Especialistas dão dicas de como educar crianças que estão sempre reagindo com raiva


A raiva tem uma má reputação, mas é uma emoção humana básica como qualquer outra; veja como ajudar as crianças a lidar com ela

Por Catherine Pearson

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Eu nunca testemunhei a pura raiva de perto até me tornar mãe de crianças pequenas. Meus filhos, que são um pouco mais velhos agora, não davam tantos chiliques. Mas quando davam, era pra valer: gritando, soluçando, tremendo de corpo inteiro - o pacote completo.

Felizmente, suas respectivas fases de crise foram breves. Digo “felizmente”, porque não fiz muito para ajudar a domar suas explosões. Ficava perplexa com seus acessos de raiva e, às vezes, preocupada com quem eu estava criando.

“Muitos de nós fomos ensinados que a raiva é ruim, e que mostrar que estamos com raiva e expressar nossos sentimentos é ruim”, disse Jazmine McCoy, psicóloga infantil e familiar e autora de The Ultimate Tantrum Guide.

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Mas a raiva não é ruim, disse McCoy, nem expressá-la é inerentemente perigoso ou desrespeitoso. Aprender a controlar a raiva é uma habilidade vitalícia que permite que as crianças funcionem em casa, na escola e no mundo sem perder o controle. E é uma habilidade que os pais podem ajudar seus filhos a cultivar, mesmo começando quando são bebês e crianças pequenas, incentivando-os a buscar saídas e criando você mesmo habilidades consistentes de enfrentamento.

Especialistas dão dicas de como lidar com a raiva das crianças. Foto: Pixabay

Não tenha medo dos chiliques

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Quando se trata de crianças e raiva, pode ser útil lembrar alguns fatos simples: primeiro, a raiva é uma emoção humana básica. E segundo, as emoções existem para falar de nós mesmos e nossos relacionamentos, explicou Dave Anderson, psicólogo clínico e vice-presidente de programas escolares e comunitários do Child Mind Institute, uma organização sem fins lucrativos que oferece terapia para crianças e famílias. As emoções podem nos ajudar a responder a perguntas básicas: O que queremos mais? O que queremos parar?

Lembrar-se de que a raiva é uma parte intrínseca do ser humano pode ajudá-lo a responder a uma criança enfurecida com compaixão, não julgamento. Gritar com uma criança - que está gritando com você e com o mundo - só pode agravar a situação.

“Algumas emoções são realmente estressantes, como medo ou raiva”, disse o Dr. Anderson. Os pais devem procurar ajudar seus filhos a processar essas emoções de maneira saudável, acrescentou. “A chave é que queremos ser capazes de garantir que eles possam fazer o que precisam fazer na escola, com a família e em situações sociais, sem que suas reações às suas emoções realmente atrapalhem ou façam com que seja difícil para eles formar relacionamentos positivos”.

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Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana

Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale.

Também pode ser útil lembrar que crises ou chiliques (termos não clínicos que descrevem aqueles momentos temidos em que seu filho fica totalmente descontrolado) podem ser um rito de passagem de desenvolvimento, especialmente para crianças menores de 3 anos que ainda estão aprendendo a se autocontrolar.

Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana, disse Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale. A duração média dos chiliques das crianças é de cerca de três minutos, ele acrescentou, mas há uma grande variedade de quanto tempo eles podem durar - entre 1 e 20 minutos.

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“Os chiliques servem a um propósito de desenvolvimento”, disse Sukhodolsky. “As crianças estão aprendendo a lidar com independência, transições, aprendendo regras sociais e estão aprendendo sobre situações em que a adequação é necessária.”

Ajude as crianças a desenvolver um vocabulário emocional

“Nomeie para domar” - uma frase cunhada pelo psicólogo Dan Siegel - é um mantra muito repetido entre os especialistas em desenvolvimento infantil que acreditam na importância de ensinar as crianças a identificar e rotular seus sentimentos para que possam falar sobre o que estão sentindo.

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A Dra. McCoy recomenda a leitura de livros simples para bebês com fotos de outras crianças sorrindo ou rindo ou franzindo a testa, que eles tendem a achar “cativante”. As evidências mostram que os bebês podem começar a identificar emoções nos outros quando têm apenas 6 meses de idade.

Os livros também podem ser uma ferramenta eficaz para crianças em idade escolar primária. Olhe para as fotos e pergunte o que os personagens estão sentindo, ou converse sobre as implicações emocionais de um enredo específico, estimulando-as a explicar o que você vê. O mesmo vale para assistir TV ou filmes junto com adolescentes.

Para crianças mais novas, recursos visuais como “medidores de humor” ou “termômetros de sentimentos” - que levam as crianças a descrever seus sentimentos e avaliar quão intensos eles são - também podem ser úteis, estejam elas se sentindo calmas e relaxadas ou furiosas.

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Seja qual for a estratégia que você escolher, o objetivo é ajudar as crianças a desenvolver a linguagem de que precisam para expressar seus sentimentos. É uma habilidade que se desenvolve com o tempo e a prática, e pode ajudá-las a se sentirem ouvidas e compreendidas.

“É importante validar as emoções das crianças”, disse Sukhodolsky - seja de uma criança de 2 anos que você tem em casa ou alguém de 22 anos.

Fale quando estiver com raiva

Os pais às vezes sentem que precisam proteger seus filhos de suas próprias emoções, mas abrir-se durante momentos de fúria ou frustração pode ser educativo. Descreva ao seu filho como se sente fisicamente. Sua mente está acelerada? Seu coração está batendo rápido?

“De fato levar algum tempo para desacelerar e rotular o que está acontecendo em seu corpo - e como você sabe que está sentindo o que está sentindo - é uma experiência muito poderosa”, disse McCoy. “E é um dois em um, porque ao fazer isso pelo seu filho, você está se acalmando.”

Certifique-se de dar o passo final crucial, ela disse: Mostre como você lida com o que sente.

Você pode dizer algo como: “’Vou respirar fundo algumas vezes. Ou ‘Vou sentar um pouco’. Ou ‘Vou tomar um pouco de água’, disse McCoy. “O que quer que você precise naquele momento, fale em voz alta e ajude-os a entender o que está acontecendo.”

Identifique maneiras eficazes de lidar com o que sente

As crianças também precisam encontrar suas próprias maneiras de se autocontrolar, e elas podem ser diferentes das suas. Ajudar seu filho a encontrar uma saída (ou saídas) para sua raiva pode exigir experimentação. Algumas crianças respondem a exercícios simples de respiração profunda, disse o Dr. Anderson.

Outras podem exigir uma liberação física mais intensa. Em seu site, a Dra. McCoy sugere deixar as crianças baterem na massinha, rasgarem papel ou construirem uma torre de blocos e derrubá-la. Elas podem achar útil gritar ou socar um travesseiro, ou correr do lado de fora.

Idealmente, você aprenderá a identificar os sinais de que seu filho está ficando frustrado e a orientá-lo para essas saídas antes que atinjam o ponto de ebulição. “Você não espera até que a situação exploda para levar uma criança a usar uma habilidade de enfrentamento”, disse Anderson. Especialistas dizem que a correção do comportamento é praticamente impossível quando as crianças estão no meio da crise.

“O que você precisa é procurar aqueles momentos em que a frustração deles está apenas começando a aumentar”, ele disse. Incentive-os a experimentar estratégias de enfrentamento para que pratiquem o gerenciamento de grandes emoções antes que se tornem muito intensas.

Defina limites claros em torno de comportamentos perigosos

As crianças devem aprender que, embora todas as emoções - incluindo a raiva - sejam aceitáveis, nem todo comportamento é aceitável, disse McCoy. Portanto, limites claros e consistentes em torno de comportamentos agressivos ou perigosos são importantes.

E se seu filho parece estar com raiva com frequência, ou como se estivesse lutando para controlar suas reações, consulte o pediatra ou um profissional de saúde mental.

Os pais de crianças pequenas e na pré-escola devem acompanhar a duração e a frequência dos chiliques de seus filhos, disse Sukhodolsky, bem como se eles ocorrem em diferentes contextos - não apenas em casa, mas também na escola, no playground ou nas brincadeiras em geral.

Os pais de pré-adolescentes e adolescentes devem estar atentos se a raiva deles parece realmente constante ou intensa, disse o Dr. Anderson. As mudanças de humor são típicas dos adolescentes, mas a raiva ou irritabilidade que dura mais de várias semanas não é.

“Quando os adultos estão dizendo: ‘Ah meu Deus, isso está impedindo-o de se relacionar na escola’, ou ‘Está impedindo-o de fazer amizades’, ou ‘Está difícil para nossa família lidar com isso’, estamos observando coisas que podem sinalizar a necessidade de tratamento”, disse o Dr. Anderson.

Distúrbios comportamentais, uma categoria que inclui transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e transtornos de humor, como a depressão, muitas vezes podem se apresentar como irritabilidade, acrescentou. Se seu filho não for neurotípico, consulte seu pediatra ou terapeuta sobre maneiras alternativas de lidar com suas emoções.

Ouça e esteja aberto aos sentimentos de seus filhos

Em termos gerais, é importante garantir que seu filho tenha amplas oportunidades de discutir seus sentimentos - raiva, tristeza, excitação, tudo isso - com amigos de confiança, familiares ou um profissional de saúde mental.

Nem sempre é fácil ouvir que seu filho está passando por um momento difícil, mas essas conversas e conexões são essenciais para validar o que ele está vivenciando e proporcionar liberação emocional.

“Gosto de dizer que a melhor forma de controlar a raiva é se sentir compreendido”, disse McCoy. “Muitas vezes, quando estamos com raiva, no íntimo nos sentimos assustados, incompreendidos e desconectados.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Eu nunca testemunhei a pura raiva de perto até me tornar mãe de crianças pequenas. Meus filhos, que são um pouco mais velhos agora, não davam tantos chiliques. Mas quando davam, era pra valer: gritando, soluçando, tremendo de corpo inteiro - o pacote completo.

Felizmente, suas respectivas fases de crise foram breves. Digo “felizmente”, porque não fiz muito para ajudar a domar suas explosões. Ficava perplexa com seus acessos de raiva e, às vezes, preocupada com quem eu estava criando.

“Muitos de nós fomos ensinados que a raiva é ruim, e que mostrar que estamos com raiva e expressar nossos sentimentos é ruim”, disse Jazmine McCoy, psicóloga infantil e familiar e autora de The Ultimate Tantrum Guide.

Mas a raiva não é ruim, disse McCoy, nem expressá-la é inerentemente perigoso ou desrespeitoso. Aprender a controlar a raiva é uma habilidade vitalícia que permite que as crianças funcionem em casa, na escola e no mundo sem perder o controle. E é uma habilidade que os pais podem ajudar seus filhos a cultivar, mesmo começando quando são bebês e crianças pequenas, incentivando-os a buscar saídas e criando você mesmo habilidades consistentes de enfrentamento.

Especialistas dão dicas de como lidar com a raiva das crianças. Foto: Pixabay

Não tenha medo dos chiliques

Quando se trata de crianças e raiva, pode ser útil lembrar alguns fatos simples: primeiro, a raiva é uma emoção humana básica. E segundo, as emoções existem para falar de nós mesmos e nossos relacionamentos, explicou Dave Anderson, psicólogo clínico e vice-presidente de programas escolares e comunitários do Child Mind Institute, uma organização sem fins lucrativos que oferece terapia para crianças e famílias. As emoções podem nos ajudar a responder a perguntas básicas: O que queremos mais? O que queremos parar?

Lembrar-se de que a raiva é uma parte intrínseca do ser humano pode ajudá-lo a responder a uma criança enfurecida com compaixão, não julgamento. Gritar com uma criança - que está gritando com você e com o mundo - só pode agravar a situação.

“Algumas emoções são realmente estressantes, como medo ou raiva”, disse o Dr. Anderson. Os pais devem procurar ajudar seus filhos a processar essas emoções de maneira saudável, acrescentou. “A chave é que queremos ser capazes de garantir que eles possam fazer o que precisam fazer na escola, com a família e em situações sociais, sem que suas reações às suas emoções realmente atrapalhem ou façam com que seja difícil para eles formar relacionamentos positivos”.

Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana

Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale.

Também pode ser útil lembrar que crises ou chiliques (termos não clínicos que descrevem aqueles momentos temidos em que seu filho fica totalmente descontrolado) podem ser um rito de passagem de desenvolvimento, especialmente para crianças menores de 3 anos que ainda estão aprendendo a se autocontrolar.

Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana, disse Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale. A duração média dos chiliques das crianças é de cerca de três minutos, ele acrescentou, mas há uma grande variedade de quanto tempo eles podem durar - entre 1 e 20 minutos.

“Os chiliques servem a um propósito de desenvolvimento”, disse Sukhodolsky. “As crianças estão aprendendo a lidar com independência, transições, aprendendo regras sociais e estão aprendendo sobre situações em que a adequação é necessária.”

Ajude as crianças a desenvolver um vocabulário emocional

“Nomeie para domar” - uma frase cunhada pelo psicólogo Dan Siegel - é um mantra muito repetido entre os especialistas em desenvolvimento infantil que acreditam na importância de ensinar as crianças a identificar e rotular seus sentimentos para que possam falar sobre o que estão sentindo.

A Dra. McCoy recomenda a leitura de livros simples para bebês com fotos de outras crianças sorrindo ou rindo ou franzindo a testa, que eles tendem a achar “cativante”. As evidências mostram que os bebês podem começar a identificar emoções nos outros quando têm apenas 6 meses de idade.

Os livros também podem ser uma ferramenta eficaz para crianças em idade escolar primária. Olhe para as fotos e pergunte o que os personagens estão sentindo, ou converse sobre as implicações emocionais de um enredo específico, estimulando-as a explicar o que você vê. O mesmo vale para assistir TV ou filmes junto com adolescentes.

Para crianças mais novas, recursos visuais como “medidores de humor” ou “termômetros de sentimentos” - que levam as crianças a descrever seus sentimentos e avaliar quão intensos eles são - também podem ser úteis, estejam elas se sentindo calmas e relaxadas ou furiosas.

Seja qual for a estratégia que você escolher, o objetivo é ajudar as crianças a desenvolver a linguagem de que precisam para expressar seus sentimentos. É uma habilidade que se desenvolve com o tempo e a prática, e pode ajudá-las a se sentirem ouvidas e compreendidas.

“É importante validar as emoções das crianças”, disse Sukhodolsky - seja de uma criança de 2 anos que você tem em casa ou alguém de 22 anos.

Fale quando estiver com raiva

Os pais às vezes sentem que precisam proteger seus filhos de suas próprias emoções, mas abrir-se durante momentos de fúria ou frustração pode ser educativo. Descreva ao seu filho como se sente fisicamente. Sua mente está acelerada? Seu coração está batendo rápido?

“De fato levar algum tempo para desacelerar e rotular o que está acontecendo em seu corpo - e como você sabe que está sentindo o que está sentindo - é uma experiência muito poderosa”, disse McCoy. “E é um dois em um, porque ao fazer isso pelo seu filho, você está se acalmando.”

Certifique-se de dar o passo final crucial, ela disse: Mostre como você lida com o que sente.

Você pode dizer algo como: “’Vou respirar fundo algumas vezes. Ou ‘Vou sentar um pouco’. Ou ‘Vou tomar um pouco de água’, disse McCoy. “O que quer que você precise naquele momento, fale em voz alta e ajude-os a entender o que está acontecendo.”

Identifique maneiras eficazes de lidar com o que sente

As crianças também precisam encontrar suas próprias maneiras de se autocontrolar, e elas podem ser diferentes das suas. Ajudar seu filho a encontrar uma saída (ou saídas) para sua raiva pode exigir experimentação. Algumas crianças respondem a exercícios simples de respiração profunda, disse o Dr. Anderson.

Outras podem exigir uma liberação física mais intensa. Em seu site, a Dra. McCoy sugere deixar as crianças baterem na massinha, rasgarem papel ou construirem uma torre de blocos e derrubá-la. Elas podem achar útil gritar ou socar um travesseiro, ou correr do lado de fora.

Idealmente, você aprenderá a identificar os sinais de que seu filho está ficando frustrado e a orientá-lo para essas saídas antes que atinjam o ponto de ebulição. “Você não espera até que a situação exploda para levar uma criança a usar uma habilidade de enfrentamento”, disse Anderson. Especialistas dizem que a correção do comportamento é praticamente impossível quando as crianças estão no meio da crise.

“O que você precisa é procurar aqueles momentos em que a frustração deles está apenas começando a aumentar”, ele disse. Incentive-os a experimentar estratégias de enfrentamento para que pratiquem o gerenciamento de grandes emoções antes que se tornem muito intensas.

Defina limites claros em torno de comportamentos perigosos

As crianças devem aprender que, embora todas as emoções - incluindo a raiva - sejam aceitáveis, nem todo comportamento é aceitável, disse McCoy. Portanto, limites claros e consistentes em torno de comportamentos agressivos ou perigosos são importantes.

E se seu filho parece estar com raiva com frequência, ou como se estivesse lutando para controlar suas reações, consulte o pediatra ou um profissional de saúde mental.

Os pais de crianças pequenas e na pré-escola devem acompanhar a duração e a frequência dos chiliques de seus filhos, disse Sukhodolsky, bem como se eles ocorrem em diferentes contextos - não apenas em casa, mas também na escola, no playground ou nas brincadeiras em geral.

Os pais de pré-adolescentes e adolescentes devem estar atentos se a raiva deles parece realmente constante ou intensa, disse o Dr. Anderson. As mudanças de humor são típicas dos adolescentes, mas a raiva ou irritabilidade que dura mais de várias semanas não é.

“Quando os adultos estão dizendo: ‘Ah meu Deus, isso está impedindo-o de se relacionar na escola’, ou ‘Está impedindo-o de fazer amizades’, ou ‘Está difícil para nossa família lidar com isso’, estamos observando coisas que podem sinalizar a necessidade de tratamento”, disse o Dr. Anderson.

Distúrbios comportamentais, uma categoria que inclui transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e transtornos de humor, como a depressão, muitas vezes podem se apresentar como irritabilidade, acrescentou. Se seu filho não for neurotípico, consulte seu pediatra ou terapeuta sobre maneiras alternativas de lidar com suas emoções.

Ouça e esteja aberto aos sentimentos de seus filhos

Em termos gerais, é importante garantir que seu filho tenha amplas oportunidades de discutir seus sentimentos - raiva, tristeza, excitação, tudo isso - com amigos de confiança, familiares ou um profissional de saúde mental.

Nem sempre é fácil ouvir que seu filho está passando por um momento difícil, mas essas conversas e conexões são essenciais para validar o que ele está vivenciando e proporcionar liberação emocional.

“Gosto de dizer que a melhor forma de controlar a raiva é se sentir compreendido”, disse McCoy. “Muitas vezes, quando estamos com raiva, no íntimo nos sentimos assustados, incompreendidos e desconectados.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Eu nunca testemunhei a pura raiva de perto até me tornar mãe de crianças pequenas. Meus filhos, que são um pouco mais velhos agora, não davam tantos chiliques. Mas quando davam, era pra valer: gritando, soluçando, tremendo de corpo inteiro - o pacote completo.

Felizmente, suas respectivas fases de crise foram breves. Digo “felizmente”, porque não fiz muito para ajudar a domar suas explosões. Ficava perplexa com seus acessos de raiva e, às vezes, preocupada com quem eu estava criando.

“Muitos de nós fomos ensinados que a raiva é ruim, e que mostrar que estamos com raiva e expressar nossos sentimentos é ruim”, disse Jazmine McCoy, psicóloga infantil e familiar e autora de The Ultimate Tantrum Guide.

Mas a raiva não é ruim, disse McCoy, nem expressá-la é inerentemente perigoso ou desrespeitoso. Aprender a controlar a raiva é uma habilidade vitalícia que permite que as crianças funcionem em casa, na escola e no mundo sem perder o controle. E é uma habilidade que os pais podem ajudar seus filhos a cultivar, mesmo começando quando são bebês e crianças pequenas, incentivando-os a buscar saídas e criando você mesmo habilidades consistentes de enfrentamento.

Especialistas dão dicas de como lidar com a raiva das crianças. Foto: Pixabay

Não tenha medo dos chiliques

Quando se trata de crianças e raiva, pode ser útil lembrar alguns fatos simples: primeiro, a raiva é uma emoção humana básica. E segundo, as emoções existem para falar de nós mesmos e nossos relacionamentos, explicou Dave Anderson, psicólogo clínico e vice-presidente de programas escolares e comunitários do Child Mind Institute, uma organização sem fins lucrativos que oferece terapia para crianças e famílias. As emoções podem nos ajudar a responder a perguntas básicas: O que queremos mais? O que queremos parar?

Lembrar-se de que a raiva é uma parte intrínseca do ser humano pode ajudá-lo a responder a uma criança enfurecida com compaixão, não julgamento. Gritar com uma criança - que está gritando com você e com o mundo - só pode agravar a situação.

“Algumas emoções são realmente estressantes, como medo ou raiva”, disse o Dr. Anderson. Os pais devem procurar ajudar seus filhos a processar essas emoções de maneira saudável, acrescentou. “A chave é que queremos ser capazes de garantir que eles possam fazer o que precisam fazer na escola, com a família e em situações sociais, sem que suas reações às suas emoções realmente atrapalhem ou façam com que seja difícil para eles formar relacionamentos positivos”.

Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana

Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale.

Também pode ser útil lembrar que crises ou chiliques (termos não clínicos que descrevem aqueles momentos temidos em que seu filho fica totalmente descontrolado) podem ser um rito de passagem de desenvolvimento, especialmente para crianças menores de 3 anos que ainda estão aprendendo a se autocontrolar.

Não é incomum que crianças pequenas ou em idade pré-escolar tenham chiliques várias vezes por semana, disse Denis Sukhodolsky, diretor da unidade de prática baseada em evidências do Child Study Center da Faculdade de Medicina de Yale. A duração média dos chiliques das crianças é de cerca de três minutos, ele acrescentou, mas há uma grande variedade de quanto tempo eles podem durar - entre 1 e 20 minutos.

“Os chiliques servem a um propósito de desenvolvimento”, disse Sukhodolsky. “As crianças estão aprendendo a lidar com independência, transições, aprendendo regras sociais e estão aprendendo sobre situações em que a adequação é necessária.”

Ajude as crianças a desenvolver um vocabulário emocional

“Nomeie para domar” - uma frase cunhada pelo psicólogo Dan Siegel - é um mantra muito repetido entre os especialistas em desenvolvimento infantil que acreditam na importância de ensinar as crianças a identificar e rotular seus sentimentos para que possam falar sobre o que estão sentindo.

A Dra. McCoy recomenda a leitura de livros simples para bebês com fotos de outras crianças sorrindo ou rindo ou franzindo a testa, que eles tendem a achar “cativante”. As evidências mostram que os bebês podem começar a identificar emoções nos outros quando têm apenas 6 meses de idade.

Os livros também podem ser uma ferramenta eficaz para crianças em idade escolar primária. Olhe para as fotos e pergunte o que os personagens estão sentindo, ou converse sobre as implicações emocionais de um enredo específico, estimulando-as a explicar o que você vê. O mesmo vale para assistir TV ou filmes junto com adolescentes.

Para crianças mais novas, recursos visuais como “medidores de humor” ou “termômetros de sentimentos” - que levam as crianças a descrever seus sentimentos e avaliar quão intensos eles são - também podem ser úteis, estejam elas se sentindo calmas e relaxadas ou furiosas.

Seja qual for a estratégia que você escolher, o objetivo é ajudar as crianças a desenvolver a linguagem de que precisam para expressar seus sentimentos. É uma habilidade que se desenvolve com o tempo e a prática, e pode ajudá-las a se sentirem ouvidas e compreendidas.

“É importante validar as emoções das crianças”, disse Sukhodolsky - seja de uma criança de 2 anos que você tem em casa ou alguém de 22 anos.

Fale quando estiver com raiva

Os pais às vezes sentem que precisam proteger seus filhos de suas próprias emoções, mas abrir-se durante momentos de fúria ou frustração pode ser educativo. Descreva ao seu filho como se sente fisicamente. Sua mente está acelerada? Seu coração está batendo rápido?

“De fato levar algum tempo para desacelerar e rotular o que está acontecendo em seu corpo - e como você sabe que está sentindo o que está sentindo - é uma experiência muito poderosa”, disse McCoy. “E é um dois em um, porque ao fazer isso pelo seu filho, você está se acalmando.”

Certifique-se de dar o passo final crucial, ela disse: Mostre como você lida com o que sente.

Você pode dizer algo como: “’Vou respirar fundo algumas vezes. Ou ‘Vou sentar um pouco’. Ou ‘Vou tomar um pouco de água’, disse McCoy. “O que quer que você precise naquele momento, fale em voz alta e ajude-os a entender o que está acontecendo.”

Identifique maneiras eficazes de lidar com o que sente

As crianças também precisam encontrar suas próprias maneiras de se autocontrolar, e elas podem ser diferentes das suas. Ajudar seu filho a encontrar uma saída (ou saídas) para sua raiva pode exigir experimentação. Algumas crianças respondem a exercícios simples de respiração profunda, disse o Dr. Anderson.

Outras podem exigir uma liberação física mais intensa. Em seu site, a Dra. McCoy sugere deixar as crianças baterem na massinha, rasgarem papel ou construirem uma torre de blocos e derrubá-la. Elas podem achar útil gritar ou socar um travesseiro, ou correr do lado de fora.

Idealmente, você aprenderá a identificar os sinais de que seu filho está ficando frustrado e a orientá-lo para essas saídas antes que atinjam o ponto de ebulição. “Você não espera até que a situação exploda para levar uma criança a usar uma habilidade de enfrentamento”, disse Anderson. Especialistas dizem que a correção do comportamento é praticamente impossível quando as crianças estão no meio da crise.

“O que você precisa é procurar aqueles momentos em que a frustração deles está apenas começando a aumentar”, ele disse. Incentive-os a experimentar estratégias de enfrentamento para que pratiquem o gerenciamento de grandes emoções antes que se tornem muito intensas.

Defina limites claros em torno de comportamentos perigosos

As crianças devem aprender que, embora todas as emoções - incluindo a raiva - sejam aceitáveis, nem todo comportamento é aceitável, disse McCoy. Portanto, limites claros e consistentes em torno de comportamentos agressivos ou perigosos são importantes.

E se seu filho parece estar com raiva com frequência, ou como se estivesse lutando para controlar suas reações, consulte o pediatra ou um profissional de saúde mental.

Os pais de crianças pequenas e na pré-escola devem acompanhar a duração e a frequência dos chiliques de seus filhos, disse Sukhodolsky, bem como se eles ocorrem em diferentes contextos - não apenas em casa, mas também na escola, no playground ou nas brincadeiras em geral.

Os pais de pré-adolescentes e adolescentes devem estar atentos se a raiva deles parece realmente constante ou intensa, disse o Dr. Anderson. As mudanças de humor são típicas dos adolescentes, mas a raiva ou irritabilidade que dura mais de várias semanas não é.

“Quando os adultos estão dizendo: ‘Ah meu Deus, isso está impedindo-o de se relacionar na escola’, ou ‘Está impedindo-o de fazer amizades’, ou ‘Está difícil para nossa família lidar com isso’, estamos observando coisas que podem sinalizar a necessidade de tratamento”, disse o Dr. Anderson.

Distúrbios comportamentais, uma categoria que inclui transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e transtornos de humor, como a depressão, muitas vezes podem se apresentar como irritabilidade, acrescentou. Se seu filho não for neurotípico, consulte seu pediatra ou terapeuta sobre maneiras alternativas de lidar com suas emoções.

Ouça e esteja aberto aos sentimentos de seus filhos

Em termos gerais, é importante garantir que seu filho tenha amplas oportunidades de discutir seus sentimentos - raiva, tristeza, excitação, tudo isso - com amigos de confiança, familiares ou um profissional de saúde mental.

Nem sempre é fácil ouvir que seu filho está passando por um momento difícil, mas essas conversas e conexões são essenciais para validar o que ele está vivenciando e proporcionar liberação emocional.

“Gosto de dizer que a melhor forma de controlar a raiva é se sentir compreendido”, disse McCoy. “Muitas vezes, quando estamos com raiva, no íntimo nos sentimos assustados, incompreendidos e desconectados.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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