Em 'Nasce uma estrela', Lady Gaga contrapõe pop e autenticidade


Nesta releitura do consagrado musical, a música de Jackson Maine (Bradley Cooper) é vista com mais autêntica que a de Ally (Lady Gaga)

Por Jon Pareles

Na nova versão de Nasce uma estrela, o experiente astro do rock, Jackson Maine (Bradley Cooper), agora decadente, tem um momento pessoal com a cantora e compositora Ally (Lady Gaga) a caminho do estrelato. Contra o pano de fundo de seu novo cartaz, ele diz que ela precisa “ir fundo” na alma, e acrescenta: "Se você não diz a verdade aí fora, está (acabada)", usando um termo mais forte. E pede que ela faça música com honestidade e esteja sempre aberta, para imbuir as suas canções de autenticidade. 

O estilo visual do filme telegrafa esta autenticidade com incontáveis closes. Para que a música funcione como válvula de escape e como autodefinição para os personagens, a equação não é simples. Este é um álbum de altos e baixos, de emoção escancarada e de com a batida do cálculo. Ao mesmo tempo, é uma lembrança do filme e uma declaração pop à parte. E é o episódio mais recente da história de Lady Gaga, nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta.

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Em “Nasce uma estrela”, Ally (Lady Gaga) precisa desfazer-se de seus valores mais autênticos para alcançar a fama no mundo do pop. Com Bradley Cooper, que vive o personagem Jackson. Foto: Neal Preston/Warner Bros. Pictures

Ela apareceu há dez anos como uma diva do dance-pop, ostentando perucas, figurinos, maquiagem e rotinas de dança em uma quantidade de disfarces orgulhosamente superficiais.

Suas músicas brilhantes tendiam para as batidas potentes dos clubes de dança, embora suas letras insistissem em impulsos mais sombrios de apego obsessivo. Mas ela também estava ansiosa por provar que era uma pianista e cantora exímia. Como Madonna, fez do pop seu espetáculo com partes fortes de autoexpressão na mesma embalagem.

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Mas uma batalha entre o caráter aparentemente efêmero do pop e a durabilidade assumida de algo mais autêntico perpassa sempre a sua música.

Nasce uma estrela conta uma história de amor trágica, por isso, evidentemente o álbum está repleto de canções de amor. E esta nova versão exalta de maneira determinada a sinceridade e a verdade. Jackson Maine sobe ao palco na sequência inicial do filme, depois de engolir alguns drinks e uns comprimidos, e canta: "É a hora de afirmar que não há lugar para mentiras". Para seu personagem, as armadilhas da autenticidade virão logo a seguir. Ele é o arquétipo do veterano do rock: o guerreiro de voz rouca pronto a jogar a guitarra. Mas, no papel de Ally, as melhores músicas são de Lady Gaga.

O remake de “Nasce uma estrela” exalta a sinceridade e a verdade de sua música. Foto: Neal Preston/Warner Bros., via Associated Press
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Na história, a voz genuína de Ally e seu carisma atraem Maine desde o começo, e suas composições repletas de uma carga psicológica e uma atitude ainda virgem selam a relação de ambos. A estrela nasce quando sua relutante apresentação de uma canção que acaba de escrever faz dela uma sensação da noite para o dia, e seu sucesso é imediato. Trata-se de “Shallow”, o primeiro single e a melhor faixa do álbum. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida, e sua voz vai crescendo exponencialmente de quase ofegante até os gritos mais agudos.

As outras faixas mais aplaudidas do álbum são baladas para piano que vão do sussurro até o final heroico, graças à fineza, ao timing emocional de Lady Gaga e à potência de seus pulmões.

Mas assim que Ally consegue sua grande chance, ela menospreza seus valores mais autênticos. Na época em que Maine aconselha Ally a preservar sua alma, ela tem um agente e permite que ele reformule seu repertório com músicas melosas de dança pop que a verdadeira Lady Gaga teria recusado (ou modificado e consideravelmente melhorado). E no universo cínico do filme, este é o material que provavelmente leva Ally à conquista dos Grammys. No filme Nasce uma estrela, de Cooper, o pop é irremediavelmente superficial, um mero recurso comercial.

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É estranho Lady Gaga contrastar o pop moderno com a autenticidade. Não faz muito tempo, seus sucessos insistiam que o artifício mais exagerado poderia conter também algo sincero. Dando uma nova versão a uma história antiga, Nasce uma estrela, de 2018, baseia-se na velha solidez consagrada da balada pop. Ela toca as cordas do seu coração, mas este caminho para a autenticidade é uma volta ao passado.

Na nova versão de Nasce uma estrela, o experiente astro do rock, Jackson Maine (Bradley Cooper), agora decadente, tem um momento pessoal com a cantora e compositora Ally (Lady Gaga) a caminho do estrelato. Contra o pano de fundo de seu novo cartaz, ele diz que ela precisa “ir fundo” na alma, e acrescenta: "Se você não diz a verdade aí fora, está (acabada)", usando um termo mais forte. E pede que ela faça música com honestidade e esteja sempre aberta, para imbuir as suas canções de autenticidade. 

O estilo visual do filme telegrafa esta autenticidade com incontáveis closes. Para que a música funcione como válvula de escape e como autodefinição para os personagens, a equação não é simples. Este é um álbum de altos e baixos, de emoção escancarada e de com a batida do cálculo. Ao mesmo tempo, é uma lembrança do filme e uma declaração pop à parte. E é o episódio mais recente da história de Lady Gaga, nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta.

Em “Nasce uma estrela”, Ally (Lady Gaga) precisa desfazer-se de seus valores mais autênticos para alcançar a fama no mundo do pop. Com Bradley Cooper, que vive o personagem Jackson. Foto: Neal Preston/Warner Bros. Pictures

Ela apareceu há dez anos como uma diva do dance-pop, ostentando perucas, figurinos, maquiagem e rotinas de dança em uma quantidade de disfarces orgulhosamente superficiais.

Suas músicas brilhantes tendiam para as batidas potentes dos clubes de dança, embora suas letras insistissem em impulsos mais sombrios de apego obsessivo. Mas ela também estava ansiosa por provar que era uma pianista e cantora exímia. Como Madonna, fez do pop seu espetáculo com partes fortes de autoexpressão na mesma embalagem.

Mas uma batalha entre o caráter aparentemente efêmero do pop e a durabilidade assumida de algo mais autêntico perpassa sempre a sua música.

Nasce uma estrela conta uma história de amor trágica, por isso, evidentemente o álbum está repleto de canções de amor. E esta nova versão exalta de maneira determinada a sinceridade e a verdade. Jackson Maine sobe ao palco na sequência inicial do filme, depois de engolir alguns drinks e uns comprimidos, e canta: "É a hora de afirmar que não há lugar para mentiras". Para seu personagem, as armadilhas da autenticidade virão logo a seguir. Ele é o arquétipo do veterano do rock: o guerreiro de voz rouca pronto a jogar a guitarra. Mas, no papel de Ally, as melhores músicas são de Lady Gaga.

O remake de “Nasce uma estrela” exalta a sinceridade e a verdade de sua música. Foto: Neal Preston/Warner Bros., via Associated Press

Na história, a voz genuína de Ally e seu carisma atraem Maine desde o começo, e suas composições repletas de uma carga psicológica e uma atitude ainda virgem selam a relação de ambos. A estrela nasce quando sua relutante apresentação de uma canção que acaba de escrever faz dela uma sensação da noite para o dia, e seu sucesso é imediato. Trata-se de “Shallow”, o primeiro single e a melhor faixa do álbum. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida, e sua voz vai crescendo exponencialmente de quase ofegante até os gritos mais agudos.

As outras faixas mais aplaudidas do álbum são baladas para piano que vão do sussurro até o final heroico, graças à fineza, ao timing emocional de Lady Gaga e à potência de seus pulmões.

Mas assim que Ally consegue sua grande chance, ela menospreza seus valores mais autênticos. Na época em que Maine aconselha Ally a preservar sua alma, ela tem um agente e permite que ele reformule seu repertório com músicas melosas de dança pop que a verdadeira Lady Gaga teria recusado (ou modificado e consideravelmente melhorado). E no universo cínico do filme, este é o material que provavelmente leva Ally à conquista dos Grammys. No filme Nasce uma estrela, de Cooper, o pop é irremediavelmente superficial, um mero recurso comercial.

É estranho Lady Gaga contrastar o pop moderno com a autenticidade. Não faz muito tempo, seus sucessos insistiam que o artifício mais exagerado poderia conter também algo sincero. Dando uma nova versão a uma história antiga, Nasce uma estrela, de 2018, baseia-se na velha solidez consagrada da balada pop. Ela toca as cordas do seu coração, mas este caminho para a autenticidade é uma volta ao passado.

Na nova versão de Nasce uma estrela, o experiente astro do rock, Jackson Maine (Bradley Cooper), agora decadente, tem um momento pessoal com a cantora e compositora Ally (Lady Gaga) a caminho do estrelato. Contra o pano de fundo de seu novo cartaz, ele diz que ela precisa “ir fundo” na alma, e acrescenta: "Se você não diz a verdade aí fora, está (acabada)", usando um termo mais forte. E pede que ela faça música com honestidade e esteja sempre aberta, para imbuir as suas canções de autenticidade. 

O estilo visual do filme telegrafa esta autenticidade com incontáveis closes. Para que a música funcione como válvula de escape e como autodefinição para os personagens, a equação não é simples. Este é um álbum de altos e baixos, de emoção escancarada e de com a batida do cálculo. Ao mesmo tempo, é uma lembrança do filme e uma declaração pop à parte. E é o episódio mais recente da história de Lady Gaga, nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta.

Em “Nasce uma estrela”, Ally (Lady Gaga) precisa desfazer-se de seus valores mais autênticos para alcançar a fama no mundo do pop. Com Bradley Cooper, que vive o personagem Jackson. Foto: Neal Preston/Warner Bros. Pictures

Ela apareceu há dez anos como uma diva do dance-pop, ostentando perucas, figurinos, maquiagem e rotinas de dança em uma quantidade de disfarces orgulhosamente superficiais.

Suas músicas brilhantes tendiam para as batidas potentes dos clubes de dança, embora suas letras insistissem em impulsos mais sombrios de apego obsessivo. Mas ela também estava ansiosa por provar que era uma pianista e cantora exímia. Como Madonna, fez do pop seu espetáculo com partes fortes de autoexpressão na mesma embalagem.

Mas uma batalha entre o caráter aparentemente efêmero do pop e a durabilidade assumida de algo mais autêntico perpassa sempre a sua música.

Nasce uma estrela conta uma história de amor trágica, por isso, evidentemente o álbum está repleto de canções de amor. E esta nova versão exalta de maneira determinada a sinceridade e a verdade. Jackson Maine sobe ao palco na sequência inicial do filme, depois de engolir alguns drinks e uns comprimidos, e canta: "É a hora de afirmar que não há lugar para mentiras". Para seu personagem, as armadilhas da autenticidade virão logo a seguir. Ele é o arquétipo do veterano do rock: o guerreiro de voz rouca pronto a jogar a guitarra. Mas, no papel de Ally, as melhores músicas são de Lady Gaga.

O remake de “Nasce uma estrela” exalta a sinceridade e a verdade de sua música. Foto: Neal Preston/Warner Bros., via Associated Press

Na história, a voz genuína de Ally e seu carisma atraem Maine desde o começo, e suas composições repletas de uma carga psicológica e uma atitude ainda virgem selam a relação de ambos. A estrela nasce quando sua relutante apresentação de uma canção que acaba de escrever faz dela uma sensação da noite para o dia, e seu sucesso é imediato. Trata-se de “Shallow”, o primeiro single e a melhor faixa do álbum. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida, e sua voz vai crescendo exponencialmente de quase ofegante até os gritos mais agudos.

As outras faixas mais aplaudidas do álbum são baladas para piano que vão do sussurro até o final heroico, graças à fineza, ao timing emocional de Lady Gaga e à potência de seus pulmões.

Mas assim que Ally consegue sua grande chance, ela menospreza seus valores mais autênticos. Na época em que Maine aconselha Ally a preservar sua alma, ela tem um agente e permite que ele reformule seu repertório com músicas melosas de dança pop que a verdadeira Lady Gaga teria recusado (ou modificado e consideravelmente melhorado). E no universo cínico do filme, este é o material que provavelmente leva Ally à conquista dos Grammys. No filme Nasce uma estrela, de Cooper, o pop é irremediavelmente superficial, um mero recurso comercial.

É estranho Lady Gaga contrastar o pop moderno com a autenticidade. Não faz muito tempo, seus sucessos insistiam que o artifício mais exagerado poderia conter também algo sincero. Dando uma nova versão a uma história antiga, Nasce uma estrela, de 2018, baseia-se na velha solidez consagrada da balada pop. Ela toca as cordas do seu coração, mas este caminho para a autenticidade é uma volta ao passado.

Na nova versão de Nasce uma estrela, o experiente astro do rock, Jackson Maine (Bradley Cooper), agora decadente, tem um momento pessoal com a cantora e compositora Ally (Lady Gaga) a caminho do estrelato. Contra o pano de fundo de seu novo cartaz, ele diz que ela precisa “ir fundo” na alma, e acrescenta: "Se você não diz a verdade aí fora, está (acabada)", usando um termo mais forte. E pede que ela faça música com honestidade e esteja sempre aberta, para imbuir as suas canções de autenticidade. 

O estilo visual do filme telegrafa esta autenticidade com incontáveis closes. Para que a música funcione como válvula de escape e como autodefinição para os personagens, a equação não é simples. Este é um álbum de altos e baixos, de emoção escancarada e de com a batida do cálculo. Ao mesmo tempo, é uma lembrança do filme e uma declaração pop à parte. E é o episódio mais recente da história de Lady Gaga, nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta.

Em “Nasce uma estrela”, Ally (Lady Gaga) precisa desfazer-se de seus valores mais autênticos para alcançar a fama no mundo do pop. Com Bradley Cooper, que vive o personagem Jackson. Foto: Neal Preston/Warner Bros. Pictures

Ela apareceu há dez anos como uma diva do dance-pop, ostentando perucas, figurinos, maquiagem e rotinas de dança em uma quantidade de disfarces orgulhosamente superficiais.

Suas músicas brilhantes tendiam para as batidas potentes dos clubes de dança, embora suas letras insistissem em impulsos mais sombrios de apego obsessivo. Mas ela também estava ansiosa por provar que era uma pianista e cantora exímia. Como Madonna, fez do pop seu espetáculo com partes fortes de autoexpressão na mesma embalagem.

Mas uma batalha entre o caráter aparentemente efêmero do pop e a durabilidade assumida de algo mais autêntico perpassa sempre a sua música.

Nasce uma estrela conta uma história de amor trágica, por isso, evidentemente o álbum está repleto de canções de amor. E esta nova versão exalta de maneira determinada a sinceridade e a verdade. Jackson Maine sobe ao palco na sequência inicial do filme, depois de engolir alguns drinks e uns comprimidos, e canta: "É a hora de afirmar que não há lugar para mentiras". Para seu personagem, as armadilhas da autenticidade virão logo a seguir. Ele é o arquétipo do veterano do rock: o guerreiro de voz rouca pronto a jogar a guitarra. Mas, no papel de Ally, as melhores músicas são de Lady Gaga.

O remake de “Nasce uma estrela” exalta a sinceridade e a verdade de sua música. Foto: Neal Preston/Warner Bros., via Associated Press

Na história, a voz genuína de Ally e seu carisma atraem Maine desde o começo, e suas composições repletas de uma carga psicológica e uma atitude ainda virgem selam a relação de ambos. A estrela nasce quando sua relutante apresentação de uma canção que acaba de escrever faz dela uma sensação da noite para o dia, e seu sucesso é imediato. Trata-se de “Shallow”, o primeiro single e a melhor faixa do álbum. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida, e sua voz vai crescendo exponencialmente de quase ofegante até os gritos mais agudos.

As outras faixas mais aplaudidas do álbum são baladas para piano que vão do sussurro até o final heroico, graças à fineza, ao timing emocional de Lady Gaga e à potência de seus pulmões.

Mas assim que Ally consegue sua grande chance, ela menospreza seus valores mais autênticos. Na época em que Maine aconselha Ally a preservar sua alma, ela tem um agente e permite que ele reformule seu repertório com músicas melosas de dança pop que a verdadeira Lady Gaga teria recusado (ou modificado e consideravelmente melhorado). E no universo cínico do filme, este é o material que provavelmente leva Ally à conquista dos Grammys. No filme Nasce uma estrela, de Cooper, o pop é irremediavelmente superficial, um mero recurso comercial.

É estranho Lady Gaga contrastar o pop moderno com a autenticidade. Não faz muito tempo, seus sucessos insistiam que o artifício mais exagerado poderia conter também algo sincero. Dando uma nova versão a uma história antiga, Nasce uma estrela, de 2018, baseia-se na velha solidez consagrada da balada pop. Ela toca as cordas do seu coração, mas este caminho para a autenticidade é uma volta ao passado.

Na nova versão de Nasce uma estrela, o experiente astro do rock, Jackson Maine (Bradley Cooper), agora decadente, tem um momento pessoal com a cantora e compositora Ally (Lady Gaga) a caminho do estrelato. Contra o pano de fundo de seu novo cartaz, ele diz que ela precisa “ir fundo” na alma, e acrescenta: "Se você não diz a verdade aí fora, está (acabada)", usando um termo mais forte. E pede que ela faça música com honestidade e esteja sempre aberta, para imbuir as suas canções de autenticidade. 

O estilo visual do filme telegrafa esta autenticidade com incontáveis closes. Para que a música funcione como válvula de escape e como autodefinição para os personagens, a equação não é simples. Este é um álbum de altos e baixos, de emoção escancarada e de com a batida do cálculo. Ao mesmo tempo, é uma lembrança do filme e uma declaração pop à parte. E é o episódio mais recente da história de Lady Gaga, nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta.

Em “Nasce uma estrela”, Ally (Lady Gaga) precisa desfazer-se de seus valores mais autênticos para alcançar a fama no mundo do pop. Com Bradley Cooper, que vive o personagem Jackson. Foto: Neal Preston/Warner Bros. Pictures

Ela apareceu há dez anos como uma diva do dance-pop, ostentando perucas, figurinos, maquiagem e rotinas de dança em uma quantidade de disfarces orgulhosamente superficiais.

Suas músicas brilhantes tendiam para as batidas potentes dos clubes de dança, embora suas letras insistissem em impulsos mais sombrios de apego obsessivo. Mas ela também estava ansiosa por provar que era uma pianista e cantora exímia. Como Madonna, fez do pop seu espetáculo com partes fortes de autoexpressão na mesma embalagem.

Mas uma batalha entre o caráter aparentemente efêmero do pop e a durabilidade assumida de algo mais autêntico perpassa sempre a sua música.

Nasce uma estrela conta uma história de amor trágica, por isso, evidentemente o álbum está repleto de canções de amor. E esta nova versão exalta de maneira determinada a sinceridade e a verdade. Jackson Maine sobe ao palco na sequência inicial do filme, depois de engolir alguns drinks e uns comprimidos, e canta: "É a hora de afirmar que não há lugar para mentiras". Para seu personagem, as armadilhas da autenticidade virão logo a seguir. Ele é o arquétipo do veterano do rock: o guerreiro de voz rouca pronto a jogar a guitarra. Mas, no papel de Ally, as melhores músicas são de Lady Gaga.

O remake de “Nasce uma estrela” exalta a sinceridade e a verdade de sua música. Foto: Neal Preston/Warner Bros., via Associated Press

Na história, a voz genuína de Ally e seu carisma atraem Maine desde o começo, e suas composições repletas de uma carga psicológica e uma atitude ainda virgem selam a relação de ambos. A estrela nasce quando sua relutante apresentação de uma canção que acaba de escrever faz dela uma sensação da noite para o dia, e seu sucesso é imediato. Trata-se de “Shallow”, o primeiro single e a melhor faixa do álbum. Cooper começa a canção, mas Lady Gaga assume em seguida, e sua voz vai crescendo exponencialmente de quase ofegante até os gritos mais agudos.

As outras faixas mais aplaudidas do álbum são baladas para piano que vão do sussurro até o final heroico, graças à fineza, ao timing emocional de Lady Gaga e à potência de seus pulmões.

Mas assim que Ally consegue sua grande chance, ela menospreza seus valores mais autênticos. Na época em que Maine aconselha Ally a preservar sua alma, ela tem um agente e permite que ele reformule seu repertório com músicas melosas de dança pop que a verdadeira Lady Gaga teria recusado (ou modificado e consideravelmente melhorado). E no universo cínico do filme, este é o material que provavelmente leva Ally à conquista dos Grammys. No filme Nasce uma estrela, de Cooper, o pop é irremediavelmente superficial, um mero recurso comercial.

É estranho Lady Gaga contrastar o pop moderno com a autenticidade. Não faz muito tempo, seus sucessos insistiam que o artifício mais exagerado poderia conter também algo sincero. Dando uma nova versão a uma história antiga, Nasce uma estrela, de 2018, baseia-se na velha solidez consagrada da balada pop. Ela toca as cordas do seu coração, mas este caminho para a autenticidade é uma volta ao passado.

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