Espécie rara de tartaruga é resgatada da extinção em Myanmar


Os cientistas reconstruíram a população de tartarugas de teto birmanesas para quase mil animais

Por Rachel Nuwer

Os conservacionistas não são conhecidos por darem muitas boas notícias. Mas no caso do cágado birmanês – uma tartaruga de rio asiática gigante cujo focinho, de olhos esbugalhados, exibe continuamente uma careta de pateta – eles têm um motivo de comemoração. Há apenas 20 anos, a espécie era considerada extinta. Mas depois da redescoberta de alguns animais que haviam sobrevivido, os cientistas foram aumentando a população até cerca de mil indivíduos em cativeiro, alguns os quais foram devolvidos com sucesso à natureza em Myanmar, nos últimos cinco anos.

“Chegamos quase a perdê-las”, disse Steven G. Platt, herpetólogo da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem. “Se não pudéssemos intervir na época, esta tartaruga teria desaparecido”. Tartarugas terrestres e marinhas enfrentam um dos maiores riscos de extinção do que qualquer outro grupo animal, com mais da metade das 360 espécies listadas no planeta ameaçadas.

As fêmeas são significativamente maiores do que os machos, enquanto os machos adquirem cores brilhantes durante a época de reprodução. Foto: Myo Min Win WCS Myanmar via The New York Times
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A crise é mais aguda no caso da espécie asiática, prejudicada tanto pela perda do habitat quanto por elevados graus de caça, por sua carne, medicina e comércio de animais de estimação. O cágado birmanês é uma das espécies mais expostas a este perigo. Outrora, as tartarugas prosperavam às centenas no delta do rio Irrawaddy, ao sul de Yangon, a maior cidade de Myanmar, que chegava até Balmo, no norte.

As fêmeas são muito maiores do que os machos e podem ter tamanho maior do que um volante de carro, enquanto os machos sofrem uma transformação na temporada da reprodução, quando suas cabeças, em geral verdes, se tornam amarelo vivo com marcas pretas. Em meados do século 20, o aumento da pressão da pesca e técnicas de caça indiscriminadas mataram muitos adultos, enquanto a caça excessiva dos ovos impedia que a população se recuperasse.

Durante dezenas de anos, os cientistas ocidentais não tiveram ideia das condições desta espécie, porque o país estava fechado aos estrangeiros. Por ocasião da reabertura, nos anos 1990, os pesquisadores não encontraram sinais do cágado birmanês. Acreditaram que estivesse extinto.

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No entanto, em 2001, um aldeão de uma antiga zona de guerra entregou a Platt o casco de uma tartaruga desta espécie. A má notícia foi que a tartaruga havia sido comida recentemente. A boa notícia foi que a espécie não estava extinta, reacendendo a esperança de recuperá-la.

Mais ou menos na mesma época, um espécime vivo apareceu em um mercado em Hong Kong e posteriormente foi parar nas mãos de um colecionador americano, que o guarda até hoje. “Quando a espécie apareceu em uma loja de pets em Hong Kong, suscitou grande incredulidade”, disse Rick Hudson, presidente da Turtle Survival Alliance. “Na época, muitos comerciantes locais contrabandeavam tartarugas da Birmânia, por isso imaginamos que tivesse sido contrabandeada pelos mesmos traficantes”.

Encorajado por estes fatos, Gerald Kuchling, um biólogo da Universidade da Austrália Ocidental, obteve a permissão para iniciar uma expedição conjunta com o Departamento Florestal de Myanmar, e pesquisar o Rio Chindwin a montante, onde, nos anos 1930, uma expedição americana havia apanhado cágados birmaneses. Quando na época das monções de verão a equipe foi obrigada a permanecer em Mandalay, Kuchling matou o tempo visitando o lago de tartarugas de um templo budista. Ali, um dia, de repente, viu três cabeças steering wheelque se alimentavam fora da água turva.

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Os animais se assemelhavam estranhamente às fotos dos cágados birmaneses que ele havia visto em antigos catálogos de história natural. Kuchling voltou no dia seguinte e atraiu os três cágados para a margem da lagoa com um pouco de grama. Segundos antes que os guardas gritassem para ele se afastar, pôde confirmar que se tratava de fato da espécie há muito perdida.

“Fiquei entusiasmado e definitivamente pasmo”, afirmou. Kuchling e seus colegas birmaneses convenceram a direção do templo a transferir os répteis raros, um macho e duas fêmeas, para o Zoológico de Mandalay. A boa sorte da espécie estava apenas começando. Kuchling encontrou vários outros indivíduos sobreviventes no Rio Dokhtawady, um tributário do Irrawaddy, e se encarregou de sua transferência para o Zoológico de Mandalay.

Pouco depois, um grande projeto de represamento destruiu o habitat adequado para a nidificação. Quando Kuchling finalmente chegou no trecho superior do rio Chindwin, pescadores do grupo étnico Shan também confirmaram que alguns cágados fêmeas ainda faziam o ninho naquele local em toda estação seca.

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Em lugar de capturar as tartarugas naquele ponto do rio Chindwin, Kuchling se empenhou com o Departamento Florestal e a Sociedade de conservação da Vida Selvagem na criação de um programa de manejo e conservação por meio da contratação anual dos aldeões vizinhos para a construção de uma cerca que isolasse a praia, observar as tartarugas que faziam ninho e retirar cuidadosamente os ovos.

Posteriormente, a Aliança para a Sobrevivência das Tartarugas também se uniu à parceria da aldeia. Cerca de mil cágados birmaneses – alguns dos quais chocavam os ovos depostos no ambiente e outros criados no cativeiro – agora vivem em três instalações em Myanmar. Cinco fêmeas selvagens também continuam voltando à praia do rio Chindwin para depor os ovos. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Os conservacionistas não são conhecidos por darem muitas boas notícias. Mas no caso do cágado birmanês – uma tartaruga de rio asiática gigante cujo focinho, de olhos esbugalhados, exibe continuamente uma careta de pateta – eles têm um motivo de comemoração. Há apenas 20 anos, a espécie era considerada extinta. Mas depois da redescoberta de alguns animais que haviam sobrevivido, os cientistas foram aumentando a população até cerca de mil indivíduos em cativeiro, alguns os quais foram devolvidos com sucesso à natureza em Myanmar, nos últimos cinco anos.

“Chegamos quase a perdê-las”, disse Steven G. Platt, herpetólogo da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem. “Se não pudéssemos intervir na época, esta tartaruga teria desaparecido”. Tartarugas terrestres e marinhas enfrentam um dos maiores riscos de extinção do que qualquer outro grupo animal, com mais da metade das 360 espécies listadas no planeta ameaçadas.

As fêmeas são significativamente maiores do que os machos, enquanto os machos adquirem cores brilhantes durante a época de reprodução. Foto: Myo Min Win WCS Myanmar via The New York Times

A crise é mais aguda no caso da espécie asiática, prejudicada tanto pela perda do habitat quanto por elevados graus de caça, por sua carne, medicina e comércio de animais de estimação. O cágado birmanês é uma das espécies mais expostas a este perigo. Outrora, as tartarugas prosperavam às centenas no delta do rio Irrawaddy, ao sul de Yangon, a maior cidade de Myanmar, que chegava até Balmo, no norte.

As fêmeas são muito maiores do que os machos e podem ter tamanho maior do que um volante de carro, enquanto os machos sofrem uma transformação na temporada da reprodução, quando suas cabeças, em geral verdes, se tornam amarelo vivo com marcas pretas. Em meados do século 20, o aumento da pressão da pesca e técnicas de caça indiscriminadas mataram muitos adultos, enquanto a caça excessiva dos ovos impedia que a população se recuperasse.

Durante dezenas de anos, os cientistas ocidentais não tiveram ideia das condições desta espécie, porque o país estava fechado aos estrangeiros. Por ocasião da reabertura, nos anos 1990, os pesquisadores não encontraram sinais do cágado birmanês. Acreditaram que estivesse extinto.

No entanto, em 2001, um aldeão de uma antiga zona de guerra entregou a Platt o casco de uma tartaruga desta espécie. A má notícia foi que a tartaruga havia sido comida recentemente. A boa notícia foi que a espécie não estava extinta, reacendendo a esperança de recuperá-la.

Mais ou menos na mesma época, um espécime vivo apareceu em um mercado em Hong Kong e posteriormente foi parar nas mãos de um colecionador americano, que o guarda até hoje. “Quando a espécie apareceu em uma loja de pets em Hong Kong, suscitou grande incredulidade”, disse Rick Hudson, presidente da Turtle Survival Alliance. “Na época, muitos comerciantes locais contrabandeavam tartarugas da Birmânia, por isso imaginamos que tivesse sido contrabandeada pelos mesmos traficantes”.

Encorajado por estes fatos, Gerald Kuchling, um biólogo da Universidade da Austrália Ocidental, obteve a permissão para iniciar uma expedição conjunta com o Departamento Florestal de Myanmar, e pesquisar o Rio Chindwin a montante, onde, nos anos 1930, uma expedição americana havia apanhado cágados birmaneses. Quando na época das monções de verão a equipe foi obrigada a permanecer em Mandalay, Kuchling matou o tempo visitando o lago de tartarugas de um templo budista. Ali, um dia, de repente, viu três cabeças steering wheelque se alimentavam fora da água turva.

Os animais se assemelhavam estranhamente às fotos dos cágados birmaneses que ele havia visto em antigos catálogos de história natural. Kuchling voltou no dia seguinte e atraiu os três cágados para a margem da lagoa com um pouco de grama. Segundos antes que os guardas gritassem para ele se afastar, pôde confirmar que se tratava de fato da espécie há muito perdida.

“Fiquei entusiasmado e definitivamente pasmo”, afirmou. Kuchling e seus colegas birmaneses convenceram a direção do templo a transferir os répteis raros, um macho e duas fêmeas, para o Zoológico de Mandalay. A boa sorte da espécie estava apenas começando. Kuchling encontrou vários outros indivíduos sobreviventes no Rio Dokhtawady, um tributário do Irrawaddy, e se encarregou de sua transferência para o Zoológico de Mandalay.

Pouco depois, um grande projeto de represamento destruiu o habitat adequado para a nidificação. Quando Kuchling finalmente chegou no trecho superior do rio Chindwin, pescadores do grupo étnico Shan também confirmaram que alguns cágados fêmeas ainda faziam o ninho naquele local em toda estação seca.

Em lugar de capturar as tartarugas naquele ponto do rio Chindwin, Kuchling se empenhou com o Departamento Florestal e a Sociedade de conservação da Vida Selvagem na criação de um programa de manejo e conservação por meio da contratação anual dos aldeões vizinhos para a construção de uma cerca que isolasse a praia, observar as tartarugas que faziam ninho e retirar cuidadosamente os ovos.

Posteriormente, a Aliança para a Sobrevivência das Tartarugas também se uniu à parceria da aldeia. Cerca de mil cágados birmaneses – alguns dos quais chocavam os ovos depostos no ambiente e outros criados no cativeiro – agora vivem em três instalações em Myanmar. Cinco fêmeas selvagens também continuam voltando à praia do rio Chindwin para depor os ovos. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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Os conservacionistas não são conhecidos por darem muitas boas notícias. Mas no caso do cágado birmanês – uma tartaruga de rio asiática gigante cujo focinho, de olhos esbugalhados, exibe continuamente uma careta de pateta – eles têm um motivo de comemoração. Há apenas 20 anos, a espécie era considerada extinta. Mas depois da redescoberta de alguns animais que haviam sobrevivido, os cientistas foram aumentando a população até cerca de mil indivíduos em cativeiro, alguns os quais foram devolvidos com sucesso à natureza em Myanmar, nos últimos cinco anos.

“Chegamos quase a perdê-las”, disse Steven G. Platt, herpetólogo da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem. “Se não pudéssemos intervir na época, esta tartaruga teria desaparecido”. Tartarugas terrestres e marinhas enfrentam um dos maiores riscos de extinção do que qualquer outro grupo animal, com mais da metade das 360 espécies listadas no planeta ameaçadas.

As fêmeas são significativamente maiores do que os machos, enquanto os machos adquirem cores brilhantes durante a época de reprodução. Foto: Myo Min Win WCS Myanmar via The New York Times

A crise é mais aguda no caso da espécie asiática, prejudicada tanto pela perda do habitat quanto por elevados graus de caça, por sua carne, medicina e comércio de animais de estimação. O cágado birmanês é uma das espécies mais expostas a este perigo. Outrora, as tartarugas prosperavam às centenas no delta do rio Irrawaddy, ao sul de Yangon, a maior cidade de Myanmar, que chegava até Balmo, no norte.

As fêmeas são muito maiores do que os machos e podem ter tamanho maior do que um volante de carro, enquanto os machos sofrem uma transformação na temporada da reprodução, quando suas cabeças, em geral verdes, se tornam amarelo vivo com marcas pretas. Em meados do século 20, o aumento da pressão da pesca e técnicas de caça indiscriminadas mataram muitos adultos, enquanto a caça excessiva dos ovos impedia que a população se recuperasse.

Durante dezenas de anos, os cientistas ocidentais não tiveram ideia das condições desta espécie, porque o país estava fechado aos estrangeiros. Por ocasião da reabertura, nos anos 1990, os pesquisadores não encontraram sinais do cágado birmanês. Acreditaram que estivesse extinto.

No entanto, em 2001, um aldeão de uma antiga zona de guerra entregou a Platt o casco de uma tartaruga desta espécie. A má notícia foi que a tartaruga havia sido comida recentemente. A boa notícia foi que a espécie não estava extinta, reacendendo a esperança de recuperá-la.

Mais ou menos na mesma época, um espécime vivo apareceu em um mercado em Hong Kong e posteriormente foi parar nas mãos de um colecionador americano, que o guarda até hoje. “Quando a espécie apareceu em uma loja de pets em Hong Kong, suscitou grande incredulidade”, disse Rick Hudson, presidente da Turtle Survival Alliance. “Na época, muitos comerciantes locais contrabandeavam tartarugas da Birmânia, por isso imaginamos que tivesse sido contrabandeada pelos mesmos traficantes”.

Encorajado por estes fatos, Gerald Kuchling, um biólogo da Universidade da Austrália Ocidental, obteve a permissão para iniciar uma expedição conjunta com o Departamento Florestal de Myanmar, e pesquisar o Rio Chindwin a montante, onde, nos anos 1930, uma expedição americana havia apanhado cágados birmaneses. Quando na época das monções de verão a equipe foi obrigada a permanecer em Mandalay, Kuchling matou o tempo visitando o lago de tartarugas de um templo budista. Ali, um dia, de repente, viu três cabeças steering wheelque se alimentavam fora da água turva.

Os animais se assemelhavam estranhamente às fotos dos cágados birmaneses que ele havia visto em antigos catálogos de história natural. Kuchling voltou no dia seguinte e atraiu os três cágados para a margem da lagoa com um pouco de grama. Segundos antes que os guardas gritassem para ele se afastar, pôde confirmar que se tratava de fato da espécie há muito perdida.

“Fiquei entusiasmado e definitivamente pasmo”, afirmou. Kuchling e seus colegas birmaneses convenceram a direção do templo a transferir os répteis raros, um macho e duas fêmeas, para o Zoológico de Mandalay. A boa sorte da espécie estava apenas começando. Kuchling encontrou vários outros indivíduos sobreviventes no Rio Dokhtawady, um tributário do Irrawaddy, e se encarregou de sua transferência para o Zoológico de Mandalay.

Pouco depois, um grande projeto de represamento destruiu o habitat adequado para a nidificação. Quando Kuchling finalmente chegou no trecho superior do rio Chindwin, pescadores do grupo étnico Shan também confirmaram que alguns cágados fêmeas ainda faziam o ninho naquele local em toda estação seca.

Em lugar de capturar as tartarugas naquele ponto do rio Chindwin, Kuchling se empenhou com o Departamento Florestal e a Sociedade de conservação da Vida Selvagem na criação de um programa de manejo e conservação por meio da contratação anual dos aldeões vizinhos para a construção de uma cerca que isolasse a praia, observar as tartarugas que faziam ninho e retirar cuidadosamente os ovos.

Posteriormente, a Aliança para a Sobrevivência das Tartarugas também se uniu à parceria da aldeia. Cerca de mil cágados birmaneses – alguns dos quais chocavam os ovos depostos no ambiente e outros criados no cativeiro – agora vivem em três instalações em Myanmar. Cinco fêmeas selvagens também continuam voltando à praia do rio Chindwin para depor os ovos. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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Os conservacionistas não são conhecidos por darem muitas boas notícias. Mas no caso do cágado birmanês – uma tartaruga de rio asiática gigante cujo focinho, de olhos esbugalhados, exibe continuamente uma careta de pateta – eles têm um motivo de comemoração. Há apenas 20 anos, a espécie era considerada extinta. Mas depois da redescoberta de alguns animais que haviam sobrevivido, os cientistas foram aumentando a população até cerca de mil indivíduos em cativeiro, alguns os quais foram devolvidos com sucesso à natureza em Myanmar, nos últimos cinco anos.

“Chegamos quase a perdê-las”, disse Steven G. Platt, herpetólogo da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem. “Se não pudéssemos intervir na época, esta tartaruga teria desaparecido”. Tartarugas terrestres e marinhas enfrentam um dos maiores riscos de extinção do que qualquer outro grupo animal, com mais da metade das 360 espécies listadas no planeta ameaçadas.

As fêmeas são significativamente maiores do que os machos, enquanto os machos adquirem cores brilhantes durante a época de reprodução. Foto: Myo Min Win WCS Myanmar via The New York Times

A crise é mais aguda no caso da espécie asiática, prejudicada tanto pela perda do habitat quanto por elevados graus de caça, por sua carne, medicina e comércio de animais de estimação. O cágado birmanês é uma das espécies mais expostas a este perigo. Outrora, as tartarugas prosperavam às centenas no delta do rio Irrawaddy, ao sul de Yangon, a maior cidade de Myanmar, que chegava até Balmo, no norte.

As fêmeas são muito maiores do que os machos e podem ter tamanho maior do que um volante de carro, enquanto os machos sofrem uma transformação na temporada da reprodução, quando suas cabeças, em geral verdes, se tornam amarelo vivo com marcas pretas. Em meados do século 20, o aumento da pressão da pesca e técnicas de caça indiscriminadas mataram muitos adultos, enquanto a caça excessiva dos ovos impedia que a população se recuperasse.

Durante dezenas de anos, os cientistas ocidentais não tiveram ideia das condições desta espécie, porque o país estava fechado aos estrangeiros. Por ocasião da reabertura, nos anos 1990, os pesquisadores não encontraram sinais do cágado birmanês. Acreditaram que estivesse extinto.

No entanto, em 2001, um aldeão de uma antiga zona de guerra entregou a Platt o casco de uma tartaruga desta espécie. A má notícia foi que a tartaruga havia sido comida recentemente. A boa notícia foi que a espécie não estava extinta, reacendendo a esperança de recuperá-la.

Mais ou menos na mesma época, um espécime vivo apareceu em um mercado em Hong Kong e posteriormente foi parar nas mãos de um colecionador americano, que o guarda até hoje. “Quando a espécie apareceu em uma loja de pets em Hong Kong, suscitou grande incredulidade”, disse Rick Hudson, presidente da Turtle Survival Alliance. “Na época, muitos comerciantes locais contrabandeavam tartarugas da Birmânia, por isso imaginamos que tivesse sido contrabandeada pelos mesmos traficantes”.

Encorajado por estes fatos, Gerald Kuchling, um biólogo da Universidade da Austrália Ocidental, obteve a permissão para iniciar uma expedição conjunta com o Departamento Florestal de Myanmar, e pesquisar o Rio Chindwin a montante, onde, nos anos 1930, uma expedição americana havia apanhado cágados birmaneses. Quando na época das monções de verão a equipe foi obrigada a permanecer em Mandalay, Kuchling matou o tempo visitando o lago de tartarugas de um templo budista. Ali, um dia, de repente, viu três cabeças steering wheelque se alimentavam fora da água turva.

Os animais se assemelhavam estranhamente às fotos dos cágados birmaneses que ele havia visto em antigos catálogos de história natural. Kuchling voltou no dia seguinte e atraiu os três cágados para a margem da lagoa com um pouco de grama. Segundos antes que os guardas gritassem para ele se afastar, pôde confirmar que se tratava de fato da espécie há muito perdida.

“Fiquei entusiasmado e definitivamente pasmo”, afirmou. Kuchling e seus colegas birmaneses convenceram a direção do templo a transferir os répteis raros, um macho e duas fêmeas, para o Zoológico de Mandalay. A boa sorte da espécie estava apenas começando. Kuchling encontrou vários outros indivíduos sobreviventes no Rio Dokhtawady, um tributário do Irrawaddy, e se encarregou de sua transferência para o Zoológico de Mandalay.

Pouco depois, um grande projeto de represamento destruiu o habitat adequado para a nidificação. Quando Kuchling finalmente chegou no trecho superior do rio Chindwin, pescadores do grupo étnico Shan também confirmaram que alguns cágados fêmeas ainda faziam o ninho naquele local em toda estação seca.

Em lugar de capturar as tartarugas naquele ponto do rio Chindwin, Kuchling se empenhou com o Departamento Florestal e a Sociedade de conservação da Vida Selvagem na criação de um programa de manejo e conservação por meio da contratação anual dos aldeões vizinhos para a construção de uma cerca que isolasse a praia, observar as tartarugas que faziam ninho e retirar cuidadosamente os ovos.

Posteriormente, a Aliança para a Sobrevivência das Tartarugas também se uniu à parceria da aldeia. Cerca de mil cágados birmaneses – alguns dos quais chocavam os ovos depostos no ambiente e outros criados no cativeiro – agora vivem em três instalações em Myanmar. Cinco fêmeas selvagens também continuam voltando à praia do rio Chindwin para depor os ovos. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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