Futuro das redes sociais deve ser muito menos social e usuários fogem para serviços menores


Facebook, o TikTok e o Twitter parecem estar cada vez mais conectando usuários com marcas e influenciadores

Por Brian X. Chen

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quase duas décadas atrás, o Facebook explodiu nos campi universitários como um site para os alunos manterem contato. Depois veio o Twitter, onde as pessoas postavam sobre o que comeram no café da manhã, e o Instagram, onde os amigos compartilhavam fotos para se manterem atualizados uns com os outros.

Hoje, os feeds do Instagram e do Facebook estão cheios de anúncios e postagens patrocinadas. O TikTok e o Snapchat estão repletos de vídeos de influenciadores que promovem detergentes e aplicativos de namoro. E em breve, as postagens do Twitter com maior visibilidade virão principalmente de assinantes que pagam pela sua exposição e outras vantagens.

As redes sociais estão, de muitas formas, se tornando menos sociais. Os tipos de postagens em que as pessoas atualizam amigos e familiares sobre suas vidas tornaram-se mais difíceis de ver ao longo dos anos, à medida que os maiores sites se tornaram cada vez mais “corporativos”. Em vez de ver mensagens e fotos de amigos e parentes sobre suas férias ou jantares chiques, os usuários do Instagram, Facebook, TikTok, Twitter e Snapchat agora costumam ver conteúdo profissionalizado de marcas, influenciadores e outros que pagam por essa veiculação.

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Quanto mais crescem em usuários, as redes sociais maiores como TikTok, Instagram e Twitter, se afastam de sua função inicial de unir pessoas e se aproximam de uma função comercial. Foto: Denis Charlet/AFP

A mudança tem implicações para grandes empresas de redes sociais e para a forma com a qual as pessoas interagem umas com as outras digitalmente. Mas também levanta questões sobre uma ideia central: a plataforma on-line. Durante anos, a noção de uma plataforma - um site multifuncional voltado para o público onde as pessoas passavam a maior parte do tempo - reinou suprema. Mas como as grandes redes sociais tornaram a conexão de pessoas com marcas uma prioridade em vez de conectá-las a outras pessoas, alguns usuários começaram a procurar sites e aplicativos voltados para a comunidade e dedicados a hobbies e assuntos específicos.

“As plataformas como as conhecíamos acabaram”, disse Zizi Papacharissi, professora de comunicação da Universidade de Illinois-Chicago, que ministra cursos sobre redes sociais. “Elas foram além de sua utilidade.”

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A mudança ajuda a explicar por que algumas empresas de redes sociais, que continuam a ter bilhões de usuários e faturar bilhões de dólares, agora estão explorando novos caminhos de negócios. O Twitter, que pertence a Elon Musk, tem pressionado pessoas e marcas a pagar de US$ 8 a US$ 1.000 por mês para se tornarem assinantes. A Meta, empresa controladora do Facebook e do Instagram, está entrando no mundo on-line imersivo do chamado metaverso.

Para os usuários, isso significa que, em vez de gastar todo o tempo em uma ou algumas grandes redes sociais, alguns estão indo para sites menores e mais focados. Isso inclui o Mastodon, que é essencialmente um clone do Twitter dividido em comunidades; o Nextdoor, uma rede social para os vizinhos lamentarem sobre questões cotidianas como buracos locais; e aplicativos como o Truth Social, que foi criado pelo ex-presidente americano Donald Trump e é visto como uma rede social para conservadores.

“Não se trata de escolher uma rede para dominar todas - essa é a lógica maluca do Vale do Silício”, disse Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas da Universidade de Massachusetts Amherst. “O futuro é que você seja membro de dezenas de comunidades diferentes, porque, como seres humanos, é assim que somos.”

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O Twitter, que responde automaticamente às perguntas da imprensa com um emoji de cocô, não fez nenhum comentário sobre a evolução das redes sociais. A Meta se recusou a comentar e o TikTok não respondeu a um pedido de comentário. A Snap, criadora do Snapchat, disse que, embora seu aplicativo tenha evoluído, conectar as pessoas com seus amigos e familiares continua sendo sua função principal.

Uma mudança para redes menores e mais focadas foi prevista anos atrás por alguns dos maiores nomes das redes sociais, incluindo Mark Zuckerberg, executivo-chefe da Meta, e Jack Dorsey, fundador do Twitter.

Em 2019, Zuckerberg escreveu em um post no Facebook que mensagens privadas e pequenos grupos eram as áreas de comunicação on-line que mais cresciam. Dorsey, que deixou o cargo de presidente-executivo do Twitter em 2021, pressionou pelas chamadas redes sociais descentralizadas que dão às pessoas controle sobre o conteúdo que veem e as comunidades com as quais se envolvem. Recentemente, ele postou no Nostr, um site de mídia social baseado nesse princípio.

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A parte complicada para os usuários é encontrar as redes pequenas e mais novas porque elas são obscuras. Mas redes sociais mais amplas, como o Mastodon ou o Reddit, muitas vezes atuam como uma porta de entrada para comunidades menores. Ao se inscrever no Mastodon, por exemplo, as pessoas podem escolher um servidor de uma extensa lista, incluindo aqueles relacionados a jogos, alimentação e ativismo.

Eugen Rochko, executivo-chefe do Mastodon, disse que os usuários publicam mais de 1 bilhão de postagens por mês em suas comunidades e que não há algoritmos ou anúncios alterando os feeds das pessoas.

Um grande benefício das pequenas redes é que elas criam fóruns para comunidades específicas, incluindo pessoas marginalizadas. O Ahwaa, fundado em 2011, é uma rede social para membros da comunidade LGBTQ em países ao redor do Golfo Pérsico, onde ser gay é considerado ilegal. Outras redes pequenas, como o Letterboxd, um aplicativo para entusiastas de cinema compartilharem suas opiniões sobre filmes, são focadas em interesses especiais.

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Comunidades menores também podem aliviar a pressão social sobre o uso dessas redes, especialmente para os mais jovens. Na última década, surgiram histórias - inclusive em audiências no Congresso americano sobre os perigos das redes sociais - sobre adolescentes desenvolvendo distúrbios alimentares depois de tentar viver de acordo com as fotos “perfeitas do Instagram” e assistindo a vídeos no TikTok.

A ideia de que um novo site de rede social possa se tornar o único aplicativo para todos parece irreal, dizem os especialistas. Quando os jovens terminam de experimentar uma nova rede - como o BeReal, o aplicativo de compartilhamento de fotos que foi popular entre os adolescentes no ano passado, mas agora está perdendo milhões de usuários ativos - eles passam para a próxima.

“Eles não serão influenciados pela primeira plataforma brilhante que aparecer”, disse Papacharissi.

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As identidades on-line das pessoas se tornarão cada vez mais fragmentadas entre vários sites, acrescentou ela. Para falar sobre realizações profissionais, existe o LinkedIn. Para jogar videogame com outros jogadores, existe o Discord. Para discutir notícias, existe o Artifact.

“O que nos interessa são grupos menores de pessoas que se comunicam sobre coisas específicas”, disse Papacharissi. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quase duas décadas atrás, o Facebook explodiu nos campi universitários como um site para os alunos manterem contato. Depois veio o Twitter, onde as pessoas postavam sobre o que comeram no café da manhã, e o Instagram, onde os amigos compartilhavam fotos para se manterem atualizados uns com os outros.

Hoje, os feeds do Instagram e do Facebook estão cheios de anúncios e postagens patrocinadas. O TikTok e o Snapchat estão repletos de vídeos de influenciadores que promovem detergentes e aplicativos de namoro. E em breve, as postagens do Twitter com maior visibilidade virão principalmente de assinantes que pagam pela sua exposição e outras vantagens.

As redes sociais estão, de muitas formas, se tornando menos sociais. Os tipos de postagens em que as pessoas atualizam amigos e familiares sobre suas vidas tornaram-se mais difíceis de ver ao longo dos anos, à medida que os maiores sites se tornaram cada vez mais “corporativos”. Em vez de ver mensagens e fotos de amigos e parentes sobre suas férias ou jantares chiques, os usuários do Instagram, Facebook, TikTok, Twitter e Snapchat agora costumam ver conteúdo profissionalizado de marcas, influenciadores e outros que pagam por essa veiculação.

Quanto mais crescem em usuários, as redes sociais maiores como TikTok, Instagram e Twitter, se afastam de sua função inicial de unir pessoas e se aproximam de uma função comercial. Foto: Denis Charlet/AFP

A mudança tem implicações para grandes empresas de redes sociais e para a forma com a qual as pessoas interagem umas com as outras digitalmente. Mas também levanta questões sobre uma ideia central: a plataforma on-line. Durante anos, a noção de uma plataforma - um site multifuncional voltado para o público onde as pessoas passavam a maior parte do tempo - reinou suprema. Mas como as grandes redes sociais tornaram a conexão de pessoas com marcas uma prioridade em vez de conectá-las a outras pessoas, alguns usuários começaram a procurar sites e aplicativos voltados para a comunidade e dedicados a hobbies e assuntos específicos.

“As plataformas como as conhecíamos acabaram”, disse Zizi Papacharissi, professora de comunicação da Universidade de Illinois-Chicago, que ministra cursos sobre redes sociais. “Elas foram além de sua utilidade.”

A mudança ajuda a explicar por que algumas empresas de redes sociais, que continuam a ter bilhões de usuários e faturar bilhões de dólares, agora estão explorando novos caminhos de negócios. O Twitter, que pertence a Elon Musk, tem pressionado pessoas e marcas a pagar de US$ 8 a US$ 1.000 por mês para se tornarem assinantes. A Meta, empresa controladora do Facebook e do Instagram, está entrando no mundo on-line imersivo do chamado metaverso.

Para os usuários, isso significa que, em vez de gastar todo o tempo em uma ou algumas grandes redes sociais, alguns estão indo para sites menores e mais focados. Isso inclui o Mastodon, que é essencialmente um clone do Twitter dividido em comunidades; o Nextdoor, uma rede social para os vizinhos lamentarem sobre questões cotidianas como buracos locais; e aplicativos como o Truth Social, que foi criado pelo ex-presidente americano Donald Trump e é visto como uma rede social para conservadores.

“Não se trata de escolher uma rede para dominar todas - essa é a lógica maluca do Vale do Silício”, disse Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas da Universidade de Massachusetts Amherst. “O futuro é que você seja membro de dezenas de comunidades diferentes, porque, como seres humanos, é assim que somos.”

O Twitter, que responde automaticamente às perguntas da imprensa com um emoji de cocô, não fez nenhum comentário sobre a evolução das redes sociais. A Meta se recusou a comentar e o TikTok não respondeu a um pedido de comentário. A Snap, criadora do Snapchat, disse que, embora seu aplicativo tenha evoluído, conectar as pessoas com seus amigos e familiares continua sendo sua função principal.

Uma mudança para redes menores e mais focadas foi prevista anos atrás por alguns dos maiores nomes das redes sociais, incluindo Mark Zuckerberg, executivo-chefe da Meta, e Jack Dorsey, fundador do Twitter.

Em 2019, Zuckerberg escreveu em um post no Facebook que mensagens privadas e pequenos grupos eram as áreas de comunicação on-line que mais cresciam. Dorsey, que deixou o cargo de presidente-executivo do Twitter em 2021, pressionou pelas chamadas redes sociais descentralizadas que dão às pessoas controle sobre o conteúdo que veem e as comunidades com as quais se envolvem. Recentemente, ele postou no Nostr, um site de mídia social baseado nesse princípio.

A parte complicada para os usuários é encontrar as redes pequenas e mais novas porque elas são obscuras. Mas redes sociais mais amplas, como o Mastodon ou o Reddit, muitas vezes atuam como uma porta de entrada para comunidades menores. Ao se inscrever no Mastodon, por exemplo, as pessoas podem escolher um servidor de uma extensa lista, incluindo aqueles relacionados a jogos, alimentação e ativismo.

Eugen Rochko, executivo-chefe do Mastodon, disse que os usuários publicam mais de 1 bilhão de postagens por mês em suas comunidades e que não há algoritmos ou anúncios alterando os feeds das pessoas.

Um grande benefício das pequenas redes é que elas criam fóruns para comunidades específicas, incluindo pessoas marginalizadas. O Ahwaa, fundado em 2011, é uma rede social para membros da comunidade LGBTQ em países ao redor do Golfo Pérsico, onde ser gay é considerado ilegal. Outras redes pequenas, como o Letterboxd, um aplicativo para entusiastas de cinema compartilharem suas opiniões sobre filmes, são focadas em interesses especiais.

Comunidades menores também podem aliviar a pressão social sobre o uso dessas redes, especialmente para os mais jovens. Na última década, surgiram histórias - inclusive em audiências no Congresso americano sobre os perigos das redes sociais - sobre adolescentes desenvolvendo distúrbios alimentares depois de tentar viver de acordo com as fotos “perfeitas do Instagram” e assistindo a vídeos no TikTok.

A ideia de que um novo site de rede social possa se tornar o único aplicativo para todos parece irreal, dizem os especialistas. Quando os jovens terminam de experimentar uma nova rede - como o BeReal, o aplicativo de compartilhamento de fotos que foi popular entre os adolescentes no ano passado, mas agora está perdendo milhões de usuários ativos - eles passam para a próxima.

“Eles não serão influenciados pela primeira plataforma brilhante que aparecer”, disse Papacharissi.

As identidades on-line das pessoas se tornarão cada vez mais fragmentadas entre vários sites, acrescentou ela. Para falar sobre realizações profissionais, existe o LinkedIn. Para jogar videogame com outros jogadores, existe o Discord. Para discutir notícias, existe o Artifact.

“O que nos interessa são grupos menores de pessoas que se comunicam sobre coisas específicas”, disse Papacharissi. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quase duas décadas atrás, o Facebook explodiu nos campi universitários como um site para os alunos manterem contato. Depois veio o Twitter, onde as pessoas postavam sobre o que comeram no café da manhã, e o Instagram, onde os amigos compartilhavam fotos para se manterem atualizados uns com os outros.

Hoje, os feeds do Instagram e do Facebook estão cheios de anúncios e postagens patrocinadas. O TikTok e o Snapchat estão repletos de vídeos de influenciadores que promovem detergentes e aplicativos de namoro. E em breve, as postagens do Twitter com maior visibilidade virão principalmente de assinantes que pagam pela sua exposição e outras vantagens.

As redes sociais estão, de muitas formas, se tornando menos sociais. Os tipos de postagens em que as pessoas atualizam amigos e familiares sobre suas vidas tornaram-se mais difíceis de ver ao longo dos anos, à medida que os maiores sites se tornaram cada vez mais “corporativos”. Em vez de ver mensagens e fotos de amigos e parentes sobre suas férias ou jantares chiques, os usuários do Instagram, Facebook, TikTok, Twitter e Snapchat agora costumam ver conteúdo profissionalizado de marcas, influenciadores e outros que pagam por essa veiculação.

Quanto mais crescem em usuários, as redes sociais maiores como TikTok, Instagram e Twitter, se afastam de sua função inicial de unir pessoas e se aproximam de uma função comercial. Foto: Denis Charlet/AFP

A mudança tem implicações para grandes empresas de redes sociais e para a forma com a qual as pessoas interagem umas com as outras digitalmente. Mas também levanta questões sobre uma ideia central: a plataforma on-line. Durante anos, a noção de uma plataforma - um site multifuncional voltado para o público onde as pessoas passavam a maior parte do tempo - reinou suprema. Mas como as grandes redes sociais tornaram a conexão de pessoas com marcas uma prioridade em vez de conectá-las a outras pessoas, alguns usuários começaram a procurar sites e aplicativos voltados para a comunidade e dedicados a hobbies e assuntos específicos.

“As plataformas como as conhecíamos acabaram”, disse Zizi Papacharissi, professora de comunicação da Universidade de Illinois-Chicago, que ministra cursos sobre redes sociais. “Elas foram além de sua utilidade.”

A mudança ajuda a explicar por que algumas empresas de redes sociais, que continuam a ter bilhões de usuários e faturar bilhões de dólares, agora estão explorando novos caminhos de negócios. O Twitter, que pertence a Elon Musk, tem pressionado pessoas e marcas a pagar de US$ 8 a US$ 1.000 por mês para se tornarem assinantes. A Meta, empresa controladora do Facebook e do Instagram, está entrando no mundo on-line imersivo do chamado metaverso.

Para os usuários, isso significa que, em vez de gastar todo o tempo em uma ou algumas grandes redes sociais, alguns estão indo para sites menores e mais focados. Isso inclui o Mastodon, que é essencialmente um clone do Twitter dividido em comunidades; o Nextdoor, uma rede social para os vizinhos lamentarem sobre questões cotidianas como buracos locais; e aplicativos como o Truth Social, que foi criado pelo ex-presidente americano Donald Trump e é visto como uma rede social para conservadores.

“Não se trata de escolher uma rede para dominar todas - essa é a lógica maluca do Vale do Silício”, disse Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas da Universidade de Massachusetts Amherst. “O futuro é que você seja membro de dezenas de comunidades diferentes, porque, como seres humanos, é assim que somos.”

O Twitter, que responde automaticamente às perguntas da imprensa com um emoji de cocô, não fez nenhum comentário sobre a evolução das redes sociais. A Meta se recusou a comentar e o TikTok não respondeu a um pedido de comentário. A Snap, criadora do Snapchat, disse que, embora seu aplicativo tenha evoluído, conectar as pessoas com seus amigos e familiares continua sendo sua função principal.

Uma mudança para redes menores e mais focadas foi prevista anos atrás por alguns dos maiores nomes das redes sociais, incluindo Mark Zuckerberg, executivo-chefe da Meta, e Jack Dorsey, fundador do Twitter.

Em 2019, Zuckerberg escreveu em um post no Facebook que mensagens privadas e pequenos grupos eram as áreas de comunicação on-line que mais cresciam. Dorsey, que deixou o cargo de presidente-executivo do Twitter em 2021, pressionou pelas chamadas redes sociais descentralizadas que dão às pessoas controle sobre o conteúdo que veem e as comunidades com as quais se envolvem. Recentemente, ele postou no Nostr, um site de mídia social baseado nesse princípio.

A parte complicada para os usuários é encontrar as redes pequenas e mais novas porque elas são obscuras. Mas redes sociais mais amplas, como o Mastodon ou o Reddit, muitas vezes atuam como uma porta de entrada para comunidades menores. Ao se inscrever no Mastodon, por exemplo, as pessoas podem escolher um servidor de uma extensa lista, incluindo aqueles relacionados a jogos, alimentação e ativismo.

Eugen Rochko, executivo-chefe do Mastodon, disse que os usuários publicam mais de 1 bilhão de postagens por mês em suas comunidades e que não há algoritmos ou anúncios alterando os feeds das pessoas.

Um grande benefício das pequenas redes é que elas criam fóruns para comunidades específicas, incluindo pessoas marginalizadas. O Ahwaa, fundado em 2011, é uma rede social para membros da comunidade LGBTQ em países ao redor do Golfo Pérsico, onde ser gay é considerado ilegal. Outras redes pequenas, como o Letterboxd, um aplicativo para entusiastas de cinema compartilharem suas opiniões sobre filmes, são focadas em interesses especiais.

Comunidades menores também podem aliviar a pressão social sobre o uso dessas redes, especialmente para os mais jovens. Na última década, surgiram histórias - inclusive em audiências no Congresso americano sobre os perigos das redes sociais - sobre adolescentes desenvolvendo distúrbios alimentares depois de tentar viver de acordo com as fotos “perfeitas do Instagram” e assistindo a vídeos no TikTok.

A ideia de que um novo site de rede social possa se tornar o único aplicativo para todos parece irreal, dizem os especialistas. Quando os jovens terminam de experimentar uma nova rede - como o BeReal, o aplicativo de compartilhamento de fotos que foi popular entre os adolescentes no ano passado, mas agora está perdendo milhões de usuários ativos - eles passam para a próxima.

“Eles não serão influenciados pela primeira plataforma brilhante que aparecer”, disse Papacharissi.

As identidades on-line das pessoas se tornarão cada vez mais fragmentadas entre vários sites, acrescentou ela. Para falar sobre realizações profissionais, existe o LinkedIn. Para jogar videogame com outros jogadores, existe o Discord. Para discutir notícias, existe o Artifact.

“O que nos interessa são grupos menores de pessoas que se comunicam sobre coisas específicas”, disse Papacharissi. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quase duas décadas atrás, o Facebook explodiu nos campi universitários como um site para os alunos manterem contato. Depois veio o Twitter, onde as pessoas postavam sobre o que comeram no café da manhã, e o Instagram, onde os amigos compartilhavam fotos para se manterem atualizados uns com os outros.

Hoje, os feeds do Instagram e do Facebook estão cheios de anúncios e postagens patrocinadas. O TikTok e o Snapchat estão repletos de vídeos de influenciadores que promovem detergentes e aplicativos de namoro. E em breve, as postagens do Twitter com maior visibilidade virão principalmente de assinantes que pagam pela sua exposição e outras vantagens.

As redes sociais estão, de muitas formas, se tornando menos sociais. Os tipos de postagens em que as pessoas atualizam amigos e familiares sobre suas vidas tornaram-se mais difíceis de ver ao longo dos anos, à medida que os maiores sites se tornaram cada vez mais “corporativos”. Em vez de ver mensagens e fotos de amigos e parentes sobre suas férias ou jantares chiques, os usuários do Instagram, Facebook, TikTok, Twitter e Snapchat agora costumam ver conteúdo profissionalizado de marcas, influenciadores e outros que pagam por essa veiculação.

Quanto mais crescem em usuários, as redes sociais maiores como TikTok, Instagram e Twitter, se afastam de sua função inicial de unir pessoas e se aproximam de uma função comercial. Foto: Denis Charlet/AFP

A mudança tem implicações para grandes empresas de redes sociais e para a forma com a qual as pessoas interagem umas com as outras digitalmente. Mas também levanta questões sobre uma ideia central: a plataforma on-line. Durante anos, a noção de uma plataforma - um site multifuncional voltado para o público onde as pessoas passavam a maior parte do tempo - reinou suprema. Mas como as grandes redes sociais tornaram a conexão de pessoas com marcas uma prioridade em vez de conectá-las a outras pessoas, alguns usuários começaram a procurar sites e aplicativos voltados para a comunidade e dedicados a hobbies e assuntos específicos.

“As plataformas como as conhecíamos acabaram”, disse Zizi Papacharissi, professora de comunicação da Universidade de Illinois-Chicago, que ministra cursos sobre redes sociais. “Elas foram além de sua utilidade.”

A mudança ajuda a explicar por que algumas empresas de redes sociais, que continuam a ter bilhões de usuários e faturar bilhões de dólares, agora estão explorando novos caminhos de negócios. O Twitter, que pertence a Elon Musk, tem pressionado pessoas e marcas a pagar de US$ 8 a US$ 1.000 por mês para se tornarem assinantes. A Meta, empresa controladora do Facebook e do Instagram, está entrando no mundo on-line imersivo do chamado metaverso.

Para os usuários, isso significa que, em vez de gastar todo o tempo em uma ou algumas grandes redes sociais, alguns estão indo para sites menores e mais focados. Isso inclui o Mastodon, que é essencialmente um clone do Twitter dividido em comunidades; o Nextdoor, uma rede social para os vizinhos lamentarem sobre questões cotidianas como buracos locais; e aplicativos como o Truth Social, que foi criado pelo ex-presidente americano Donald Trump e é visto como uma rede social para conservadores.

“Não se trata de escolher uma rede para dominar todas - essa é a lógica maluca do Vale do Silício”, disse Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas da Universidade de Massachusetts Amherst. “O futuro é que você seja membro de dezenas de comunidades diferentes, porque, como seres humanos, é assim que somos.”

O Twitter, que responde automaticamente às perguntas da imprensa com um emoji de cocô, não fez nenhum comentário sobre a evolução das redes sociais. A Meta se recusou a comentar e o TikTok não respondeu a um pedido de comentário. A Snap, criadora do Snapchat, disse que, embora seu aplicativo tenha evoluído, conectar as pessoas com seus amigos e familiares continua sendo sua função principal.

Uma mudança para redes menores e mais focadas foi prevista anos atrás por alguns dos maiores nomes das redes sociais, incluindo Mark Zuckerberg, executivo-chefe da Meta, e Jack Dorsey, fundador do Twitter.

Em 2019, Zuckerberg escreveu em um post no Facebook que mensagens privadas e pequenos grupos eram as áreas de comunicação on-line que mais cresciam. Dorsey, que deixou o cargo de presidente-executivo do Twitter em 2021, pressionou pelas chamadas redes sociais descentralizadas que dão às pessoas controle sobre o conteúdo que veem e as comunidades com as quais se envolvem. Recentemente, ele postou no Nostr, um site de mídia social baseado nesse princípio.

A parte complicada para os usuários é encontrar as redes pequenas e mais novas porque elas são obscuras. Mas redes sociais mais amplas, como o Mastodon ou o Reddit, muitas vezes atuam como uma porta de entrada para comunidades menores. Ao se inscrever no Mastodon, por exemplo, as pessoas podem escolher um servidor de uma extensa lista, incluindo aqueles relacionados a jogos, alimentação e ativismo.

Eugen Rochko, executivo-chefe do Mastodon, disse que os usuários publicam mais de 1 bilhão de postagens por mês em suas comunidades e que não há algoritmos ou anúncios alterando os feeds das pessoas.

Um grande benefício das pequenas redes é que elas criam fóruns para comunidades específicas, incluindo pessoas marginalizadas. O Ahwaa, fundado em 2011, é uma rede social para membros da comunidade LGBTQ em países ao redor do Golfo Pérsico, onde ser gay é considerado ilegal. Outras redes pequenas, como o Letterboxd, um aplicativo para entusiastas de cinema compartilharem suas opiniões sobre filmes, são focadas em interesses especiais.

Comunidades menores também podem aliviar a pressão social sobre o uso dessas redes, especialmente para os mais jovens. Na última década, surgiram histórias - inclusive em audiências no Congresso americano sobre os perigos das redes sociais - sobre adolescentes desenvolvendo distúrbios alimentares depois de tentar viver de acordo com as fotos “perfeitas do Instagram” e assistindo a vídeos no TikTok.

A ideia de que um novo site de rede social possa se tornar o único aplicativo para todos parece irreal, dizem os especialistas. Quando os jovens terminam de experimentar uma nova rede - como o BeReal, o aplicativo de compartilhamento de fotos que foi popular entre os adolescentes no ano passado, mas agora está perdendo milhões de usuários ativos - eles passam para a próxima.

“Eles não serão influenciados pela primeira plataforma brilhante que aparecer”, disse Papacharissi.

As identidades on-line das pessoas se tornarão cada vez mais fragmentadas entre vários sites, acrescentou ela. Para falar sobre realizações profissionais, existe o LinkedIn. Para jogar videogame com outros jogadores, existe o Discord. Para discutir notícias, existe o Artifact.

“O que nos interessa são grupos menores de pessoas que se comunicam sobre coisas específicas”, disse Papacharissi. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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