Designer de joias de rappers famosos prepara coleção para meros mortais


Alex Moss, que já teve Drake e A$AP Rocky usando suas criações, pretende vender peças a partir de mil dólares

Por Christopher Barnard

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Nove andares acima das vitrines do distrito dos brilhantes de Nova York, em uma suíte na World Diamond Tower, um colar lariat com diamantes do tamanho de um dente molar foi colocado em um recipiente de prata. A peça acabara de passar por uma limpeza - banho ultrassônico, seguido de vapor. E, no fim de janeiro, estava no escritório do designer de joias Alex Moss, a caminho de seu proprietário: o rapper e cantor Drake. “Joia é como carro: precisa de manutenção”, disse Moss, de 30 anos.

A peça, criada por ele, levou 14 meses para ser feita. Um vídeo que o designer compartilhou no Instagram informa que seus 42 diamantes representam o número de vezes que Drake considerou fazer um pedido de casamento. Quando lhe perguntaram quanto custava o colar, Moss não quis responder, citando a segurança de seu proprietário.

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Encomendas pessoais como o colar de Drake são a principal atividade de Moss desde que começou sua linha homônima em 2020. Ele contou que, no ano passado, criou cerca de 170 peças personalizadas, e atualmente está fazendo malabarismos com cerca de 40. Grande parte dessas joias foi feita para jovens artistas do hip-hop: seus outros clientes incluem Tyler, the Creator, A$AP Rocky e Chief Keef. Algumas das peças chegam a um valor de seis dígitos, incluindo um cinto com rubis e brilhantes brancos, pretos e verdes para A$AP Rocky, e uma corrente incrustada de brilhantes e safiras para Tyler, the Creator.

“Os artistas que admiro foram para os Ben Ballers, para os Jacobs, para as Lorraines. Agora temos Alex Moss”, comentou Tyler, the Creator, referindo-se aos designers de joias Ben Yang, Jacob Arabo (também conhecido como Jacob the Jeweler) e Lorraine Schwartz, todos famosos por ornar as estrelas do hip-hop.

‘Posso fazer isso’

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Moss agora está expandindo seus negócios com o lançamento de uma nova coleção de joias prontas vendidas em seu site. A partir de cerca de mil dólares, as peças não são baratas, mas custam menos do que seus modelos personalizados. “Tem uma variedade enorme.”

O designer de joias Alex Moss trabalha em um escritório no nono andar da World Diamond Tower, no distrito de diamantes de Nova York. Suas peças são feitas em uma fábrica no andar inferior da torre. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

A coleção, chamada Cathedral of Dreams (Catedral dos sonhos), foi fortemente inspirada em imagens cristãs e góticas. Há peças em forma de cruz, crucifixos, anjos e o rosto de Jesus usando uma coroa de espinhos cravejada de brilhantes. “Sempre gostei dessa estética”, afirmou Moss, que foi criado na Igreja Ortodoxa Armênia. E, enquanto fumava um vape de kiwi e morango e usava três colares de sua linha, além de um anel Lick of Death, em forma de língua, de sua nova coleção, acrescentou: “Tenho fé, mas não sou a pessoa mais religiosa.”

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Moss, que é de um subúrbio de Toronto, contou que era obcecado por Star Wars e baixava músicas de hip-hop do sucessor do Napster, o Kazaa, quando era moleque. Na pré-adolescência, estimulou sua criatividade por meio do Adobe Photoshop, que aprendeu a usar sozinho. Usando o dinheiro que havia economizado, parte dele com a revenda de pares de tênis no eBay, começou uma linha de streetwear chamada Bandit em seu último ano do ensino médio, mas acabou desistindo. Moss, que se autodenomina “encrenqueiro”, trabalhou então como garçom, assistente paralegal e em uma loja Bed Bath & Beyond enquanto desenvolvia sua linha de streetwear.

Em 2016, depois de obter seu diploma de equivalência do ensino médio no Canadá, mudou-se para Nova York aos 25 anos com o objetivo de estudar moda na Escola de Design Parsons. “Não foi um caminho típico. Eu com 25 anos e aquela meninada com 18″, observou ele, que tem 1,96 metro, cabelo preto ondulado na altura dos ombros e cavanhaque.

A coleção “Catedral dos Sonhos” se baseia fortemente em imagens cristãs e góticas. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times
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Enquanto estava na Parsons, conseguiu um estágio na joalheria Avianne & Co., no centro de Manhattan. (Esta fica a alguns metros do endereço de Moss no World Diamond Tower.) Disse que desenvolveu o interesse por joias por causa de seu amor pelo hip-hop e, quando estagiário, ajudava a projetar peças personalizadas. “Eu pensava: ‘O.k., estou me sentindo mal; mas vou conseguir.’” Por fim, abandonou a Parsons para trabalhar em projetos de design personalizados na Avianne & Co.

Ele já havia trabalhado em algumas encomendas pessoais para artistas de hip-hop quando o rapper Playboi Carti o apresentou a A$AP Rocky enquanto estavam em Paris para o desfile de estreia de Virgil Abloh para a Louis Vuitton em 2018. “Achei que ele fosse um rapper na primeira vez em que nos encontramos”, lembrou-se Rocky. Sobre as joias de Moss, acrescentou: “Têm muito valor artístico.”

Quando Moss começou sua linha homônima em 2020, trabalhava em seu apartamento na área de Long Island City, no Queens. Na época, havia economizado dinheiro suficiente para pagar o aluguel e as contas durante alguns meses. Duas semanas depois, Nova York iniciou seu lockdown da pandemia. “Quem ia comprar joias? Ninguém sabia nem onde arranjar comida!”, contou ter pensado na época.

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Um pingente do designer de jóias Alex Moss. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

Um desejo de ser acessível

Os primeiros pedidos personalizados na casa dos seis dígitos, incluindo o do rapper Jack Harlow e o do produtor musical Rvssian, mantiveram seu negócio funcionando, segundo ele, e permitiram que se estabelecesse no endereço do distrito de brilhantes.

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Do escritório de Moss com vista para a 47th Street, as luzes vermelhas cintilantes da Times Square parecem um pouco com rubis birmaneses. No interior, há pedras reais (brilhantes nas joias das vitrines, mármore verde nas paredes) e falsas (em um canto, as paredes foram tratadas para parecer uma caverna, ou “caverna de diamante”, como Moss a chamou).

Seu escritório e seu showroom ficam alguns andares acima da fábrica na qual as peças de sua linha são feitas, espaço que Moss já havia usado como seu primeiro escritório na World Diamond Tower. A fábrica é composta por duas salas semelhantes a laboratórios, em que um joalheiro-chefe supervisiona uma equipe de três cravadores de brilhantes e outra que corta metais preciosos a laser.

Moss, que emprega 15 pessoas, é rápido em apontar que os artesãos da fábrica são os “joalheiros” que constroem suas peças, e que ele é o designer que as concebe. “Sou como Ralph Lifshitz”, afirmou, referindo-se ao fundador da Ralph Lauren, que construiu um império baseado não na experiência em costura, mas na visão criativa.

Ao discutir o futuro de sua empresa, mencionou que quer que ela siga a trajetória da Chrome Hearts, que ao longo dos anos evoluiu de uma linha de nicho para uma marca de estilo de vida, em parte porque artistas musicais famosos (Cher) e modelos (Bella Hadid) ajudaram a popularizar suas joias de prata, seus moletons e suas camisetas.

Moss está trabalhando nas versões de um relógio que espera começar a produzir em parceria com um relojoeiro nos próximos anos. Embora tenha personalizado relógios antigos Cartier e Rolex - processo que chama de “Frankensteinização” -, ainda não desenhou modelos próprios.

Ele também quer abrir uma loja principal e um showroom no SoHo. Explicou que, embora seu negócio tenha florescido no distrito dos diamantes, há associações com o bairro que podem se tornar limitações para o crescimento. “Existem muitos joalheiros nesse espaço, como Chris the Jeweler, Jacob the Jeweler. Não sou Alex the Jeweler. Somos Alex Moss New York.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Nove andares acima das vitrines do distrito dos brilhantes de Nova York, em uma suíte na World Diamond Tower, um colar lariat com diamantes do tamanho de um dente molar foi colocado em um recipiente de prata. A peça acabara de passar por uma limpeza - banho ultrassônico, seguido de vapor. E, no fim de janeiro, estava no escritório do designer de joias Alex Moss, a caminho de seu proprietário: o rapper e cantor Drake. “Joia é como carro: precisa de manutenção”, disse Moss, de 30 anos.

A peça, criada por ele, levou 14 meses para ser feita. Um vídeo que o designer compartilhou no Instagram informa que seus 42 diamantes representam o número de vezes que Drake considerou fazer um pedido de casamento. Quando lhe perguntaram quanto custava o colar, Moss não quis responder, citando a segurança de seu proprietário.

Encomendas pessoais como o colar de Drake são a principal atividade de Moss desde que começou sua linha homônima em 2020. Ele contou que, no ano passado, criou cerca de 170 peças personalizadas, e atualmente está fazendo malabarismos com cerca de 40. Grande parte dessas joias foi feita para jovens artistas do hip-hop: seus outros clientes incluem Tyler, the Creator, A$AP Rocky e Chief Keef. Algumas das peças chegam a um valor de seis dígitos, incluindo um cinto com rubis e brilhantes brancos, pretos e verdes para A$AP Rocky, e uma corrente incrustada de brilhantes e safiras para Tyler, the Creator.

“Os artistas que admiro foram para os Ben Ballers, para os Jacobs, para as Lorraines. Agora temos Alex Moss”, comentou Tyler, the Creator, referindo-se aos designers de joias Ben Yang, Jacob Arabo (também conhecido como Jacob the Jeweler) e Lorraine Schwartz, todos famosos por ornar as estrelas do hip-hop.

‘Posso fazer isso’

Moss agora está expandindo seus negócios com o lançamento de uma nova coleção de joias prontas vendidas em seu site. A partir de cerca de mil dólares, as peças não são baratas, mas custam menos do que seus modelos personalizados. “Tem uma variedade enorme.”

O designer de joias Alex Moss trabalha em um escritório no nono andar da World Diamond Tower, no distrito de diamantes de Nova York. Suas peças são feitas em uma fábrica no andar inferior da torre. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

A coleção, chamada Cathedral of Dreams (Catedral dos sonhos), foi fortemente inspirada em imagens cristãs e góticas. Há peças em forma de cruz, crucifixos, anjos e o rosto de Jesus usando uma coroa de espinhos cravejada de brilhantes. “Sempre gostei dessa estética”, afirmou Moss, que foi criado na Igreja Ortodoxa Armênia. E, enquanto fumava um vape de kiwi e morango e usava três colares de sua linha, além de um anel Lick of Death, em forma de língua, de sua nova coleção, acrescentou: “Tenho fé, mas não sou a pessoa mais religiosa.”

Moss, que é de um subúrbio de Toronto, contou que era obcecado por Star Wars e baixava músicas de hip-hop do sucessor do Napster, o Kazaa, quando era moleque. Na pré-adolescência, estimulou sua criatividade por meio do Adobe Photoshop, que aprendeu a usar sozinho. Usando o dinheiro que havia economizado, parte dele com a revenda de pares de tênis no eBay, começou uma linha de streetwear chamada Bandit em seu último ano do ensino médio, mas acabou desistindo. Moss, que se autodenomina “encrenqueiro”, trabalhou então como garçom, assistente paralegal e em uma loja Bed Bath & Beyond enquanto desenvolvia sua linha de streetwear.

Em 2016, depois de obter seu diploma de equivalência do ensino médio no Canadá, mudou-se para Nova York aos 25 anos com o objetivo de estudar moda na Escola de Design Parsons. “Não foi um caminho típico. Eu com 25 anos e aquela meninada com 18″, observou ele, que tem 1,96 metro, cabelo preto ondulado na altura dos ombros e cavanhaque.

A coleção “Catedral dos Sonhos” se baseia fortemente em imagens cristãs e góticas. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

Enquanto estava na Parsons, conseguiu um estágio na joalheria Avianne & Co., no centro de Manhattan. (Esta fica a alguns metros do endereço de Moss no World Diamond Tower.) Disse que desenvolveu o interesse por joias por causa de seu amor pelo hip-hop e, quando estagiário, ajudava a projetar peças personalizadas. “Eu pensava: ‘O.k., estou me sentindo mal; mas vou conseguir.’” Por fim, abandonou a Parsons para trabalhar em projetos de design personalizados na Avianne & Co.

Ele já havia trabalhado em algumas encomendas pessoais para artistas de hip-hop quando o rapper Playboi Carti o apresentou a A$AP Rocky enquanto estavam em Paris para o desfile de estreia de Virgil Abloh para a Louis Vuitton em 2018. “Achei que ele fosse um rapper na primeira vez em que nos encontramos”, lembrou-se Rocky. Sobre as joias de Moss, acrescentou: “Têm muito valor artístico.”

Quando Moss começou sua linha homônima em 2020, trabalhava em seu apartamento na área de Long Island City, no Queens. Na época, havia economizado dinheiro suficiente para pagar o aluguel e as contas durante alguns meses. Duas semanas depois, Nova York iniciou seu lockdown da pandemia. “Quem ia comprar joias? Ninguém sabia nem onde arranjar comida!”, contou ter pensado na época.

Um pingente do designer de jóias Alex Moss. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

Um desejo de ser acessível

Os primeiros pedidos personalizados na casa dos seis dígitos, incluindo o do rapper Jack Harlow e o do produtor musical Rvssian, mantiveram seu negócio funcionando, segundo ele, e permitiram que se estabelecesse no endereço do distrito de brilhantes.

Do escritório de Moss com vista para a 47th Street, as luzes vermelhas cintilantes da Times Square parecem um pouco com rubis birmaneses. No interior, há pedras reais (brilhantes nas joias das vitrines, mármore verde nas paredes) e falsas (em um canto, as paredes foram tratadas para parecer uma caverna, ou “caverna de diamante”, como Moss a chamou).

Seu escritório e seu showroom ficam alguns andares acima da fábrica na qual as peças de sua linha são feitas, espaço que Moss já havia usado como seu primeiro escritório na World Diamond Tower. A fábrica é composta por duas salas semelhantes a laboratórios, em que um joalheiro-chefe supervisiona uma equipe de três cravadores de brilhantes e outra que corta metais preciosos a laser.

Moss, que emprega 15 pessoas, é rápido em apontar que os artesãos da fábrica são os “joalheiros” que constroem suas peças, e que ele é o designer que as concebe. “Sou como Ralph Lifshitz”, afirmou, referindo-se ao fundador da Ralph Lauren, que construiu um império baseado não na experiência em costura, mas na visão criativa.

Ao discutir o futuro de sua empresa, mencionou que quer que ela siga a trajetória da Chrome Hearts, que ao longo dos anos evoluiu de uma linha de nicho para uma marca de estilo de vida, em parte porque artistas musicais famosos (Cher) e modelos (Bella Hadid) ajudaram a popularizar suas joias de prata, seus moletons e suas camisetas.

Moss está trabalhando nas versões de um relógio que espera começar a produzir em parceria com um relojoeiro nos próximos anos. Embora tenha personalizado relógios antigos Cartier e Rolex - processo que chama de “Frankensteinização” -, ainda não desenhou modelos próprios.

Ele também quer abrir uma loja principal e um showroom no SoHo. Explicou que, embora seu negócio tenha florescido no distrito dos diamantes, há associações com o bairro que podem se tornar limitações para o crescimento. “Existem muitos joalheiros nesse espaço, como Chris the Jeweler, Jacob the Jeweler. Não sou Alex the Jeweler. Somos Alex Moss New York.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Nove andares acima das vitrines do distrito dos brilhantes de Nova York, em uma suíte na World Diamond Tower, um colar lariat com diamantes do tamanho de um dente molar foi colocado em um recipiente de prata. A peça acabara de passar por uma limpeza - banho ultrassônico, seguido de vapor. E, no fim de janeiro, estava no escritório do designer de joias Alex Moss, a caminho de seu proprietário: o rapper e cantor Drake. “Joia é como carro: precisa de manutenção”, disse Moss, de 30 anos.

A peça, criada por ele, levou 14 meses para ser feita. Um vídeo que o designer compartilhou no Instagram informa que seus 42 diamantes representam o número de vezes que Drake considerou fazer um pedido de casamento. Quando lhe perguntaram quanto custava o colar, Moss não quis responder, citando a segurança de seu proprietário.

Encomendas pessoais como o colar de Drake são a principal atividade de Moss desde que começou sua linha homônima em 2020. Ele contou que, no ano passado, criou cerca de 170 peças personalizadas, e atualmente está fazendo malabarismos com cerca de 40. Grande parte dessas joias foi feita para jovens artistas do hip-hop: seus outros clientes incluem Tyler, the Creator, A$AP Rocky e Chief Keef. Algumas das peças chegam a um valor de seis dígitos, incluindo um cinto com rubis e brilhantes brancos, pretos e verdes para A$AP Rocky, e uma corrente incrustada de brilhantes e safiras para Tyler, the Creator.

“Os artistas que admiro foram para os Ben Ballers, para os Jacobs, para as Lorraines. Agora temos Alex Moss”, comentou Tyler, the Creator, referindo-se aos designers de joias Ben Yang, Jacob Arabo (também conhecido como Jacob the Jeweler) e Lorraine Schwartz, todos famosos por ornar as estrelas do hip-hop.

‘Posso fazer isso’

Moss agora está expandindo seus negócios com o lançamento de uma nova coleção de joias prontas vendidas em seu site. A partir de cerca de mil dólares, as peças não são baratas, mas custam menos do que seus modelos personalizados. “Tem uma variedade enorme.”

O designer de joias Alex Moss trabalha em um escritório no nono andar da World Diamond Tower, no distrito de diamantes de Nova York. Suas peças são feitas em uma fábrica no andar inferior da torre. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

A coleção, chamada Cathedral of Dreams (Catedral dos sonhos), foi fortemente inspirada em imagens cristãs e góticas. Há peças em forma de cruz, crucifixos, anjos e o rosto de Jesus usando uma coroa de espinhos cravejada de brilhantes. “Sempre gostei dessa estética”, afirmou Moss, que foi criado na Igreja Ortodoxa Armênia. E, enquanto fumava um vape de kiwi e morango e usava três colares de sua linha, além de um anel Lick of Death, em forma de língua, de sua nova coleção, acrescentou: “Tenho fé, mas não sou a pessoa mais religiosa.”

Moss, que é de um subúrbio de Toronto, contou que era obcecado por Star Wars e baixava músicas de hip-hop do sucessor do Napster, o Kazaa, quando era moleque. Na pré-adolescência, estimulou sua criatividade por meio do Adobe Photoshop, que aprendeu a usar sozinho. Usando o dinheiro que havia economizado, parte dele com a revenda de pares de tênis no eBay, começou uma linha de streetwear chamada Bandit em seu último ano do ensino médio, mas acabou desistindo. Moss, que se autodenomina “encrenqueiro”, trabalhou então como garçom, assistente paralegal e em uma loja Bed Bath & Beyond enquanto desenvolvia sua linha de streetwear.

Em 2016, depois de obter seu diploma de equivalência do ensino médio no Canadá, mudou-se para Nova York aos 25 anos com o objetivo de estudar moda na Escola de Design Parsons. “Não foi um caminho típico. Eu com 25 anos e aquela meninada com 18″, observou ele, que tem 1,96 metro, cabelo preto ondulado na altura dos ombros e cavanhaque.

A coleção “Catedral dos Sonhos” se baseia fortemente em imagens cristãs e góticas. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

Enquanto estava na Parsons, conseguiu um estágio na joalheria Avianne & Co., no centro de Manhattan. (Esta fica a alguns metros do endereço de Moss no World Diamond Tower.) Disse que desenvolveu o interesse por joias por causa de seu amor pelo hip-hop e, quando estagiário, ajudava a projetar peças personalizadas. “Eu pensava: ‘O.k., estou me sentindo mal; mas vou conseguir.’” Por fim, abandonou a Parsons para trabalhar em projetos de design personalizados na Avianne & Co.

Ele já havia trabalhado em algumas encomendas pessoais para artistas de hip-hop quando o rapper Playboi Carti o apresentou a A$AP Rocky enquanto estavam em Paris para o desfile de estreia de Virgil Abloh para a Louis Vuitton em 2018. “Achei que ele fosse um rapper na primeira vez em que nos encontramos”, lembrou-se Rocky. Sobre as joias de Moss, acrescentou: “Têm muito valor artístico.”

Quando Moss começou sua linha homônima em 2020, trabalhava em seu apartamento na área de Long Island City, no Queens. Na época, havia economizado dinheiro suficiente para pagar o aluguel e as contas durante alguns meses. Duas semanas depois, Nova York iniciou seu lockdown da pandemia. “Quem ia comprar joias? Ninguém sabia nem onde arranjar comida!”, contou ter pensado na época.

Um pingente do designer de jóias Alex Moss. Foto: Luisa Opalesky/The New York Times

Um desejo de ser acessível

Os primeiros pedidos personalizados na casa dos seis dígitos, incluindo o do rapper Jack Harlow e o do produtor musical Rvssian, mantiveram seu negócio funcionando, segundo ele, e permitiram que se estabelecesse no endereço do distrito de brilhantes.

Do escritório de Moss com vista para a 47th Street, as luzes vermelhas cintilantes da Times Square parecem um pouco com rubis birmaneses. No interior, há pedras reais (brilhantes nas joias das vitrines, mármore verde nas paredes) e falsas (em um canto, as paredes foram tratadas para parecer uma caverna, ou “caverna de diamante”, como Moss a chamou).

Seu escritório e seu showroom ficam alguns andares acima da fábrica na qual as peças de sua linha são feitas, espaço que Moss já havia usado como seu primeiro escritório na World Diamond Tower. A fábrica é composta por duas salas semelhantes a laboratórios, em que um joalheiro-chefe supervisiona uma equipe de três cravadores de brilhantes e outra que corta metais preciosos a laser.

Moss, que emprega 15 pessoas, é rápido em apontar que os artesãos da fábrica são os “joalheiros” que constroem suas peças, e que ele é o designer que as concebe. “Sou como Ralph Lifshitz”, afirmou, referindo-se ao fundador da Ralph Lauren, que construiu um império baseado não na experiência em costura, mas na visão criativa.

Ao discutir o futuro de sua empresa, mencionou que quer que ela siga a trajetória da Chrome Hearts, que ao longo dos anos evoluiu de uma linha de nicho para uma marca de estilo de vida, em parte porque artistas musicais famosos (Cher) e modelos (Bella Hadid) ajudaram a popularizar suas joias de prata, seus moletons e suas camisetas.

Moss está trabalhando nas versões de um relógio que espera começar a produzir em parceria com um relojoeiro nos próximos anos. Embora tenha personalizado relógios antigos Cartier e Rolex - processo que chama de “Frankensteinização” -, ainda não desenhou modelos próprios.

Ele também quer abrir uma loja principal e um showroom no SoHo. Explicou que, embora seu negócio tenha florescido no distrito dos diamantes, há associações com o bairro que podem se tornar limitações para o crescimento. “Existem muitos joalheiros nesse espaço, como Chris the Jeweler, Jacob the Jeweler. Não sou Alex the Jeweler. Somos Alex Moss New York.”

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