Modern Love: terapeuta de casais, cura-te a ti mesma


Às vezes é mais fácil ajudar os outros a enfrentar conflitos conjugais do que resolver os seus

Por Tonya Lester

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Resolvi ter um cachorrinho. Para me preparar, fiz uma planilha com as características que eu queria: que não soltasse pelos, fosse amigável, com um jeito de caminhar alegre e pouca baba. Conversei com amigos que amam cães, pesquisei treinadores e li Dog Training Revolution: The Complete Guide to Raising the Perfect Pet with Love (Revolução no treinamento de cães: o guia completo para criar o animal de estimação perfeito com amor) de Zak George.

O que eu não fiz foi conversar sobre isso com meu marido. Meu marido gosta de cachorros, mas ele foi enfático, durante muitos dos nossos mais de 20 anos juntos, que não havia como um cachorro caber em nosso apartamento, nossa família ou nossas vidas. Já tínhamos dois filhos e um gato (tudo ideia minha também) e, para ele, estávamos muito além da capacidade máxima.

Eu sabia que a conversa era inevitável; eu não poderia simplesmente aparecer com um cachorro. Mas eu continuei adiando. Sou alérgica a entrar em conflito com meu marido e, em vez disso, tento me convencer a não querer o que quero, para não ter que discutir meus desejos com ele. Depois que isso para de funcionar, fico ressentida e reclamo, silenciosamente, da injustiça de estar em um relacionamento em que alguém tem poder de veto sobre as principais decisões da minha vida. Por fim, entro em desespero silencioso - meu marido e eu somos incompatíveis, digo a mim mesma, mas eu o amo, então o que vou fazer? Pedir o divórcio?

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"A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada." Foto: Brian Rea for The New York Times

Minha atitude de evitar conflitos em meu casamento surpreenderia muitas pessoas em minha vida, especialmente meus pacientes. Afinal, sou terapeuta de casais.

Sessão após sessão, encorajo os pacientes a dizerem o que precisa ser dito. Você pode ser direto e conciso sem deixar de ser empático, eu explico. Não é ofensivo ou cruel dizer o que você quer ou como se sente. Às vezes, a outra pessoa não vai gostar do que você está dizendo e tudo bem; é apenas parte de estar em um relacionamento.

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“Existe algo chamado conflito saudável”, digo a eles. “Essa pressão sobre os relacionamentos é a maneira como eles se aprofundam e crescem. Se você não compartilhar o que está acontecendo dentro de você, não será totalmente conhecido por seu parceiro e não terá a intimidade emocional que deseja”.

Os pacientes me procuram especificamente pelo meu jeito direto. Meus amigos, e às vezes amigos de amigos, me pedem conselhos sobre como dizer coisas difíceis e como iniciar conversas dolorosas. Eles escrevem o que eu sugiro e usam essas palavras literalmente. Eles me dizem: “Você é muito boa nisso”. E para as outras pessoas, eu sou.

Eu encorajei muitas pessoas - as que evitam as emoções, as que querem agradar, as avessas ao conflito (em outras palavras, pessoas como eu) - a falar abertamente. As mulheres, principalmente, dizem que gostariam de falar e se deixarem conhecer, mas não querem que ninguém pense que estão “sendo difíceis”.

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“Por que não?” Eu digo. “O que há de tão ruim em ser difícil?”

Mas em meu próprio casamento, eu não estava sendo difícil da maneira que sugeria a meus pacientes. Eu estava sendo difícil de uma forma muito mais corrosiva. Reservada e ressentida, parei de falar com meu marido sobre o que estava acontecendo comigo além do mínimo. Havia muitas outras coisas para conversar - nossos filhos adolescentes, o trabalho dele, as notícias -, mas parei de compartilhar qualquer coisa sobre mim.

Ele não pareceu notar. A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada. Eu tinha construído um caso contra ele na minha cabeça (algo contra o qual alerto os pacientes), dizendo a mim mesma que ele era incapaz de intimidade, ele era emocionalmente mesquinho e que não tinha interesse em mim fora do papel de ajudante que desempenhei em sua vida. Nossa vida juntos era harmoniosa e externamente calorosa, mas internamente eu me sentia sozinha e ressentida.

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Por que eu era tão capaz de ajudar outras pessoas exatamente da maneira que eu mesma precisava de ajuda? Se alguém - sem mencionar meus pacientes, até mesmo meus amigos - soubesse o quão pouco eu me afirmei em meu casamento, eu ficaria envergonhada.

Sinceramente, se eu estivesse mantendo um placar de quem teve mais influência em nossas decisões principais, provavelmente sairíamos empatados. Ainda moramos no Brooklyn porque ele quer, mas temos um segundo filho porque eu quis. Independentemente disso, eu o vejo como um pedaço de granito, imóvel e inflexível, enquanto me vejo como água, precisando contorná-lo para conseguir o que quero, deslizando por fendas e rachaduras para evitar problemas.

Inevitavelmente, porém, precisaríamos ter uma conversa difícil. Uma conversa sobre ter um cachorro, por exemplo.

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Finalmente, uma noite em que fomos jantar sem nossos filhos, respirei fundo e disse: “Quero falar com você sobre uma coisa e sei que você não vai gostar”.

Ele se preparou para más notícias.

“Acho que devíamos ter um cachorro”, eu disse.

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“Você está brincando, né?”

Eu balancei minha cabeça.

“Um cachorro? Agora? Isso é loucura. Os cachorros custam caro. Eles dão muito trabalho e você está sempre dizendo que já somos muito ocupados”. Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos do jeito que faz quando está agitado. “Não sei nem o que dizer. É uma ideia péssima. Não.”

Lágrimas brotaram em meus olhos e fiquei em silêncio, como de costume. Quando me esforcei para dizer alguma coisa, minha voz saiu estridente e falha: “Quero um cachorro. E as crianças vão ficar em êxtase. Não sei por que você acha que sempre [não é uma palavra que eu recomendaria como terapeuta de casal] tem que tomar todas as decisões. Você é como um ditador [também não recomendo].”

“Verdade?” ele disse. “É isso que você acha? Você faz o que quer, não me conta nada, e eu concordo porque odeio quando você fica com raiva de mim! Você não pensa em quanto as coisas custam ou em quanto elas serão um fardo. Você sempre me transforma no vilão. (Isso não é verdade.)

“Eu não te conto porque você automaticamente diz não. Se dependesse de você, não teríamos filhos, animais de estimação e nunca faríamos nada além de trabalhar. Ainda estaríamos morando em um estúdio. Você ainda estaria comendo macarrão instantâneo e fumando Marlboro vermelho. (Também não é verdade.)

Então ele disse algo que nenhum de nós jamais havia dito, e fiquei surpresa ao ouvir: “Acho que devemos fazer terapia de casal”.

Obviamente, sou alguém que acredita em terapia. Meu relacionamento com meu terapeuta individual mudou minha vida. Eu acredito especialmente na terapia de casais. É um trabalho que me sinto chamada a fazer. Não há nada mais importante do que a força de nossos relacionamentos. Sinto-me honrada por ter participado do processo de ajudar casais a saírem do precipício. Eu vi o poder transformador de pedir mais de si mesmo e de seu parceiro.

Mas eu estava com medo de fazer terapia de casal.

Digo aos pacientes que a terapia individual é como um banho morno em comparação com o banho de gelo da terapia de casal. Eu temia que, se eu e meu marido puséssemos todos os nossos problemas na mesa, teríamos de nos separar. E por pior que as coisas estivessem, eu queria ficar com ele. Amo o meu marido. Ele é inteligente, sexy e gentil. Ele é dedicado a mim e aos nossos filhos. Ele fará qualquer coisa pelas pessoas que ama e tem mais integridade do que qualquer pessoa que já conheci.

Fomos fazer terapia. O terapeuta nos disse todas as coisas que digo aos meus próprios pacientes e chamou a atenção de ambos para o fato de estarmos prejudicando nosso relacionamento (assim como faço quando sou a terapeuta).

“Tonya, ele não está silenciando você”, disse nosso terapeuta. “Você está se silenciando. Você está criando a distância entre vocês. Você precisa assumir riscos emocionais, se abrir e tolerar conflitos. Você não está salvando o relacionamento ficando quieta; você o está destruindo”.

E então, para meu marido: “Ela está certa. Você está sendo defensivo e crítico. Se você quer que sua esposa se sinta próxima de você, precisa ouvi-la e mostrar que a está levando em consideração.”

Muitos meses de sessões cansativas depois, estamos conversando, às vezes discutindo, muitas vezes fazendo concessões e, apesar de tudo, nos aproximando. Também temos um novo membro da família: 9 Kg de energia canina e carinho que chamamos de Trouble .

Nos passeios, Trouble pega um graveto apenas para perdê-lo segundos depois, porque ele tenta carregá-lo e mastigá-lo simultaneamente. Eu sei como ele se sente. Também não consigo estar no meu casamento e ao mesmo tempo vê-lo claramente.

Quando as pessoas me perguntam sobre o nome, digo que pensamos nele quando vimos o olhar malicioso em seu rosto. Mas, na verdade, nós o escolhemos por causa do tipo de problema saudável que ele criou em nosso casamento. Trouble (Problema) ao que parece, é exatamente o que precisávamos. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Resolvi ter um cachorrinho. Para me preparar, fiz uma planilha com as características que eu queria: que não soltasse pelos, fosse amigável, com um jeito de caminhar alegre e pouca baba. Conversei com amigos que amam cães, pesquisei treinadores e li Dog Training Revolution: The Complete Guide to Raising the Perfect Pet with Love (Revolução no treinamento de cães: o guia completo para criar o animal de estimação perfeito com amor) de Zak George.

O que eu não fiz foi conversar sobre isso com meu marido. Meu marido gosta de cachorros, mas ele foi enfático, durante muitos dos nossos mais de 20 anos juntos, que não havia como um cachorro caber em nosso apartamento, nossa família ou nossas vidas. Já tínhamos dois filhos e um gato (tudo ideia minha também) e, para ele, estávamos muito além da capacidade máxima.

Eu sabia que a conversa era inevitável; eu não poderia simplesmente aparecer com um cachorro. Mas eu continuei adiando. Sou alérgica a entrar em conflito com meu marido e, em vez disso, tento me convencer a não querer o que quero, para não ter que discutir meus desejos com ele. Depois que isso para de funcionar, fico ressentida e reclamo, silenciosamente, da injustiça de estar em um relacionamento em que alguém tem poder de veto sobre as principais decisões da minha vida. Por fim, entro em desespero silencioso - meu marido e eu somos incompatíveis, digo a mim mesma, mas eu o amo, então o que vou fazer? Pedir o divórcio?

"A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada." Foto: Brian Rea for The New York Times

Minha atitude de evitar conflitos em meu casamento surpreenderia muitas pessoas em minha vida, especialmente meus pacientes. Afinal, sou terapeuta de casais.

Sessão após sessão, encorajo os pacientes a dizerem o que precisa ser dito. Você pode ser direto e conciso sem deixar de ser empático, eu explico. Não é ofensivo ou cruel dizer o que você quer ou como se sente. Às vezes, a outra pessoa não vai gostar do que você está dizendo e tudo bem; é apenas parte de estar em um relacionamento.

“Existe algo chamado conflito saudável”, digo a eles. “Essa pressão sobre os relacionamentos é a maneira como eles se aprofundam e crescem. Se você não compartilhar o que está acontecendo dentro de você, não será totalmente conhecido por seu parceiro e não terá a intimidade emocional que deseja”.

Os pacientes me procuram especificamente pelo meu jeito direto. Meus amigos, e às vezes amigos de amigos, me pedem conselhos sobre como dizer coisas difíceis e como iniciar conversas dolorosas. Eles escrevem o que eu sugiro e usam essas palavras literalmente. Eles me dizem: “Você é muito boa nisso”. E para as outras pessoas, eu sou.

Eu encorajei muitas pessoas - as que evitam as emoções, as que querem agradar, as avessas ao conflito (em outras palavras, pessoas como eu) - a falar abertamente. As mulheres, principalmente, dizem que gostariam de falar e se deixarem conhecer, mas não querem que ninguém pense que estão “sendo difíceis”.

“Por que não?” Eu digo. “O que há de tão ruim em ser difícil?”

Mas em meu próprio casamento, eu não estava sendo difícil da maneira que sugeria a meus pacientes. Eu estava sendo difícil de uma forma muito mais corrosiva. Reservada e ressentida, parei de falar com meu marido sobre o que estava acontecendo comigo além do mínimo. Havia muitas outras coisas para conversar - nossos filhos adolescentes, o trabalho dele, as notícias -, mas parei de compartilhar qualquer coisa sobre mim.

Ele não pareceu notar. A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada. Eu tinha construído um caso contra ele na minha cabeça (algo contra o qual alerto os pacientes), dizendo a mim mesma que ele era incapaz de intimidade, ele era emocionalmente mesquinho e que não tinha interesse em mim fora do papel de ajudante que desempenhei em sua vida. Nossa vida juntos era harmoniosa e externamente calorosa, mas internamente eu me sentia sozinha e ressentida.

Por que eu era tão capaz de ajudar outras pessoas exatamente da maneira que eu mesma precisava de ajuda? Se alguém - sem mencionar meus pacientes, até mesmo meus amigos - soubesse o quão pouco eu me afirmei em meu casamento, eu ficaria envergonhada.

Sinceramente, se eu estivesse mantendo um placar de quem teve mais influência em nossas decisões principais, provavelmente sairíamos empatados. Ainda moramos no Brooklyn porque ele quer, mas temos um segundo filho porque eu quis. Independentemente disso, eu o vejo como um pedaço de granito, imóvel e inflexível, enquanto me vejo como água, precisando contorná-lo para conseguir o que quero, deslizando por fendas e rachaduras para evitar problemas.

Inevitavelmente, porém, precisaríamos ter uma conversa difícil. Uma conversa sobre ter um cachorro, por exemplo.

Finalmente, uma noite em que fomos jantar sem nossos filhos, respirei fundo e disse: “Quero falar com você sobre uma coisa e sei que você não vai gostar”.

Ele se preparou para más notícias.

“Acho que devíamos ter um cachorro”, eu disse.

“Você está brincando, né?”

Eu balancei minha cabeça.

“Um cachorro? Agora? Isso é loucura. Os cachorros custam caro. Eles dão muito trabalho e você está sempre dizendo que já somos muito ocupados”. Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos do jeito que faz quando está agitado. “Não sei nem o que dizer. É uma ideia péssima. Não.”

Lágrimas brotaram em meus olhos e fiquei em silêncio, como de costume. Quando me esforcei para dizer alguma coisa, minha voz saiu estridente e falha: “Quero um cachorro. E as crianças vão ficar em êxtase. Não sei por que você acha que sempre [não é uma palavra que eu recomendaria como terapeuta de casal] tem que tomar todas as decisões. Você é como um ditador [também não recomendo].”

“Verdade?” ele disse. “É isso que você acha? Você faz o que quer, não me conta nada, e eu concordo porque odeio quando você fica com raiva de mim! Você não pensa em quanto as coisas custam ou em quanto elas serão um fardo. Você sempre me transforma no vilão. (Isso não é verdade.)

“Eu não te conto porque você automaticamente diz não. Se dependesse de você, não teríamos filhos, animais de estimação e nunca faríamos nada além de trabalhar. Ainda estaríamos morando em um estúdio. Você ainda estaria comendo macarrão instantâneo e fumando Marlboro vermelho. (Também não é verdade.)

Então ele disse algo que nenhum de nós jamais havia dito, e fiquei surpresa ao ouvir: “Acho que devemos fazer terapia de casal”.

Obviamente, sou alguém que acredita em terapia. Meu relacionamento com meu terapeuta individual mudou minha vida. Eu acredito especialmente na terapia de casais. É um trabalho que me sinto chamada a fazer. Não há nada mais importante do que a força de nossos relacionamentos. Sinto-me honrada por ter participado do processo de ajudar casais a saírem do precipício. Eu vi o poder transformador de pedir mais de si mesmo e de seu parceiro.

Mas eu estava com medo de fazer terapia de casal.

Digo aos pacientes que a terapia individual é como um banho morno em comparação com o banho de gelo da terapia de casal. Eu temia que, se eu e meu marido puséssemos todos os nossos problemas na mesa, teríamos de nos separar. E por pior que as coisas estivessem, eu queria ficar com ele. Amo o meu marido. Ele é inteligente, sexy e gentil. Ele é dedicado a mim e aos nossos filhos. Ele fará qualquer coisa pelas pessoas que ama e tem mais integridade do que qualquer pessoa que já conheci.

Fomos fazer terapia. O terapeuta nos disse todas as coisas que digo aos meus próprios pacientes e chamou a atenção de ambos para o fato de estarmos prejudicando nosso relacionamento (assim como faço quando sou a terapeuta).

“Tonya, ele não está silenciando você”, disse nosso terapeuta. “Você está se silenciando. Você está criando a distância entre vocês. Você precisa assumir riscos emocionais, se abrir e tolerar conflitos. Você não está salvando o relacionamento ficando quieta; você o está destruindo”.

E então, para meu marido: “Ela está certa. Você está sendo defensivo e crítico. Se você quer que sua esposa se sinta próxima de você, precisa ouvi-la e mostrar que a está levando em consideração.”

Muitos meses de sessões cansativas depois, estamos conversando, às vezes discutindo, muitas vezes fazendo concessões e, apesar de tudo, nos aproximando. Também temos um novo membro da família: 9 Kg de energia canina e carinho que chamamos de Trouble .

Nos passeios, Trouble pega um graveto apenas para perdê-lo segundos depois, porque ele tenta carregá-lo e mastigá-lo simultaneamente. Eu sei como ele se sente. Também não consigo estar no meu casamento e ao mesmo tempo vê-lo claramente.

Quando as pessoas me perguntam sobre o nome, digo que pensamos nele quando vimos o olhar malicioso em seu rosto. Mas, na verdade, nós o escolhemos por causa do tipo de problema saudável que ele criou em nosso casamento. Trouble (Problema) ao que parece, é exatamente o que precisávamos. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Resolvi ter um cachorrinho. Para me preparar, fiz uma planilha com as características que eu queria: que não soltasse pelos, fosse amigável, com um jeito de caminhar alegre e pouca baba. Conversei com amigos que amam cães, pesquisei treinadores e li Dog Training Revolution: The Complete Guide to Raising the Perfect Pet with Love (Revolução no treinamento de cães: o guia completo para criar o animal de estimação perfeito com amor) de Zak George.

O que eu não fiz foi conversar sobre isso com meu marido. Meu marido gosta de cachorros, mas ele foi enfático, durante muitos dos nossos mais de 20 anos juntos, que não havia como um cachorro caber em nosso apartamento, nossa família ou nossas vidas. Já tínhamos dois filhos e um gato (tudo ideia minha também) e, para ele, estávamos muito além da capacidade máxima.

Eu sabia que a conversa era inevitável; eu não poderia simplesmente aparecer com um cachorro. Mas eu continuei adiando. Sou alérgica a entrar em conflito com meu marido e, em vez disso, tento me convencer a não querer o que quero, para não ter que discutir meus desejos com ele. Depois que isso para de funcionar, fico ressentida e reclamo, silenciosamente, da injustiça de estar em um relacionamento em que alguém tem poder de veto sobre as principais decisões da minha vida. Por fim, entro em desespero silencioso - meu marido e eu somos incompatíveis, digo a mim mesma, mas eu o amo, então o que vou fazer? Pedir o divórcio?

"A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada." Foto: Brian Rea for The New York Times

Minha atitude de evitar conflitos em meu casamento surpreenderia muitas pessoas em minha vida, especialmente meus pacientes. Afinal, sou terapeuta de casais.

Sessão após sessão, encorajo os pacientes a dizerem o que precisa ser dito. Você pode ser direto e conciso sem deixar de ser empático, eu explico. Não é ofensivo ou cruel dizer o que você quer ou como se sente. Às vezes, a outra pessoa não vai gostar do que você está dizendo e tudo bem; é apenas parte de estar em um relacionamento.

“Existe algo chamado conflito saudável”, digo a eles. “Essa pressão sobre os relacionamentos é a maneira como eles se aprofundam e crescem. Se você não compartilhar o que está acontecendo dentro de você, não será totalmente conhecido por seu parceiro e não terá a intimidade emocional que deseja”.

Os pacientes me procuram especificamente pelo meu jeito direto. Meus amigos, e às vezes amigos de amigos, me pedem conselhos sobre como dizer coisas difíceis e como iniciar conversas dolorosas. Eles escrevem o que eu sugiro e usam essas palavras literalmente. Eles me dizem: “Você é muito boa nisso”. E para as outras pessoas, eu sou.

Eu encorajei muitas pessoas - as que evitam as emoções, as que querem agradar, as avessas ao conflito (em outras palavras, pessoas como eu) - a falar abertamente. As mulheres, principalmente, dizem que gostariam de falar e se deixarem conhecer, mas não querem que ninguém pense que estão “sendo difíceis”.

“Por que não?” Eu digo. “O que há de tão ruim em ser difícil?”

Mas em meu próprio casamento, eu não estava sendo difícil da maneira que sugeria a meus pacientes. Eu estava sendo difícil de uma forma muito mais corrosiva. Reservada e ressentida, parei de falar com meu marido sobre o que estava acontecendo comigo além do mínimo. Havia muitas outras coisas para conversar - nossos filhos adolescentes, o trabalho dele, as notícias -, mas parei de compartilhar qualquer coisa sobre mim.

Ele não pareceu notar. A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada. Eu tinha construído um caso contra ele na minha cabeça (algo contra o qual alerto os pacientes), dizendo a mim mesma que ele era incapaz de intimidade, ele era emocionalmente mesquinho e que não tinha interesse em mim fora do papel de ajudante que desempenhei em sua vida. Nossa vida juntos era harmoniosa e externamente calorosa, mas internamente eu me sentia sozinha e ressentida.

Por que eu era tão capaz de ajudar outras pessoas exatamente da maneira que eu mesma precisava de ajuda? Se alguém - sem mencionar meus pacientes, até mesmo meus amigos - soubesse o quão pouco eu me afirmei em meu casamento, eu ficaria envergonhada.

Sinceramente, se eu estivesse mantendo um placar de quem teve mais influência em nossas decisões principais, provavelmente sairíamos empatados. Ainda moramos no Brooklyn porque ele quer, mas temos um segundo filho porque eu quis. Independentemente disso, eu o vejo como um pedaço de granito, imóvel e inflexível, enquanto me vejo como água, precisando contorná-lo para conseguir o que quero, deslizando por fendas e rachaduras para evitar problemas.

Inevitavelmente, porém, precisaríamos ter uma conversa difícil. Uma conversa sobre ter um cachorro, por exemplo.

Finalmente, uma noite em que fomos jantar sem nossos filhos, respirei fundo e disse: “Quero falar com você sobre uma coisa e sei que você não vai gostar”.

Ele se preparou para más notícias.

“Acho que devíamos ter um cachorro”, eu disse.

“Você está brincando, né?”

Eu balancei minha cabeça.

“Um cachorro? Agora? Isso é loucura. Os cachorros custam caro. Eles dão muito trabalho e você está sempre dizendo que já somos muito ocupados”. Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos do jeito que faz quando está agitado. “Não sei nem o que dizer. É uma ideia péssima. Não.”

Lágrimas brotaram em meus olhos e fiquei em silêncio, como de costume. Quando me esforcei para dizer alguma coisa, minha voz saiu estridente e falha: “Quero um cachorro. E as crianças vão ficar em êxtase. Não sei por que você acha que sempre [não é uma palavra que eu recomendaria como terapeuta de casal] tem que tomar todas as decisões. Você é como um ditador [também não recomendo].”

“Verdade?” ele disse. “É isso que você acha? Você faz o que quer, não me conta nada, e eu concordo porque odeio quando você fica com raiva de mim! Você não pensa em quanto as coisas custam ou em quanto elas serão um fardo. Você sempre me transforma no vilão. (Isso não é verdade.)

“Eu não te conto porque você automaticamente diz não. Se dependesse de você, não teríamos filhos, animais de estimação e nunca faríamos nada além de trabalhar. Ainda estaríamos morando em um estúdio. Você ainda estaria comendo macarrão instantâneo e fumando Marlboro vermelho. (Também não é verdade.)

Então ele disse algo que nenhum de nós jamais havia dito, e fiquei surpresa ao ouvir: “Acho que devemos fazer terapia de casal”.

Obviamente, sou alguém que acredita em terapia. Meu relacionamento com meu terapeuta individual mudou minha vida. Eu acredito especialmente na terapia de casais. É um trabalho que me sinto chamada a fazer. Não há nada mais importante do que a força de nossos relacionamentos. Sinto-me honrada por ter participado do processo de ajudar casais a saírem do precipício. Eu vi o poder transformador de pedir mais de si mesmo e de seu parceiro.

Mas eu estava com medo de fazer terapia de casal.

Digo aos pacientes que a terapia individual é como um banho morno em comparação com o banho de gelo da terapia de casal. Eu temia que, se eu e meu marido puséssemos todos os nossos problemas na mesa, teríamos de nos separar. E por pior que as coisas estivessem, eu queria ficar com ele. Amo o meu marido. Ele é inteligente, sexy e gentil. Ele é dedicado a mim e aos nossos filhos. Ele fará qualquer coisa pelas pessoas que ama e tem mais integridade do que qualquer pessoa que já conheci.

Fomos fazer terapia. O terapeuta nos disse todas as coisas que digo aos meus próprios pacientes e chamou a atenção de ambos para o fato de estarmos prejudicando nosso relacionamento (assim como faço quando sou a terapeuta).

“Tonya, ele não está silenciando você”, disse nosso terapeuta. “Você está se silenciando. Você está criando a distância entre vocês. Você precisa assumir riscos emocionais, se abrir e tolerar conflitos. Você não está salvando o relacionamento ficando quieta; você o está destruindo”.

E então, para meu marido: “Ela está certa. Você está sendo defensivo e crítico. Se você quer que sua esposa se sinta próxima de você, precisa ouvi-la e mostrar que a está levando em consideração.”

Muitos meses de sessões cansativas depois, estamos conversando, às vezes discutindo, muitas vezes fazendo concessões e, apesar de tudo, nos aproximando. Também temos um novo membro da família: 9 Kg de energia canina e carinho que chamamos de Trouble .

Nos passeios, Trouble pega um graveto apenas para perdê-lo segundos depois, porque ele tenta carregá-lo e mastigá-lo simultaneamente. Eu sei como ele se sente. Também não consigo estar no meu casamento e ao mesmo tempo vê-lo claramente.

Quando as pessoas me perguntam sobre o nome, digo que pensamos nele quando vimos o olhar malicioso em seu rosto. Mas, na verdade, nós o escolhemos por causa do tipo de problema saudável que ele criou em nosso casamento. Trouble (Problema) ao que parece, é exatamente o que precisávamos. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Resolvi ter um cachorrinho. Para me preparar, fiz uma planilha com as características que eu queria: que não soltasse pelos, fosse amigável, com um jeito de caminhar alegre e pouca baba. Conversei com amigos que amam cães, pesquisei treinadores e li Dog Training Revolution: The Complete Guide to Raising the Perfect Pet with Love (Revolução no treinamento de cães: o guia completo para criar o animal de estimação perfeito com amor) de Zak George.

O que eu não fiz foi conversar sobre isso com meu marido. Meu marido gosta de cachorros, mas ele foi enfático, durante muitos dos nossos mais de 20 anos juntos, que não havia como um cachorro caber em nosso apartamento, nossa família ou nossas vidas. Já tínhamos dois filhos e um gato (tudo ideia minha também) e, para ele, estávamos muito além da capacidade máxima.

Eu sabia que a conversa era inevitável; eu não poderia simplesmente aparecer com um cachorro. Mas eu continuei adiando. Sou alérgica a entrar em conflito com meu marido e, em vez disso, tento me convencer a não querer o que quero, para não ter que discutir meus desejos com ele. Depois que isso para de funcionar, fico ressentida e reclamo, silenciosamente, da injustiça de estar em um relacionamento em que alguém tem poder de veto sobre as principais decisões da minha vida. Por fim, entro em desespero silencioso - meu marido e eu somos incompatíveis, digo a mim mesma, mas eu o amo, então o que vou fazer? Pedir o divórcio?

"A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada." Foto: Brian Rea for The New York Times

Minha atitude de evitar conflitos em meu casamento surpreenderia muitas pessoas em minha vida, especialmente meus pacientes. Afinal, sou terapeuta de casais.

Sessão após sessão, encorajo os pacientes a dizerem o que precisa ser dito. Você pode ser direto e conciso sem deixar de ser empático, eu explico. Não é ofensivo ou cruel dizer o que você quer ou como se sente. Às vezes, a outra pessoa não vai gostar do que você está dizendo e tudo bem; é apenas parte de estar em um relacionamento.

“Existe algo chamado conflito saudável”, digo a eles. “Essa pressão sobre os relacionamentos é a maneira como eles se aprofundam e crescem. Se você não compartilhar o que está acontecendo dentro de você, não será totalmente conhecido por seu parceiro e não terá a intimidade emocional que deseja”.

Os pacientes me procuram especificamente pelo meu jeito direto. Meus amigos, e às vezes amigos de amigos, me pedem conselhos sobre como dizer coisas difíceis e como iniciar conversas dolorosas. Eles escrevem o que eu sugiro e usam essas palavras literalmente. Eles me dizem: “Você é muito boa nisso”. E para as outras pessoas, eu sou.

Eu encorajei muitas pessoas - as que evitam as emoções, as que querem agradar, as avessas ao conflito (em outras palavras, pessoas como eu) - a falar abertamente. As mulheres, principalmente, dizem que gostariam de falar e se deixarem conhecer, mas não querem que ninguém pense que estão “sendo difíceis”.

“Por que não?” Eu digo. “O que há de tão ruim em ser difícil?”

Mas em meu próprio casamento, eu não estava sendo difícil da maneira que sugeria a meus pacientes. Eu estava sendo difícil de uma forma muito mais corrosiva. Reservada e ressentida, parei de falar com meu marido sobre o que estava acontecendo comigo além do mínimo. Havia muitas outras coisas para conversar - nossos filhos adolescentes, o trabalho dele, as notícias -, mas parei de compartilhar qualquer coisa sobre mim.

Ele não pareceu notar. A intimidade emocional que compartilhamos uma vez foi embora de nosso relacionamento. E, conforme isso aconteceu, senti-me cada vez mais isolada. Eu tinha construído um caso contra ele na minha cabeça (algo contra o qual alerto os pacientes), dizendo a mim mesma que ele era incapaz de intimidade, ele era emocionalmente mesquinho e que não tinha interesse em mim fora do papel de ajudante que desempenhei em sua vida. Nossa vida juntos era harmoniosa e externamente calorosa, mas internamente eu me sentia sozinha e ressentida.

Por que eu era tão capaz de ajudar outras pessoas exatamente da maneira que eu mesma precisava de ajuda? Se alguém - sem mencionar meus pacientes, até mesmo meus amigos - soubesse o quão pouco eu me afirmei em meu casamento, eu ficaria envergonhada.

Sinceramente, se eu estivesse mantendo um placar de quem teve mais influência em nossas decisões principais, provavelmente sairíamos empatados. Ainda moramos no Brooklyn porque ele quer, mas temos um segundo filho porque eu quis. Independentemente disso, eu o vejo como um pedaço de granito, imóvel e inflexível, enquanto me vejo como água, precisando contorná-lo para conseguir o que quero, deslizando por fendas e rachaduras para evitar problemas.

Inevitavelmente, porém, precisaríamos ter uma conversa difícil. Uma conversa sobre ter um cachorro, por exemplo.

Finalmente, uma noite em que fomos jantar sem nossos filhos, respirei fundo e disse: “Quero falar com você sobre uma coisa e sei que você não vai gostar”.

Ele se preparou para más notícias.

“Acho que devíamos ter um cachorro”, eu disse.

“Você está brincando, né?”

Eu balancei minha cabeça.

“Um cachorro? Agora? Isso é loucura. Os cachorros custam caro. Eles dão muito trabalho e você está sempre dizendo que já somos muito ocupados”. Ele respirou fundo e passou as mãos pelos cabelos do jeito que faz quando está agitado. “Não sei nem o que dizer. É uma ideia péssima. Não.”

Lágrimas brotaram em meus olhos e fiquei em silêncio, como de costume. Quando me esforcei para dizer alguma coisa, minha voz saiu estridente e falha: “Quero um cachorro. E as crianças vão ficar em êxtase. Não sei por que você acha que sempre [não é uma palavra que eu recomendaria como terapeuta de casal] tem que tomar todas as decisões. Você é como um ditador [também não recomendo].”

“Verdade?” ele disse. “É isso que você acha? Você faz o que quer, não me conta nada, e eu concordo porque odeio quando você fica com raiva de mim! Você não pensa em quanto as coisas custam ou em quanto elas serão um fardo. Você sempre me transforma no vilão. (Isso não é verdade.)

“Eu não te conto porque você automaticamente diz não. Se dependesse de você, não teríamos filhos, animais de estimação e nunca faríamos nada além de trabalhar. Ainda estaríamos morando em um estúdio. Você ainda estaria comendo macarrão instantâneo e fumando Marlboro vermelho. (Também não é verdade.)

Então ele disse algo que nenhum de nós jamais havia dito, e fiquei surpresa ao ouvir: “Acho que devemos fazer terapia de casal”.

Obviamente, sou alguém que acredita em terapia. Meu relacionamento com meu terapeuta individual mudou minha vida. Eu acredito especialmente na terapia de casais. É um trabalho que me sinto chamada a fazer. Não há nada mais importante do que a força de nossos relacionamentos. Sinto-me honrada por ter participado do processo de ajudar casais a saírem do precipício. Eu vi o poder transformador de pedir mais de si mesmo e de seu parceiro.

Mas eu estava com medo de fazer terapia de casal.

Digo aos pacientes que a terapia individual é como um banho morno em comparação com o banho de gelo da terapia de casal. Eu temia que, se eu e meu marido puséssemos todos os nossos problemas na mesa, teríamos de nos separar. E por pior que as coisas estivessem, eu queria ficar com ele. Amo o meu marido. Ele é inteligente, sexy e gentil. Ele é dedicado a mim e aos nossos filhos. Ele fará qualquer coisa pelas pessoas que ama e tem mais integridade do que qualquer pessoa que já conheci.

Fomos fazer terapia. O terapeuta nos disse todas as coisas que digo aos meus próprios pacientes e chamou a atenção de ambos para o fato de estarmos prejudicando nosso relacionamento (assim como faço quando sou a terapeuta).

“Tonya, ele não está silenciando você”, disse nosso terapeuta. “Você está se silenciando. Você está criando a distância entre vocês. Você precisa assumir riscos emocionais, se abrir e tolerar conflitos. Você não está salvando o relacionamento ficando quieta; você o está destruindo”.

E então, para meu marido: “Ela está certa. Você está sendo defensivo e crítico. Se você quer que sua esposa se sinta próxima de você, precisa ouvi-la e mostrar que a está levando em consideração.”

Muitos meses de sessões cansativas depois, estamos conversando, às vezes discutindo, muitas vezes fazendo concessões e, apesar de tudo, nos aproximando. Também temos um novo membro da família: 9 Kg de energia canina e carinho que chamamos de Trouble .

Nos passeios, Trouble pega um graveto apenas para perdê-lo segundos depois, porque ele tenta carregá-lo e mastigá-lo simultaneamente. Eu sei como ele se sente. Também não consigo estar no meu casamento e ao mesmo tempo vê-lo claramente.

Quando as pessoas me perguntam sobre o nome, digo que pensamos nele quando vimos o olhar malicioso em seu rosto. Mas, na verdade, nós o escolhemos por causa do tipo de problema saudável que ele criou em nosso casamento. Trouble (Problema) ao que parece, é exatamente o que precisávamos. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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