prática como psicóloga, aconselhando adolescentes e seus familiares. Seu livro mais recente, The Emotional Lives of Teenagers (A vida emocional dos adolescentes), tornou-se um best-seller do The New York Times, depois de Untangled e Under Pressure (Sob pressão).

Como mãe de duas filhas, de 12 e 19 anos, Damour sabe, por experiência própria, que a parentalidade é difícil e às vezes assustadora. Isso foi confirmado nos últimos anos, à medida que a saúde mental das crianças, especialmente das adolescentes, tem sido afetada.

No entanto, uma esperança percorre o trabalho de Damour e parece dizer: você está no controle. “Ter saúde mental não é se sentir bem, mas ter os sentimentos certos no momento certo e ser capaz de gerenciá-los com eficácia”, escreveu ela em The Emotional Lives of Teenagers.

Perguntamos a Damour como ajudar, psicológica e emocionalmente, os adolescentes a enfrentar um novo ano letivo.

As perguntas e respostas foram editadas e condensadas por questão de clareza.

Ultimamente, há muitas matérias sobre o agravamento da saúde mental dos adolescentes. No que os pais devem prestar mais atenção?

Quero que os pais fiquem atentos aos estados de espírito tristes, ou de raiva, que duram mais de um ou dois dias, e ao que chamo de “enfrentamento com custo”, no qual os jovens usam estratégias que lhes proporcionam alívio, mas causam danos, como o abuso de substâncias, o uso não saudável da tecnologia, o tratamento inadequado das pessoas ao seu redor ou de si mesmos.

É claro que quero também que os pais estejam alertas se um adolescente disser que está desesperado ou estiver querendo se machucar.

Como você faz para que seu filho adolescente fale com você?

Os adolescentes querem fazer as coisas do seu jeito. Essa é a natureza da adolescência. Quando os adultos convocam a reunião e definem a pauta - quando dizem: “Como foi seu dia? O que aconteceu?” -, os adolescentes às vezes ficam nervosos e se sentem encurralados.

Mas eles também querem - e precisam - estar em contato com adultos amorosos. E costumam trazer à tona tópicos que são importantes para eles, muitas vezes em momentos inesperados ou até inconvenientes.

Como sou mãe de adolescentes, tento não levar para o lado pessoal quando não estão a fim de responder às minhas perguntas e faço o possível para estar aberta e receptiva quando estão dispostas a conversar, mesmo que isso signifique adiar as minhas tarefas ou meu sono.

Algumas famílias sentem que esses momentos não surgem naturalmente, ou que seus filhos não estão se abrindo.

É importante que os adolescentes expressem suas emoções. Verbalizar seus sentimentos e falar sobre seu mundo interior é uma maneira de fazer isso, mas essa não é a opção preferida de todos os adolescentes. Devemos respeitar o fato de que às vezes eles “expressam seus sentimentos” saindo para correr, ou criando uma playlist que corresponde ao seu estado de espírito, para que possam mergulhar nessas emoções e depois sair delas em alta velocidade.

A prioridade é que os adolescentes tenham maneiras de se expressar que tragam alívio e não os prejudiquem. Não é uma prioridade que eles se abram usando as palavras. As estratégias de enfrentamento são muito pessoais.

Vamos falar sobre os medos e a ansiedade relacionados à escola. O que você diz ao seu filho quando ele quer ficar em casa o tempo todo?

A fuga alimenta a ansiedade. Quando evitamos as coisas que tememos, o efeito imediato que sentimos é um grande alívio, o que pode reforçar o desejo de continuar evitando.

Ao não ir à escola, ou à festa, nossos medos ficam encapsulados porque não são confrontados com a realidade.

Outra preocupação é que quando um aluno falta à aula por qualquer motivo, é inevitável que ele fique um pouco atrasado acadêmica e socialmente.

O que quero que as famílias determinem é se o que seu filho adolescente está enfrentando é desconfortável ou incontrolável. Na maioria das situações - com a ajuda de estratégias para reduzir a ansiedade -, o adolescente pode participar, pelo menos um pouco, do que ele tanto teme. Sair durante parte do dia é melhor do que ficar em casa.

Vários pais me disseram que seus filhos enfrentam ansiedade relacionada ao desempenho acadêmico. Como podemos ajudar os adolescentes a aliviar parte dessa pressão?

Os pais e cuidadores podem ser mais úteis quando conseguem distinguir a ansiedade saudável da ansiedade não saudável. A ansiedade saudável é um sistema de segurança com o qual todos nascemos e que nos alerta sobre ameaças. Quando um adolescente, por exemplo, tem uma prova importante para a qual não começou a estudar, ou quando está em uma festa que está fora de controle, em ambos os casos eu esperaria ver uma resposta ansiosa e gostaria que esta o ajudasse a corrigir o rumo das coisas.

A ansiedade não saudável ocorre quando ela existe na ausência de uma ameaça, ou quando é desproporcional à ameaça. Na ansiedade irracional, tendemos a superestimar a ameaça e a subestimar nossa capacidade de lidar com ela.

Se um adolescente está preocupado com seu desempenho acadêmico, adultos compreensivos podem conversar com ele sobre a possibilidade de estar superestimando as consequências. Talvez ele também esteja subestimando sua capacidade de tomar medidas para lidar com as coisas que o preocupam.

O objetivo não é livrar os adolescentes da ansiedade. Isso nunca vai acontecer, nem deveria. O objetivo é garantir que a ansiedade permaneça dentro de limites saudáveis.

Como podemos ajudar um adolescente que está estressado por causa da sua agenda sobrecarregada?

O mais importante é saber se ele tem oportunidades suficientes para se recuperar entre os períodos de estresse. É semelhante ao treinamento de força. Se as pessoas não descansam entre os treinos de levantamento de peso, podem se machucar. Se descansarem entre os treinos, ganharão força. Essas demandas são tão grandes que o adolescente não dorme o suficiente? Ele não tem tempo para ver seus amigos? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, a agenda do adolescente precisa ser revisada.

Como saber quando devemos deixar o adolescente resolver as coisas por si mesmo?

Felizmente, os pais podem encontrar um meio-termo entre ser superprotetores e totalmente ausentes: assumindo o papel de treinadores.

Claro, queremos ajudar nossas crianças e adolescentes a lidar com os desafios que enfrentam, e nossa primeira atitude deve ser ficar de fora da situação para que eles possam nos usar como consultores sobre como resolver as coisas.

As situações em que os jovens se colocam podem ser tão complexas que já vi adultos bem-intencionados piorando as coisas ao se intrometer. Quanto mais pudermos ajudar os adolescentes a adquirir as habilidades necessárias para que se virem de forma independente, mais seguros nos sentiremos quando chegar a hora de saírem de casa.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A autora e psicóloga Lisa Damour se tornou uma espécie de celebridade entre muitos pais de adolescentes nos Estados Unidos.

“Há um mês, tenho me ‘damouralizado’. Gosto tanto dela que acabei de criar um verbo em sua homenagem”, afirmou Rebecca Gold, de Great Barrington, em Massachusetts, mãe de dois filhos adolescentes e de uma criança de dez anos, que vem devorando os livros de Damour, ouvindo seu podcast e “basicamente tentando me sintonizar com ela”.

Psicóloga best seller do The New York Times dá dicas de como os pais podem lidar com as emoções dos filhos adolescentes. Foto: Pikfree

Em Seattle, Katie Eastwood, que tem duas filhas, de 15 e 12 anos, elogiou o livro Untangled (Desembaraçada, em tradução livre), o guia de Damour sobre as sete transições evolutivas de uma menina, dizendo que o livro “me salvou várias vezes”.

Damour, que é conhecida por dar conselhos práticos baseados em pesquisas científicas, tem mais de 25 anos de prática como psicóloga, aconselhando adolescentes e seus familiares. Seu livro mais recente, The Emotional Lives of Teenagers (A vida emocional dos adolescentes), tornou-se um best-seller do The New York Times, depois de Untangled e Under Pressure (Sob pressão).

Como mãe de duas filhas, de 12 e 19 anos, Damour sabe, por experiência própria, que a parentalidade é difícil e às vezes assustadora. Isso foi confirmado nos últimos anos, à medida que a saúde mental das crianças, especialmente das adolescentes, tem sido afetada.

No entanto, uma esperança percorre o trabalho de Damour e parece dizer: você está no controle. “Ter saúde mental não é se sentir bem, mas ter os sentimentos certos no momento certo e ser capaz de gerenciá-los com eficácia”, escreveu ela em The Emotional Lives of Teenagers.

Perguntamos a Damour como ajudar, psicológica e emocionalmente, os adolescentes a enfrentar um novo ano letivo.

As perguntas e respostas foram editadas e condensadas por questão de clareza.

Ultimamente, há muitas matérias sobre o agravamento da saúde mental dos adolescentes. No que os pais devem prestar mais atenção?

Quero que os pais fiquem atentos aos estados de espírito tristes, ou de raiva, que duram mais de um ou dois dias, e ao que chamo de “enfrentamento com custo”, no qual os jovens usam estratégias que lhes proporcionam alívio, mas causam danos, como o abuso de substâncias, o uso não saudável da tecnologia, o tratamento inadequado das pessoas ao seu redor ou de si mesmos.

É claro que quero também que os pais estejam alertas se um adolescente disser que está desesperado ou estiver querendo se machucar.

Como você faz para que seu filho adolescente fale com você?

Os adolescentes querem fazer as coisas do seu jeito. Essa é a natureza da adolescência. Quando os adultos convocam a reunião e definem a pauta - quando dizem: “Como foi seu dia? O que aconteceu?” -, os adolescentes às vezes ficam nervosos e se sentem encurralados.

Mas eles também querem - e precisam - estar em contato com adultos amorosos. E costumam trazer à tona tópicos que são importantes para eles, muitas vezes em momentos inesperados ou até inconvenientes.

Como sou mãe de adolescentes, tento não levar para o lado pessoal quando não estão a fim de responder às minhas perguntas e faço o possível para estar aberta e receptiva quando estão dispostas a conversar, mesmo que isso signifique adiar as minhas tarefas ou meu sono.

Algumas famílias sentem que esses momentos não surgem naturalmente, ou que seus filhos não estão se abrindo.

É importante que os adolescentes expressem suas emoções. Verbalizar seus sentimentos e falar sobre seu mundo interior é uma maneira de fazer isso, mas essa não é a opção preferida de todos os adolescentes. Devemos respeitar o fato de que às vezes eles “expressam seus sentimentos” saindo para correr, ou criando uma playlist que corresponde ao seu estado de espírito, para que possam mergulhar nessas emoções e depois sair delas em alta velocidade.

A prioridade é que os adolescentes tenham maneiras de se expressar que tragam alívio e não os prejudiquem. Não é uma prioridade que eles se abram usando as palavras. As estratégias de enfrentamento são muito pessoais.

Vamos falar sobre os medos e a ansiedade relacionados à escola. O que você diz ao seu filho quando ele quer ficar em casa o tempo todo?

A fuga alimenta a ansiedade. Quando evitamos as coisas que tememos, o efeito imediato que sentimos é um grande alívio, o que pode reforçar o desejo de continuar evitando.

Ao não ir à escola, ou à festa, nossos medos ficam encapsulados porque não são confrontados com a realidade.

Outra preocupação é que quando um aluno falta à aula por qualquer motivo, é inevitável que ele fique um pouco atrasado acadêmica e socialmente.

O que quero que as famílias determinem é se o que seu filho adolescente está enfrentando é desconfortável ou incontrolável. Na maioria das situações - com a ajuda de estratégias para reduzir a ansiedade -, o adolescente pode participar, pelo menos um pouco, do que ele tanto teme. Sair durante parte do dia é melhor do que ficar em casa.

Vários pais me disseram que seus filhos enfrentam ansiedade relacionada ao desempenho acadêmico. Como podemos ajudar os adolescentes a aliviar parte dessa pressão?

Os pais e cuidadores podem ser mais úteis quando conseguem distinguir a ansiedade saudável da ansiedade não saudável. A ansiedade saudável é um sistema de segurança com o qual todos nascemos e que nos alerta sobre ameaças. Quando um adolescente, por exemplo, tem uma prova importante para a qual não começou a estudar, ou quando está em uma festa que está fora de controle, em ambos os casos eu esperaria ver uma resposta ansiosa e gostaria que esta o ajudasse a corrigir o rumo das coisas.

A ansiedade não saudável ocorre quando ela existe na ausência de uma ameaça, ou quando é desproporcional à ameaça. Na ansiedade irracional, tendemos a superestimar a ameaça e a subestimar nossa capacidade de lidar com ela.

Se um adolescente está preocupado com seu desempenho acadêmico, adultos compreensivos podem conversar com ele sobre a possibilidade de estar superestimando as consequências. Talvez ele também esteja subestimando sua capacidade de tomar medidas para lidar com as coisas que o preocupam.

O objetivo não é livrar os adolescentes da ansiedade. Isso nunca vai acontecer, nem deveria. O objetivo é garantir que a ansiedade permaneça dentro de limites saudáveis.

Como podemos ajudar um adolescente que está estressado por causa da sua agenda sobrecarregada?

O mais importante é saber se ele tem oportunidades suficientes para se recuperar entre os períodos de estresse. É semelhante ao treinamento de força. Se as pessoas não descansam entre os treinos de levantamento de peso, podem se machucar. Se descansarem entre os treinos, ganharão força. Essas demandas são tão grandes que o adolescente não dorme o suficiente? Ele não tem tempo para ver seus amigos? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, a agenda do adolescente precisa ser revisada.

Como saber quando devemos deixar o adolescente resolver as coisas por si mesmo?

Felizmente, os pais podem encontrar um meio-termo entre ser superprotetores e totalmente ausentes: assumindo o papel de treinadores.

Claro, queremos ajudar nossas crianças e adolescentes a lidar com os desafios que enfrentam, e nossa primeira atitude deve ser ficar de fora da situação para que eles possam nos usar como consultores sobre como resolver as coisas.

As situações em que os jovens se colocam podem ser tão complexas que já vi adultos bem-intencionados piorando as coisas ao se intrometer. Quanto mais pudermos ajudar os adolescentes a adquirir as habilidades necessárias para que se virem de forma independente, mais seguros nos sentiremos quando chegar a hora de saírem de casa.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A autora e psicóloga Lisa Damour se tornou uma espécie de celebridade entre muitos pais de adolescentes nos Estados Unidos.

“Há um mês, tenho me ‘damouralizado’. Gosto tanto dela que acabei de criar um verbo em sua homenagem”, afirmou Rebecca Gold, de Great Barrington, em Massachusetts, mãe de dois filhos adolescentes e de uma criança de dez anos, que vem devorando os livros de Damour, ouvindo seu podcast e “basicamente tentando me sintonizar com ela”.

Psicóloga best seller do The New York Times dá dicas de como os pais podem lidar com as emoções dos filhos adolescentes. Foto: Pikfree

Em Seattle, Katie Eastwood, que tem duas filhas, de 15 e 12 anos, elogiou o livro Untangled (Desembaraçada, em tradução livre), o guia de Damour sobre as sete transições evolutivas de uma menina, dizendo que o livro “me salvou várias vezes”.

Damour, que é conhecida por dar conselhos práticos baseados em pesquisas científicas, tem mais de 25 anos de prática como psicóloga, aconselhando adolescentes e seus familiares. Seu livro mais recente, The Emotional Lives of Teenagers (A vida emocional dos adolescentes), tornou-se um best-seller do The New York Times, depois de Untangled e Under Pressure (Sob pressão).

Como mãe de duas filhas, de 12 e 19 anos, Damour sabe, por experiência própria, que a parentalidade é difícil e às vezes assustadora. Isso foi confirmado nos últimos anos, à medida que a saúde mental das crianças, especialmente das adolescentes, tem sido afetada.

No entanto, uma esperança percorre o trabalho de Damour e parece dizer: você está no controle. “Ter saúde mental não é se sentir bem, mas ter os sentimentos certos no momento certo e ser capaz de gerenciá-los com eficácia”, escreveu ela em The Emotional Lives of Teenagers.

Perguntamos a Damour como ajudar, psicológica e emocionalmente, os adolescentes a enfrentar um novo ano letivo.

As perguntas e respostas foram editadas e condensadas por questão de clareza.

Ultimamente, há muitas matérias sobre o agravamento da saúde mental dos adolescentes. No que os pais devem prestar mais atenção?

Quero que os pais fiquem atentos aos estados de espírito tristes, ou de raiva, que duram mais de um ou dois dias, e ao que chamo de “enfrentamento com custo”, no qual os jovens usam estratégias que lhes proporcionam alívio, mas causam danos, como o abuso de substâncias, o uso não saudável da tecnologia, o tratamento inadequado das pessoas ao seu redor ou de si mesmos.

É claro que quero também que os pais estejam alertas se um adolescente disser que está desesperado ou estiver querendo se machucar.

Como você faz para que seu filho adolescente fale com você?

Os adolescentes querem fazer as coisas do seu jeito. Essa é a natureza da adolescência. Quando os adultos convocam a reunião e definem a pauta - quando dizem: “Como foi seu dia? O que aconteceu?” -, os adolescentes às vezes ficam nervosos e se sentem encurralados.

Mas eles também querem - e precisam - estar em contato com adultos amorosos. E costumam trazer à tona tópicos que são importantes para eles, muitas vezes em momentos inesperados ou até inconvenientes.

Como sou mãe de adolescentes, tento não levar para o lado pessoal quando não estão a fim de responder às minhas perguntas e faço o possível para estar aberta e receptiva quando estão dispostas a conversar, mesmo que isso signifique adiar as minhas tarefas ou meu sono.

Algumas famílias sentem que esses momentos não surgem naturalmente, ou que seus filhos não estão se abrindo.

É importante que os adolescentes expressem suas emoções. Verbalizar seus sentimentos e falar sobre seu mundo interior é uma maneira de fazer isso, mas essa não é a opção preferida de todos os adolescentes. Devemos respeitar o fato de que às vezes eles “expressam seus sentimentos” saindo para correr, ou criando uma playlist que corresponde ao seu estado de espírito, para que possam mergulhar nessas emoções e depois sair delas em alta velocidade.

A prioridade é que os adolescentes tenham maneiras de se expressar que tragam alívio e não os prejudiquem. Não é uma prioridade que eles se abram usando as palavras. As estratégias de enfrentamento são muito pessoais.

Vamos falar sobre os medos e a ansiedade relacionados à escola. O que você diz ao seu filho quando ele quer ficar em casa o tempo todo?

A fuga alimenta a ansiedade. Quando evitamos as coisas que tememos, o efeito imediato que sentimos é um grande alívio, o que pode reforçar o desejo de continuar evitando.

Ao não ir à escola, ou à festa, nossos medos ficam encapsulados porque não são confrontados com a realidade.

Outra preocupação é que quando um aluno falta à aula por qualquer motivo, é inevitável que ele fique um pouco atrasado acadêmica e socialmente.

O que quero que as famílias determinem é se o que seu filho adolescente está enfrentando é desconfortável ou incontrolável. Na maioria das situações - com a ajuda de estratégias para reduzir a ansiedade -, o adolescente pode participar, pelo menos um pouco, do que ele tanto teme. Sair durante parte do dia é melhor do que ficar em casa.

Vários pais me disseram que seus filhos enfrentam ansiedade relacionada ao desempenho acadêmico. Como podemos ajudar os adolescentes a aliviar parte dessa pressão?

Os pais e cuidadores podem ser mais úteis quando conseguem distinguir a ansiedade saudável da ansiedade não saudável. A ansiedade saudável é um sistema de segurança com o qual todos nascemos e que nos alerta sobre ameaças. Quando um adolescente, por exemplo, tem uma prova importante para a qual não começou a estudar, ou quando está em uma festa que está fora de controle, em ambos os casos eu esperaria ver uma resposta ansiosa e gostaria que esta o ajudasse a corrigir o rumo das coisas.

A ansiedade não saudável ocorre quando ela existe na ausência de uma ameaça, ou quando é desproporcional à ameaça. Na ansiedade irracional, tendemos a superestimar a ameaça e a subestimar nossa capacidade de lidar com ela.

Se um adolescente está preocupado com seu desempenho acadêmico, adultos compreensivos podem conversar com ele sobre a possibilidade de estar superestimando as consequências. Talvez ele também esteja subestimando sua capacidade de tomar medidas para lidar com as coisas que o preocupam.

O objetivo não é livrar os adolescentes da ansiedade. Isso nunca vai acontecer, nem deveria. O objetivo é garantir que a ansiedade permaneça dentro de limites saudáveis.

Como podemos ajudar um adolescente que está estressado por causa da sua agenda sobrecarregada?

O mais importante é saber se ele tem oportunidades suficientes para se recuperar entre os períodos de estresse. É semelhante ao treinamento de força. Se as pessoas não descansam entre os treinos de levantamento de peso, podem se machucar. Se descansarem entre os treinos, ganharão força. Essas demandas são tão grandes que o adolescente não dorme o suficiente? Ele não tem tempo para ver seus amigos? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, a agenda do adolescente precisa ser revisada.

Como saber quando devemos deixar o adolescente resolver as coisas por si mesmo?

Felizmente, os pais podem encontrar um meio-termo entre ser superprotetores e totalmente ausentes: assumindo o papel de treinadores.

Claro, queremos ajudar nossas crianças e adolescentes a lidar com os desafios que enfrentam, e nossa primeira atitude deve ser ficar de fora da situação para que eles possam nos usar como consultores sobre como resolver as coisas.

As situações em que os jovens se colocam podem ser tão complexas que já vi adultos bem-intencionados piorando as coisas ao se intrometer. Quanto mais pudermos ajudar os adolescentes a adquirir as habilidades necessárias para que se virem de forma independente, mais seguros nos sentiremos quando chegar a hora de saírem de casa.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - A autora e psicóloga Lisa Damour se tornou uma espécie de celebridade entre muitos pais de adolescentes nos Estados Unidos.

“Há um mês, tenho me ‘damouralizado’. Gosto tanto dela que acabei de criar um verbo em sua homenagem”, afirmou Rebecca Gold, de Great Barrington, em Massachusetts, mãe de dois filhos adolescentes e de uma criança de dez anos, que vem devorando os livros de Damour, ouvindo seu podcast e “basicamente tentando me sintonizar com ela”.

Psicóloga best seller do The New York Times dá dicas de como os pais podem lidar com as emoções dos filhos adolescentes. Foto: Pikfree

Em Seattle, Katie Eastwood, que tem duas filhas, de 15 e 12 anos, elogiou o livro Untangled (Desembaraçada, em tradução livre), o guia de Damour sobre as sete transições evolutivas de uma menina, dizendo que o livro “me salvou várias vezes”.

Damour, que é conhecida por dar conselhos práticos baseados em pesquisas científicas, tem mais de 25 anos de prática como psicóloga, aconselhando adolescentes e seus familiares. Seu livro mais recente, The Emotional Lives of Teenagers (A vida emocional dos adolescentes), tornou-se um best-seller do The New York Times, depois de Untangled e Under Pressure (Sob pressão).

Como mãe de duas filhas, de 12 e 19 anos, Damour sabe, por experiência própria, que a parentalidade é difícil e às vezes assustadora. Isso foi confirmado nos últimos anos, à medida que a saúde mental das crianças, especialmente das adolescentes, tem sido afetada.

No entanto, uma esperança percorre o trabalho de Damour e parece dizer: você está no controle. “Ter saúde mental não é se sentir bem, mas ter os sentimentos certos no momento certo e ser capaz de gerenciá-los com eficácia”, escreveu ela em The Emotional Lives of Teenagers.

Perguntamos a Damour como ajudar, psicológica e emocionalmente, os adolescentes a enfrentar um novo ano letivo.

As perguntas e respostas foram editadas e condensadas por questão de clareza.

Ultimamente, há muitas matérias sobre o agravamento da saúde mental dos adolescentes. No que os pais devem prestar mais atenção?

Quero que os pais fiquem atentos aos estados de espírito tristes, ou de raiva, que duram mais de um ou dois dias, e ao que chamo de “enfrentamento com custo”, no qual os jovens usam estratégias que lhes proporcionam alívio, mas causam danos, como o abuso de substâncias, o uso não saudável da tecnologia, o tratamento inadequado das pessoas ao seu redor ou de si mesmos.

É claro que quero também que os pais estejam alertas se um adolescente disser que está desesperado ou estiver querendo se machucar.

Como você faz para que seu filho adolescente fale com você?

Os adolescentes querem fazer as coisas do seu jeito. Essa é a natureza da adolescência. Quando os adultos convocam a reunião e definem a pauta - quando dizem: “Como foi seu dia? O que aconteceu?” -, os adolescentes às vezes ficam nervosos e se sentem encurralados.

Mas eles também querem - e precisam - estar em contato com adultos amorosos. E costumam trazer à tona tópicos que são importantes para eles, muitas vezes em momentos inesperados ou até inconvenientes.

Como sou mãe de adolescentes, tento não levar para o lado pessoal quando não estão a fim de responder às minhas perguntas e faço o possível para estar aberta e receptiva quando estão dispostas a conversar, mesmo que isso signifique adiar as minhas tarefas ou meu sono.

Algumas famílias sentem que esses momentos não surgem naturalmente, ou que seus filhos não estão se abrindo.

É importante que os adolescentes expressem suas emoções. Verbalizar seus sentimentos e falar sobre seu mundo interior é uma maneira de fazer isso, mas essa não é a opção preferida de todos os adolescentes. Devemos respeitar o fato de que às vezes eles “expressam seus sentimentos” saindo para correr, ou criando uma playlist que corresponde ao seu estado de espírito, para que possam mergulhar nessas emoções e depois sair delas em alta velocidade.

A prioridade é que os adolescentes tenham maneiras de se expressar que tragam alívio e não os prejudiquem. Não é uma prioridade que eles se abram usando as palavras. As estratégias de enfrentamento são muito pessoais.

Vamos falar sobre os medos e a ansiedade relacionados à escola. O que você diz ao seu filho quando ele quer ficar em casa o tempo todo?

A fuga alimenta a ansiedade. Quando evitamos as coisas que tememos, o efeito imediato que sentimos é um grande alívio, o que pode reforçar o desejo de continuar evitando.

Ao não ir à escola, ou à festa, nossos medos ficam encapsulados porque não são confrontados com a realidade.

Outra preocupação é que quando um aluno falta à aula por qualquer motivo, é inevitável que ele fique um pouco atrasado acadêmica e socialmente.

O que quero que as famílias determinem é se o que seu filho adolescente está enfrentando é desconfortável ou incontrolável. Na maioria das situações - com a ajuda de estratégias para reduzir a ansiedade -, o adolescente pode participar, pelo menos um pouco, do que ele tanto teme. Sair durante parte do dia é melhor do que ficar em casa.

Vários pais me disseram que seus filhos enfrentam ansiedade relacionada ao desempenho acadêmico. Como podemos ajudar os adolescentes a aliviar parte dessa pressão?

Os pais e cuidadores podem ser mais úteis quando conseguem distinguir a ansiedade saudável da ansiedade não saudável. A ansiedade saudável é um sistema de segurança com o qual todos nascemos e que nos alerta sobre ameaças. Quando um adolescente, por exemplo, tem uma prova importante para a qual não começou a estudar, ou quando está em uma festa que está fora de controle, em ambos os casos eu esperaria ver uma resposta ansiosa e gostaria que esta o ajudasse a corrigir o rumo das coisas.

A ansiedade não saudável ocorre quando ela existe na ausência de uma ameaça, ou quando é desproporcional à ameaça. Na ansiedade irracional, tendemos a superestimar a ameaça e a subestimar nossa capacidade de lidar com ela.

Se um adolescente está preocupado com seu desempenho acadêmico, adultos compreensivos podem conversar com ele sobre a possibilidade de estar superestimando as consequências. Talvez ele também esteja subestimando sua capacidade de tomar medidas para lidar com as coisas que o preocupam.

O objetivo não é livrar os adolescentes da ansiedade. Isso nunca vai acontecer, nem deveria. O objetivo é garantir que a ansiedade permaneça dentro de limites saudáveis.

Como podemos ajudar um adolescente que está estressado por causa da sua agenda sobrecarregada?

O mais importante é saber se ele tem oportunidades suficientes para se recuperar entre os períodos de estresse. É semelhante ao treinamento de força. Se as pessoas não descansam entre os treinos de levantamento de peso, podem se machucar. Se descansarem entre os treinos, ganharão força. Essas demandas são tão grandes que o adolescente não dorme o suficiente? Ele não tem tempo para ver seus amigos? Se a resposta a essas perguntas for afirmativa, a agenda do adolescente precisa ser revisada.

Como saber quando devemos deixar o adolescente resolver as coisas por si mesmo?

Felizmente, os pais podem encontrar um meio-termo entre ser superprotetores e totalmente ausentes: assumindo o papel de treinadores.

Claro, queremos ajudar nossas crianças e adolescentes a lidar com os desafios que enfrentam, e nossa primeira atitude deve ser ficar de fora da situação para que eles possam nos usar como consultores sobre como resolver as coisas.

As situações em que os jovens se colocam podem ser tão complexas que já vi adultos bem-intencionados piorando as coisas ao se intrometer. Quanto mais pudermos ajudar os adolescentes a adquirir as habilidades necessárias para que se virem de forma independente, mais seguros nos sentiremos quando chegar a hora de saírem de casa.

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