Museus e ativistas pagam caro após um ano de protestos climáticos com segurança e processos


Os museus devem pagar pela segurança adicional e pela conservação de pinturas preciosas; ecoativistas estão sendo processados por danos

Por Zachary Small

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Dois ativistas climáticos foram direto para uma bela pintura de Monet exibida no Museu Nacional da Suécia em uma manhã recente de quarta-feira. Eles queriam chamar a atenção para a urgência da crise ambiental - poluição, aquecimento global e outros desastres causados pelo homem - que poderia transformar os lindos jardins do artista em Giverny em uma memória distante. Assim, os jovens manifestantes seguiram o que se tornou um manual familiar: colar a mão no vidro protetor da obra de arte e manchá-lo com tinta vermelha.

Ativistas ambientais colam a mão em obra de Monet para protestar contra a crise climática em 14 de junho de 2023.ATERSTALL VATMARKER / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / ATERSTALL VATMARKER " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Foto: Artestall Vatmaker/AFP

Em abril, na National Gallery of Art em Washington, dois ecoativistas espalharam tinta na proteção em torno de uma escultura de Degas do século XIX, Pequena Bailarina de 14 anos, desenhando pinheiros e rostos carrancudos em seu pedestal com tinta vermelha e preta - simbolizando sangue e óleo.

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Cenas semelhantes aconteceram em mais dez museus no ano passado, deixando os trabalhadores culturais tensos e sem saber como impedir que os ativistas climáticos alvejem obras de arte delicadas. Em julho, o Metropolitan Museum of Art em Nova York foi alvo pela segunda vez, com mais de 40 ativistas ocupando galerias, silenciosamente segurando cartazes que proclamavam “Não há arte em um planeta morto”. Enquanto isso, os custos de segurança, conservação e seguro estão crescendo, de acordo com instituições culturais que sofreram ataques.

Ativistas na mira da justiça

Em alguns casos, eles estão processando os ativistas pelos danos. Em fevereiro, os promotores vienenses arquivaram o caso contra os manifestantes que encharcaram com líquido preto um quadro de Klimt de 1915 no Museu Leopold depois que os manifestantes concordaram em pagar cerca de US$ 2.200 em danos pelo custo do manuseio da obra, limpeza e reparo da parede da galeria.

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Mas o diretor do museu, Hans-Peter Wipplinger, disse ao The New York Times que o Leopold continua sofrendo as consequências financeiras do protesto climático em novembro de 2022. O museu teve que adicionar dois funcionários à sua entrada, o que aumentou os custos operacionais em cerca de US$ 32.800, enquanto o preço de outras proteções de vidro chega a cerca de US$ 11 mil. Wipplinger também disse que os custos de seguro “aumentaram acentuadamente” em pinturas importantes que atraem multidões.

As instituições culturais estão tentando ser proativas, quando seus orçamentos permitem. No Metropolitan Museum of Art, certas exposições receberam um reforço na segurança, incluindo o atual sucesso de bilheteria, Van Gogh’s Cypresses (Ciprestes de Van Gogh). Lisa Pilosi, chefe de conservação de objetos do Met, disse em uma entrevista que todas as obras de arte - mais de 40 pinturas e gravuras - estão atrás de um vidro protetor por causa das preocupações com os ativistas climáticos. (No ano passado, manifestantes jogaram sopa em uma pintura de Van Gogh na National Gallery de Londres.)

“Usamos plexiglass de alta qualidade porque não queríamos lidar com ataques”, explicou ela. “Mas o vidro está aí para evitar que as pessoas toquem nas obras, não para impedir que os líquidos escorram.”

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Retornar uma pintura à sua antiga glória após os ataques pode exigir horas de cuidadoso trabalho de conservação, e o vidro caro não pode impedir totalmente que os líquidos se infiltrem através da barreira protetora.

Obra 'Os Girassóis', do pintor holandês Van Gogh, foi atingida por sopa de tomate.  Foto: AFP

“Sabíamos que algo assim poderia acontecer”, disse Per Hedström, diretor interino do Museu Nacional da Suécia. “Começamos a trabalhar em um plano no outono passado.”

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Hedström disse que seu museu ainda está calculando o custo das indenizações que o governo pode exigir ao processar os ativistas, que pertencem à organização ambientalista Aterställ Vatmarker (“restaurar áreas úmidas” em tradução livre).

O número de trabalhadores necessários para limpar uma pintura como a de Monet “é realmente muito grande”, disse Hedström. “Tivemos cerca de 10 ou 15 pessoas trabalhando por alguns dias: conservadores, assessores de imprensa, curadores.”

Mas há opções limitadas para um museu estatal como o dele prevenir um ataque. “Uma consequência extrema seria fechar o museu”, disse Hedström, embora isso fosse irrealista, ele admitiu, já que a coleção pertence ao público sueco. “Os ativistas estão usando os princípios de uma sociedade aberta como uma vulnerabilidade.”

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Manifestação que custa caro

No que parece ser um ponto de inflexão nos Estados Unidos, os promotores apresentaram acusações federais graves contra manifestantes que ameaçaram a segurança das obras na National Gallery of Art em Washington, que é uma instituição federal. No mês passado, Joanna Smith e Tim Martin, ambos de 53 anos, foram acusados de conspiração para cometer um crime contra os Estados Unidos e danificar uma exposição da National Gallery depois de mancharem com tinta a caixa em torno da frágil escultura de cera de abelha de Pequena Bailarina em abril. Cada acusação acarreta uma sentença máxima de cinco anos de prisão e multas de até 250 mil dólares.

Ativistas climáticos chamaram a sentença de “injustamente dura”. “Não foi um apelo para que todos atacassem os museus”, disse Smith em entrevista por telefone, acrescentando que achava que as acusações suprimiriam a liberdade de expressão. “Foi um apelo para que as pessoas olhassem profundamente e pensassem sobre o que valorizam na Terra e o que podem fazer para proteger essas coisas.”

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Kaywin Feldman, diretora da National Gallery, disse estar grata pelo trabalho feito pelas autoridades “em apresentar essas acusações graves”.

Após o ataque, quase 25 funcionários trabalharam para limpar a galeria, examinar a escultura e consertar sua vitrine, que Feldman disse ter sofrido cerca de US$ 2,4 mil em danos. A obra de arte de Degas foi removida das galerias por um total de 13 dias. Feldman disse que os conservadores estavam menos preocupados com os respingos de tinta e mais preocupados com as fortes vibrações causadas pela comoção. O delicado corpo de cera da escultura pode desenvolver rachaduras com esses movimentos, e é por isso que o museu raramente move a obra de arte e nunca a empresta. A última vez que a escultura foi movimentada foi em 2020 para uma exposição.

“As pessoas continuam me dizendo: o que diabos Pequena Bailarina de Degas tem a ver com a mudança climática? Claro, a resposta é nada”, disse Feldman. “Os museus sempre estiveram comprometidos em oferecer o maior acesso possível às obras de arte originais e isso faz parte de seu ethos fundador. Incomoda a todos nós ter que colocar mais e mais barreiras.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Dois ativistas climáticos foram direto para uma bela pintura de Monet exibida no Museu Nacional da Suécia em uma manhã recente de quarta-feira. Eles queriam chamar a atenção para a urgência da crise ambiental - poluição, aquecimento global e outros desastres causados pelo homem - que poderia transformar os lindos jardins do artista em Giverny em uma memória distante. Assim, os jovens manifestantes seguiram o que se tornou um manual familiar: colar a mão no vidro protetor da obra de arte e manchá-lo com tinta vermelha.

Ativistas ambientais colam a mão em obra de Monet para protestar contra a crise climática em 14 de junho de 2023.ATERSTALL VATMARKER / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / ATERSTALL VATMARKER " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Foto: Artestall Vatmaker/AFP

Em abril, na National Gallery of Art em Washington, dois ecoativistas espalharam tinta na proteção em torno de uma escultura de Degas do século XIX, Pequena Bailarina de 14 anos, desenhando pinheiros e rostos carrancudos em seu pedestal com tinta vermelha e preta - simbolizando sangue e óleo.

Cenas semelhantes aconteceram em mais dez museus no ano passado, deixando os trabalhadores culturais tensos e sem saber como impedir que os ativistas climáticos alvejem obras de arte delicadas. Em julho, o Metropolitan Museum of Art em Nova York foi alvo pela segunda vez, com mais de 40 ativistas ocupando galerias, silenciosamente segurando cartazes que proclamavam “Não há arte em um planeta morto”. Enquanto isso, os custos de segurança, conservação e seguro estão crescendo, de acordo com instituições culturais que sofreram ataques.

Ativistas na mira da justiça

Em alguns casos, eles estão processando os ativistas pelos danos. Em fevereiro, os promotores vienenses arquivaram o caso contra os manifestantes que encharcaram com líquido preto um quadro de Klimt de 1915 no Museu Leopold depois que os manifestantes concordaram em pagar cerca de US$ 2.200 em danos pelo custo do manuseio da obra, limpeza e reparo da parede da galeria.

Mas o diretor do museu, Hans-Peter Wipplinger, disse ao The New York Times que o Leopold continua sofrendo as consequências financeiras do protesto climático em novembro de 2022. O museu teve que adicionar dois funcionários à sua entrada, o que aumentou os custos operacionais em cerca de US$ 32.800, enquanto o preço de outras proteções de vidro chega a cerca de US$ 11 mil. Wipplinger também disse que os custos de seguro “aumentaram acentuadamente” em pinturas importantes que atraem multidões.

As instituições culturais estão tentando ser proativas, quando seus orçamentos permitem. No Metropolitan Museum of Art, certas exposições receberam um reforço na segurança, incluindo o atual sucesso de bilheteria, Van Gogh’s Cypresses (Ciprestes de Van Gogh). Lisa Pilosi, chefe de conservação de objetos do Met, disse em uma entrevista que todas as obras de arte - mais de 40 pinturas e gravuras - estão atrás de um vidro protetor por causa das preocupações com os ativistas climáticos. (No ano passado, manifestantes jogaram sopa em uma pintura de Van Gogh na National Gallery de Londres.)

“Usamos plexiglass de alta qualidade porque não queríamos lidar com ataques”, explicou ela. “Mas o vidro está aí para evitar que as pessoas toquem nas obras, não para impedir que os líquidos escorram.”

Retornar uma pintura à sua antiga glória após os ataques pode exigir horas de cuidadoso trabalho de conservação, e o vidro caro não pode impedir totalmente que os líquidos se infiltrem através da barreira protetora.

Obra 'Os Girassóis', do pintor holandês Van Gogh, foi atingida por sopa de tomate.  Foto: AFP

“Sabíamos que algo assim poderia acontecer”, disse Per Hedström, diretor interino do Museu Nacional da Suécia. “Começamos a trabalhar em um plano no outono passado.”

Hedström disse que seu museu ainda está calculando o custo das indenizações que o governo pode exigir ao processar os ativistas, que pertencem à organização ambientalista Aterställ Vatmarker (“restaurar áreas úmidas” em tradução livre).

O número de trabalhadores necessários para limpar uma pintura como a de Monet “é realmente muito grande”, disse Hedström. “Tivemos cerca de 10 ou 15 pessoas trabalhando por alguns dias: conservadores, assessores de imprensa, curadores.”

Mas há opções limitadas para um museu estatal como o dele prevenir um ataque. “Uma consequência extrema seria fechar o museu”, disse Hedström, embora isso fosse irrealista, ele admitiu, já que a coleção pertence ao público sueco. “Os ativistas estão usando os princípios de uma sociedade aberta como uma vulnerabilidade.”

Manifestação que custa caro

No que parece ser um ponto de inflexão nos Estados Unidos, os promotores apresentaram acusações federais graves contra manifestantes que ameaçaram a segurança das obras na National Gallery of Art em Washington, que é uma instituição federal. No mês passado, Joanna Smith e Tim Martin, ambos de 53 anos, foram acusados de conspiração para cometer um crime contra os Estados Unidos e danificar uma exposição da National Gallery depois de mancharem com tinta a caixa em torno da frágil escultura de cera de abelha de Pequena Bailarina em abril. Cada acusação acarreta uma sentença máxima de cinco anos de prisão e multas de até 250 mil dólares.

Ativistas climáticos chamaram a sentença de “injustamente dura”. “Não foi um apelo para que todos atacassem os museus”, disse Smith em entrevista por telefone, acrescentando que achava que as acusações suprimiriam a liberdade de expressão. “Foi um apelo para que as pessoas olhassem profundamente e pensassem sobre o que valorizam na Terra e o que podem fazer para proteger essas coisas.”

Kaywin Feldman, diretora da National Gallery, disse estar grata pelo trabalho feito pelas autoridades “em apresentar essas acusações graves”.

Após o ataque, quase 25 funcionários trabalharam para limpar a galeria, examinar a escultura e consertar sua vitrine, que Feldman disse ter sofrido cerca de US$ 2,4 mil em danos. A obra de arte de Degas foi removida das galerias por um total de 13 dias. Feldman disse que os conservadores estavam menos preocupados com os respingos de tinta e mais preocupados com as fortes vibrações causadas pela comoção. O delicado corpo de cera da escultura pode desenvolver rachaduras com esses movimentos, e é por isso que o museu raramente move a obra de arte e nunca a empresta. A última vez que a escultura foi movimentada foi em 2020 para uma exposição.

“As pessoas continuam me dizendo: o que diabos Pequena Bailarina de Degas tem a ver com a mudança climática? Claro, a resposta é nada”, disse Feldman. “Os museus sempre estiveram comprometidos em oferecer o maior acesso possível às obras de arte originais e isso faz parte de seu ethos fundador. Incomoda a todos nós ter que colocar mais e mais barreiras.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Dois ativistas climáticos foram direto para uma bela pintura de Monet exibida no Museu Nacional da Suécia em uma manhã recente de quarta-feira. Eles queriam chamar a atenção para a urgência da crise ambiental - poluição, aquecimento global e outros desastres causados pelo homem - que poderia transformar os lindos jardins do artista em Giverny em uma memória distante. Assim, os jovens manifestantes seguiram o que se tornou um manual familiar: colar a mão no vidro protetor da obra de arte e manchá-lo com tinta vermelha.

Ativistas ambientais colam a mão em obra de Monet para protestar contra a crise climática em 14 de junho de 2023.ATERSTALL VATMARKER / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / ATERSTALL VATMARKER " - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS Foto: Artestall Vatmaker/AFP

Em abril, na National Gallery of Art em Washington, dois ecoativistas espalharam tinta na proteção em torno de uma escultura de Degas do século XIX, Pequena Bailarina de 14 anos, desenhando pinheiros e rostos carrancudos em seu pedestal com tinta vermelha e preta - simbolizando sangue e óleo.

Cenas semelhantes aconteceram em mais dez museus no ano passado, deixando os trabalhadores culturais tensos e sem saber como impedir que os ativistas climáticos alvejem obras de arte delicadas. Em julho, o Metropolitan Museum of Art em Nova York foi alvo pela segunda vez, com mais de 40 ativistas ocupando galerias, silenciosamente segurando cartazes que proclamavam “Não há arte em um planeta morto”. Enquanto isso, os custos de segurança, conservação e seguro estão crescendo, de acordo com instituições culturais que sofreram ataques.

Ativistas na mira da justiça

Em alguns casos, eles estão processando os ativistas pelos danos. Em fevereiro, os promotores vienenses arquivaram o caso contra os manifestantes que encharcaram com líquido preto um quadro de Klimt de 1915 no Museu Leopold depois que os manifestantes concordaram em pagar cerca de US$ 2.200 em danos pelo custo do manuseio da obra, limpeza e reparo da parede da galeria.

Mas o diretor do museu, Hans-Peter Wipplinger, disse ao The New York Times que o Leopold continua sofrendo as consequências financeiras do protesto climático em novembro de 2022. O museu teve que adicionar dois funcionários à sua entrada, o que aumentou os custos operacionais em cerca de US$ 32.800, enquanto o preço de outras proteções de vidro chega a cerca de US$ 11 mil. Wipplinger também disse que os custos de seguro “aumentaram acentuadamente” em pinturas importantes que atraem multidões.

As instituições culturais estão tentando ser proativas, quando seus orçamentos permitem. No Metropolitan Museum of Art, certas exposições receberam um reforço na segurança, incluindo o atual sucesso de bilheteria, Van Gogh’s Cypresses (Ciprestes de Van Gogh). Lisa Pilosi, chefe de conservação de objetos do Met, disse em uma entrevista que todas as obras de arte - mais de 40 pinturas e gravuras - estão atrás de um vidro protetor por causa das preocupações com os ativistas climáticos. (No ano passado, manifestantes jogaram sopa em uma pintura de Van Gogh na National Gallery de Londres.)

“Usamos plexiglass de alta qualidade porque não queríamos lidar com ataques”, explicou ela. “Mas o vidro está aí para evitar que as pessoas toquem nas obras, não para impedir que os líquidos escorram.”

Retornar uma pintura à sua antiga glória após os ataques pode exigir horas de cuidadoso trabalho de conservação, e o vidro caro não pode impedir totalmente que os líquidos se infiltrem através da barreira protetora.

Obra 'Os Girassóis', do pintor holandês Van Gogh, foi atingida por sopa de tomate.  Foto: AFP

“Sabíamos que algo assim poderia acontecer”, disse Per Hedström, diretor interino do Museu Nacional da Suécia. “Começamos a trabalhar em um plano no outono passado.”

Hedström disse que seu museu ainda está calculando o custo das indenizações que o governo pode exigir ao processar os ativistas, que pertencem à organização ambientalista Aterställ Vatmarker (“restaurar áreas úmidas” em tradução livre).

O número de trabalhadores necessários para limpar uma pintura como a de Monet “é realmente muito grande”, disse Hedström. “Tivemos cerca de 10 ou 15 pessoas trabalhando por alguns dias: conservadores, assessores de imprensa, curadores.”

Mas há opções limitadas para um museu estatal como o dele prevenir um ataque. “Uma consequência extrema seria fechar o museu”, disse Hedström, embora isso fosse irrealista, ele admitiu, já que a coleção pertence ao público sueco. “Os ativistas estão usando os princípios de uma sociedade aberta como uma vulnerabilidade.”

Manifestação que custa caro

No que parece ser um ponto de inflexão nos Estados Unidos, os promotores apresentaram acusações federais graves contra manifestantes que ameaçaram a segurança das obras na National Gallery of Art em Washington, que é uma instituição federal. No mês passado, Joanna Smith e Tim Martin, ambos de 53 anos, foram acusados de conspiração para cometer um crime contra os Estados Unidos e danificar uma exposição da National Gallery depois de mancharem com tinta a caixa em torno da frágil escultura de cera de abelha de Pequena Bailarina em abril. Cada acusação acarreta uma sentença máxima de cinco anos de prisão e multas de até 250 mil dólares.

Ativistas climáticos chamaram a sentença de “injustamente dura”. “Não foi um apelo para que todos atacassem os museus”, disse Smith em entrevista por telefone, acrescentando que achava que as acusações suprimiriam a liberdade de expressão. “Foi um apelo para que as pessoas olhassem profundamente e pensassem sobre o que valorizam na Terra e o que podem fazer para proteger essas coisas.”

Kaywin Feldman, diretora da National Gallery, disse estar grata pelo trabalho feito pelas autoridades “em apresentar essas acusações graves”.

Após o ataque, quase 25 funcionários trabalharam para limpar a galeria, examinar a escultura e consertar sua vitrine, que Feldman disse ter sofrido cerca de US$ 2,4 mil em danos. A obra de arte de Degas foi removida das galerias por um total de 13 dias. Feldman disse que os conservadores estavam menos preocupados com os respingos de tinta e mais preocupados com as fortes vibrações causadas pela comoção. O delicado corpo de cera da escultura pode desenvolver rachaduras com esses movimentos, e é por isso que o museu raramente move a obra de arte e nunca a empresta. A última vez que a escultura foi movimentada foi em 2020 para uma exposição.

“As pessoas continuam me dizendo: o que diabos Pequena Bailarina de Degas tem a ver com a mudança climática? Claro, a resposta é nada”, disse Feldman. “Os museus sempre estiveram comprometidos em oferecer o maior acesso possível às obras de arte originais e isso faz parte de seu ethos fundador. Incomoda a todos nós ter que colocar mais e mais barreiras.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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