Grécia aposta que pode mudar seu destino econômico se focar em futuro livre de carbono


‘O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível’, disse o primeiro-ministro

Por Liz Alderman

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE, NAXOS, Grécia - Na ponta oeste varrida pelo vento de uma das maiores ilhas da Grécia, um edifício de pedra modesto acima do Mar Egeu tornou-se um posto avançado improvável na luta do país contra as mudanças climáticas.

Camuflada em seu interior está uma nova estação de energia ligada a um cabo de eletricidade submarino de 180 milhas que liga Naxos a uma cadeia de outros playgrounds de férias arejados, permitindo que as ilhas abandonem seus geradores a óleo para obter energia renovável a partir do vento e do sol abundantes da Grécia.

Uma subestação elétrica, escondida dentro de uma casa de pedra para não ser desagradável para os turistas, e ligada a um cabo submarino em Naxos, Grécia Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times
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As ilhas próximas tornaram-se laboratórios de carbono zero para empresas como a Volkswagen espalharem carros elétricos e conectarem comunidades para obter energia limpa. As mudanças também estão em andamento no continente, onde as minas de carvão lignito sujas que abasteceram a Grécia por décadas estão sendo fechadas com rapidez.

A pressão por uma transição para energia limpa pareceria uma tarefa hercúlea para a Grécia, um país de cerca de 10 milhões de habitantes que recentemente emergiu de uma devastadora crise de uma década e ainda depende fortemente de combustíveis fósseis para obter energia.

Mas enquanto a União Europeia busca ser líder global na corrida para deter as mudanças climáticas, a Grécia está apostando que se voltar para um futuro livre de carbono pode remodelar seu destino econômico.

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“O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível”, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, um conservador que assumiu o cargo em 2019 prometendo reconstruir a Grécia, em parte com base em uma agenda ambiental.

“A Grécia pode ser um paradigma de como a transição energética e a ação climática podem criar empregos e crescimento sustentável”, ele disse em uma entrevista.

O sucesso da Grécia importa. À medida que países europeus mais ricos, como Noruega e Dinamarca, progridem na reengenharia de suas economias para serem mais favoráveis ao clima, a Grécia oferece um teste para saber se – e com que eficácia – os estados mais pobres da Europa podem se afastar dos combustíveis fósseis enquanto fornecem amortecedores para aqueles ameaçados pela mudança.

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A mudança já aumentou as tensões. Vilas estão tentando bloquear as turbinas eólicas, argumentando que vão afastar os turistas – a principal fonte de renda da Grécia. Os cidadãos estão se agitando com a perda de empregos na mineração. E um aumento no preço do gás natural, um combustível usado para fazer a transição do petróleo para a energia renovável, está atingindo as famílias mais pobres, forçando o governo a subsidiar os custos.

Duas turbinas eólicas em uma colina fora da principal cidade de Naxos, Grécia  Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

No entanto, o preço alto das mudanças climáticas está criando urgência. No verão passado, a Grécia foi devastada pelos piores incêndios florestais em anos, quando as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, ou 115 graus Fahrenheit. Casas foram demolidas e milhares de pessoas foram deslocadas. Quase nenhum canto da Europa ficou intocado pelo clima extremo, seja fogo, inundação ou calor.

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O cabo submarino conectado a Naxos é fundamental na estratégia da Grécia para atrair investimentos em energia renovável. A ideia é construir a infraestrutura incompleta da Grécia para circular mais energia solar e eólica através da rede nacional. A Grécia pretende produzir 60% de sua energia a partir de fontes de energia renováveis até 2030 e ser neutra em relação ao clima até 2050.

BlackRock, Quantum Energy Partners e Fortress Investment Group disseram que veem uma bonança potencial em investir em desenvolvimento verde aqui. Empresas americanas, chinesas e europeias estão lançando parques eólicos e solares, instalações hidrelétricas e projetos de hidrogênio e baterias para armazenar energia renovável.

A Volkswagen está substituindo automóveis e transportes públicos na ilha de Astipaleia, por veículos elétricos alimentados por fontes de energia solar que está instalando. Em Halki, uma ilha de apenas 300 habitantes, a gigante francesa de energia Vinci está construindo campos fotovoltaicos para abastecer a iluminação pública, casas e empresas com baixo ou nenhum custo.

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No entanto, apesar de todos os benefícios de uma transformação de energia verde, um emaranhado de problemas permanece. Grupos ambientalistas dizem que o governo está limpando com uma mão e poluindo com a outra.

Eles citam projetos maciços de exploração de gás natural que ocorrem no Mar Jônico, perto de Creta, Corfu e outras ilhas, que Mitsotakis defendeu como necessários para obter um recurso crítico para a transição à energia limpa. Novas licenças foram concedidas à Exxon Mobil, Total e Hellenic Petroleum durante a crise financeira, enquanto a Grécia enfrentava dívidas enormes. Alguns potenciais campos de perfuração perto da Turquia provocaram tensões geopolíticas.

Outros estão descontentes com a ideia de gigantescas turbinas eólicas desfigurando a paisagem que atrai o turismo – a única atividade que a Grécia faz bem. Sete pessoas ficaram feridas no mês passado na ilha de Tinos – conhecida na mitologia grega como o lar do deus dos ventos por causa de suas brisas – depois que a polícia entrou em confronto com manifestantes que tentavam impedir um caminhão de transportar uma lâmina gigante de turbina eólica montanha acima.

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A reação nas ilhas tornou-se tão tempestuosa que as autoridades estão pensando em instalar turbinas flutuantes e plataformas solares no mar.

“O governo não pode simplesmente chegar com arrogância e dizer: ‘Temos investidores e vamos entrar’”, disse Nikos Charalambides, chefe do Greenpeace Grécia, que apoia os movimentos em direção às energias renováveis, mas diz que os cidadãos não estão sendo devidamente consultados.

No continente, mais de oito mil empregos na mineração estão ameaçados pelos planos de Mitsotakis de fechar todas, exceto uma, das 14 unidades geradoras de energia movidas a carvão lignito da Grécia até 2023. Em resposta, o governo prometeu transformar as áreas mais atingidas, incluindo o oeste da Macedônia e Megalopolis, uma cidade de carvão no Peloponeso, em locais onde novos tipos de trabalho surgiriam.

Os planos são ambiciosos, exigindo agricultura neutra em carbono, campos fotovoltaicos, turismo sustentável e campi de startups empreendedoras que, teoricamente, modernizariam a Grécia – e criariam até 200 mil novos empregos em energia e meio ambiente.

Os críticos são céticos. Ao mesmo tempo, os gregos entendem que o país não tem escolha a não ser seguir em frente, disse Charalambides.

“Esta é uma oportunidade para a economia e a sociedade criarem novos empregos e uma nova perspectiva”, ele disse. “A Grécia está tão esgotada pela crise financeira e tão ineficiente como um estado. Se a transição para a energia verde funcionar aqui, não há nenhum lugar na Europa onde não possa funcionar.” / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE, NAXOS, Grécia - Na ponta oeste varrida pelo vento de uma das maiores ilhas da Grécia, um edifício de pedra modesto acima do Mar Egeu tornou-se um posto avançado improvável na luta do país contra as mudanças climáticas.

Camuflada em seu interior está uma nova estação de energia ligada a um cabo de eletricidade submarino de 180 milhas que liga Naxos a uma cadeia de outros playgrounds de férias arejados, permitindo que as ilhas abandonem seus geradores a óleo para obter energia renovável a partir do vento e do sol abundantes da Grécia.

Uma subestação elétrica, escondida dentro de uma casa de pedra para não ser desagradável para os turistas, e ligada a um cabo submarino em Naxos, Grécia Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

As ilhas próximas tornaram-se laboratórios de carbono zero para empresas como a Volkswagen espalharem carros elétricos e conectarem comunidades para obter energia limpa. As mudanças também estão em andamento no continente, onde as minas de carvão lignito sujas que abasteceram a Grécia por décadas estão sendo fechadas com rapidez.

A pressão por uma transição para energia limpa pareceria uma tarefa hercúlea para a Grécia, um país de cerca de 10 milhões de habitantes que recentemente emergiu de uma devastadora crise de uma década e ainda depende fortemente de combustíveis fósseis para obter energia.

Mas enquanto a União Europeia busca ser líder global na corrida para deter as mudanças climáticas, a Grécia está apostando que se voltar para um futuro livre de carbono pode remodelar seu destino econômico.

“O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível”, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, um conservador que assumiu o cargo em 2019 prometendo reconstruir a Grécia, em parte com base em uma agenda ambiental.

“A Grécia pode ser um paradigma de como a transição energética e a ação climática podem criar empregos e crescimento sustentável”, ele disse em uma entrevista.

O sucesso da Grécia importa. À medida que países europeus mais ricos, como Noruega e Dinamarca, progridem na reengenharia de suas economias para serem mais favoráveis ao clima, a Grécia oferece um teste para saber se – e com que eficácia – os estados mais pobres da Europa podem se afastar dos combustíveis fósseis enquanto fornecem amortecedores para aqueles ameaçados pela mudança.

A mudança já aumentou as tensões. Vilas estão tentando bloquear as turbinas eólicas, argumentando que vão afastar os turistas – a principal fonte de renda da Grécia. Os cidadãos estão se agitando com a perda de empregos na mineração. E um aumento no preço do gás natural, um combustível usado para fazer a transição do petróleo para a energia renovável, está atingindo as famílias mais pobres, forçando o governo a subsidiar os custos.

Duas turbinas eólicas em uma colina fora da principal cidade de Naxos, Grécia  Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

No entanto, o preço alto das mudanças climáticas está criando urgência. No verão passado, a Grécia foi devastada pelos piores incêndios florestais em anos, quando as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, ou 115 graus Fahrenheit. Casas foram demolidas e milhares de pessoas foram deslocadas. Quase nenhum canto da Europa ficou intocado pelo clima extremo, seja fogo, inundação ou calor.

O cabo submarino conectado a Naxos é fundamental na estratégia da Grécia para atrair investimentos em energia renovável. A ideia é construir a infraestrutura incompleta da Grécia para circular mais energia solar e eólica através da rede nacional. A Grécia pretende produzir 60% de sua energia a partir de fontes de energia renováveis até 2030 e ser neutra em relação ao clima até 2050.

BlackRock, Quantum Energy Partners e Fortress Investment Group disseram que veem uma bonança potencial em investir em desenvolvimento verde aqui. Empresas americanas, chinesas e europeias estão lançando parques eólicos e solares, instalações hidrelétricas e projetos de hidrogênio e baterias para armazenar energia renovável.

A Volkswagen está substituindo automóveis e transportes públicos na ilha de Astipaleia, por veículos elétricos alimentados por fontes de energia solar que está instalando. Em Halki, uma ilha de apenas 300 habitantes, a gigante francesa de energia Vinci está construindo campos fotovoltaicos para abastecer a iluminação pública, casas e empresas com baixo ou nenhum custo.

No entanto, apesar de todos os benefícios de uma transformação de energia verde, um emaranhado de problemas permanece. Grupos ambientalistas dizem que o governo está limpando com uma mão e poluindo com a outra.

Eles citam projetos maciços de exploração de gás natural que ocorrem no Mar Jônico, perto de Creta, Corfu e outras ilhas, que Mitsotakis defendeu como necessários para obter um recurso crítico para a transição à energia limpa. Novas licenças foram concedidas à Exxon Mobil, Total e Hellenic Petroleum durante a crise financeira, enquanto a Grécia enfrentava dívidas enormes. Alguns potenciais campos de perfuração perto da Turquia provocaram tensões geopolíticas.

Outros estão descontentes com a ideia de gigantescas turbinas eólicas desfigurando a paisagem que atrai o turismo – a única atividade que a Grécia faz bem. Sete pessoas ficaram feridas no mês passado na ilha de Tinos – conhecida na mitologia grega como o lar do deus dos ventos por causa de suas brisas – depois que a polícia entrou em confronto com manifestantes que tentavam impedir um caminhão de transportar uma lâmina gigante de turbina eólica montanha acima.

A reação nas ilhas tornou-se tão tempestuosa que as autoridades estão pensando em instalar turbinas flutuantes e plataformas solares no mar.

“O governo não pode simplesmente chegar com arrogância e dizer: ‘Temos investidores e vamos entrar’”, disse Nikos Charalambides, chefe do Greenpeace Grécia, que apoia os movimentos em direção às energias renováveis, mas diz que os cidadãos não estão sendo devidamente consultados.

No continente, mais de oito mil empregos na mineração estão ameaçados pelos planos de Mitsotakis de fechar todas, exceto uma, das 14 unidades geradoras de energia movidas a carvão lignito da Grécia até 2023. Em resposta, o governo prometeu transformar as áreas mais atingidas, incluindo o oeste da Macedônia e Megalopolis, uma cidade de carvão no Peloponeso, em locais onde novos tipos de trabalho surgiriam.

Os planos são ambiciosos, exigindo agricultura neutra em carbono, campos fotovoltaicos, turismo sustentável e campi de startups empreendedoras que, teoricamente, modernizariam a Grécia – e criariam até 200 mil novos empregos em energia e meio ambiente.

Os críticos são céticos. Ao mesmo tempo, os gregos entendem que o país não tem escolha a não ser seguir em frente, disse Charalambides.

“Esta é uma oportunidade para a economia e a sociedade criarem novos empregos e uma nova perspectiva”, ele disse. “A Grécia está tão esgotada pela crise financeira e tão ineficiente como um estado. Se a transição para a energia verde funcionar aqui, não há nenhum lugar na Europa onde não possa funcionar.” / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE, NAXOS, Grécia - Na ponta oeste varrida pelo vento de uma das maiores ilhas da Grécia, um edifício de pedra modesto acima do Mar Egeu tornou-se um posto avançado improvável na luta do país contra as mudanças climáticas.

Camuflada em seu interior está uma nova estação de energia ligada a um cabo de eletricidade submarino de 180 milhas que liga Naxos a uma cadeia de outros playgrounds de férias arejados, permitindo que as ilhas abandonem seus geradores a óleo para obter energia renovável a partir do vento e do sol abundantes da Grécia.

Uma subestação elétrica, escondida dentro de uma casa de pedra para não ser desagradável para os turistas, e ligada a um cabo submarino em Naxos, Grécia Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

As ilhas próximas tornaram-se laboratórios de carbono zero para empresas como a Volkswagen espalharem carros elétricos e conectarem comunidades para obter energia limpa. As mudanças também estão em andamento no continente, onde as minas de carvão lignito sujas que abasteceram a Grécia por décadas estão sendo fechadas com rapidez.

A pressão por uma transição para energia limpa pareceria uma tarefa hercúlea para a Grécia, um país de cerca de 10 milhões de habitantes que recentemente emergiu de uma devastadora crise de uma década e ainda depende fortemente de combustíveis fósseis para obter energia.

Mas enquanto a União Europeia busca ser líder global na corrida para deter as mudanças climáticas, a Grécia está apostando que se voltar para um futuro livre de carbono pode remodelar seu destino econômico.

“O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível”, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, um conservador que assumiu o cargo em 2019 prometendo reconstruir a Grécia, em parte com base em uma agenda ambiental.

“A Grécia pode ser um paradigma de como a transição energética e a ação climática podem criar empregos e crescimento sustentável”, ele disse em uma entrevista.

O sucesso da Grécia importa. À medida que países europeus mais ricos, como Noruega e Dinamarca, progridem na reengenharia de suas economias para serem mais favoráveis ao clima, a Grécia oferece um teste para saber se – e com que eficácia – os estados mais pobres da Europa podem se afastar dos combustíveis fósseis enquanto fornecem amortecedores para aqueles ameaçados pela mudança.

A mudança já aumentou as tensões. Vilas estão tentando bloquear as turbinas eólicas, argumentando que vão afastar os turistas – a principal fonte de renda da Grécia. Os cidadãos estão se agitando com a perda de empregos na mineração. E um aumento no preço do gás natural, um combustível usado para fazer a transição do petróleo para a energia renovável, está atingindo as famílias mais pobres, forçando o governo a subsidiar os custos.

Duas turbinas eólicas em uma colina fora da principal cidade de Naxos, Grécia  Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

No entanto, o preço alto das mudanças climáticas está criando urgência. No verão passado, a Grécia foi devastada pelos piores incêndios florestais em anos, quando as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, ou 115 graus Fahrenheit. Casas foram demolidas e milhares de pessoas foram deslocadas. Quase nenhum canto da Europa ficou intocado pelo clima extremo, seja fogo, inundação ou calor.

O cabo submarino conectado a Naxos é fundamental na estratégia da Grécia para atrair investimentos em energia renovável. A ideia é construir a infraestrutura incompleta da Grécia para circular mais energia solar e eólica através da rede nacional. A Grécia pretende produzir 60% de sua energia a partir de fontes de energia renováveis até 2030 e ser neutra em relação ao clima até 2050.

BlackRock, Quantum Energy Partners e Fortress Investment Group disseram que veem uma bonança potencial em investir em desenvolvimento verde aqui. Empresas americanas, chinesas e europeias estão lançando parques eólicos e solares, instalações hidrelétricas e projetos de hidrogênio e baterias para armazenar energia renovável.

A Volkswagen está substituindo automóveis e transportes públicos na ilha de Astipaleia, por veículos elétricos alimentados por fontes de energia solar que está instalando. Em Halki, uma ilha de apenas 300 habitantes, a gigante francesa de energia Vinci está construindo campos fotovoltaicos para abastecer a iluminação pública, casas e empresas com baixo ou nenhum custo.

No entanto, apesar de todos os benefícios de uma transformação de energia verde, um emaranhado de problemas permanece. Grupos ambientalistas dizem que o governo está limpando com uma mão e poluindo com a outra.

Eles citam projetos maciços de exploração de gás natural que ocorrem no Mar Jônico, perto de Creta, Corfu e outras ilhas, que Mitsotakis defendeu como necessários para obter um recurso crítico para a transição à energia limpa. Novas licenças foram concedidas à Exxon Mobil, Total e Hellenic Petroleum durante a crise financeira, enquanto a Grécia enfrentava dívidas enormes. Alguns potenciais campos de perfuração perto da Turquia provocaram tensões geopolíticas.

Outros estão descontentes com a ideia de gigantescas turbinas eólicas desfigurando a paisagem que atrai o turismo – a única atividade que a Grécia faz bem. Sete pessoas ficaram feridas no mês passado na ilha de Tinos – conhecida na mitologia grega como o lar do deus dos ventos por causa de suas brisas – depois que a polícia entrou em confronto com manifestantes que tentavam impedir um caminhão de transportar uma lâmina gigante de turbina eólica montanha acima.

A reação nas ilhas tornou-se tão tempestuosa que as autoridades estão pensando em instalar turbinas flutuantes e plataformas solares no mar.

“O governo não pode simplesmente chegar com arrogância e dizer: ‘Temos investidores e vamos entrar’”, disse Nikos Charalambides, chefe do Greenpeace Grécia, que apoia os movimentos em direção às energias renováveis, mas diz que os cidadãos não estão sendo devidamente consultados.

No continente, mais de oito mil empregos na mineração estão ameaçados pelos planos de Mitsotakis de fechar todas, exceto uma, das 14 unidades geradoras de energia movidas a carvão lignito da Grécia até 2023. Em resposta, o governo prometeu transformar as áreas mais atingidas, incluindo o oeste da Macedônia e Megalopolis, uma cidade de carvão no Peloponeso, em locais onde novos tipos de trabalho surgiriam.

Os planos são ambiciosos, exigindo agricultura neutra em carbono, campos fotovoltaicos, turismo sustentável e campi de startups empreendedoras que, teoricamente, modernizariam a Grécia – e criariam até 200 mil novos empregos em energia e meio ambiente.

Os críticos são céticos. Ao mesmo tempo, os gregos entendem que o país não tem escolha a não ser seguir em frente, disse Charalambides.

“Esta é uma oportunidade para a economia e a sociedade criarem novos empregos e uma nova perspectiva”, ele disse. “A Grécia está tão esgotada pela crise financeira e tão ineficiente como um estado. Se a transição para a energia verde funcionar aqui, não há nenhum lugar na Europa onde não possa funcionar.” / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE, NAXOS, Grécia - Na ponta oeste varrida pelo vento de uma das maiores ilhas da Grécia, um edifício de pedra modesto acima do Mar Egeu tornou-se um posto avançado improvável na luta do país contra as mudanças climáticas.

Camuflada em seu interior está uma nova estação de energia ligada a um cabo de eletricidade submarino de 180 milhas que liga Naxos a uma cadeia de outros playgrounds de férias arejados, permitindo que as ilhas abandonem seus geradores a óleo para obter energia renovável a partir do vento e do sol abundantes da Grécia.

Uma subestação elétrica, escondida dentro de uma casa de pedra para não ser desagradável para os turistas, e ligada a um cabo submarino em Naxos, Grécia Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

As ilhas próximas tornaram-se laboratórios de carbono zero para empresas como a Volkswagen espalharem carros elétricos e conectarem comunidades para obter energia limpa. As mudanças também estão em andamento no continente, onde as minas de carvão lignito sujas que abasteceram a Grécia por décadas estão sendo fechadas com rapidez.

A pressão por uma transição para energia limpa pareceria uma tarefa hercúlea para a Grécia, um país de cerca de 10 milhões de habitantes que recentemente emergiu de uma devastadora crise de uma década e ainda depende fortemente de combustíveis fósseis para obter energia.

Mas enquanto a União Europeia busca ser líder global na corrida para deter as mudanças climáticas, a Grécia está apostando que se voltar para um futuro livre de carbono pode remodelar seu destino econômico.

“O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível”, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, um conservador que assumiu o cargo em 2019 prometendo reconstruir a Grécia, em parte com base em uma agenda ambiental.

“A Grécia pode ser um paradigma de como a transição energética e a ação climática podem criar empregos e crescimento sustentável”, ele disse em uma entrevista.

O sucesso da Grécia importa. À medida que países europeus mais ricos, como Noruega e Dinamarca, progridem na reengenharia de suas economias para serem mais favoráveis ao clima, a Grécia oferece um teste para saber se – e com que eficácia – os estados mais pobres da Europa podem se afastar dos combustíveis fósseis enquanto fornecem amortecedores para aqueles ameaçados pela mudança.

A mudança já aumentou as tensões. Vilas estão tentando bloquear as turbinas eólicas, argumentando que vão afastar os turistas – a principal fonte de renda da Grécia. Os cidadãos estão se agitando com a perda de empregos na mineração. E um aumento no preço do gás natural, um combustível usado para fazer a transição do petróleo para a energia renovável, está atingindo as famílias mais pobres, forçando o governo a subsidiar os custos.

Duas turbinas eólicas em uma colina fora da principal cidade de Naxos, Grécia  Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

No entanto, o preço alto das mudanças climáticas está criando urgência. No verão passado, a Grécia foi devastada pelos piores incêndios florestais em anos, quando as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, ou 115 graus Fahrenheit. Casas foram demolidas e milhares de pessoas foram deslocadas. Quase nenhum canto da Europa ficou intocado pelo clima extremo, seja fogo, inundação ou calor.

O cabo submarino conectado a Naxos é fundamental na estratégia da Grécia para atrair investimentos em energia renovável. A ideia é construir a infraestrutura incompleta da Grécia para circular mais energia solar e eólica através da rede nacional. A Grécia pretende produzir 60% de sua energia a partir de fontes de energia renováveis até 2030 e ser neutra em relação ao clima até 2050.

BlackRock, Quantum Energy Partners e Fortress Investment Group disseram que veem uma bonança potencial em investir em desenvolvimento verde aqui. Empresas americanas, chinesas e europeias estão lançando parques eólicos e solares, instalações hidrelétricas e projetos de hidrogênio e baterias para armazenar energia renovável.

A Volkswagen está substituindo automóveis e transportes públicos na ilha de Astipaleia, por veículos elétricos alimentados por fontes de energia solar que está instalando. Em Halki, uma ilha de apenas 300 habitantes, a gigante francesa de energia Vinci está construindo campos fotovoltaicos para abastecer a iluminação pública, casas e empresas com baixo ou nenhum custo.

No entanto, apesar de todos os benefícios de uma transformação de energia verde, um emaranhado de problemas permanece. Grupos ambientalistas dizem que o governo está limpando com uma mão e poluindo com a outra.

Eles citam projetos maciços de exploração de gás natural que ocorrem no Mar Jônico, perto de Creta, Corfu e outras ilhas, que Mitsotakis defendeu como necessários para obter um recurso crítico para a transição à energia limpa. Novas licenças foram concedidas à Exxon Mobil, Total e Hellenic Petroleum durante a crise financeira, enquanto a Grécia enfrentava dívidas enormes. Alguns potenciais campos de perfuração perto da Turquia provocaram tensões geopolíticas.

Outros estão descontentes com a ideia de gigantescas turbinas eólicas desfigurando a paisagem que atrai o turismo – a única atividade que a Grécia faz bem. Sete pessoas ficaram feridas no mês passado na ilha de Tinos – conhecida na mitologia grega como o lar do deus dos ventos por causa de suas brisas – depois que a polícia entrou em confronto com manifestantes que tentavam impedir um caminhão de transportar uma lâmina gigante de turbina eólica montanha acima.

A reação nas ilhas tornou-se tão tempestuosa que as autoridades estão pensando em instalar turbinas flutuantes e plataformas solares no mar.

“O governo não pode simplesmente chegar com arrogância e dizer: ‘Temos investidores e vamos entrar’”, disse Nikos Charalambides, chefe do Greenpeace Grécia, que apoia os movimentos em direção às energias renováveis, mas diz que os cidadãos não estão sendo devidamente consultados.

No continente, mais de oito mil empregos na mineração estão ameaçados pelos planos de Mitsotakis de fechar todas, exceto uma, das 14 unidades geradoras de energia movidas a carvão lignito da Grécia até 2023. Em resposta, o governo prometeu transformar as áreas mais atingidas, incluindo o oeste da Macedônia e Megalopolis, uma cidade de carvão no Peloponeso, em locais onde novos tipos de trabalho surgiriam.

Os planos são ambiciosos, exigindo agricultura neutra em carbono, campos fotovoltaicos, turismo sustentável e campi de startups empreendedoras que, teoricamente, modernizariam a Grécia – e criariam até 200 mil novos empregos em energia e meio ambiente.

Os críticos são céticos. Ao mesmo tempo, os gregos entendem que o país não tem escolha a não ser seguir em frente, disse Charalambides.

“Esta é uma oportunidade para a economia e a sociedade criarem novos empregos e uma nova perspectiva”, ele disse. “A Grécia está tão esgotada pela crise financeira e tão ineficiente como um estado. Se a transição para a energia verde funcionar aqui, não há nenhum lugar na Europa onde não possa funcionar.” / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE, NAXOS, Grécia - Na ponta oeste varrida pelo vento de uma das maiores ilhas da Grécia, um edifício de pedra modesto acima do Mar Egeu tornou-se um posto avançado improvável na luta do país contra as mudanças climáticas.

Camuflada em seu interior está uma nova estação de energia ligada a um cabo de eletricidade submarino de 180 milhas que liga Naxos a uma cadeia de outros playgrounds de férias arejados, permitindo que as ilhas abandonem seus geradores a óleo para obter energia renovável a partir do vento e do sol abundantes da Grécia.

Uma subestação elétrica, escondida dentro de uma casa de pedra para não ser desagradável para os turistas, e ligada a um cabo submarino em Naxos, Grécia Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

As ilhas próximas tornaram-se laboratórios de carbono zero para empresas como a Volkswagen espalharem carros elétricos e conectarem comunidades para obter energia limpa. As mudanças também estão em andamento no continente, onde as minas de carvão lignito sujas que abasteceram a Grécia por décadas estão sendo fechadas com rapidez.

A pressão por uma transição para energia limpa pareceria uma tarefa hercúlea para a Grécia, um país de cerca de 10 milhões de habitantes que recentemente emergiu de uma devastadora crise de uma década e ainda depende fortemente de combustíveis fósseis para obter energia.

Mas enquanto a União Europeia busca ser líder global na corrida para deter as mudanças climáticas, a Grécia está apostando que se voltar para um futuro livre de carbono pode remodelar seu destino econômico.

“O crescimento da economia está intrinsecamente ligado a nos tornarmos tão independentes em energia quanto possível”, disse o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, um conservador que assumiu o cargo em 2019 prometendo reconstruir a Grécia, em parte com base em uma agenda ambiental.

“A Grécia pode ser um paradigma de como a transição energética e a ação climática podem criar empregos e crescimento sustentável”, ele disse em uma entrevista.

O sucesso da Grécia importa. À medida que países europeus mais ricos, como Noruega e Dinamarca, progridem na reengenharia de suas economias para serem mais favoráveis ao clima, a Grécia oferece um teste para saber se – e com que eficácia – os estados mais pobres da Europa podem se afastar dos combustíveis fósseis enquanto fornecem amortecedores para aqueles ameaçados pela mudança.

A mudança já aumentou as tensões. Vilas estão tentando bloquear as turbinas eólicas, argumentando que vão afastar os turistas – a principal fonte de renda da Grécia. Os cidadãos estão se agitando com a perda de empregos na mineração. E um aumento no preço do gás natural, um combustível usado para fazer a transição do petróleo para a energia renovável, está atingindo as famílias mais pobres, forçando o governo a subsidiar os custos.

Duas turbinas eólicas em uma colina fora da principal cidade de Naxos, Grécia  Foto: Eirini Vourloumis/The New York Times

No entanto, o preço alto das mudanças climáticas está criando urgência. No verão passado, a Grécia foi devastada pelos piores incêndios florestais em anos, quando as temperaturas atingiram 46 graus Celsius, ou 115 graus Fahrenheit. Casas foram demolidas e milhares de pessoas foram deslocadas. Quase nenhum canto da Europa ficou intocado pelo clima extremo, seja fogo, inundação ou calor.

O cabo submarino conectado a Naxos é fundamental na estratégia da Grécia para atrair investimentos em energia renovável. A ideia é construir a infraestrutura incompleta da Grécia para circular mais energia solar e eólica através da rede nacional. A Grécia pretende produzir 60% de sua energia a partir de fontes de energia renováveis até 2030 e ser neutra em relação ao clima até 2050.

BlackRock, Quantum Energy Partners e Fortress Investment Group disseram que veem uma bonança potencial em investir em desenvolvimento verde aqui. Empresas americanas, chinesas e europeias estão lançando parques eólicos e solares, instalações hidrelétricas e projetos de hidrogênio e baterias para armazenar energia renovável.

A Volkswagen está substituindo automóveis e transportes públicos na ilha de Astipaleia, por veículos elétricos alimentados por fontes de energia solar que está instalando. Em Halki, uma ilha de apenas 300 habitantes, a gigante francesa de energia Vinci está construindo campos fotovoltaicos para abastecer a iluminação pública, casas e empresas com baixo ou nenhum custo.

No entanto, apesar de todos os benefícios de uma transformação de energia verde, um emaranhado de problemas permanece. Grupos ambientalistas dizem que o governo está limpando com uma mão e poluindo com a outra.

Eles citam projetos maciços de exploração de gás natural que ocorrem no Mar Jônico, perto de Creta, Corfu e outras ilhas, que Mitsotakis defendeu como necessários para obter um recurso crítico para a transição à energia limpa. Novas licenças foram concedidas à Exxon Mobil, Total e Hellenic Petroleum durante a crise financeira, enquanto a Grécia enfrentava dívidas enormes. Alguns potenciais campos de perfuração perto da Turquia provocaram tensões geopolíticas.

Outros estão descontentes com a ideia de gigantescas turbinas eólicas desfigurando a paisagem que atrai o turismo – a única atividade que a Grécia faz bem. Sete pessoas ficaram feridas no mês passado na ilha de Tinos – conhecida na mitologia grega como o lar do deus dos ventos por causa de suas brisas – depois que a polícia entrou em confronto com manifestantes que tentavam impedir um caminhão de transportar uma lâmina gigante de turbina eólica montanha acima.

A reação nas ilhas tornou-se tão tempestuosa que as autoridades estão pensando em instalar turbinas flutuantes e plataformas solares no mar.

“O governo não pode simplesmente chegar com arrogância e dizer: ‘Temos investidores e vamos entrar’”, disse Nikos Charalambides, chefe do Greenpeace Grécia, que apoia os movimentos em direção às energias renováveis, mas diz que os cidadãos não estão sendo devidamente consultados.

No continente, mais de oito mil empregos na mineração estão ameaçados pelos planos de Mitsotakis de fechar todas, exceto uma, das 14 unidades geradoras de energia movidas a carvão lignito da Grécia até 2023. Em resposta, o governo prometeu transformar as áreas mais atingidas, incluindo o oeste da Macedônia e Megalopolis, uma cidade de carvão no Peloponeso, em locais onde novos tipos de trabalho surgiriam.

Os planos são ambiciosos, exigindo agricultura neutra em carbono, campos fotovoltaicos, turismo sustentável e campi de startups empreendedoras que, teoricamente, modernizariam a Grécia – e criariam até 200 mil novos empregos em energia e meio ambiente.

Os críticos são céticos. Ao mesmo tempo, os gregos entendem que o país não tem escolha a não ser seguir em frente, disse Charalambides.

“Esta é uma oportunidade para a economia e a sociedade criarem novos empregos e uma nova perspectiva”, ele disse. “A Grécia está tão esgotada pela crise financeira e tão ineficiente como um estado. Se a transição para a energia verde funcionar aqui, não há nenhum lugar na Europa onde não possa funcionar.” / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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