Modern Love: Os queijos dela eram tão bons que a gente teve que terminar


Pequenos gestos podem construir relacionamentos - e também os destruir

Por Rick Newman
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ela se ofereceu para trazer uns queijos chiques, daqueles tipos que custam 35 dólares o quilo. Eu disse que qualquer coisa do supermercado já estava de bom tamanho, por um quarto do preço.

'Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores.' Foto: BrewDog Bar/Divulgação

Quatro dias depois, ela me largou.

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Foi o queijo? O queijo representava algo maior? Ou era só uma vítima inocente? Eu já tinha passado por muitos términos, não ia deixar barato. Eu tinha que fazer uma super-interpretação do queijo.

Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores. Mas os queijos não eram exatamente para nós. Meus dois filhos vinham jantar conosco. São adultos de vinte e poucos anos - mas não adultos a ponto de terem opiniões esnobes sobre queijo. E achei que era meu dever paterno manter as coisas assim.

As tentações do materialismo estão por toda parte: torne-se um apreciador de gosto sofisticado. Exija o melhor. Afirme sua autoridade em intricadas questões de qualidade que nada têm a ver com prazer à mesa.

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Meu trabalho, a meu ver, era moderar esse esnobismo. Queijo comum estava bom demais. Ela já tinha encontrado meus filhos algumas vezes, então o jantar não carregava o peso das primeiras impressões. Eu também achava que ela deveria economizar aquele dinheiro para esbanjar consigo mesma. Nós dois estávamos com orçamento limitado. Parecia desperdício gastar 100 dólares em queijos que dois jovens engoliriam que nem pipoca de cinema.

Quando ela me mandou uma mensagem com alguns dias de antecedência para dizer que gostaria de trazer uma seleção de queijos de sua fromagerie local, eu respondi: “Obrigado! Muito atenciosa! Mas pode deixar que eu cuido do queijo. Não precisa trazer nada”.

Só que eu não respondi à mensagem. Escrevi no celular e, de algum jeito, não apertei “enviar”. Então, no dia da visita do meu filho e minha filha, fui buscá-la e ela entrou no carro trazendo a sofisticada sacola de queijo com alça de corda que reconheci como um símbolo de status gastronômico.

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“O que é isso?”, eu disse. “Tenho queijo em casa. Está tudo pronto”. Meu queijo já estava desembrulhado e na bancada da cozinha, pois até queijo barato fica melhor em temperatura ambiente.

Ela me lançou um olhar incrédulo. “O que você está falando?”

“Eu falei para deixar o queijo comigo”.

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“Não, você não falou nada”.

É claro que, naquele momento, não percebi que não tinha mandado a mensagem. Em vez disso, afobado, tentei explicar aquela ideia de dar uma lição nos meus filhos (servindo apenas queijo de supermercado!), o que pareceu ainda pior em voz alta do que na minha cabeça. Você pode imaginar a cena.

Ela saiu do carro bufando e fiquei me perguntando se a veria de novo. Mas ela tinha ido só deixar os queijos no apartamento dela. Quando voltou, tentei pedir desculpas, ela recusou. Aparentemente, tinha estourado a “Crise do Queijo”.

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Tentei pensar em algum uso alternativo para seus queijos gourmetizados. Nós iríamos jantar com alguns amigos meus no fim de semana seguinte, e os queijos dela seriam perfeitos para aquele público. Iriam durar. Talvez até curar um pouco.

O jantar com meu filho e minha filha foi divertido. Meu queijo acabou sendo perfeitamente adequado. Cheddar. Havarti. Alguma coisa com vinho tinto. Minha nova namorada parecia estar se divertindo. Achei que estava tudo bem.

Isso foi sábado. Na terça-feira seguinte, ela mandou mensagem dizendo que não se encontraria comigo e com meus amigos no fim de semana seguinte.

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Como assim?

Liguei para ela.

“Nossos valores são diferentes”, disse ela, acrescentando que não éramos compatíveis na relação com os filhos. Eu não conhecia os filhos dela - e agora ela não queria que conhecesse. Se eu fosse tão mesquinho com os filhos dela quanto era com os meus, isso seria o fim - embora ambos tivéssemos filhos adultos e fora de casa.

Ela não mencionou os queijos especificamente, mas entendi muito bem do que ela estava falando. O que não entendi foi como uma coisa que parecia tão pequena - uma decisão sobre queijo - poderia representar muito mais. Casais entram em conflito por questões de gosto e dinheiro o tempo todo, especialmente na meia-idade, quando temos mais rigor nos nossos padrões e expectativas. Como poderia uma briga por causa de queijo ser o fim repentino de um relacionamento cheio de alegria e possibilidades?

Trocamos mais algumas mensagens e ela parecia frustrada por eu estar confuso. Cancelei o jantar com os amigos que achei que iriam gostar do queijo dela, não queria ir sozinho. Ela e eu fomos dar um passeio.

Ela respondeu às minhas perguntas e tentou elaborar melhor quando não consegui entender. Por fim, perguntei: “Foi por causa do queijo?”

“Não exatamente”, ela disse. Mas o queijo destacou algumas coisas que estavam na sua cabeça. Primeiro, eu estava recusando.

Porque neguei queijo aos meus filhos?

Não, porque neguei o que poderia ter sido uma experiência melhor para eles.

Aquela palavra. Recusando. Aquilo me pegou. Eu sentia mesmo que estava recusando - não com meus filhos, mas com ela. Relutava em demonstrar afeto. Em me expressar. Esta era minha bagagem de mais de uma dúzia de relacionamentos que fracassaram. Como namorado em série acidental, eu tinha me acostumado com términos surpreendentes, então me fechei e tentei limitar minha exposição. Tinha emoções, mas me sentia menos vulnerável quando não as expressava.

Mas não era isso, ela disse. Entramos numa longa digressão sobre estilos de parentalidade. Depois do divórcio, quando meus filhos ainda eram pequenos, vivi por algum tempo com uma mulher e o filho dela, e a parceria na parentalidade era tão importante que nos cegou para outras rupturas inevitáveis.

Com meus filhos crescidos, pensei que a parceria na parentalidade era uma compatibilidade com a qual já não tinha que me preocupar, assim poderia me concentrar mais em todas as outras químicas complicadas: emocionais, intelectuais, sexuais, românticas, políticas, financeiras. Mas aqui estávamos nós mais uma vez: a parentalidade como prioridade. Eu me imaginei namorando já velho e carcomido, mas ainda com meu estilo de ser avô arruinando o namoro.

E tinha mais. Para ela, era importante expressar generosidade de vez em quando. Eu tinha reprimido isso rejeitando os queijos dela.

Me doeu pensar nas coisas desse jeito.

Era a variação de um tema recorrente: controle. Todo mundo queria controle. Mas, ao que parece, eu queria um pouco mais do que a média. E agora eu nem poderia discordar dela, porque discordar me lembraria de todas as outras vezes em que aconteceu algo parecido na minha vida e eu insisti que não era verdade - e isso seria só mais um exercício de controle.

Mas toda a separação não era só um grande mal-entendido? E se eu tivesse clicado em enviar naquela mensagem? E se ela nunca tivesse comprado os queijos chiques?

“Teria acontecido de qualquer jeito”, disse ela. Teria sido outra coisa. Outro incidente, por menor que fosse, também exporia as compatibilidades que nos faltavam.

E lá estava, tanto a verdade quanto o enigma. Namorar na meia-idade, quando às vezes nos fixamos demais em quem somos e como agimos, já é bastante difícil. Todo mundo já ficou com o coração partido - mais de uma vez - e tem medo de se aprofundar demais antes de sentir firmeza no relacionamento. Assim, nos prendemos às incompatibilidades, por menores que sejam, até que o peso crescente delas arrasta tudo para o fracasso.

As pessoas dizem que você não deve encanar com coisas pequenas - a menos que as pequenas coisas representem coisas grandes. Mas é difícil saber ao certo quando o pequeno vira algo grande - até você ser abandonado.

Anos antes, eu tinha me esforçado muito para entender os motivos do meu divórcio. Achava que tinha razão sobre os motivos das nossas brigas, mas finalmente percebi, ah, talvez não. Nos anos seguintes, aprendi a ter um pouco mais de humildade. Mas os relacionamentos continuavam terminando e eu continuava analisando e aquelas análises todas não punham fim aos términos.

Por que tantos atritos? Havia hábitos autodestrutivos que não eu tinha conseguido detectar na terapia? Será que eu estava fazendo escolhas erradas? Será que elas estavam fazendo escolhas erradas?

Ela e eu caminhamos por uma hora. No fim, eu ainda não entendia como a Crise do Queijo tinha se revelado tão importante, mas sabia o suficiente. Você pode se esforçar, tirar os demônios do armário, procurar outras pessoas que viveram a mesma coisa e nem assim você vai conseguir explicar de maneira convincente por que um relacionamento termina. O que você precisa fazer é explicar para si mesmo de um jeito com que você possa conviver - e com que possa aprender.

No meu caso, duas lições ficaram claras: não tente controlar tanto - e capriche nos queijos./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ela se ofereceu para trazer uns queijos chiques, daqueles tipos que custam 35 dólares o quilo. Eu disse que qualquer coisa do supermercado já estava de bom tamanho, por um quarto do preço.

'Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores.' Foto: BrewDog Bar/Divulgação

Quatro dias depois, ela me largou.

Foi o queijo? O queijo representava algo maior? Ou era só uma vítima inocente? Eu já tinha passado por muitos términos, não ia deixar barato. Eu tinha que fazer uma super-interpretação do queijo.

Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores. Mas os queijos não eram exatamente para nós. Meus dois filhos vinham jantar conosco. São adultos de vinte e poucos anos - mas não adultos a ponto de terem opiniões esnobes sobre queijo. E achei que era meu dever paterno manter as coisas assim.

As tentações do materialismo estão por toda parte: torne-se um apreciador de gosto sofisticado. Exija o melhor. Afirme sua autoridade em intricadas questões de qualidade que nada têm a ver com prazer à mesa.

Meu trabalho, a meu ver, era moderar esse esnobismo. Queijo comum estava bom demais. Ela já tinha encontrado meus filhos algumas vezes, então o jantar não carregava o peso das primeiras impressões. Eu também achava que ela deveria economizar aquele dinheiro para esbanjar consigo mesma. Nós dois estávamos com orçamento limitado. Parecia desperdício gastar 100 dólares em queijos que dois jovens engoliriam que nem pipoca de cinema.

Quando ela me mandou uma mensagem com alguns dias de antecedência para dizer que gostaria de trazer uma seleção de queijos de sua fromagerie local, eu respondi: “Obrigado! Muito atenciosa! Mas pode deixar que eu cuido do queijo. Não precisa trazer nada”.

Só que eu não respondi à mensagem. Escrevi no celular e, de algum jeito, não apertei “enviar”. Então, no dia da visita do meu filho e minha filha, fui buscá-la e ela entrou no carro trazendo a sofisticada sacola de queijo com alça de corda que reconheci como um símbolo de status gastronômico.

“O que é isso?”, eu disse. “Tenho queijo em casa. Está tudo pronto”. Meu queijo já estava desembrulhado e na bancada da cozinha, pois até queijo barato fica melhor em temperatura ambiente.

Ela me lançou um olhar incrédulo. “O que você está falando?”

“Eu falei para deixar o queijo comigo”.

“Não, você não falou nada”.

É claro que, naquele momento, não percebi que não tinha mandado a mensagem. Em vez disso, afobado, tentei explicar aquela ideia de dar uma lição nos meus filhos (servindo apenas queijo de supermercado!), o que pareceu ainda pior em voz alta do que na minha cabeça. Você pode imaginar a cena.

Ela saiu do carro bufando e fiquei me perguntando se a veria de novo. Mas ela tinha ido só deixar os queijos no apartamento dela. Quando voltou, tentei pedir desculpas, ela recusou. Aparentemente, tinha estourado a “Crise do Queijo”.

Tentei pensar em algum uso alternativo para seus queijos gourmetizados. Nós iríamos jantar com alguns amigos meus no fim de semana seguinte, e os queijos dela seriam perfeitos para aquele público. Iriam durar. Talvez até curar um pouco.

O jantar com meu filho e minha filha foi divertido. Meu queijo acabou sendo perfeitamente adequado. Cheddar. Havarti. Alguma coisa com vinho tinto. Minha nova namorada parecia estar se divertindo. Achei que estava tudo bem.

Isso foi sábado. Na terça-feira seguinte, ela mandou mensagem dizendo que não se encontraria comigo e com meus amigos no fim de semana seguinte.

Como assim?

Liguei para ela.

“Nossos valores são diferentes”, disse ela, acrescentando que não éramos compatíveis na relação com os filhos. Eu não conhecia os filhos dela - e agora ela não queria que conhecesse. Se eu fosse tão mesquinho com os filhos dela quanto era com os meus, isso seria o fim - embora ambos tivéssemos filhos adultos e fora de casa.

Ela não mencionou os queijos especificamente, mas entendi muito bem do que ela estava falando. O que não entendi foi como uma coisa que parecia tão pequena - uma decisão sobre queijo - poderia representar muito mais. Casais entram em conflito por questões de gosto e dinheiro o tempo todo, especialmente na meia-idade, quando temos mais rigor nos nossos padrões e expectativas. Como poderia uma briga por causa de queijo ser o fim repentino de um relacionamento cheio de alegria e possibilidades?

Trocamos mais algumas mensagens e ela parecia frustrada por eu estar confuso. Cancelei o jantar com os amigos que achei que iriam gostar do queijo dela, não queria ir sozinho. Ela e eu fomos dar um passeio.

Ela respondeu às minhas perguntas e tentou elaborar melhor quando não consegui entender. Por fim, perguntei: “Foi por causa do queijo?”

“Não exatamente”, ela disse. Mas o queijo destacou algumas coisas que estavam na sua cabeça. Primeiro, eu estava recusando.

Porque neguei queijo aos meus filhos?

Não, porque neguei o que poderia ter sido uma experiência melhor para eles.

Aquela palavra. Recusando. Aquilo me pegou. Eu sentia mesmo que estava recusando - não com meus filhos, mas com ela. Relutava em demonstrar afeto. Em me expressar. Esta era minha bagagem de mais de uma dúzia de relacionamentos que fracassaram. Como namorado em série acidental, eu tinha me acostumado com términos surpreendentes, então me fechei e tentei limitar minha exposição. Tinha emoções, mas me sentia menos vulnerável quando não as expressava.

Mas não era isso, ela disse. Entramos numa longa digressão sobre estilos de parentalidade. Depois do divórcio, quando meus filhos ainda eram pequenos, vivi por algum tempo com uma mulher e o filho dela, e a parceria na parentalidade era tão importante que nos cegou para outras rupturas inevitáveis.

Com meus filhos crescidos, pensei que a parceria na parentalidade era uma compatibilidade com a qual já não tinha que me preocupar, assim poderia me concentrar mais em todas as outras químicas complicadas: emocionais, intelectuais, sexuais, românticas, políticas, financeiras. Mas aqui estávamos nós mais uma vez: a parentalidade como prioridade. Eu me imaginei namorando já velho e carcomido, mas ainda com meu estilo de ser avô arruinando o namoro.

E tinha mais. Para ela, era importante expressar generosidade de vez em quando. Eu tinha reprimido isso rejeitando os queijos dela.

Me doeu pensar nas coisas desse jeito.

Era a variação de um tema recorrente: controle. Todo mundo queria controle. Mas, ao que parece, eu queria um pouco mais do que a média. E agora eu nem poderia discordar dela, porque discordar me lembraria de todas as outras vezes em que aconteceu algo parecido na minha vida e eu insisti que não era verdade - e isso seria só mais um exercício de controle.

Mas toda a separação não era só um grande mal-entendido? E se eu tivesse clicado em enviar naquela mensagem? E se ela nunca tivesse comprado os queijos chiques?

“Teria acontecido de qualquer jeito”, disse ela. Teria sido outra coisa. Outro incidente, por menor que fosse, também exporia as compatibilidades que nos faltavam.

E lá estava, tanto a verdade quanto o enigma. Namorar na meia-idade, quando às vezes nos fixamos demais em quem somos e como agimos, já é bastante difícil. Todo mundo já ficou com o coração partido - mais de uma vez - e tem medo de se aprofundar demais antes de sentir firmeza no relacionamento. Assim, nos prendemos às incompatibilidades, por menores que sejam, até que o peso crescente delas arrasta tudo para o fracasso.

As pessoas dizem que você não deve encanar com coisas pequenas - a menos que as pequenas coisas representem coisas grandes. Mas é difícil saber ao certo quando o pequeno vira algo grande - até você ser abandonado.

Anos antes, eu tinha me esforçado muito para entender os motivos do meu divórcio. Achava que tinha razão sobre os motivos das nossas brigas, mas finalmente percebi, ah, talvez não. Nos anos seguintes, aprendi a ter um pouco mais de humildade. Mas os relacionamentos continuavam terminando e eu continuava analisando e aquelas análises todas não punham fim aos términos.

Por que tantos atritos? Havia hábitos autodestrutivos que não eu tinha conseguido detectar na terapia? Será que eu estava fazendo escolhas erradas? Será que elas estavam fazendo escolhas erradas?

Ela e eu caminhamos por uma hora. No fim, eu ainda não entendia como a Crise do Queijo tinha se revelado tão importante, mas sabia o suficiente. Você pode se esforçar, tirar os demônios do armário, procurar outras pessoas que viveram a mesma coisa e nem assim você vai conseguir explicar de maneira convincente por que um relacionamento termina. O que você precisa fazer é explicar para si mesmo de um jeito com que você possa conviver - e com que possa aprender.

No meu caso, duas lições ficaram claras: não tente controlar tanto - e capriche nos queijos./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ela se ofereceu para trazer uns queijos chiques, daqueles tipos que custam 35 dólares o quilo. Eu disse que qualquer coisa do supermercado já estava de bom tamanho, por um quarto do preço.

'Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores.' Foto: BrewDog Bar/Divulgação

Quatro dias depois, ela me largou.

Foi o queijo? O queijo representava algo maior? Ou era só uma vítima inocente? Eu já tinha passado por muitos términos, não ia deixar barato. Eu tinha que fazer uma super-interpretação do queijo.

Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores. Mas os queijos não eram exatamente para nós. Meus dois filhos vinham jantar conosco. São adultos de vinte e poucos anos - mas não adultos a ponto de terem opiniões esnobes sobre queijo. E achei que era meu dever paterno manter as coisas assim.

As tentações do materialismo estão por toda parte: torne-se um apreciador de gosto sofisticado. Exija o melhor. Afirme sua autoridade em intricadas questões de qualidade que nada têm a ver com prazer à mesa.

Meu trabalho, a meu ver, era moderar esse esnobismo. Queijo comum estava bom demais. Ela já tinha encontrado meus filhos algumas vezes, então o jantar não carregava o peso das primeiras impressões. Eu também achava que ela deveria economizar aquele dinheiro para esbanjar consigo mesma. Nós dois estávamos com orçamento limitado. Parecia desperdício gastar 100 dólares em queijos que dois jovens engoliriam que nem pipoca de cinema.

Quando ela me mandou uma mensagem com alguns dias de antecedência para dizer que gostaria de trazer uma seleção de queijos de sua fromagerie local, eu respondi: “Obrigado! Muito atenciosa! Mas pode deixar que eu cuido do queijo. Não precisa trazer nada”.

Só que eu não respondi à mensagem. Escrevi no celular e, de algum jeito, não apertei “enviar”. Então, no dia da visita do meu filho e minha filha, fui buscá-la e ela entrou no carro trazendo a sofisticada sacola de queijo com alça de corda que reconheci como um símbolo de status gastronômico.

“O que é isso?”, eu disse. “Tenho queijo em casa. Está tudo pronto”. Meu queijo já estava desembrulhado e na bancada da cozinha, pois até queijo barato fica melhor em temperatura ambiente.

Ela me lançou um olhar incrédulo. “O que você está falando?”

“Eu falei para deixar o queijo comigo”.

“Não, você não falou nada”.

É claro que, naquele momento, não percebi que não tinha mandado a mensagem. Em vez disso, afobado, tentei explicar aquela ideia de dar uma lição nos meus filhos (servindo apenas queijo de supermercado!), o que pareceu ainda pior em voz alta do que na minha cabeça. Você pode imaginar a cena.

Ela saiu do carro bufando e fiquei me perguntando se a veria de novo. Mas ela tinha ido só deixar os queijos no apartamento dela. Quando voltou, tentei pedir desculpas, ela recusou. Aparentemente, tinha estourado a “Crise do Queijo”.

Tentei pensar em algum uso alternativo para seus queijos gourmetizados. Nós iríamos jantar com alguns amigos meus no fim de semana seguinte, e os queijos dela seriam perfeitos para aquele público. Iriam durar. Talvez até curar um pouco.

O jantar com meu filho e minha filha foi divertido. Meu queijo acabou sendo perfeitamente adequado. Cheddar. Havarti. Alguma coisa com vinho tinto. Minha nova namorada parecia estar se divertindo. Achei que estava tudo bem.

Isso foi sábado. Na terça-feira seguinte, ela mandou mensagem dizendo que não se encontraria comigo e com meus amigos no fim de semana seguinte.

Como assim?

Liguei para ela.

“Nossos valores são diferentes”, disse ela, acrescentando que não éramos compatíveis na relação com os filhos. Eu não conhecia os filhos dela - e agora ela não queria que conhecesse. Se eu fosse tão mesquinho com os filhos dela quanto era com os meus, isso seria o fim - embora ambos tivéssemos filhos adultos e fora de casa.

Ela não mencionou os queijos especificamente, mas entendi muito bem do que ela estava falando. O que não entendi foi como uma coisa que parecia tão pequena - uma decisão sobre queijo - poderia representar muito mais. Casais entram em conflito por questões de gosto e dinheiro o tempo todo, especialmente na meia-idade, quando temos mais rigor nos nossos padrões e expectativas. Como poderia uma briga por causa de queijo ser o fim repentino de um relacionamento cheio de alegria e possibilidades?

Trocamos mais algumas mensagens e ela parecia frustrada por eu estar confuso. Cancelei o jantar com os amigos que achei que iriam gostar do queijo dela, não queria ir sozinho. Ela e eu fomos dar um passeio.

Ela respondeu às minhas perguntas e tentou elaborar melhor quando não consegui entender. Por fim, perguntei: “Foi por causa do queijo?”

“Não exatamente”, ela disse. Mas o queijo destacou algumas coisas que estavam na sua cabeça. Primeiro, eu estava recusando.

Porque neguei queijo aos meus filhos?

Não, porque neguei o que poderia ter sido uma experiência melhor para eles.

Aquela palavra. Recusando. Aquilo me pegou. Eu sentia mesmo que estava recusando - não com meus filhos, mas com ela. Relutava em demonstrar afeto. Em me expressar. Esta era minha bagagem de mais de uma dúzia de relacionamentos que fracassaram. Como namorado em série acidental, eu tinha me acostumado com términos surpreendentes, então me fechei e tentei limitar minha exposição. Tinha emoções, mas me sentia menos vulnerável quando não as expressava.

Mas não era isso, ela disse. Entramos numa longa digressão sobre estilos de parentalidade. Depois do divórcio, quando meus filhos ainda eram pequenos, vivi por algum tempo com uma mulher e o filho dela, e a parceria na parentalidade era tão importante que nos cegou para outras rupturas inevitáveis.

Com meus filhos crescidos, pensei que a parceria na parentalidade era uma compatibilidade com a qual já não tinha que me preocupar, assim poderia me concentrar mais em todas as outras químicas complicadas: emocionais, intelectuais, sexuais, românticas, políticas, financeiras. Mas aqui estávamos nós mais uma vez: a parentalidade como prioridade. Eu me imaginei namorando já velho e carcomido, mas ainda com meu estilo de ser avô arruinando o namoro.

E tinha mais. Para ela, era importante expressar generosidade de vez em quando. Eu tinha reprimido isso rejeitando os queijos dela.

Me doeu pensar nas coisas desse jeito.

Era a variação de um tema recorrente: controle. Todo mundo queria controle. Mas, ao que parece, eu queria um pouco mais do que a média. E agora eu nem poderia discordar dela, porque discordar me lembraria de todas as outras vezes em que aconteceu algo parecido na minha vida e eu insisti que não era verdade - e isso seria só mais um exercício de controle.

Mas toda a separação não era só um grande mal-entendido? E se eu tivesse clicado em enviar naquela mensagem? E se ela nunca tivesse comprado os queijos chiques?

“Teria acontecido de qualquer jeito”, disse ela. Teria sido outra coisa. Outro incidente, por menor que fosse, também exporia as compatibilidades que nos faltavam.

E lá estava, tanto a verdade quanto o enigma. Namorar na meia-idade, quando às vezes nos fixamos demais em quem somos e como agimos, já é bastante difícil. Todo mundo já ficou com o coração partido - mais de uma vez - e tem medo de se aprofundar demais antes de sentir firmeza no relacionamento. Assim, nos prendemos às incompatibilidades, por menores que sejam, até que o peso crescente delas arrasta tudo para o fracasso.

As pessoas dizem que você não deve encanar com coisas pequenas - a menos que as pequenas coisas representem coisas grandes. Mas é difícil saber ao certo quando o pequeno vira algo grande - até você ser abandonado.

Anos antes, eu tinha me esforçado muito para entender os motivos do meu divórcio. Achava que tinha razão sobre os motivos das nossas brigas, mas finalmente percebi, ah, talvez não. Nos anos seguintes, aprendi a ter um pouco mais de humildade. Mas os relacionamentos continuavam terminando e eu continuava analisando e aquelas análises todas não punham fim aos términos.

Por que tantos atritos? Havia hábitos autodestrutivos que não eu tinha conseguido detectar na terapia? Será que eu estava fazendo escolhas erradas? Será que elas estavam fazendo escolhas erradas?

Ela e eu caminhamos por uma hora. No fim, eu ainda não entendia como a Crise do Queijo tinha se revelado tão importante, mas sabia o suficiente. Você pode se esforçar, tirar os demônios do armário, procurar outras pessoas que viveram a mesma coisa e nem assim você vai conseguir explicar de maneira convincente por que um relacionamento termina. O que você precisa fazer é explicar para si mesmo de um jeito com que você possa conviver - e com que possa aprender.

No meu caso, duas lições ficaram claras: não tente controlar tanto - e capriche nos queijos./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Ela se ofereceu para trazer uns queijos chiques, daqueles tipos que custam 35 dólares o quilo. Eu disse que qualquer coisa do supermercado já estava de bom tamanho, por um quarto do preço.

'Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores.' Foto: BrewDog Bar/Divulgação

Quatro dias depois, ela me largou.

Foi o queijo? O queijo representava algo maior? Ou era só uma vítima inocente? Eu já tinha passado por muitos términos, não ia deixar barato. Eu tinha que fazer uma super-interpretação do queijo.

Ela e eu estávamos namorando por quatro meses. Se os queijos fossem para nosso consumo, eu teria acolhido os dela com o maior prazer. Não tem como negar: os queijos dela eram muito melhores. Mas os queijos não eram exatamente para nós. Meus dois filhos vinham jantar conosco. São adultos de vinte e poucos anos - mas não adultos a ponto de terem opiniões esnobes sobre queijo. E achei que era meu dever paterno manter as coisas assim.

As tentações do materialismo estão por toda parte: torne-se um apreciador de gosto sofisticado. Exija o melhor. Afirme sua autoridade em intricadas questões de qualidade que nada têm a ver com prazer à mesa.

Meu trabalho, a meu ver, era moderar esse esnobismo. Queijo comum estava bom demais. Ela já tinha encontrado meus filhos algumas vezes, então o jantar não carregava o peso das primeiras impressões. Eu também achava que ela deveria economizar aquele dinheiro para esbanjar consigo mesma. Nós dois estávamos com orçamento limitado. Parecia desperdício gastar 100 dólares em queijos que dois jovens engoliriam que nem pipoca de cinema.

Quando ela me mandou uma mensagem com alguns dias de antecedência para dizer que gostaria de trazer uma seleção de queijos de sua fromagerie local, eu respondi: “Obrigado! Muito atenciosa! Mas pode deixar que eu cuido do queijo. Não precisa trazer nada”.

Só que eu não respondi à mensagem. Escrevi no celular e, de algum jeito, não apertei “enviar”. Então, no dia da visita do meu filho e minha filha, fui buscá-la e ela entrou no carro trazendo a sofisticada sacola de queijo com alça de corda que reconheci como um símbolo de status gastronômico.

“O que é isso?”, eu disse. “Tenho queijo em casa. Está tudo pronto”. Meu queijo já estava desembrulhado e na bancada da cozinha, pois até queijo barato fica melhor em temperatura ambiente.

Ela me lançou um olhar incrédulo. “O que você está falando?”

“Eu falei para deixar o queijo comigo”.

“Não, você não falou nada”.

É claro que, naquele momento, não percebi que não tinha mandado a mensagem. Em vez disso, afobado, tentei explicar aquela ideia de dar uma lição nos meus filhos (servindo apenas queijo de supermercado!), o que pareceu ainda pior em voz alta do que na minha cabeça. Você pode imaginar a cena.

Ela saiu do carro bufando e fiquei me perguntando se a veria de novo. Mas ela tinha ido só deixar os queijos no apartamento dela. Quando voltou, tentei pedir desculpas, ela recusou. Aparentemente, tinha estourado a “Crise do Queijo”.

Tentei pensar em algum uso alternativo para seus queijos gourmetizados. Nós iríamos jantar com alguns amigos meus no fim de semana seguinte, e os queijos dela seriam perfeitos para aquele público. Iriam durar. Talvez até curar um pouco.

O jantar com meu filho e minha filha foi divertido. Meu queijo acabou sendo perfeitamente adequado. Cheddar. Havarti. Alguma coisa com vinho tinto. Minha nova namorada parecia estar se divertindo. Achei que estava tudo bem.

Isso foi sábado. Na terça-feira seguinte, ela mandou mensagem dizendo que não se encontraria comigo e com meus amigos no fim de semana seguinte.

Como assim?

Liguei para ela.

“Nossos valores são diferentes”, disse ela, acrescentando que não éramos compatíveis na relação com os filhos. Eu não conhecia os filhos dela - e agora ela não queria que conhecesse. Se eu fosse tão mesquinho com os filhos dela quanto era com os meus, isso seria o fim - embora ambos tivéssemos filhos adultos e fora de casa.

Ela não mencionou os queijos especificamente, mas entendi muito bem do que ela estava falando. O que não entendi foi como uma coisa que parecia tão pequena - uma decisão sobre queijo - poderia representar muito mais. Casais entram em conflito por questões de gosto e dinheiro o tempo todo, especialmente na meia-idade, quando temos mais rigor nos nossos padrões e expectativas. Como poderia uma briga por causa de queijo ser o fim repentino de um relacionamento cheio de alegria e possibilidades?

Trocamos mais algumas mensagens e ela parecia frustrada por eu estar confuso. Cancelei o jantar com os amigos que achei que iriam gostar do queijo dela, não queria ir sozinho. Ela e eu fomos dar um passeio.

Ela respondeu às minhas perguntas e tentou elaborar melhor quando não consegui entender. Por fim, perguntei: “Foi por causa do queijo?”

“Não exatamente”, ela disse. Mas o queijo destacou algumas coisas que estavam na sua cabeça. Primeiro, eu estava recusando.

Porque neguei queijo aos meus filhos?

Não, porque neguei o que poderia ter sido uma experiência melhor para eles.

Aquela palavra. Recusando. Aquilo me pegou. Eu sentia mesmo que estava recusando - não com meus filhos, mas com ela. Relutava em demonstrar afeto. Em me expressar. Esta era minha bagagem de mais de uma dúzia de relacionamentos que fracassaram. Como namorado em série acidental, eu tinha me acostumado com términos surpreendentes, então me fechei e tentei limitar minha exposição. Tinha emoções, mas me sentia menos vulnerável quando não as expressava.

Mas não era isso, ela disse. Entramos numa longa digressão sobre estilos de parentalidade. Depois do divórcio, quando meus filhos ainda eram pequenos, vivi por algum tempo com uma mulher e o filho dela, e a parceria na parentalidade era tão importante que nos cegou para outras rupturas inevitáveis.

Com meus filhos crescidos, pensei que a parceria na parentalidade era uma compatibilidade com a qual já não tinha que me preocupar, assim poderia me concentrar mais em todas as outras químicas complicadas: emocionais, intelectuais, sexuais, românticas, políticas, financeiras. Mas aqui estávamos nós mais uma vez: a parentalidade como prioridade. Eu me imaginei namorando já velho e carcomido, mas ainda com meu estilo de ser avô arruinando o namoro.

E tinha mais. Para ela, era importante expressar generosidade de vez em quando. Eu tinha reprimido isso rejeitando os queijos dela.

Me doeu pensar nas coisas desse jeito.

Era a variação de um tema recorrente: controle. Todo mundo queria controle. Mas, ao que parece, eu queria um pouco mais do que a média. E agora eu nem poderia discordar dela, porque discordar me lembraria de todas as outras vezes em que aconteceu algo parecido na minha vida e eu insisti que não era verdade - e isso seria só mais um exercício de controle.

Mas toda a separação não era só um grande mal-entendido? E se eu tivesse clicado em enviar naquela mensagem? E se ela nunca tivesse comprado os queijos chiques?

“Teria acontecido de qualquer jeito”, disse ela. Teria sido outra coisa. Outro incidente, por menor que fosse, também exporia as compatibilidades que nos faltavam.

E lá estava, tanto a verdade quanto o enigma. Namorar na meia-idade, quando às vezes nos fixamos demais em quem somos e como agimos, já é bastante difícil. Todo mundo já ficou com o coração partido - mais de uma vez - e tem medo de se aprofundar demais antes de sentir firmeza no relacionamento. Assim, nos prendemos às incompatibilidades, por menores que sejam, até que o peso crescente delas arrasta tudo para o fracasso.

As pessoas dizem que você não deve encanar com coisas pequenas - a menos que as pequenas coisas representem coisas grandes. Mas é difícil saber ao certo quando o pequeno vira algo grande - até você ser abandonado.

Anos antes, eu tinha me esforçado muito para entender os motivos do meu divórcio. Achava que tinha razão sobre os motivos das nossas brigas, mas finalmente percebi, ah, talvez não. Nos anos seguintes, aprendi a ter um pouco mais de humildade. Mas os relacionamentos continuavam terminando e eu continuava analisando e aquelas análises todas não punham fim aos términos.

Por que tantos atritos? Havia hábitos autodestrutivos que não eu tinha conseguido detectar na terapia? Será que eu estava fazendo escolhas erradas? Será que elas estavam fazendo escolhas erradas?

Ela e eu caminhamos por uma hora. No fim, eu ainda não entendia como a Crise do Queijo tinha se revelado tão importante, mas sabia o suficiente. Você pode se esforçar, tirar os demônios do armário, procurar outras pessoas que viveram a mesma coisa e nem assim você vai conseguir explicar de maneira convincente por que um relacionamento termina. O que você precisa fazer é explicar para si mesmo de um jeito com que você possa conviver - e com que possa aprender.

No meu caso, duas lições ficaram claras: não tente controlar tanto - e capriche nos queijos./ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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