Escultor de formas imensas faz sua 'exposição mais pesada'


Grandes ‘cilindros’ e aço retorcido definem o estilo minimalista de Richard Serra

Por Deborah Solomon

Quando falamos de escultura, o que é que debatemos? Não o peso, é claro.

Mas Richard Serra, diferentemente de seus antecessores modernistas, conta os quilogramas. “Essa é a exposição mais pesada que já montei", diz ele com certo orgulho. O artista de 80 anos estava em seu estúdio de Nova York se preparando para um trimestre movimentado. Três exposições de suas novas obras serão abertas simultaneamente, em meados de setembro, nos espaços da Galeria Gagosian, em Lower Manhattan, e no Upper East Side.

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'Forged Rounds' é composta por quatro esculturas feitas com 21 'cilindros' de aço forjado pesando 45 toneladas cada. Foto: George Etheredge para The New York Times

A isso se soma uma nova obra revelada no Museum of Modern Art. “Equal” (2015), montagem do tamanho de uma sala inteira reunindo oito blocos de aço forjado de 36 toneladas que, juntos, pesam mais do que o Boeing 777, vão ocupar sua própria galeria na nova Ala David Geffen, em 21 de outubro.

Serra, um dos escultores vivos mais conhecidos dos Estados Unidos, celebra formas abstratas como feitos maximalistas de massa e dimensão. Seu suporte é o aço.

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Serra ainda é famoso por conta de uma escultura que não existe mais. “Tilted Arc” [Arco inclinado], uma grande peça de aço, dividiu durante algum tempo uma praça em Lower Manhattan, em Nova York. A obra suscitou reações negativas de pessoas que a consideraram opressiva e pediram sua retirada. Em 1989, após anos de debate, a escultura foi levada para outro lugar.

Na época, o artista comparou a perda a uma morte na família. “Está com o governo", disse ele. “É propriedade deles, e eles a destruíram.” A agência federal que encomendou a obra disse que ela está agora na Virgínia, dividida em três partes.

“Tilted Arc” continua distorcendo a reputação de Serra, fomentando a imagem de um artista que provocou o público. Sua maior inovação foi redefinir a escultura ao torná-la menos um objeto polido e mais uma desconcertante incursão pelo espaço do espectador.

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Serra tem mais de 100 encomendadas em cidades que vão da Filadélfia a São Paulo, passando pelos desertos de Doha. Suas obras forjadas consolidam o aço em massas de densidade sem igual, enquanto as peças de placas de aço tendem a ser mais leves e líricas. Entre elas estão a brincalhona série “Torqued Ellipse” [Elipse retorcida], estruturas ovoides cujas paredes cor de ferrugem se movem.

Serra passou a maior parte da infância na zona oeste de San Francisco. A família morava a quatro quarteirões do mar. “Olhando da janela do meu quarto, eu via os navios passando", lembra Serra.

A mãe dele, Gladys Fineberg, era de ascendência russa e judaica. O pai, Tony, era um operário hispanoamericano nascido no Peru. No quinto aniversário de Serra, o pai o levou ao estaleiro como presente. Posteriormente, lembrando dessa experiência em uma declaração chamada “Weight” , Serra adota um petroleiro revestido de aço como sua "madeleine de Proust". 

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Serra chegou à Universidade Yale como estudante de pós-graduação, depois de obter o diploma de bacharel em artes e literatura na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Instalando-se em nova York em 1966, ele chegou ao centro da vanguarda. O minimalismo era o estilo principal. Mas, em contraste com a clara geometria dos minimalistas, Serra tentou “sujar as mãos", como ele diz agora; queria inverter as formas fechadas e hermeticamente fechadas.

Ele criou uma (hoje histórica) compilação de 54 ações que podemos realizar com materiais de arte (por exemplo, “espalhar", “entrelaçar", “esticar”). Então, dedicou-se a colocá-las em prática.

Para suas “peças respingadas”, Serra aqueceu folhas de chumbo em um caldeirão e, usando uma concha, respingou o metal derretido na base de paredes. Então, deixou que o metal endurecesse, formando moldes de extremidades irregulares jazendo no chão.

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Richard Serra disse que tentou 'sujar as mãos' com a inversão de formas hermeticamente fechadas. Foto: George Etheredge para The New York Times

As esculturas de Serra são agora produzidas em fábricas na Alemanha. “Forged Rounds” [Arredondados forjados] é a nova exposição descrita por Serra como a sua mais pesada. Consiste de quatro esculturas imensas compostas de 21 “arredondados" de aço forjado, tambores cilíndricos, e parte do seu fascínio está na charada sensorial que permite que cilindros de diferentes dimensões - alguns têm a altura de uma mesa, outros são grandes o bastante para esconder uma pessoa - pesem exatamente 45 toneladas cada.

Essa soma reflete limitações de peso impostas por Nova York e Nova Jersey. Se pesarem 45 toneladas, “podem atravessar a Ponte George Washington", disse Serra a respeito de suas esculturas, trazidas de um porto em Nova Jersey.

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Em uma outra exposição, o espaço inteiro será entregue a uma escultura gigantesca - “Reverse Curve” [Curva invertida], placas duplas que formam um S e serpenteiam como um rio por 30 metros.

No espaço da Gagosian em Madison Avenue, Serra vai expor “Triptychs and Diptychs", 21 obras novas no papel. Seus desenhos são ferozes, grandes e borrados, sempre em branco e preto.

Depois da polêmica de “Tilted Arc", as esculturas de Serra são acompanhadas por contratos jurídicos. Os proprietários (sejam eles indivíduos ou museus) são impedidos de mover ou alterar suas obras sem o seu consentimento.

Ainda assim, Serra disse, “Mesmo com os contratos, não sabemos se os termos serão respeitados depois da morte do artista". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Quando falamos de escultura, o que é que debatemos? Não o peso, é claro.

Mas Richard Serra, diferentemente de seus antecessores modernistas, conta os quilogramas. “Essa é a exposição mais pesada que já montei", diz ele com certo orgulho. O artista de 80 anos estava em seu estúdio de Nova York se preparando para um trimestre movimentado. Três exposições de suas novas obras serão abertas simultaneamente, em meados de setembro, nos espaços da Galeria Gagosian, em Lower Manhattan, e no Upper East Side.

'Forged Rounds' é composta por quatro esculturas feitas com 21 'cilindros' de aço forjado pesando 45 toneladas cada. Foto: George Etheredge para The New York Times

A isso se soma uma nova obra revelada no Museum of Modern Art. “Equal” (2015), montagem do tamanho de uma sala inteira reunindo oito blocos de aço forjado de 36 toneladas que, juntos, pesam mais do que o Boeing 777, vão ocupar sua própria galeria na nova Ala David Geffen, em 21 de outubro.

Serra, um dos escultores vivos mais conhecidos dos Estados Unidos, celebra formas abstratas como feitos maximalistas de massa e dimensão. Seu suporte é o aço.

Serra ainda é famoso por conta de uma escultura que não existe mais. “Tilted Arc” [Arco inclinado], uma grande peça de aço, dividiu durante algum tempo uma praça em Lower Manhattan, em Nova York. A obra suscitou reações negativas de pessoas que a consideraram opressiva e pediram sua retirada. Em 1989, após anos de debate, a escultura foi levada para outro lugar.

Na época, o artista comparou a perda a uma morte na família. “Está com o governo", disse ele. “É propriedade deles, e eles a destruíram.” A agência federal que encomendou a obra disse que ela está agora na Virgínia, dividida em três partes.

“Tilted Arc” continua distorcendo a reputação de Serra, fomentando a imagem de um artista que provocou o público. Sua maior inovação foi redefinir a escultura ao torná-la menos um objeto polido e mais uma desconcertante incursão pelo espaço do espectador.

Serra tem mais de 100 encomendadas em cidades que vão da Filadélfia a São Paulo, passando pelos desertos de Doha. Suas obras forjadas consolidam o aço em massas de densidade sem igual, enquanto as peças de placas de aço tendem a ser mais leves e líricas. Entre elas estão a brincalhona série “Torqued Ellipse” [Elipse retorcida], estruturas ovoides cujas paredes cor de ferrugem se movem.

Serra passou a maior parte da infância na zona oeste de San Francisco. A família morava a quatro quarteirões do mar. “Olhando da janela do meu quarto, eu via os navios passando", lembra Serra.

A mãe dele, Gladys Fineberg, era de ascendência russa e judaica. O pai, Tony, era um operário hispanoamericano nascido no Peru. No quinto aniversário de Serra, o pai o levou ao estaleiro como presente. Posteriormente, lembrando dessa experiência em uma declaração chamada “Weight” , Serra adota um petroleiro revestido de aço como sua "madeleine de Proust". 

Serra chegou à Universidade Yale como estudante de pós-graduação, depois de obter o diploma de bacharel em artes e literatura na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Instalando-se em nova York em 1966, ele chegou ao centro da vanguarda. O minimalismo era o estilo principal. Mas, em contraste com a clara geometria dos minimalistas, Serra tentou “sujar as mãos", como ele diz agora; queria inverter as formas fechadas e hermeticamente fechadas.

Ele criou uma (hoje histórica) compilação de 54 ações que podemos realizar com materiais de arte (por exemplo, “espalhar", “entrelaçar", “esticar”). Então, dedicou-se a colocá-las em prática.

Para suas “peças respingadas”, Serra aqueceu folhas de chumbo em um caldeirão e, usando uma concha, respingou o metal derretido na base de paredes. Então, deixou que o metal endurecesse, formando moldes de extremidades irregulares jazendo no chão.

Richard Serra disse que tentou 'sujar as mãos' com a inversão de formas hermeticamente fechadas. Foto: George Etheredge para The New York Times

As esculturas de Serra são agora produzidas em fábricas na Alemanha. “Forged Rounds” [Arredondados forjados] é a nova exposição descrita por Serra como a sua mais pesada. Consiste de quatro esculturas imensas compostas de 21 “arredondados" de aço forjado, tambores cilíndricos, e parte do seu fascínio está na charada sensorial que permite que cilindros de diferentes dimensões - alguns têm a altura de uma mesa, outros são grandes o bastante para esconder uma pessoa - pesem exatamente 45 toneladas cada.

Essa soma reflete limitações de peso impostas por Nova York e Nova Jersey. Se pesarem 45 toneladas, “podem atravessar a Ponte George Washington", disse Serra a respeito de suas esculturas, trazidas de um porto em Nova Jersey.

Em uma outra exposição, o espaço inteiro será entregue a uma escultura gigantesca - “Reverse Curve” [Curva invertida], placas duplas que formam um S e serpenteiam como um rio por 30 metros.

No espaço da Gagosian em Madison Avenue, Serra vai expor “Triptychs and Diptychs", 21 obras novas no papel. Seus desenhos são ferozes, grandes e borrados, sempre em branco e preto.

Depois da polêmica de “Tilted Arc", as esculturas de Serra são acompanhadas por contratos jurídicos. Os proprietários (sejam eles indivíduos ou museus) são impedidos de mover ou alterar suas obras sem o seu consentimento.

Ainda assim, Serra disse, “Mesmo com os contratos, não sabemos se os termos serão respeitados depois da morte do artista". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Quando falamos de escultura, o que é que debatemos? Não o peso, é claro.

Mas Richard Serra, diferentemente de seus antecessores modernistas, conta os quilogramas. “Essa é a exposição mais pesada que já montei", diz ele com certo orgulho. O artista de 80 anos estava em seu estúdio de Nova York se preparando para um trimestre movimentado. Três exposições de suas novas obras serão abertas simultaneamente, em meados de setembro, nos espaços da Galeria Gagosian, em Lower Manhattan, e no Upper East Side.

'Forged Rounds' é composta por quatro esculturas feitas com 21 'cilindros' de aço forjado pesando 45 toneladas cada. Foto: George Etheredge para The New York Times

A isso se soma uma nova obra revelada no Museum of Modern Art. “Equal” (2015), montagem do tamanho de uma sala inteira reunindo oito blocos de aço forjado de 36 toneladas que, juntos, pesam mais do que o Boeing 777, vão ocupar sua própria galeria na nova Ala David Geffen, em 21 de outubro.

Serra, um dos escultores vivos mais conhecidos dos Estados Unidos, celebra formas abstratas como feitos maximalistas de massa e dimensão. Seu suporte é o aço.

Serra ainda é famoso por conta de uma escultura que não existe mais. “Tilted Arc” [Arco inclinado], uma grande peça de aço, dividiu durante algum tempo uma praça em Lower Manhattan, em Nova York. A obra suscitou reações negativas de pessoas que a consideraram opressiva e pediram sua retirada. Em 1989, após anos de debate, a escultura foi levada para outro lugar.

Na época, o artista comparou a perda a uma morte na família. “Está com o governo", disse ele. “É propriedade deles, e eles a destruíram.” A agência federal que encomendou a obra disse que ela está agora na Virgínia, dividida em três partes.

“Tilted Arc” continua distorcendo a reputação de Serra, fomentando a imagem de um artista que provocou o público. Sua maior inovação foi redefinir a escultura ao torná-la menos um objeto polido e mais uma desconcertante incursão pelo espaço do espectador.

Serra tem mais de 100 encomendadas em cidades que vão da Filadélfia a São Paulo, passando pelos desertos de Doha. Suas obras forjadas consolidam o aço em massas de densidade sem igual, enquanto as peças de placas de aço tendem a ser mais leves e líricas. Entre elas estão a brincalhona série “Torqued Ellipse” [Elipse retorcida], estruturas ovoides cujas paredes cor de ferrugem se movem.

Serra passou a maior parte da infância na zona oeste de San Francisco. A família morava a quatro quarteirões do mar. “Olhando da janela do meu quarto, eu via os navios passando", lembra Serra.

A mãe dele, Gladys Fineberg, era de ascendência russa e judaica. O pai, Tony, era um operário hispanoamericano nascido no Peru. No quinto aniversário de Serra, o pai o levou ao estaleiro como presente. Posteriormente, lembrando dessa experiência em uma declaração chamada “Weight” , Serra adota um petroleiro revestido de aço como sua "madeleine de Proust". 

Serra chegou à Universidade Yale como estudante de pós-graduação, depois de obter o diploma de bacharel em artes e literatura na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Instalando-se em nova York em 1966, ele chegou ao centro da vanguarda. O minimalismo era o estilo principal. Mas, em contraste com a clara geometria dos minimalistas, Serra tentou “sujar as mãos", como ele diz agora; queria inverter as formas fechadas e hermeticamente fechadas.

Ele criou uma (hoje histórica) compilação de 54 ações que podemos realizar com materiais de arte (por exemplo, “espalhar", “entrelaçar", “esticar”). Então, dedicou-se a colocá-las em prática.

Para suas “peças respingadas”, Serra aqueceu folhas de chumbo em um caldeirão e, usando uma concha, respingou o metal derretido na base de paredes. Então, deixou que o metal endurecesse, formando moldes de extremidades irregulares jazendo no chão.

Richard Serra disse que tentou 'sujar as mãos' com a inversão de formas hermeticamente fechadas. Foto: George Etheredge para The New York Times

As esculturas de Serra são agora produzidas em fábricas na Alemanha. “Forged Rounds” [Arredondados forjados] é a nova exposição descrita por Serra como a sua mais pesada. Consiste de quatro esculturas imensas compostas de 21 “arredondados" de aço forjado, tambores cilíndricos, e parte do seu fascínio está na charada sensorial que permite que cilindros de diferentes dimensões - alguns têm a altura de uma mesa, outros são grandes o bastante para esconder uma pessoa - pesem exatamente 45 toneladas cada.

Essa soma reflete limitações de peso impostas por Nova York e Nova Jersey. Se pesarem 45 toneladas, “podem atravessar a Ponte George Washington", disse Serra a respeito de suas esculturas, trazidas de um porto em Nova Jersey.

Em uma outra exposição, o espaço inteiro será entregue a uma escultura gigantesca - “Reverse Curve” [Curva invertida], placas duplas que formam um S e serpenteiam como um rio por 30 metros.

No espaço da Gagosian em Madison Avenue, Serra vai expor “Triptychs and Diptychs", 21 obras novas no papel. Seus desenhos são ferozes, grandes e borrados, sempre em branco e preto.

Depois da polêmica de “Tilted Arc", as esculturas de Serra são acompanhadas por contratos jurídicos. Os proprietários (sejam eles indivíduos ou museus) são impedidos de mover ou alterar suas obras sem o seu consentimento.

Ainda assim, Serra disse, “Mesmo com os contratos, não sabemos se os termos serão respeitados depois da morte do artista". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Quando falamos de escultura, o que é que debatemos? Não o peso, é claro.

Mas Richard Serra, diferentemente de seus antecessores modernistas, conta os quilogramas. “Essa é a exposição mais pesada que já montei", diz ele com certo orgulho. O artista de 80 anos estava em seu estúdio de Nova York se preparando para um trimestre movimentado. Três exposições de suas novas obras serão abertas simultaneamente, em meados de setembro, nos espaços da Galeria Gagosian, em Lower Manhattan, e no Upper East Side.

'Forged Rounds' é composta por quatro esculturas feitas com 21 'cilindros' de aço forjado pesando 45 toneladas cada. Foto: George Etheredge para The New York Times

A isso se soma uma nova obra revelada no Museum of Modern Art. “Equal” (2015), montagem do tamanho de uma sala inteira reunindo oito blocos de aço forjado de 36 toneladas que, juntos, pesam mais do que o Boeing 777, vão ocupar sua própria galeria na nova Ala David Geffen, em 21 de outubro.

Serra, um dos escultores vivos mais conhecidos dos Estados Unidos, celebra formas abstratas como feitos maximalistas de massa e dimensão. Seu suporte é o aço.

Serra ainda é famoso por conta de uma escultura que não existe mais. “Tilted Arc” [Arco inclinado], uma grande peça de aço, dividiu durante algum tempo uma praça em Lower Manhattan, em Nova York. A obra suscitou reações negativas de pessoas que a consideraram opressiva e pediram sua retirada. Em 1989, após anos de debate, a escultura foi levada para outro lugar.

Na época, o artista comparou a perda a uma morte na família. “Está com o governo", disse ele. “É propriedade deles, e eles a destruíram.” A agência federal que encomendou a obra disse que ela está agora na Virgínia, dividida em três partes.

“Tilted Arc” continua distorcendo a reputação de Serra, fomentando a imagem de um artista que provocou o público. Sua maior inovação foi redefinir a escultura ao torná-la menos um objeto polido e mais uma desconcertante incursão pelo espaço do espectador.

Serra tem mais de 100 encomendadas em cidades que vão da Filadélfia a São Paulo, passando pelos desertos de Doha. Suas obras forjadas consolidam o aço em massas de densidade sem igual, enquanto as peças de placas de aço tendem a ser mais leves e líricas. Entre elas estão a brincalhona série “Torqued Ellipse” [Elipse retorcida], estruturas ovoides cujas paredes cor de ferrugem se movem.

Serra passou a maior parte da infância na zona oeste de San Francisco. A família morava a quatro quarteirões do mar. “Olhando da janela do meu quarto, eu via os navios passando", lembra Serra.

A mãe dele, Gladys Fineberg, era de ascendência russa e judaica. O pai, Tony, era um operário hispanoamericano nascido no Peru. No quinto aniversário de Serra, o pai o levou ao estaleiro como presente. Posteriormente, lembrando dessa experiência em uma declaração chamada “Weight” , Serra adota um petroleiro revestido de aço como sua "madeleine de Proust". 

Serra chegou à Universidade Yale como estudante de pós-graduação, depois de obter o diploma de bacharel em artes e literatura na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Instalando-se em nova York em 1966, ele chegou ao centro da vanguarda. O minimalismo era o estilo principal. Mas, em contraste com a clara geometria dos minimalistas, Serra tentou “sujar as mãos", como ele diz agora; queria inverter as formas fechadas e hermeticamente fechadas.

Ele criou uma (hoje histórica) compilação de 54 ações que podemos realizar com materiais de arte (por exemplo, “espalhar", “entrelaçar", “esticar”). Então, dedicou-se a colocá-las em prática.

Para suas “peças respingadas”, Serra aqueceu folhas de chumbo em um caldeirão e, usando uma concha, respingou o metal derretido na base de paredes. Então, deixou que o metal endurecesse, formando moldes de extremidades irregulares jazendo no chão.

Richard Serra disse que tentou 'sujar as mãos' com a inversão de formas hermeticamente fechadas. Foto: George Etheredge para The New York Times

As esculturas de Serra são agora produzidas em fábricas na Alemanha. “Forged Rounds” [Arredondados forjados] é a nova exposição descrita por Serra como a sua mais pesada. Consiste de quatro esculturas imensas compostas de 21 “arredondados" de aço forjado, tambores cilíndricos, e parte do seu fascínio está na charada sensorial que permite que cilindros de diferentes dimensões - alguns têm a altura de uma mesa, outros são grandes o bastante para esconder uma pessoa - pesem exatamente 45 toneladas cada.

Essa soma reflete limitações de peso impostas por Nova York e Nova Jersey. Se pesarem 45 toneladas, “podem atravessar a Ponte George Washington", disse Serra a respeito de suas esculturas, trazidas de um porto em Nova Jersey.

Em uma outra exposição, o espaço inteiro será entregue a uma escultura gigantesca - “Reverse Curve” [Curva invertida], placas duplas que formam um S e serpenteiam como um rio por 30 metros.

No espaço da Gagosian em Madison Avenue, Serra vai expor “Triptychs and Diptychs", 21 obras novas no papel. Seus desenhos são ferozes, grandes e borrados, sempre em branco e preto.

Depois da polêmica de “Tilted Arc", as esculturas de Serra são acompanhadas por contratos jurídicos. Os proprietários (sejam eles indivíduos ou museus) são impedidos de mover ou alterar suas obras sem o seu consentimento.

Ainda assim, Serra disse, “Mesmo com os contratos, não sabemos se os termos serão respeitados depois da morte do artista". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Quando falamos de escultura, o que é que debatemos? Não o peso, é claro.

Mas Richard Serra, diferentemente de seus antecessores modernistas, conta os quilogramas. “Essa é a exposição mais pesada que já montei", diz ele com certo orgulho. O artista de 80 anos estava em seu estúdio de Nova York se preparando para um trimestre movimentado. Três exposições de suas novas obras serão abertas simultaneamente, em meados de setembro, nos espaços da Galeria Gagosian, em Lower Manhattan, e no Upper East Side.

'Forged Rounds' é composta por quatro esculturas feitas com 21 'cilindros' de aço forjado pesando 45 toneladas cada. Foto: George Etheredge para The New York Times

A isso se soma uma nova obra revelada no Museum of Modern Art. “Equal” (2015), montagem do tamanho de uma sala inteira reunindo oito blocos de aço forjado de 36 toneladas que, juntos, pesam mais do que o Boeing 777, vão ocupar sua própria galeria na nova Ala David Geffen, em 21 de outubro.

Serra, um dos escultores vivos mais conhecidos dos Estados Unidos, celebra formas abstratas como feitos maximalistas de massa e dimensão. Seu suporte é o aço.

Serra ainda é famoso por conta de uma escultura que não existe mais. “Tilted Arc” [Arco inclinado], uma grande peça de aço, dividiu durante algum tempo uma praça em Lower Manhattan, em Nova York. A obra suscitou reações negativas de pessoas que a consideraram opressiva e pediram sua retirada. Em 1989, após anos de debate, a escultura foi levada para outro lugar.

Na época, o artista comparou a perda a uma morte na família. “Está com o governo", disse ele. “É propriedade deles, e eles a destruíram.” A agência federal que encomendou a obra disse que ela está agora na Virgínia, dividida em três partes.

“Tilted Arc” continua distorcendo a reputação de Serra, fomentando a imagem de um artista que provocou o público. Sua maior inovação foi redefinir a escultura ao torná-la menos um objeto polido e mais uma desconcertante incursão pelo espaço do espectador.

Serra tem mais de 100 encomendadas em cidades que vão da Filadélfia a São Paulo, passando pelos desertos de Doha. Suas obras forjadas consolidam o aço em massas de densidade sem igual, enquanto as peças de placas de aço tendem a ser mais leves e líricas. Entre elas estão a brincalhona série “Torqued Ellipse” [Elipse retorcida], estruturas ovoides cujas paredes cor de ferrugem se movem.

Serra passou a maior parte da infância na zona oeste de San Francisco. A família morava a quatro quarteirões do mar. “Olhando da janela do meu quarto, eu via os navios passando", lembra Serra.

A mãe dele, Gladys Fineberg, era de ascendência russa e judaica. O pai, Tony, era um operário hispanoamericano nascido no Peru. No quinto aniversário de Serra, o pai o levou ao estaleiro como presente. Posteriormente, lembrando dessa experiência em uma declaração chamada “Weight” , Serra adota um petroleiro revestido de aço como sua "madeleine de Proust". 

Serra chegou à Universidade Yale como estudante de pós-graduação, depois de obter o diploma de bacharel em artes e literatura na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Instalando-se em nova York em 1966, ele chegou ao centro da vanguarda. O minimalismo era o estilo principal. Mas, em contraste com a clara geometria dos minimalistas, Serra tentou “sujar as mãos", como ele diz agora; queria inverter as formas fechadas e hermeticamente fechadas.

Ele criou uma (hoje histórica) compilação de 54 ações que podemos realizar com materiais de arte (por exemplo, “espalhar", “entrelaçar", “esticar”). Então, dedicou-se a colocá-las em prática.

Para suas “peças respingadas”, Serra aqueceu folhas de chumbo em um caldeirão e, usando uma concha, respingou o metal derretido na base de paredes. Então, deixou que o metal endurecesse, formando moldes de extremidades irregulares jazendo no chão.

Richard Serra disse que tentou 'sujar as mãos' com a inversão de formas hermeticamente fechadas. Foto: George Etheredge para The New York Times

As esculturas de Serra são agora produzidas em fábricas na Alemanha. “Forged Rounds” [Arredondados forjados] é a nova exposição descrita por Serra como a sua mais pesada. Consiste de quatro esculturas imensas compostas de 21 “arredondados" de aço forjado, tambores cilíndricos, e parte do seu fascínio está na charada sensorial que permite que cilindros de diferentes dimensões - alguns têm a altura de uma mesa, outros são grandes o bastante para esconder uma pessoa - pesem exatamente 45 toneladas cada.

Essa soma reflete limitações de peso impostas por Nova York e Nova Jersey. Se pesarem 45 toneladas, “podem atravessar a Ponte George Washington", disse Serra a respeito de suas esculturas, trazidas de um porto em Nova Jersey.

Em uma outra exposição, o espaço inteiro será entregue a uma escultura gigantesca - “Reverse Curve” [Curva invertida], placas duplas que formam um S e serpenteiam como um rio por 30 metros.

No espaço da Gagosian em Madison Avenue, Serra vai expor “Triptychs and Diptychs", 21 obras novas no papel. Seus desenhos são ferozes, grandes e borrados, sempre em branco e preto.

Depois da polêmica de “Tilted Arc", as esculturas de Serra são acompanhadas por contratos jurídicos. Os proprietários (sejam eles indivíduos ou museus) são impedidos de mover ou alterar suas obras sem o seu consentimento.

Ainda assim, Serra disse, “Mesmo com os contratos, não sabemos se os termos serão respeitados depois da morte do artista". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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