Davido, estrela do afrobeats, é uma voz otimista num momento turbulento


O músico de 27 anos explora temas alegres. Mas uma das suas músicas mais recentes se tornou um hino da resistência

Por Jon Pareles

O nigeriano nascido nos Estados Unidos e estrela do afrobeats, David Adedeji Adeleke, criou uma carreira internacional com músicas sobre o amor e desejo que tiveram mais de um bilhão de visualizações. O álbum lançado por ele, A Better Time, está repleto disto.

Mas a música que abre o LP, Fem (Shut Up), assumiu um papel inesperado depois de divulgada em setembro: o de música para os nigerianos que protestam contra a brutalidade policial e a corrupção. “Era um tema inteiramente diferente”, disse Davido, falando por vídeo de sua casa em Lagos, a maior cidade da Nigéria, com sua noiva Chioma Rowland e seu filho de um ano de idade, Ifeanyi, ao lado.

Davido é uma das estrelas do afrobeats. Foto: Stephen Tayo/The New York Times
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“O que a música diz literalmente é para alguém que fala muito, calar a boca”. A letra, numa mistura de inglês e ioruba, fala do sucesso de Davido e debocha daqueles que o invejam: “antes de as coisas ficarem perigosas/você precisa se certificar de que não está falando demais”. Os manifestantes cantaram Fem na frente da polícia e de autoridades do governo. Os protestos eram contra uma famosa unidade policial, o Esquadrão Especial Antirroubo, e se tornaram conhecidos como #EndSARS Movement.

Em 11 de outubro, Davido se juntou aos protestos em Abuja, capital da Nigéria e acabou apaziguando um confronto entre a polícia e os manifestantes: vídeos do incidente apareceram rapidamente nas redes sociais. Ele chegando para uma reunião com o delegado geral da polícia, Mohammed Adumu, esperando para trazer consigo artistas amigos. E teve uma reunião transmitida ao vivo via streaming com o presidente da Câmara dos Deputados da Nigéria, Femi Gbajabiamila.

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“Eles continuam insistindo, ‘Sim, deem-nos tempo”, disse Davido. “Mas nós é que estamos dando tempo a vocês”, afirmamos. “Vocês têm de entender que as pessoas estão combatendo este sistema desde 1960. Já passou do tempo. E nós nem acabamos com a SARS. EndSars é um em um milhão de problemas”. A agitação continuou. Uma semana depois das reuniões mantidas por Davido em Abuja, soldados nigerianos dispararam contra manifestantes pacíficos, com a morte de alguns, no bairro de Lekki, em Lagos.

Burna Boy, outro artista conhecido de afrobeats, lançou um single furioso, 20 10 20, que inclui tiros que foram gravados na ocasião. Mas Burna Boy com frequência insere mensagens históricas e sociopolíticas nas suas músicas.

Davido, ao contrário, explora temas mais alegres: romance, ambição e pensamento positivo. Um dos seus primeiros sucessos na Nigéria, Dami Duro, de 2001, declara: “Você não pode me parar” e, segundo disse no website Bella Naija, essa foi sua reação ao ser pego pela polícia quando estava a caminho do estúdio.

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Como o hip-hop, o afrobeats adora colaborações e mistura de estilos. Tiwa Savage, que canta em dueto com Davido a música Tanana, que integra o novo álbum, disse em uma entrevista que o afrobeats é um “novo gênero que ainda vem crescendo. Penso que todos nós entendemos que precisamos trabalhar juntos. Não podemos ser apenas um. Temos de atuar como uma força”.

Artistas conhecidos do afrobeats como Davido, Savage, Burna Boy, Wizkid e Mr. Eazi já provaram sua força na África e na Europa. Firmaram contratos com gravadoras multinacionais, atraíram milhões de visualizações em serviços de streaming e cantaram ao lado de superestrelas britânicas e americanas – especialmente Drake, que colaborou com Wizkid na música de sucesso One Dance, e Beyoncé, que adotou o afrobeats no seu álbum de 2019, The Lion King: The Gift, e no seu álbum de 2020 Black is King.

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Lançamentos de álbuns, turnês e festivais foram marcados por estrelas do afrobeats em 2020. Mas então, com a pandemia de coronavírus, os planos fracassaram. Davido teve de cancelar uma turnê de 26 shows logo depois de começar, mas isto o tornou mais produtivo. Ele retornou a Lagos e trouxe um elenco de produtores para seu estúdio trabalhando o tempo todo.

“Sem dúvida, gosto de estar presente em todo o processo, da batida à engenharia, aos arranjos, na mixagem e na masterização – tudo”, afirmou ele. Em alguns meses, eles produziram mais de três dezenas de músicas: 17 aparecem em A Better Time. Segundo Davido, “só fiquei gravando. Só tinha isto para fazer”.

Davido nasceu em Atlanta, mas cresceu em Lagos. Seu pai, Adedeji T. Adeleke, é um dos mais ricos empresários da Nigéria, fundador e CEO do conglomerado Pacific Holdings Ltd. “Sou dos dois lados do mundo. Sou da Nigéria e ao mesmo tempo da América. E como sou de ambos os lados, estou enlouquecendo no momento”.

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Depois de frequentar a British International School em Lagos, ele voltou para os Estados Unidos para estudar administração de empresas na Oakwood University em Huntsville, Alabama. Mas estava mais interessado em música e adquiriu o equipamento necessário para começar a produzir suas próprias músicas. Nos Estados Unidos ele também absorveu o espírito empreendedor do hip-hop. “Eu diria que meu tempo nos Estados Unidos afeta minha música africana. Meu estilo, meu modo de vestir, minha atitude, meu carisma, a maneira como administro meu selo, acho que tudo isto tem muito do meu estudo do sistema americano e pessoas como 50 Cent”.

Contra a vontade dos pais, ele deixou a faculdade e se mudou para Londres e depois para Lagos para fazer música, determinado a provar que não era apenas um diletante rico. Lançou seu primeiro álbum, Omo Baba Olowo, em 2012, aos 19 anos.

E teve um sucesso atrás de outro na Nigéria, atraindo colaboradores da África e mais além: Meek Mill e Rae Sremmurd em singles; Tinashe no seu EP de 2016 Son of Mercy, Chris Brown e o jamaicano Popcaan no seu álbum de 2019, A Good Time. Por outro lado, suas apresentações ficaram maiores; em 2019, lotou a arena O2 em Londres com capacidade para 20 mil pessoas.

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O seu mais recente álbum inclui uma afirmação de afeição profunda, Very Special; Something Fishy tem um toque de hip-hop dos anos 1990, com aparições de Nas e Hit-Boy em Birthday Cake; e So Crazy, um dueto com o rapper de Atlanta Lil Baby. Davido também tem colaboradores africanos, incluindo a banda queniana Sauti Sol, a rapper e cantora sul-africana Sho Madjozi e o cantor e produtor nigeriano CKay.

Davido acertou uma colaboração com Nicki Minaj, em Holy Ground, quando, embriagado depois de uma noitada num clube, enviou a ela uma mensagem no Instagram. “Eu disse a ela, ‘Alô Nicki, sou um grande fã seu, tenho um sucesso para nós’. Ela respondeu ‘Pode enviar’. Eu mandei a música e depois ela me retornou. Foi exatamente isto que ocorreu; nenhum selo entre nós, nenhum amigo recíproco, nada. Foi apenas mágica pura”. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

O nigeriano nascido nos Estados Unidos e estrela do afrobeats, David Adedeji Adeleke, criou uma carreira internacional com músicas sobre o amor e desejo que tiveram mais de um bilhão de visualizações. O álbum lançado por ele, A Better Time, está repleto disto.

Mas a música que abre o LP, Fem (Shut Up), assumiu um papel inesperado depois de divulgada em setembro: o de música para os nigerianos que protestam contra a brutalidade policial e a corrupção. “Era um tema inteiramente diferente”, disse Davido, falando por vídeo de sua casa em Lagos, a maior cidade da Nigéria, com sua noiva Chioma Rowland e seu filho de um ano de idade, Ifeanyi, ao lado.

Davido é uma das estrelas do afrobeats. Foto: Stephen Tayo/The New York Times

“O que a música diz literalmente é para alguém que fala muito, calar a boca”. A letra, numa mistura de inglês e ioruba, fala do sucesso de Davido e debocha daqueles que o invejam: “antes de as coisas ficarem perigosas/você precisa se certificar de que não está falando demais”. Os manifestantes cantaram Fem na frente da polícia e de autoridades do governo. Os protestos eram contra uma famosa unidade policial, o Esquadrão Especial Antirroubo, e se tornaram conhecidos como #EndSARS Movement.

Em 11 de outubro, Davido se juntou aos protestos em Abuja, capital da Nigéria e acabou apaziguando um confronto entre a polícia e os manifestantes: vídeos do incidente apareceram rapidamente nas redes sociais. Ele chegando para uma reunião com o delegado geral da polícia, Mohammed Adumu, esperando para trazer consigo artistas amigos. E teve uma reunião transmitida ao vivo via streaming com o presidente da Câmara dos Deputados da Nigéria, Femi Gbajabiamila.

“Eles continuam insistindo, ‘Sim, deem-nos tempo”, disse Davido. “Mas nós é que estamos dando tempo a vocês”, afirmamos. “Vocês têm de entender que as pessoas estão combatendo este sistema desde 1960. Já passou do tempo. E nós nem acabamos com a SARS. EndSars é um em um milhão de problemas”. A agitação continuou. Uma semana depois das reuniões mantidas por Davido em Abuja, soldados nigerianos dispararam contra manifestantes pacíficos, com a morte de alguns, no bairro de Lekki, em Lagos.

Burna Boy, outro artista conhecido de afrobeats, lançou um single furioso, 20 10 20, que inclui tiros que foram gravados na ocasião. Mas Burna Boy com frequência insere mensagens históricas e sociopolíticas nas suas músicas.

Davido, ao contrário, explora temas mais alegres: romance, ambição e pensamento positivo. Um dos seus primeiros sucessos na Nigéria, Dami Duro, de 2001, declara: “Você não pode me parar” e, segundo disse no website Bella Naija, essa foi sua reação ao ser pego pela polícia quando estava a caminho do estúdio.

Como o hip-hop, o afrobeats adora colaborações e mistura de estilos. Tiwa Savage, que canta em dueto com Davido a música Tanana, que integra o novo álbum, disse em uma entrevista que o afrobeats é um “novo gênero que ainda vem crescendo. Penso que todos nós entendemos que precisamos trabalhar juntos. Não podemos ser apenas um. Temos de atuar como uma força”.

Artistas conhecidos do afrobeats como Davido, Savage, Burna Boy, Wizkid e Mr. Eazi já provaram sua força na África e na Europa. Firmaram contratos com gravadoras multinacionais, atraíram milhões de visualizações em serviços de streaming e cantaram ao lado de superestrelas britânicas e americanas – especialmente Drake, que colaborou com Wizkid na música de sucesso One Dance, e Beyoncé, que adotou o afrobeats no seu álbum de 2019, The Lion King: The Gift, e no seu álbum de 2020 Black is King.

Lançamentos de álbuns, turnês e festivais foram marcados por estrelas do afrobeats em 2020. Mas então, com a pandemia de coronavírus, os planos fracassaram. Davido teve de cancelar uma turnê de 26 shows logo depois de começar, mas isto o tornou mais produtivo. Ele retornou a Lagos e trouxe um elenco de produtores para seu estúdio trabalhando o tempo todo.

“Sem dúvida, gosto de estar presente em todo o processo, da batida à engenharia, aos arranjos, na mixagem e na masterização – tudo”, afirmou ele. Em alguns meses, eles produziram mais de três dezenas de músicas: 17 aparecem em A Better Time. Segundo Davido, “só fiquei gravando. Só tinha isto para fazer”.

Davido nasceu em Atlanta, mas cresceu em Lagos. Seu pai, Adedeji T. Adeleke, é um dos mais ricos empresários da Nigéria, fundador e CEO do conglomerado Pacific Holdings Ltd. “Sou dos dois lados do mundo. Sou da Nigéria e ao mesmo tempo da América. E como sou de ambos os lados, estou enlouquecendo no momento”.

Depois de frequentar a British International School em Lagos, ele voltou para os Estados Unidos para estudar administração de empresas na Oakwood University em Huntsville, Alabama. Mas estava mais interessado em música e adquiriu o equipamento necessário para começar a produzir suas próprias músicas. Nos Estados Unidos ele também absorveu o espírito empreendedor do hip-hop. “Eu diria que meu tempo nos Estados Unidos afeta minha música africana. Meu estilo, meu modo de vestir, minha atitude, meu carisma, a maneira como administro meu selo, acho que tudo isto tem muito do meu estudo do sistema americano e pessoas como 50 Cent”.

Contra a vontade dos pais, ele deixou a faculdade e se mudou para Londres e depois para Lagos para fazer música, determinado a provar que não era apenas um diletante rico. Lançou seu primeiro álbum, Omo Baba Olowo, em 2012, aos 19 anos.

E teve um sucesso atrás de outro na Nigéria, atraindo colaboradores da África e mais além: Meek Mill e Rae Sremmurd em singles; Tinashe no seu EP de 2016 Son of Mercy, Chris Brown e o jamaicano Popcaan no seu álbum de 2019, A Good Time. Por outro lado, suas apresentações ficaram maiores; em 2019, lotou a arena O2 em Londres com capacidade para 20 mil pessoas.

O seu mais recente álbum inclui uma afirmação de afeição profunda, Very Special; Something Fishy tem um toque de hip-hop dos anos 1990, com aparições de Nas e Hit-Boy em Birthday Cake; e So Crazy, um dueto com o rapper de Atlanta Lil Baby. Davido também tem colaboradores africanos, incluindo a banda queniana Sauti Sol, a rapper e cantora sul-africana Sho Madjozi e o cantor e produtor nigeriano CKay.

Davido acertou uma colaboração com Nicki Minaj, em Holy Ground, quando, embriagado depois de uma noitada num clube, enviou a ela uma mensagem no Instagram. “Eu disse a ela, ‘Alô Nicki, sou um grande fã seu, tenho um sucesso para nós’. Ela respondeu ‘Pode enviar’. Eu mandei a música e depois ela me retornou. Foi exatamente isto que ocorreu; nenhum selo entre nós, nenhum amigo recíproco, nada. Foi apenas mágica pura”. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

O nigeriano nascido nos Estados Unidos e estrela do afrobeats, David Adedeji Adeleke, criou uma carreira internacional com músicas sobre o amor e desejo que tiveram mais de um bilhão de visualizações. O álbum lançado por ele, A Better Time, está repleto disto.

Mas a música que abre o LP, Fem (Shut Up), assumiu um papel inesperado depois de divulgada em setembro: o de música para os nigerianos que protestam contra a brutalidade policial e a corrupção. “Era um tema inteiramente diferente”, disse Davido, falando por vídeo de sua casa em Lagos, a maior cidade da Nigéria, com sua noiva Chioma Rowland e seu filho de um ano de idade, Ifeanyi, ao lado.

Davido é uma das estrelas do afrobeats. Foto: Stephen Tayo/The New York Times

“O que a música diz literalmente é para alguém que fala muito, calar a boca”. A letra, numa mistura de inglês e ioruba, fala do sucesso de Davido e debocha daqueles que o invejam: “antes de as coisas ficarem perigosas/você precisa se certificar de que não está falando demais”. Os manifestantes cantaram Fem na frente da polícia e de autoridades do governo. Os protestos eram contra uma famosa unidade policial, o Esquadrão Especial Antirroubo, e se tornaram conhecidos como #EndSARS Movement.

Em 11 de outubro, Davido se juntou aos protestos em Abuja, capital da Nigéria e acabou apaziguando um confronto entre a polícia e os manifestantes: vídeos do incidente apareceram rapidamente nas redes sociais. Ele chegando para uma reunião com o delegado geral da polícia, Mohammed Adumu, esperando para trazer consigo artistas amigos. E teve uma reunião transmitida ao vivo via streaming com o presidente da Câmara dos Deputados da Nigéria, Femi Gbajabiamila.

“Eles continuam insistindo, ‘Sim, deem-nos tempo”, disse Davido. “Mas nós é que estamos dando tempo a vocês”, afirmamos. “Vocês têm de entender que as pessoas estão combatendo este sistema desde 1960. Já passou do tempo. E nós nem acabamos com a SARS. EndSars é um em um milhão de problemas”. A agitação continuou. Uma semana depois das reuniões mantidas por Davido em Abuja, soldados nigerianos dispararam contra manifestantes pacíficos, com a morte de alguns, no bairro de Lekki, em Lagos.

Burna Boy, outro artista conhecido de afrobeats, lançou um single furioso, 20 10 20, que inclui tiros que foram gravados na ocasião. Mas Burna Boy com frequência insere mensagens históricas e sociopolíticas nas suas músicas.

Davido, ao contrário, explora temas mais alegres: romance, ambição e pensamento positivo. Um dos seus primeiros sucessos na Nigéria, Dami Duro, de 2001, declara: “Você não pode me parar” e, segundo disse no website Bella Naija, essa foi sua reação ao ser pego pela polícia quando estava a caminho do estúdio.

Como o hip-hop, o afrobeats adora colaborações e mistura de estilos. Tiwa Savage, que canta em dueto com Davido a música Tanana, que integra o novo álbum, disse em uma entrevista que o afrobeats é um “novo gênero que ainda vem crescendo. Penso que todos nós entendemos que precisamos trabalhar juntos. Não podemos ser apenas um. Temos de atuar como uma força”.

Artistas conhecidos do afrobeats como Davido, Savage, Burna Boy, Wizkid e Mr. Eazi já provaram sua força na África e na Europa. Firmaram contratos com gravadoras multinacionais, atraíram milhões de visualizações em serviços de streaming e cantaram ao lado de superestrelas britânicas e americanas – especialmente Drake, que colaborou com Wizkid na música de sucesso One Dance, e Beyoncé, que adotou o afrobeats no seu álbum de 2019, The Lion King: The Gift, e no seu álbum de 2020 Black is King.

Lançamentos de álbuns, turnês e festivais foram marcados por estrelas do afrobeats em 2020. Mas então, com a pandemia de coronavírus, os planos fracassaram. Davido teve de cancelar uma turnê de 26 shows logo depois de começar, mas isto o tornou mais produtivo. Ele retornou a Lagos e trouxe um elenco de produtores para seu estúdio trabalhando o tempo todo.

“Sem dúvida, gosto de estar presente em todo o processo, da batida à engenharia, aos arranjos, na mixagem e na masterização – tudo”, afirmou ele. Em alguns meses, eles produziram mais de três dezenas de músicas: 17 aparecem em A Better Time. Segundo Davido, “só fiquei gravando. Só tinha isto para fazer”.

Davido nasceu em Atlanta, mas cresceu em Lagos. Seu pai, Adedeji T. Adeleke, é um dos mais ricos empresários da Nigéria, fundador e CEO do conglomerado Pacific Holdings Ltd. “Sou dos dois lados do mundo. Sou da Nigéria e ao mesmo tempo da América. E como sou de ambos os lados, estou enlouquecendo no momento”.

Depois de frequentar a British International School em Lagos, ele voltou para os Estados Unidos para estudar administração de empresas na Oakwood University em Huntsville, Alabama. Mas estava mais interessado em música e adquiriu o equipamento necessário para começar a produzir suas próprias músicas. Nos Estados Unidos ele também absorveu o espírito empreendedor do hip-hop. “Eu diria que meu tempo nos Estados Unidos afeta minha música africana. Meu estilo, meu modo de vestir, minha atitude, meu carisma, a maneira como administro meu selo, acho que tudo isto tem muito do meu estudo do sistema americano e pessoas como 50 Cent”.

Contra a vontade dos pais, ele deixou a faculdade e se mudou para Londres e depois para Lagos para fazer música, determinado a provar que não era apenas um diletante rico. Lançou seu primeiro álbum, Omo Baba Olowo, em 2012, aos 19 anos.

E teve um sucesso atrás de outro na Nigéria, atraindo colaboradores da África e mais além: Meek Mill e Rae Sremmurd em singles; Tinashe no seu EP de 2016 Son of Mercy, Chris Brown e o jamaicano Popcaan no seu álbum de 2019, A Good Time. Por outro lado, suas apresentações ficaram maiores; em 2019, lotou a arena O2 em Londres com capacidade para 20 mil pessoas.

O seu mais recente álbum inclui uma afirmação de afeição profunda, Very Special; Something Fishy tem um toque de hip-hop dos anos 1990, com aparições de Nas e Hit-Boy em Birthday Cake; e So Crazy, um dueto com o rapper de Atlanta Lil Baby. Davido também tem colaboradores africanos, incluindo a banda queniana Sauti Sol, a rapper e cantora sul-africana Sho Madjozi e o cantor e produtor nigeriano CKay.

Davido acertou uma colaboração com Nicki Minaj, em Holy Ground, quando, embriagado depois de uma noitada num clube, enviou a ela uma mensagem no Instagram. “Eu disse a ela, ‘Alô Nicki, sou um grande fã seu, tenho um sucesso para nós’. Ela respondeu ‘Pode enviar’. Eu mandei a música e depois ela me retornou. Foi exatamente isto que ocorreu; nenhum selo entre nós, nenhum amigo recíproco, nada. Foi apenas mágica pura”. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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