Mesquita em Nova York amplia rede de proteção a imigrantes


Abrigo das Mulheres de Asiyah, localizada no templo, é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abusos

Por Adriana Carranca

Carrie Ellman-Larsen, que ensina teatro em escolas públicas, não costuma sair tarde à noite, mas em uma noite amena de agosto do ano passado, ela decidiu dar um passeio em seu bairro, o Brooklyn. Em poucos minutos, deparou-se com uma briga. Um homem estava bloqueando o caminho de uma jovem mulher. Embora Ellman-Larsen não conseguisse entender a língua, ela ficou alarmada. Homens cercaram o casal. "Deixe-a ir conosco", disseram a Ellman-Larsen. Finalmente, a mulher se pronunciou. “Casamento forçado. Eu não estou segura. Por favor, me ajude", disse. Quando os policiais chegaram, disseram à mulher, que se recusou a prestar queixa, para ir para casa. Apenas no fim daquela noite, a mulher, uma imigrante de 20 anos que pediu para ser identificada pelo sobrenome de solteira, Zahan, sentiu-se confortável o suficiente para contar sua história.

Abrigo ajuda muçulmanas a fugir de casamentos forçados. Foto: Kholood Eid / The New York Times
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Zahan estava em Nova York há três meses. Ela deixou Dhaka, capital de Bangladesh, onde morou com sua família e estudou Engenharia da Computação. Em 2017, os pais de Zahan informaram que os convidados estavam chegando. Um casal mais velho chegou com o filho, um cidadão americano de 30 anos, de origem bengalesa. Ela e o estranho deveriam se casar. "Comecei a chorae", lembrou. O casamento forçado é muito difundido em Bangladesh, onde, segundo a Unicef, 59% das meninas casam-se aos 18 anos. Seu marido retornou aos Estados Unidos para solicitar um visto de cônjuge. Em Bangladesh, ela tentou convencer sua família a deixá-la desistir do casamento. Quando seus pais descobriram que ela havia consultado um advogado de divórcio, chamaram-na de prostituta, retiraram-na da escola, trancaram-na em casa e tornaram-se “violentos”. Após cerca de um ano, o marido voltou e eles partiram para os Estados Unidos.Zahan foi informada de que seria deportada se tentasse deixar o marido, disse ela, acrescentando que seu passaporte havia sido tomado. Seu marido negou qualquer ato de violência ou abuso e que o casamento fosse forçado. Mas naquela noite no Brooklyn, Zahan decidiu que não aguentava mais. Ela começou a correr, mas o marido a alcançou. Essa foi a cena vista por Ellman-Larsen. Então ela postou uma mensagem no Facebook. "Eu preciso de uma advogada bengali agora", suplicou. A mensagem chegou a Shahana Hanif, uma feminista muçulmana de Bangladesh. Ela lembrou de uma mesquita que abrira um refúgio para mulheres imigrantes muçulmanas. Eles cadastraram Zahan no Abrigo das Mulheres de Asiyah às 2 da manhã. Em uma era de proibições de viagens, sentimentos antiimigração e ataques terroristas a mesquitas, são muitas as preocupações entre os muçulmanos. Se por acaso forem sobreviventes muçulmanos de abuso, o medo pode ser paralisante. Há também temor entre os imigrantes - ilegais ou, como Zahan, aqueles que têm medo de perder seu status de imigrante - de aparecer no tribunal. Este não é um medo irracional. Entre 2016 e 2018, as operações de Imigração e Alfândega nos tribunais do Estado de Nova York aumentaram em 1.700%, de acordo com uma pesquisa do Projeto de Defesa do Imigrante. A maioria das detenções ocorreu em Nova York, com Queens e Brooklyn relatando os maiores números. Embora a cidade de Nova York tenha uma população de quase 800 mil muçulmanos, Asiyah é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abuso. Devido à sua afiliação religiosa, Asiyah não é elegível para dinheiro público e tem lutado para funcionar exclusivamente com doações. Zahan não era fluente em inglês, nem conhecia a cultura americana ou sabia como se locomover em metrôs ou ônibus. Ela não tinha amigos nem dinheiro, e seu status de imigração dependia do marido. Agora, ela conseguiu dar passos para começar uma nova vida. Recebeu ajuda de um advogado de imigração, mudou-se para um apartamento e encontrou um emprego como caixa em uma rede de fast food. Embora Zahan tenha decidido pedir o divórcio, ela ainda teme que o processo afete seu status de imigrante. Mas uma coisa é clara para ela. "Eu conheço meus direitos agora", disse. "Ninguém pode me convencer a voltar para ele". / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Carrie Ellman-Larsen, que ensina teatro em escolas públicas, não costuma sair tarde à noite, mas em uma noite amena de agosto do ano passado, ela decidiu dar um passeio em seu bairro, o Brooklyn. Em poucos minutos, deparou-se com uma briga. Um homem estava bloqueando o caminho de uma jovem mulher. Embora Ellman-Larsen não conseguisse entender a língua, ela ficou alarmada. Homens cercaram o casal. "Deixe-a ir conosco", disseram a Ellman-Larsen. Finalmente, a mulher se pronunciou. “Casamento forçado. Eu não estou segura. Por favor, me ajude", disse. Quando os policiais chegaram, disseram à mulher, que se recusou a prestar queixa, para ir para casa. Apenas no fim daquela noite, a mulher, uma imigrante de 20 anos que pediu para ser identificada pelo sobrenome de solteira, Zahan, sentiu-se confortável o suficiente para contar sua história.

Abrigo ajuda muçulmanas a fugir de casamentos forçados. Foto: Kholood Eid / The New York Times

Zahan estava em Nova York há três meses. Ela deixou Dhaka, capital de Bangladesh, onde morou com sua família e estudou Engenharia da Computação. Em 2017, os pais de Zahan informaram que os convidados estavam chegando. Um casal mais velho chegou com o filho, um cidadão americano de 30 anos, de origem bengalesa. Ela e o estranho deveriam se casar. "Comecei a chorae", lembrou. O casamento forçado é muito difundido em Bangladesh, onde, segundo a Unicef, 59% das meninas casam-se aos 18 anos. Seu marido retornou aos Estados Unidos para solicitar um visto de cônjuge. Em Bangladesh, ela tentou convencer sua família a deixá-la desistir do casamento. Quando seus pais descobriram que ela havia consultado um advogado de divórcio, chamaram-na de prostituta, retiraram-na da escola, trancaram-na em casa e tornaram-se “violentos”. Após cerca de um ano, o marido voltou e eles partiram para os Estados Unidos.Zahan foi informada de que seria deportada se tentasse deixar o marido, disse ela, acrescentando que seu passaporte havia sido tomado. Seu marido negou qualquer ato de violência ou abuso e que o casamento fosse forçado. Mas naquela noite no Brooklyn, Zahan decidiu que não aguentava mais. Ela começou a correr, mas o marido a alcançou. Essa foi a cena vista por Ellman-Larsen. Então ela postou uma mensagem no Facebook. "Eu preciso de uma advogada bengali agora", suplicou. A mensagem chegou a Shahana Hanif, uma feminista muçulmana de Bangladesh. Ela lembrou de uma mesquita que abrira um refúgio para mulheres imigrantes muçulmanas. Eles cadastraram Zahan no Abrigo das Mulheres de Asiyah às 2 da manhã. Em uma era de proibições de viagens, sentimentos antiimigração e ataques terroristas a mesquitas, são muitas as preocupações entre os muçulmanos. Se por acaso forem sobreviventes muçulmanos de abuso, o medo pode ser paralisante. Há também temor entre os imigrantes - ilegais ou, como Zahan, aqueles que têm medo de perder seu status de imigrante - de aparecer no tribunal. Este não é um medo irracional. Entre 2016 e 2018, as operações de Imigração e Alfândega nos tribunais do Estado de Nova York aumentaram em 1.700%, de acordo com uma pesquisa do Projeto de Defesa do Imigrante. A maioria das detenções ocorreu em Nova York, com Queens e Brooklyn relatando os maiores números. Embora a cidade de Nova York tenha uma população de quase 800 mil muçulmanos, Asiyah é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abuso. Devido à sua afiliação religiosa, Asiyah não é elegível para dinheiro público e tem lutado para funcionar exclusivamente com doações. Zahan não era fluente em inglês, nem conhecia a cultura americana ou sabia como se locomover em metrôs ou ônibus. Ela não tinha amigos nem dinheiro, e seu status de imigração dependia do marido. Agora, ela conseguiu dar passos para começar uma nova vida. Recebeu ajuda de um advogado de imigração, mudou-se para um apartamento e encontrou um emprego como caixa em uma rede de fast food. Embora Zahan tenha decidido pedir o divórcio, ela ainda teme que o processo afete seu status de imigrante. Mas uma coisa é clara para ela. "Eu conheço meus direitos agora", disse. "Ninguém pode me convencer a voltar para ele". / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Carrie Ellman-Larsen, que ensina teatro em escolas públicas, não costuma sair tarde à noite, mas em uma noite amena de agosto do ano passado, ela decidiu dar um passeio em seu bairro, o Brooklyn. Em poucos minutos, deparou-se com uma briga. Um homem estava bloqueando o caminho de uma jovem mulher. Embora Ellman-Larsen não conseguisse entender a língua, ela ficou alarmada. Homens cercaram o casal. "Deixe-a ir conosco", disseram a Ellman-Larsen. Finalmente, a mulher se pronunciou. “Casamento forçado. Eu não estou segura. Por favor, me ajude", disse. Quando os policiais chegaram, disseram à mulher, que se recusou a prestar queixa, para ir para casa. Apenas no fim daquela noite, a mulher, uma imigrante de 20 anos que pediu para ser identificada pelo sobrenome de solteira, Zahan, sentiu-se confortável o suficiente para contar sua história.

Abrigo ajuda muçulmanas a fugir de casamentos forçados. Foto: Kholood Eid / The New York Times

Zahan estava em Nova York há três meses. Ela deixou Dhaka, capital de Bangladesh, onde morou com sua família e estudou Engenharia da Computação. Em 2017, os pais de Zahan informaram que os convidados estavam chegando. Um casal mais velho chegou com o filho, um cidadão americano de 30 anos, de origem bengalesa. Ela e o estranho deveriam se casar. "Comecei a chorae", lembrou. O casamento forçado é muito difundido em Bangladesh, onde, segundo a Unicef, 59% das meninas casam-se aos 18 anos. Seu marido retornou aos Estados Unidos para solicitar um visto de cônjuge. Em Bangladesh, ela tentou convencer sua família a deixá-la desistir do casamento. Quando seus pais descobriram que ela havia consultado um advogado de divórcio, chamaram-na de prostituta, retiraram-na da escola, trancaram-na em casa e tornaram-se “violentos”. Após cerca de um ano, o marido voltou e eles partiram para os Estados Unidos.Zahan foi informada de que seria deportada se tentasse deixar o marido, disse ela, acrescentando que seu passaporte havia sido tomado. Seu marido negou qualquer ato de violência ou abuso e que o casamento fosse forçado. Mas naquela noite no Brooklyn, Zahan decidiu que não aguentava mais. Ela começou a correr, mas o marido a alcançou. Essa foi a cena vista por Ellman-Larsen. Então ela postou uma mensagem no Facebook. "Eu preciso de uma advogada bengali agora", suplicou. A mensagem chegou a Shahana Hanif, uma feminista muçulmana de Bangladesh. Ela lembrou de uma mesquita que abrira um refúgio para mulheres imigrantes muçulmanas. Eles cadastraram Zahan no Abrigo das Mulheres de Asiyah às 2 da manhã. Em uma era de proibições de viagens, sentimentos antiimigração e ataques terroristas a mesquitas, são muitas as preocupações entre os muçulmanos. Se por acaso forem sobreviventes muçulmanos de abuso, o medo pode ser paralisante. Há também temor entre os imigrantes - ilegais ou, como Zahan, aqueles que têm medo de perder seu status de imigrante - de aparecer no tribunal. Este não é um medo irracional. Entre 2016 e 2018, as operações de Imigração e Alfândega nos tribunais do Estado de Nova York aumentaram em 1.700%, de acordo com uma pesquisa do Projeto de Defesa do Imigrante. A maioria das detenções ocorreu em Nova York, com Queens e Brooklyn relatando os maiores números. Embora a cidade de Nova York tenha uma população de quase 800 mil muçulmanos, Asiyah é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abuso. Devido à sua afiliação religiosa, Asiyah não é elegível para dinheiro público e tem lutado para funcionar exclusivamente com doações. Zahan não era fluente em inglês, nem conhecia a cultura americana ou sabia como se locomover em metrôs ou ônibus. Ela não tinha amigos nem dinheiro, e seu status de imigração dependia do marido. Agora, ela conseguiu dar passos para começar uma nova vida. Recebeu ajuda de um advogado de imigração, mudou-se para um apartamento e encontrou um emprego como caixa em uma rede de fast food. Embora Zahan tenha decidido pedir o divórcio, ela ainda teme que o processo afete seu status de imigrante. Mas uma coisa é clara para ela. "Eu conheço meus direitos agora", disse. "Ninguém pode me convencer a voltar para ele". / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Carrie Ellman-Larsen, que ensina teatro em escolas públicas, não costuma sair tarde à noite, mas em uma noite amena de agosto do ano passado, ela decidiu dar um passeio em seu bairro, o Brooklyn. Em poucos minutos, deparou-se com uma briga. Um homem estava bloqueando o caminho de uma jovem mulher. Embora Ellman-Larsen não conseguisse entender a língua, ela ficou alarmada. Homens cercaram o casal. "Deixe-a ir conosco", disseram a Ellman-Larsen. Finalmente, a mulher se pronunciou. “Casamento forçado. Eu não estou segura. Por favor, me ajude", disse. Quando os policiais chegaram, disseram à mulher, que se recusou a prestar queixa, para ir para casa. Apenas no fim daquela noite, a mulher, uma imigrante de 20 anos que pediu para ser identificada pelo sobrenome de solteira, Zahan, sentiu-se confortável o suficiente para contar sua história.

Abrigo ajuda muçulmanas a fugir de casamentos forçados. Foto: Kholood Eid / The New York Times

Zahan estava em Nova York há três meses. Ela deixou Dhaka, capital de Bangladesh, onde morou com sua família e estudou Engenharia da Computação. Em 2017, os pais de Zahan informaram que os convidados estavam chegando. Um casal mais velho chegou com o filho, um cidadão americano de 30 anos, de origem bengalesa. Ela e o estranho deveriam se casar. "Comecei a chorae", lembrou. O casamento forçado é muito difundido em Bangladesh, onde, segundo a Unicef, 59% das meninas casam-se aos 18 anos. Seu marido retornou aos Estados Unidos para solicitar um visto de cônjuge. Em Bangladesh, ela tentou convencer sua família a deixá-la desistir do casamento. Quando seus pais descobriram que ela havia consultado um advogado de divórcio, chamaram-na de prostituta, retiraram-na da escola, trancaram-na em casa e tornaram-se “violentos”. Após cerca de um ano, o marido voltou e eles partiram para os Estados Unidos.Zahan foi informada de que seria deportada se tentasse deixar o marido, disse ela, acrescentando que seu passaporte havia sido tomado. Seu marido negou qualquer ato de violência ou abuso e que o casamento fosse forçado. Mas naquela noite no Brooklyn, Zahan decidiu que não aguentava mais. Ela começou a correr, mas o marido a alcançou. Essa foi a cena vista por Ellman-Larsen. Então ela postou uma mensagem no Facebook. "Eu preciso de uma advogada bengali agora", suplicou. A mensagem chegou a Shahana Hanif, uma feminista muçulmana de Bangladesh. Ela lembrou de uma mesquita que abrira um refúgio para mulheres imigrantes muçulmanas. Eles cadastraram Zahan no Abrigo das Mulheres de Asiyah às 2 da manhã. Em uma era de proibições de viagens, sentimentos antiimigração e ataques terroristas a mesquitas, são muitas as preocupações entre os muçulmanos. Se por acaso forem sobreviventes muçulmanos de abuso, o medo pode ser paralisante. Há também temor entre os imigrantes - ilegais ou, como Zahan, aqueles que têm medo de perder seu status de imigrante - de aparecer no tribunal. Este não é um medo irracional. Entre 2016 e 2018, as operações de Imigração e Alfândega nos tribunais do Estado de Nova York aumentaram em 1.700%, de acordo com uma pesquisa do Projeto de Defesa do Imigrante. A maioria das detenções ocorreu em Nova York, com Queens e Brooklyn relatando os maiores números. Embora a cidade de Nova York tenha uma população de quase 800 mil muçulmanos, Asiyah é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abuso. Devido à sua afiliação religiosa, Asiyah não é elegível para dinheiro público e tem lutado para funcionar exclusivamente com doações. Zahan não era fluente em inglês, nem conhecia a cultura americana ou sabia como se locomover em metrôs ou ônibus. Ela não tinha amigos nem dinheiro, e seu status de imigração dependia do marido. Agora, ela conseguiu dar passos para começar uma nova vida. Recebeu ajuda de um advogado de imigração, mudou-se para um apartamento e encontrou um emprego como caixa em uma rede de fast food. Embora Zahan tenha decidido pedir o divórcio, ela ainda teme que o processo afete seu status de imigrante. Mas uma coisa é clara para ela. "Eu conheço meus direitos agora", disse. "Ninguém pode me convencer a voltar para ele". / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Carrie Ellman-Larsen, que ensina teatro em escolas públicas, não costuma sair tarde à noite, mas em uma noite amena de agosto do ano passado, ela decidiu dar um passeio em seu bairro, o Brooklyn. Em poucos minutos, deparou-se com uma briga. Um homem estava bloqueando o caminho de uma jovem mulher. Embora Ellman-Larsen não conseguisse entender a língua, ela ficou alarmada. Homens cercaram o casal. "Deixe-a ir conosco", disseram a Ellman-Larsen. Finalmente, a mulher se pronunciou. “Casamento forçado. Eu não estou segura. Por favor, me ajude", disse. Quando os policiais chegaram, disseram à mulher, que se recusou a prestar queixa, para ir para casa. Apenas no fim daquela noite, a mulher, uma imigrante de 20 anos que pediu para ser identificada pelo sobrenome de solteira, Zahan, sentiu-se confortável o suficiente para contar sua história.

Abrigo ajuda muçulmanas a fugir de casamentos forçados. Foto: Kholood Eid / The New York Times

Zahan estava em Nova York há três meses. Ela deixou Dhaka, capital de Bangladesh, onde morou com sua família e estudou Engenharia da Computação. Em 2017, os pais de Zahan informaram que os convidados estavam chegando. Um casal mais velho chegou com o filho, um cidadão americano de 30 anos, de origem bengalesa. Ela e o estranho deveriam se casar. "Comecei a chorae", lembrou. O casamento forçado é muito difundido em Bangladesh, onde, segundo a Unicef, 59% das meninas casam-se aos 18 anos. Seu marido retornou aos Estados Unidos para solicitar um visto de cônjuge. Em Bangladesh, ela tentou convencer sua família a deixá-la desistir do casamento. Quando seus pais descobriram que ela havia consultado um advogado de divórcio, chamaram-na de prostituta, retiraram-na da escola, trancaram-na em casa e tornaram-se “violentos”. Após cerca de um ano, o marido voltou e eles partiram para os Estados Unidos.Zahan foi informada de que seria deportada se tentasse deixar o marido, disse ela, acrescentando que seu passaporte havia sido tomado. Seu marido negou qualquer ato de violência ou abuso e que o casamento fosse forçado. Mas naquela noite no Brooklyn, Zahan decidiu que não aguentava mais. Ela começou a correr, mas o marido a alcançou. Essa foi a cena vista por Ellman-Larsen. Então ela postou uma mensagem no Facebook. "Eu preciso de uma advogada bengali agora", suplicou. A mensagem chegou a Shahana Hanif, uma feminista muçulmana de Bangladesh. Ela lembrou de uma mesquita que abrira um refúgio para mulheres imigrantes muçulmanas. Eles cadastraram Zahan no Abrigo das Mulheres de Asiyah às 2 da manhã. Em uma era de proibições de viagens, sentimentos antiimigração e ataques terroristas a mesquitas, são muitas as preocupações entre os muçulmanos. Se por acaso forem sobreviventes muçulmanos de abuso, o medo pode ser paralisante. Há também temor entre os imigrantes - ilegais ou, como Zahan, aqueles que têm medo de perder seu status de imigrante - de aparecer no tribunal. Este não é um medo irracional. Entre 2016 e 2018, as operações de Imigração e Alfândega nos tribunais do Estado de Nova York aumentaram em 1.700%, de acordo com uma pesquisa do Projeto de Defesa do Imigrante. A maioria das detenções ocorreu em Nova York, com Queens e Brooklyn relatando os maiores números. Embora a cidade de Nova York tenha uma população de quase 800 mil muçulmanos, Asiyah é o único refúgio dedicado a mulheres muçulmanas que fogem de abuso. Devido à sua afiliação religiosa, Asiyah não é elegível para dinheiro público e tem lutado para funcionar exclusivamente com doações. Zahan não era fluente em inglês, nem conhecia a cultura americana ou sabia como se locomover em metrôs ou ônibus. Ela não tinha amigos nem dinheiro, e seu status de imigração dependia do marido. Agora, ela conseguiu dar passos para começar uma nova vida. Recebeu ajuda de um advogado de imigração, mudou-se para um apartamento e encontrou um emprego como caixa em uma rede de fast food. Embora Zahan tenha decidido pedir o divórcio, ela ainda teme que o processo afete seu status de imigrante. Mas uma coisa é clara para ela. "Eu conheço meus direitos agora", disse. "Ninguém pode me convencer a voltar para ele". / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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