Na Índia, manifestantes e primeiro-ministro disputam legado de Gandhi


Narendra Modi diz que o ícone nacional teria apoiado sua lei de cidadania contenciosa. Os manifestantes dizem que isso vai contra tudo o que Gandhi representa

Por Maria Abi-Habib

NOVA DELHI - Os manifestantes que desafiam a visão do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de um país voltado para os hindus evocam de maneira bastante liberal o legado de um ícone nacional: Mohandas K. Gandhi, que desejava uma pátria onde hindus e muçulmanos coexistiriam em meio à paz mantida por um governo secular.

Assim, para eles, tem sido vergonhoso assistir enquanto Modi e seus aliados reivindicam para si o manto de Gandhi para promover sua própria pauta, incluindo o tema que deu início aos protestos - uma polêmica lei de cidadania que, de acordo com os críticos, mostra uma discriminação clara contra os muçulmanos.

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Com a aproximação do 72º aniversário do assassinato de Gandhi no fim do mês passado, Modie seu partido Bharatiya Janata (PBJ) empregaram o nome do antigo líder indiano em uma campanha contra os protestos. “Estamos apenas implementando aquilo que desejavam os grandes combatentes pela liberdade. Seguimos a vontade de Gandhi", disse Modi em defesa da nova lei, empregando um sufixo indicativo de respeito.

Depois de se reeleger com ampla vantagem em maio, Modi cancelou o status de região especial da Caxemira, território predominantemente muçulmano, e milhares foram presos na região sem terem sido acusados. O partido dele defendeu uma decisão dos tribunais permitindo a construção de um templo hindu no local de uma mesquita de séculos atrás.

Lei que marginaliza muçulmanos levou a protestos nas ruas de Nova Delhi. Foto: Saumya Khandelwal para The New York Times
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E agora o partido pressionou pela aprovação da lei de cidadania, que favorece os imigrantes de todas as principais religiões sul-asiáticas, mas não o Islã. Para os críticos, se a lei for somada a um teste de cidadania, os muçulmanos podem perder seus direitos ou até a nacionalidade.

“Modi evoca tudo a respeito de Gandhi exceto a harmonia entre hindus e muçulmanos, que era o elemento mais crucial do seu trabalho", disse Ramachandra Guha, autor de uma importante biografia de Gandhi que foi detido em uma manifestação recente. Alguns dos primeiros protestos resultaram em enfrentamentos, mas as manifestações mais recentes se inspiraram no exemplo de resistência não violenta de Gandhi. A resposta do governo foi a força e a desinformação. Ao longo dos seis anos em que já está no poder, Modi associou a si ao legado de Gandhi, dizendo que os dois são “filhos da mesma terra".

Ambos nasceram no estado de Gujarat. Em outubro, Modi escreveu um editorial no New York Times convocando o mundo a aprender com o exemplo de Gandhi. Mas omitiu o fato de que Gandhi foi assassinado por um nacionalista hindu inspirado pelo Rashtriya Swayamsevak Sangh, o mesmo movimento linha-dura que formou Modi. 

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O assassino, Nathuram Godse, acreditava que Gandhi tinha traído os hindus por ser excessivamente conciliatório diante dos muçulmanos. O PBJ está repleto de funcionários que consideram Gandhi um traidor. “A ideologia que o matou tenta agora reivindicá-lo para si", disse Tushar Gandhi, bisneto de Gandhi que defende os manifestantes.

O retrato de Gandhi é visto por toda parte, e a maioria dos indianos o considera um modelo de moralidade. Para Modi, o cultivo dessa associação o ajuda a atrair eleitores indianos tradicionalmente desconfiados do sectarismo do seu partido. Recentemente, o partido distribuiu um panfleto combatendo o que chamou de “desinformação" a respeito da lei de cidadania, estampado com a imagem de Gandhi e uma citação dele indicando que, aparentemente, teria defendido a lei. Mas a citação foi tirada de contexto.

“Para nós, é doloroso pensar que Gandhi protestava contra uma potência estrangeira e precisamos agora recorrer às mesmas táticas contra nosso próprio governo, um governo indiano", disse a manifestante Saima Khan, de 33 anos, em Nova Delhi. Ela acrescentou que Gandhi morreu por uma Índia na qual os muçulmanos se sentiriam à vontade, um ideal agora sob ameaça. “Quando as pessoas pensam na Índia, o que vem à mente é a Índia de Gandhi", disse ela. “Mas não é essa a Índia desejada pelo governo.” / Kai Schultz, Hari Kumar, Sameer Yasir e Suhasini Raj contribuíram com a reportagem. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

NOVA DELHI - Os manifestantes que desafiam a visão do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de um país voltado para os hindus evocam de maneira bastante liberal o legado de um ícone nacional: Mohandas K. Gandhi, que desejava uma pátria onde hindus e muçulmanos coexistiriam em meio à paz mantida por um governo secular.

Assim, para eles, tem sido vergonhoso assistir enquanto Modi e seus aliados reivindicam para si o manto de Gandhi para promover sua própria pauta, incluindo o tema que deu início aos protestos - uma polêmica lei de cidadania que, de acordo com os críticos, mostra uma discriminação clara contra os muçulmanos.

Com a aproximação do 72º aniversário do assassinato de Gandhi no fim do mês passado, Modie seu partido Bharatiya Janata (PBJ) empregaram o nome do antigo líder indiano em uma campanha contra os protestos. “Estamos apenas implementando aquilo que desejavam os grandes combatentes pela liberdade. Seguimos a vontade de Gandhi", disse Modi em defesa da nova lei, empregando um sufixo indicativo de respeito.

Depois de se reeleger com ampla vantagem em maio, Modi cancelou o status de região especial da Caxemira, território predominantemente muçulmano, e milhares foram presos na região sem terem sido acusados. O partido dele defendeu uma decisão dos tribunais permitindo a construção de um templo hindu no local de uma mesquita de séculos atrás.

Lei que marginaliza muçulmanos levou a protestos nas ruas de Nova Delhi. Foto: Saumya Khandelwal para The New York Times

E agora o partido pressionou pela aprovação da lei de cidadania, que favorece os imigrantes de todas as principais religiões sul-asiáticas, mas não o Islã. Para os críticos, se a lei for somada a um teste de cidadania, os muçulmanos podem perder seus direitos ou até a nacionalidade.

“Modi evoca tudo a respeito de Gandhi exceto a harmonia entre hindus e muçulmanos, que era o elemento mais crucial do seu trabalho", disse Ramachandra Guha, autor de uma importante biografia de Gandhi que foi detido em uma manifestação recente. Alguns dos primeiros protestos resultaram em enfrentamentos, mas as manifestações mais recentes se inspiraram no exemplo de resistência não violenta de Gandhi. A resposta do governo foi a força e a desinformação. Ao longo dos seis anos em que já está no poder, Modi associou a si ao legado de Gandhi, dizendo que os dois são “filhos da mesma terra".

Ambos nasceram no estado de Gujarat. Em outubro, Modi escreveu um editorial no New York Times convocando o mundo a aprender com o exemplo de Gandhi. Mas omitiu o fato de que Gandhi foi assassinado por um nacionalista hindu inspirado pelo Rashtriya Swayamsevak Sangh, o mesmo movimento linha-dura que formou Modi. 

O assassino, Nathuram Godse, acreditava que Gandhi tinha traído os hindus por ser excessivamente conciliatório diante dos muçulmanos. O PBJ está repleto de funcionários que consideram Gandhi um traidor. “A ideologia que o matou tenta agora reivindicá-lo para si", disse Tushar Gandhi, bisneto de Gandhi que defende os manifestantes.

O retrato de Gandhi é visto por toda parte, e a maioria dos indianos o considera um modelo de moralidade. Para Modi, o cultivo dessa associação o ajuda a atrair eleitores indianos tradicionalmente desconfiados do sectarismo do seu partido. Recentemente, o partido distribuiu um panfleto combatendo o que chamou de “desinformação" a respeito da lei de cidadania, estampado com a imagem de Gandhi e uma citação dele indicando que, aparentemente, teria defendido a lei. Mas a citação foi tirada de contexto.

“Para nós, é doloroso pensar que Gandhi protestava contra uma potência estrangeira e precisamos agora recorrer às mesmas táticas contra nosso próprio governo, um governo indiano", disse a manifestante Saima Khan, de 33 anos, em Nova Delhi. Ela acrescentou que Gandhi morreu por uma Índia na qual os muçulmanos se sentiriam à vontade, um ideal agora sob ameaça. “Quando as pessoas pensam na Índia, o que vem à mente é a Índia de Gandhi", disse ela. “Mas não é essa a Índia desejada pelo governo.” / Kai Schultz, Hari Kumar, Sameer Yasir e Suhasini Raj contribuíram com a reportagem. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

NOVA DELHI - Os manifestantes que desafiam a visão do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de um país voltado para os hindus evocam de maneira bastante liberal o legado de um ícone nacional: Mohandas K. Gandhi, que desejava uma pátria onde hindus e muçulmanos coexistiriam em meio à paz mantida por um governo secular.

Assim, para eles, tem sido vergonhoso assistir enquanto Modi e seus aliados reivindicam para si o manto de Gandhi para promover sua própria pauta, incluindo o tema que deu início aos protestos - uma polêmica lei de cidadania que, de acordo com os críticos, mostra uma discriminação clara contra os muçulmanos.

Com a aproximação do 72º aniversário do assassinato de Gandhi no fim do mês passado, Modie seu partido Bharatiya Janata (PBJ) empregaram o nome do antigo líder indiano em uma campanha contra os protestos. “Estamos apenas implementando aquilo que desejavam os grandes combatentes pela liberdade. Seguimos a vontade de Gandhi", disse Modi em defesa da nova lei, empregando um sufixo indicativo de respeito.

Depois de se reeleger com ampla vantagem em maio, Modi cancelou o status de região especial da Caxemira, território predominantemente muçulmano, e milhares foram presos na região sem terem sido acusados. O partido dele defendeu uma decisão dos tribunais permitindo a construção de um templo hindu no local de uma mesquita de séculos atrás.

Lei que marginaliza muçulmanos levou a protestos nas ruas de Nova Delhi. Foto: Saumya Khandelwal para The New York Times

E agora o partido pressionou pela aprovação da lei de cidadania, que favorece os imigrantes de todas as principais religiões sul-asiáticas, mas não o Islã. Para os críticos, se a lei for somada a um teste de cidadania, os muçulmanos podem perder seus direitos ou até a nacionalidade.

“Modi evoca tudo a respeito de Gandhi exceto a harmonia entre hindus e muçulmanos, que era o elemento mais crucial do seu trabalho", disse Ramachandra Guha, autor de uma importante biografia de Gandhi que foi detido em uma manifestação recente. Alguns dos primeiros protestos resultaram em enfrentamentos, mas as manifestações mais recentes se inspiraram no exemplo de resistência não violenta de Gandhi. A resposta do governo foi a força e a desinformação. Ao longo dos seis anos em que já está no poder, Modi associou a si ao legado de Gandhi, dizendo que os dois são “filhos da mesma terra".

Ambos nasceram no estado de Gujarat. Em outubro, Modi escreveu um editorial no New York Times convocando o mundo a aprender com o exemplo de Gandhi. Mas omitiu o fato de que Gandhi foi assassinado por um nacionalista hindu inspirado pelo Rashtriya Swayamsevak Sangh, o mesmo movimento linha-dura que formou Modi. 

O assassino, Nathuram Godse, acreditava que Gandhi tinha traído os hindus por ser excessivamente conciliatório diante dos muçulmanos. O PBJ está repleto de funcionários que consideram Gandhi um traidor. “A ideologia que o matou tenta agora reivindicá-lo para si", disse Tushar Gandhi, bisneto de Gandhi que defende os manifestantes.

O retrato de Gandhi é visto por toda parte, e a maioria dos indianos o considera um modelo de moralidade. Para Modi, o cultivo dessa associação o ajuda a atrair eleitores indianos tradicionalmente desconfiados do sectarismo do seu partido. Recentemente, o partido distribuiu um panfleto combatendo o que chamou de “desinformação" a respeito da lei de cidadania, estampado com a imagem de Gandhi e uma citação dele indicando que, aparentemente, teria defendido a lei. Mas a citação foi tirada de contexto.

“Para nós, é doloroso pensar que Gandhi protestava contra uma potência estrangeira e precisamos agora recorrer às mesmas táticas contra nosso próprio governo, um governo indiano", disse a manifestante Saima Khan, de 33 anos, em Nova Delhi. Ela acrescentou que Gandhi morreu por uma Índia na qual os muçulmanos se sentiriam à vontade, um ideal agora sob ameaça. “Quando as pessoas pensam na Índia, o que vem à mente é a Índia de Gandhi", disse ela. “Mas não é essa a Índia desejada pelo governo.” / Kai Schultz, Hari Kumar, Sameer Yasir e Suhasini Raj contribuíram com a reportagem. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

NOVA DELHI - Os manifestantes que desafiam a visão do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, de um país voltado para os hindus evocam de maneira bastante liberal o legado de um ícone nacional: Mohandas K. Gandhi, que desejava uma pátria onde hindus e muçulmanos coexistiriam em meio à paz mantida por um governo secular.

Assim, para eles, tem sido vergonhoso assistir enquanto Modi e seus aliados reivindicam para si o manto de Gandhi para promover sua própria pauta, incluindo o tema que deu início aos protestos - uma polêmica lei de cidadania que, de acordo com os críticos, mostra uma discriminação clara contra os muçulmanos.

Com a aproximação do 72º aniversário do assassinato de Gandhi no fim do mês passado, Modie seu partido Bharatiya Janata (PBJ) empregaram o nome do antigo líder indiano em uma campanha contra os protestos. “Estamos apenas implementando aquilo que desejavam os grandes combatentes pela liberdade. Seguimos a vontade de Gandhi", disse Modi em defesa da nova lei, empregando um sufixo indicativo de respeito.

Depois de se reeleger com ampla vantagem em maio, Modi cancelou o status de região especial da Caxemira, território predominantemente muçulmano, e milhares foram presos na região sem terem sido acusados. O partido dele defendeu uma decisão dos tribunais permitindo a construção de um templo hindu no local de uma mesquita de séculos atrás.

Lei que marginaliza muçulmanos levou a protestos nas ruas de Nova Delhi. Foto: Saumya Khandelwal para The New York Times

E agora o partido pressionou pela aprovação da lei de cidadania, que favorece os imigrantes de todas as principais religiões sul-asiáticas, mas não o Islã. Para os críticos, se a lei for somada a um teste de cidadania, os muçulmanos podem perder seus direitos ou até a nacionalidade.

“Modi evoca tudo a respeito de Gandhi exceto a harmonia entre hindus e muçulmanos, que era o elemento mais crucial do seu trabalho", disse Ramachandra Guha, autor de uma importante biografia de Gandhi que foi detido em uma manifestação recente. Alguns dos primeiros protestos resultaram em enfrentamentos, mas as manifestações mais recentes se inspiraram no exemplo de resistência não violenta de Gandhi. A resposta do governo foi a força e a desinformação. Ao longo dos seis anos em que já está no poder, Modi associou a si ao legado de Gandhi, dizendo que os dois são “filhos da mesma terra".

Ambos nasceram no estado de Gujarat. Em outubro, Modi escreveu um editorial no New York Times convocando o mundo a aprender com o exemplo de Gandhi. Mas omitiu o fato de que Gandhi foi assassinado por um nacionalista hindu inspirado pelo Rashtriya Swayamsevak Sangh, o mesmo movimento linha-dura que formou Modi. 

O assassino, Nathuram Godse, acreditava que Gandhi tinha traído os hindus por ser excessivamente conciliatório diante dos muçulmanos. O PBJ está repleto de funcionários que consideram Gandhi um traidor. “A ideologia que o matou tenta agora reivindicá-lo para si", disse Tushar Gandhi, bisneto de Gandhi que defende os manifestantes.

O retrato de Gandhi é visto por toda parte, e a maioria dos indianos o considera um modelo de moralidade. Para Modi, o cultivo dessa associação o ajuda a atrair eleitores indianos tradicionalmente desconfiados do sectarismo do seu partido. Recentemente, o partido distribuiu um panfleto combatendo o que chamou de “desinformação" a respeito da lei de cidadania, estampado com a imagem de Gandhi e uma citação dele indicando que, aparentemente, teria defendido a lei. Mas a citação foi tirada de contexto.

“Para nós, é doloroso pensar que Gandhi protestava contra uma potência estrangeira e precisamos agora recorrer às mesmas táticas contra nosso próprio governo, um governo indiano", disse a manifestante Saima Khan, de 33 anos, em Nova Delhi. Ela acrescentou que Gandhi morreu por uma Índia na qual os muçulmanos se sentiriam à vontade, um ideal agora sob ameaça. “Quando as pessoas pensam na Índia, o que vem à mente é a Índia de Gandhi", disse ela. “Mas não é essa a Índia desejada pelo governo.” / Kai Schultz, Hari Kumar, Sameer Yasir e Suhasini Raj contribuíram com a reportagem. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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