Na Inglaterra, baladas que acabam cedo estão conquistando o público


As festas Before Midnight prometem todas as emoções de uma noite hedonista, mas com um horário de término respeitável para os fãs de dance music mais velhos

Por Anna Codrea-Rado

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Era sexta-feira à noite em Londres. Em uma boate com capacidade para duas mil pessoas, a pista de dança estava lotada. Um sistema de som enorme tocava house music e um imenso globo espelhado girava no teto. Só uma coisa estava errada: eram 21h30. Uma mulher na multidão gritou alegremente para as pessoas ao seu redor: “Estou na 15ª semana pós-parto e estou no clube!”

O conceito de Before Midnight era simples, disse Macmanus: “uma boate que é como uma normal, só que mais cedo”. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A festa, chamada Before Midnight, é organizada pela DJ irlandesa Annie Macmanus, cujo pseudônimo é Annie Mac: promete todas as emoções de uma boate - só que acaba mais cedo. Começando às 19h e acabando à meia-noite, a Before Midnight é uma das muitas variações recentes das baladas que duram a noite toda, nas quais a música dançante é geralmente apreciada, destinada a pessoas mais velhas que fazem malabarismos para cuidar dos filhos e da carreira. “Existe uma crença inerente de que a balada é para os jovens. Tem agora uma geração de pessoas que experimentou o clubbing em sua versão mais popular e ainda quer isso, mas acha que não é mais para ela”, disse Macmanus recentemente por telefone.

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Macmanus explicou que a Before Midnight nasceu de seu desejo de incluir uma carreira musical entre seus deveres como mãe de dois filhos, de seis e nove anos: “Ser DJ a noite toda não era uma coisa que casava com minhas atividades de fim de semana. Parecia que eu tinha jet lag. Simplesmente não se ajustava à minha vida agora.” Segundo ela, essa percepção coincidiu com sua decisão, em 2021, de deixar o cargo de apresentadora do principal programa de música de dança da BBC, na BBC Radio 1 - que ela apresentou durante 17 anos e que cimentou seu nome como formadora de opinião musical no Reino Unido. “A Before Midnight foi meu próximo ato, um novo projeto para restaurar algum equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. A premissa era simples: ‘Definitivamente, uma noitada normal, só que mais cedo.’”

Mesmo mais cedo, a paquera rola solta. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A primeira noite, promovida no ano passado no Islington Assembly Hall, casa de shows de Londres, foi uma experiência única. Os ingressos se esgotaram e, no fim do ano passado, Macmanus anunciou uma turnê com dez datas da Before Midnight pela Grã-Bretanha e pela Irlanda. As duas datas restantes da turnê em Londres serão na Outernet, nova boate subterrânea no West End da cidade, que é o maior espaço de eventos ao vivo construído no centro de Londres desde a década de 1940.

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A Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estimou que compõem cerca de 75 por cento da multidão. Jodie Brooks, de 44 anos, que participou de todas as festas Before Midnight em Londres até o momento, estava recentemente no meio da multidão. “Eu só não queria mais que a noite começasse à uma da manhã”, comentou por telefone. Ela trabalha com publicidade e, como Macmanus, tem dois filhos de seis e nove anos. “Eu nunca quis que a maternidade me mudasse desse jeito, mas é inevitável que isso aconteça. Você precisa se levantar e ir ao treino de futebol de sábado às nove da manhã.”

Os lockdowns do coronavírus, que cancelaram as baladas temporariamente, fizeram com que muitas pessoas na faixa dos 30 e 40 anos reavaliassem como queriam passar os fins de semana. Algumas, como Brooks, continuavam determinadas a voltar à pista de dança, mas de um modo novo e mais saudável. “Com a Before Midnight, você pode jantar muito bem às seis da tarde. Às oito da noite, está no clube. E à meia-noite vai para casa.”

Os confetes lançados pouco antes da meia-noite indicam que a festa está quase acabando. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times
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Outros perceberam que gostavam de música dançante, mas não de boates. Adem Holness, que lidera o programa de música contemporânea no Southbank Center, complexo de espaços artísticos no centro de Londres, afirmou que muitas das opções locais se adequam aos entusiastas da música eletrônica em um estágio de vida mais maduro: nas apresentações, a plateia fica sentada e tudo termina a tempo de pegar o último metrô para casa. “Temos um cardápio com diferentes opções. É uma questão de fazer o modelo funcionar para todo tipo de gente.”

No ano passado, DJs e artistas de dance music, incluindo Fabio & Grooverider, Erykah Badu e Peaches, apresentaram-se no Royal Festival Hall, sala de concertos administrada pelo Southbank. “Estou vendo gente que quer experimentar uma música realmente boa, que você pode achar que é de clube, em outro lugar ou de uma maneira diferente”, comentou Holness.

Macmanus observou que a Before Midnight também foi influenciada pela experiência de trazer a cultura club para um espaço mais diferenciado: “Em 2019, toquei em Nova York no MoMa PS1′s Warm Up, a série de verão do museu de arte que coloca a música experimental e eletrônica ao lado da arte contemporânea e do design. Lá, vi um público multigeracional dançando junto. Isso teve um grande efeito em mim como DJ. Agora, sempre busco esse tipo de pista de dança.”

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Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estima representar cerca de 75 por cento da multidão. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Macmanus acrescentou que uma noitada que começa cedo não é uma ideia totalmente original. Tim Lawrence, professor de estudos culturais da Universidade do Leste de Londres que pesquisa a vida noturna, organiza uma festa de dança londrina a cada dois meses, que começa às cinco da tarde desde 2018; ele declarou em entrevista que eventos como a Before Midnight são uma maneira de “pluralizar a cultura”. Lawrence se lembrou de que, durante uma turnê de 2017 pelos Estados Unidos para promover seu livro Life and Death on the New York Dance Floor, participou de uma festa apenas para convidados em Nova York chamada Joy, que começou na hora do jantar.

Lawrence levou o conceito para Londres e cofundou sua festa de dança mensal chamada All Our Friends. “Trata-se de confundir certas ideias que vêm com a coisa da noite toda ou tarde da noite. O cronograma anterior permite uma abordagem diferente da dança, que pode ser mais expressiva, mais interativa e ir um pouco mais fundo no nível social.”

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Mas para Brooks, a publicitária, o apelo da Before Midnight é muito mais simples: é uma oportunidade de dançar a música que ela ama, em um clube como qualquer outro, e estar em casa na hora de dormir. “Você recebe alegria e amor. Começa de novo a fazer parte de alguma coisa. E não se sente deslocado.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Era sexta-feira à noite em Londres. Em uma boate com capacidade para duas mil pessoas, a pista de dança estava lotada. Um sistema de som enorme tocava house music e um imenso globo espelhado girava no teto. Só uma coisa estava errada: eram 21h30. Uma mulher na multidão gritou alegremente para as pessoas ao seu redor: “Estou na 15ª semana pós-parto e estou no clube!”

O conceito de Before Midnight era simples, disse Macmanus: “uma boate que é como uma normal, só que mais cedo”. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A festa, chamada Before Midnight, é organizada pela DJ irlandesa Annie Macmanus, cujo pseudônimo é Annie Mac: promete todas as emoções de uma boate - só que acaba mais cedo. Começando às 19h e acabando à meia-noite, a Before Midnight é uma das muitas variações recentes das baladas que duram a noite toda, nas quais a música dançante é geralmente apreciada, destinada a pessoas mais velhas que fazem malabarismos para cuidar dos filhos e da carreira. “Existe uma crença inerente de que a balada é para os jovens. Tem agora uma geração de pessoas que experimentou o clubbing em sua versão mais popular e ainda quer isso, mas acha que não é mais para ela”, disse Macmanus recentemente por telefone.

Macmanus explicou que a Before Midnight nasceu de seu desejo de incluir uma carreira musical entre seus deveres como mãe de dois filhos, de seis e nove anos: “Ser DJ a noite toda não era uma coisa que casava com minhas atividades de fim de semana. Parecia que eu tinha jet lag. Simplesmente não se ajustava à minha vida agora.” Segundo ela, essa percepção coincidiu com sua decisão, em 2021, de deixar o cargo de apresentadora do principal programa de música de dança da BBC, na BBC Radio 1 - que ela apresentou durante 17 anos e que cimentou seu nome como formadora de opinião musical no Reino Unido. “A Before Midnight foi meu próximo ato, um novo projeto para restaurar algum equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. A premissa era simples: ‘Definitivamente, uma noitada normal, só que mais cedo.’”

Mesmo mais cedo, a paquera rola solta. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A primeira noite, promovida no ano passado no Islington Assembly Hall, casa de shows de Londres, foi uma experiência única. Os ingressos se esgotaram e, no fim do ano passado, Macmanus anunciou uma turnê com dez datas da Before Midnight pela Grã-Bretanha e pela Irlanda. As duas datas restantes da turnê em Londres serão na Outernet, nova boate subterrânea no West End da cidade, que é o maior espaço de eventos ao vivo construído no centro de Londres desde a década de 1940.

A Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estimou que compõem cerca de 75 por cento da multidão. Jodie Brooks, de 44 anos, que participou de todas as festas Before Midnight em Londres até o momento, estava recentemente no meio da multidão. “Eu só não queria mais que a noite começasse à uma da manhã”, comentou por telefone. Ela trabalha com publicidade e, como Macmanus, tem dois filhos de seis e nove anos. “Eu nunca quis que a maternidade me mudasse desse jeito, mas é inevitável que isso aconteça. Você precisa se levantar e ir ao treino de futebol de sábado às nove da manhã.”

Os lockdowns do coronavírus, que cancelaram as baladas temporariamente, fizeram com que muitas pessoas na faixa dos 30 e 40 anos reavaliassem como queriam passar os fins de semana. Algumas, como Brooks, continuavam determinadas a voltar à pista de dança, mas de um modo novo e mais saudável. “Com a Before Midnight, você pode jantar muito bem às seis da tarde. Às oito da noite, está no clube. E à meia-noite vai para casa.”

Os confetes lançados pouco antes da meia-noite indicam que a festa está quase acabando. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Outros perceberam que gostavam de música dançante, mas não de boates. Adem Holness, que lidera o programa de música contemporânea no Southbank Center, complexo de espaços artísticos no centro de Londres, afirmou que muitas das opções locais se adequam aos entusiastas da música eletrônica em um estágio de vida mais maduro: nas apresentações, a plateia fica sentada e tudo termina a tempo de pegar o último metrô para casa. “Temos um cardápio com diferentes opções. É uma questão de fazer o modelo funcionar para todo tipo de gente.”

No ano passado, DJs e artistas de dance music, incluindo Fabio & Grooverider, Erykah Badu e Peaches, apresentaram-se no Royal Festival Hall, sala de concertos administrada pelo Southbank. “Estou vendo gente que quer experimentar uma música realmente boa, que você pode achar que é de clube, em outro lugar ou de uma maneira diferente”, comentou Holness.

Macmanus observou que a Before Midnight também foi influenciada pela experiência de trazer a cultura club para um espaço mais diferenciado: “Em 2019, toquei em Nova York no MoMa PS1′s Warm Up, a série de verão do museu de arte que coloca a música experimental e eletrônica ao lado da arte contemporânea e do design. Lá, vi um público multigeracional dançando junto. Isso teve um grande efeito em mim como DJ. Agora, sempre busco esse tipo de pista de dança.”

Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estima representar cerca de 75 por cento da multidão. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Macmanus acrescentou que uma noitada que começa cedo não é uma ideia totalmente original. Tim Lawrence, professor de estudos culturais da Universidade do Leste de Londres que pesquisa a vida noturna, organiza uma festa de dança londrina a cada dois meses, que começa às cinco da tarde desde 2018; ele declarou em entrevista que eventos como a Before Midnight são uma maneira de “pluralizar a cultura”. Lawrence se lembrou de que, durante uma turnê de 2017 pelos Estados Unidos para promover seu livro Life and Death on the New York Dance Floor, participou de uma festa apenas para convidados em Nova York chamada Joy, que começou na hora do jantar.

Lawrence levou o conceito para Londres e cofundou sua festa de dança mensal chamada All Our Friends. “Trata-se de confundir certas ideias que vêm com a coisa da noite toda ou tarde da noite. O cronograma anterior permite uma abordagem diferente da dança, que pode ser mais expressiva, mais interativa e ir um pouco mais fundo no nível social.”

Mas para Brooks, a publicitária, o apelo da Before Midnight é muito mais simples: é uma oportunidade de dançar a música que ela ama, em um clube como qualquer outro, e estar em casa na hora de dormir. “Você recebe alegria e amor. Começa de novo a fazer parte de alguma coisa. E não se sente deslocado.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Era sexta-feira à noite em Londres. Em uma boate com capacidade para duas mil pessoas, a pista de dança estava lotada. Um sistema de som enorme tocava house music e um imenso globo espelhado girava no teto. Só uma coisa estava errada: eram 21h30. Uma mulher na multidão gritou alegremente para as pessoas ao seu redor: “Estou na 15ª semana pós-parto e estou no clube!”

O conceito de Before Midnight era simples, disse Macmanus: “uma boate que é como uma normal, só que mais cedo”. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A festa, chamada Before Midnight, é organizada pela DJ irlandesa Annie Macmanus, cujo pseudônimo é Annie Mac: promete todas as emoções de uma boate - só que acaba mais cedo. Começando às 19h e acabando à meia-noite, a Before Midnight é uma das muitas variações recentes das baladas que duram a noite toda, nas quais a música dançante é geralmente apreciada, destinada a pessoas mais velhas que fazem malabarismos para cuidar dos filhos e da carreira. “Existe uma crença inerente de que a balada é para os jovens. Tem agora uma geração de pessoas que experimentou o clubbing em sua versão mais popular e ainda quer isso, mas acha que não é mais para ela”, disse Macmanus recentemente por telefone.

Macmanus explicou que a Before Midnight nasceu de seu desejo de incluir uma carreira musical entre seus deveres como mãe de dois filhos, de seis e nove anos: “Ser DJ a noite toda não era uma coisa que casava com minhas atividades de fim de semana. Parecia que eu tinha jet lag. Simplesmente não se ajustava à minha vida agora.” Segundo ela, essa percepção coincidiu com sua decisão, em 2021, de deixar o cargo de apresentadora do principal programa de música de dança da BBC, na BBC Radio 1 - que ela apresentou durante 17 anos e que cimentou seu nome como formadora de opinião musical no Reino Unido. “A Before Midnight foi meu próximo ato, um novo projeto para restaurar algum equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. A premissa era simples: ‘Definitivamente, uma noitada normal, só que mais cedo.’”

Mesmo mais cedo, a paquera rola solta. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A primeira noite, promovida no ano passado no Islington Assembly Hall, casa de shows de Londres, foi uma experiência única. Os ingressos se esgotaram e, no fim do ano passado, Macmanus anunciou uma turnê com dez datas da Before Midnight pela Grã-Bretanha e pela Irlanda. As duas datas restantes da turnê em Londres serão na Outernet, nova boate subterrânea no West End da cidade, que é o maior espaço de eventos ao vivo construído no centro de Londres desde a década de 1940.

A Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estimou que compõem cerca de 75 por cento da multidão. Jodie Brooks, de 44 anos, que participou de todas as festas Before Midnight em Londres até o momento, estava recentemente no meio da multidão. “Eu só não queria mais que a noite começasse à uma da manhã”, comentou por telefone. Ela trabalha com publicidade e, como Macmanus, tem dois filhos de seis e nove anos. “Eu nunca quis que a maternidade me mudasse desse jeito, mas é inevitável que isso aconteça. Você precisa se levantar e ir ao treino de futebol de sábado às nove da manhã.”

Os lockdowns do coronavírus, que cancelaram as baladas temporariamente, fizeram com que muitas pessoas na faixa dos 30 e 40 anos reavaliassem como queriam passar os fins de semana. Algumas, como Brooks, continuavam determinadas a voltar à pista de dança, mas de um modo novo e mais saudável. “Com a Before Midnight, você pode jantar muito bem às seis da tarde. Às oito da noite, está no clube. E à meia-noite vai para casa.”

Os confetes lançados pouco antes da meia-noite indicam que a festa está quase acabando. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Outros perceberam que gostavam de música dançante, mas não de boates. Adem Holness, que lidera o programa de música contemporânea no Southbank Center, complexo de espaços artísticos no centro de Londres, afirmou que muitas das opções locais se adequam aos entusiastas da música eletrônica em um estágio de vida mais maduro: nas apresentações, a plateia fica sentada e tudo termina a tempo de pegar o último metrô para casa. “Temos um cardápio com diferentes opções. É uma questão de fazer o modelo funcionar para todo tipo de gente.”

No ano passado, DJs e artistas de dance music, incluindo Fabio & Grooverider, Erykah Badu e Peaches, apresentaram-se no Royal Festival Hall, sala de concertos administrada pelo Southbank. “Estou vendo gente que quer experimentar uma música realmente boa, que você pode achar que é de clube, em outro lugar ou de uma maneira diferente”, comentou Holness.

Macmanus observou que a Before Midnight também foi influenciada pela experiência de trazer a cultura club para um espaço mais diferenciado: “Em 2019, toquei em Nova York no MoMa PS1′s Warm Up, a série de verão do museu de arte que coloca a música experimental e eletrônica ao lado da arte contemporânea e do design. Lá, vi um público multigeracional dançando junto. Isso teve um grande efeito em mim como DJ. Agora, sempre busco esse tipo de pista de dança.”

Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estima representar cerca de 75 por cento da multidão. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Macmanus acrescentou que uma noitada que começa cedo não é uma ideia totalmente original. Tim Lawrence, professor de estudos culturais da Universidade do Leste de Londres que pesquisa a vida noturna, organiza uma festa de dança londrina a cada dois meses, que começa às cinco da tarde desde 2018; ele declarou em entrevista que eventos como a Before Midnight são uma maneira de “pluralizar a cultura”. Lawrence se lembrou de que, durante uma turnê de 2017 pelos Estados Unidos para promover seu livro Life and Death on the New York Dance Floor, participou de uma festa apenas para convidados em Nova York chamada Joy, que começou na hora do jantar.

Lawrence levou o conceito para Londres e cofundou sua festa de dança mensal chamada All Our Friends. “Trata-se de confundir certas ideias que vêm com a coisa da noite toda ou tarde da noite. O cronograma anterior permite uma abordagem diferente da dança, que pode ser mais expressiva, mais interativa e ir um pouco mais fundo no nível social.”

Mas para Brooks, a publicitária, o apelo da Before Midnight é muito mais simples: é uma oportunidade de dançar a música que ela ama, em um clube como qualquer outro, e estar em casa na hora de dormir. “Você recebe alegria e amor. Começa de novo a fazer parte de alguma coisa. E não se sente deslocado.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Era sexta-feira à noite em Londres. Em uma boate com capacidade para duas mil pessoas, a pista de dança estava lotada. Um sistema de som enorme tocava house music e um imenso globo espelhado girava no teto. Só uma coisa estava errada: eram 21h30. Uma mulher na multidão gritou alegremente para as pessoas ao seu redor: “Estou na 15ª semana pós-parto e estou no clube!”

O conceito de Before Midnight era simples, disse Macmanus: “uma boate que é como uma normal, só que mais cedo”. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A festa, chamada Before Midnight, é organizada pela DJ irlandesa Annie Macmanus, cujo pseudônimo é Annie Mac: promete todas as emoções de uma boate - só que acaba mais cedo. Começando às 19h e acabando à meia-noite, a Before Midnight é uma das muitas variações recentes das baladas que duram a noite toda, nas quais a música dançante é geralmente apreciada, destinada a pessoas mais velhas que fazem malabarismos para cuidar dos filhos e da carreira. “Existe uma crença inerente de que a balada é para os jovens. Tem agora uma geração de pessoas que experimentou o clubbing em sua versão mais popular e ainda quer isso, mas acha que não é mais para ela”, disse Macmanus recentemente por telefone.

Macmanus explicou que a Before Midnight nasceu de seu desejo de incluir uma carreira musical entre seus deveres como mãe de dois filhos, de seis e nove anos: “Ser DJ a noite toda não era uma coisa que casava com minhas atividades de fim de semana. Parecia que eu tinha jet lag. Simplesmente não se ajustava à minha vida agora.” Segundo ela, essa percepção coincidiu com sua decisão, em 2021, de deixar o cargo de apresentadora do principal programa de música de dança da BBC, na BBC Radio 1 - que ela apresentou durante 17 anos e que cimentou seu nome como formadora de opinião musical no Reino Unido. “A Before Midnight foi meu próximo ato, um novo projeto para restaurar algum equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. A premissa era simples: ‘Definitivamente, uma noitada normal, só que mais cedo.’”

Mesmo mais cedo, a paquera rola solta. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A primeira noite, promovida no ano passado no Islington Assembly Hall, casa de shows de Londres, foi uma experiência única. Os ingressos se esgotaram e, no fim do ano passado, Macmanus anunciou uma turnê com dez datas da Before Midnight pela Grã-Bretanha e pela Irlanda. As duas datas restantes da turnê em Londres serão na Outernet, nova boate subterrânea no West End da cidade, que é o maior espaço de eventos ao vivo construído no centro de Londres desde a década de 1940.

A Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estimou que compõem cerca de 75 por cento da multidão. Jodie Brooks, de 44 anos, que participou de todas as festas Before Midnight em Londres até o momento, estava recentemente no meio da multidão. “Eu só não queria mais que a noite começasse à uma da manhã”, comentou por telefone. Ela trabalha com publicidade e, como Macmanus, tem dois filhos de seis e nove anos. “Eu nunca quis que a maternidade me mudasse desse jeito, mas é inevitável que isso aconteça. Você precisa se levantar e ir ao treino de futebol de sábado às nove da manhã.”

Os lockdowns do coronavírus, que cancelaram as baladas temporariamente, fizeram com que muitas pessoas na faixa dos 30 e 40 anos reavaliassem como queriam passar os fins de semana. Algumas, como Brooks, continuavam determinadas a voltar à pista de dança, mas de um modo novo e mais saudável. “Com a Before Midnight, você pode jantar muito bem às seis da tarde. Às oito da noite, está no clube. E à meia-noite vai para casa.”

Os confetes lançados pouco antes da meia-noite indicam que a festa está quase acabando. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Outros perceberam que gostavam de música dançante, mas não de boates. Adem Holness, que lidera o programa de música contemporânea no Southbank Center, complexo de espaços artísticos no centro de Londres, afirmou que muitas das opções locais se adequam aos entusiastas da música eletrônica em um estágio de vida mais maduro: nas apresentações, a plateia fica sentada e tudo termina a tempo de pegar o último metrô para casa. “Temos um cardápio com diferentes opções. É uma questão de fazer o modelo funcionar para todo tipo de gente.”

No ano passado, DJs e artistas de dance music, incluindo Fabio & Grooverider, Erykah Badu e Peaches, apresentaram-se no Royal Festival Hall, sala de concertos administrada pelo Southbank. “Estou vendo gente que quer experimentar uma música realmente boa, que você pode achar que é de clube, em outro lugar ou de uma maneira diferente”, comentou Holness.

Macmanus observou que a Before Midnight também foi influenciada pela experiência de trazer a cultura club para um espaço mais diferenciado: “Em 2019, toquei em Nova York no MoMa PS1′s Warm Up, a série de verão do museu de arte que coloca a música experimental e eletrônica ao lado da arte contemporânea e do design. Lá, vi um público multigeracional dançando junto. Isso teve um grande efeito em mim como DJ. Agora, sempre busco esse tipo de pista de dança.”

Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estima representar cerca de 75 por cento da multidão. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Macmanus acrescentou que uma noitada que começa cedo não é uma ideia totalmente original. Tim Lawrence, professor de estudos culturais da Universidade do Leste de Londres que pesquisa a vida noturna, organiza uma festa de dança londrina a cada dois meses, que começa às cinco da tarde desde 2018; ele declarou em entrevista que eventos como a Before Midnight são uma maneira de “pluralizar a cultura”. Lawrence se lembrou de que, durante uma turnê de 2017 pelos Estados Unidos para promover seu livro Life and Death on the New York Dance Floor, participou de uma festa apenas para convidados em Nova York chamada Joy, que começou na hora do jantar.

Lawrence levou o conceito para Londres e cofundou sua festa de dança mensal chamada All Our Friends. “Trata-se de confundir certas ideias que vêm com a coisa da noite toda ou tarde da noite. O cronograma anterior permite uma abordagem diferente da dança, que pode ser mais expressiva, mais interativa e ir um pouco mais fundo no nível social.”

Mas para Brooks, a publicitária, o apelo da Before Midnight é muito mais simples: é uma oportunidade de dançar a música que ela ama, em um clube como qualquer outro, e estar em casa na hora de dormir. “Você recebe alegria e amor. Começa de novo a fazer parte de alguma coisa. E não se sente deslocado.”

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Era sexta-feira à noite em Londres. Em uma boate com capacidade para duas mil pessoas, a pista de dança estava lotada. Um sistema de som enorme tocava house music e um imenso globo espelhado girava no teto. Só uma coisa estava errada: eram 21h30. Uma mulher na multidão gritou alegremente para as pessoas ao seu redor: “Estou na 15ª semana pós-parto e estou no clube!”

O conceito de Before Midnight era simples, disse Macmanus: “uma boate que é como uma normal, só que mais cedo”. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A festa, chamada Before Midnight, é organizada pela DJ irlandesa Annie Macmanus, cujo pseudônimo é Annie Mac: promete todas as emoções de uma boate - só que acaba mais cedo. Começando às 19h e acabando à meia-noite, a Before Midnight é uma das muitas variações recentes das baladas que duram a noite toda, nas quais a música dançante é geralmente apreciada, destinada a pessoas mais velhas que fazem malabarismos para cuidar dos filhos e da carreira. “Existe uma crença inerente de que a balada é para os jovens. Tem agora uma geração de pessoas que experimentou o clubbing em sua versão mais popular e ainda quer isso, mas acha que não é mais para ela”, disse Macmanus recentemente por telefone.

Macmanus explicou que a Before Midnight nasceu de seu desejo de incluir uma carreira musical entre seus deveres como mãe de dois filhos, de seis e nove anos: “Ser DJ a noite toda não era uma coisa que casava com minhas atividades de fim de semana. Parecia que eu tinha jet lag. Simplesmente não se ajustava à minha vida agora.” Segundo ela, essa percepção coincidiu com sua decisão, em 2021, de deixar o cargo de apresentadora do principal programa de música de dança da BBC, na BBC Radio 1 - que ela apresentou durante 17 anos e que cimentou seu nome como formadora de opinião musical no Reino Unido. “A Before Midnight foi meu próximo ato, um novo projeto para restaurar algum equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. A premissa era simples: ‘Definitivamente, uma noitada normal, só que mais cedo.’”

Mesmo mais cedo, a paquera rola solta. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

A primeira noite, promovida no ano passado no Islington Assembly Hall, casa de shows de Londres, foi uma experiência única. Os ingressos se esgotaram e, no fim do ano passado, Macmanus anunciou uma turnê com dez datas da Before Midnight pela Grã-Bretanha e pela Irlanda. As duas datas restantes da turnê em Londres serão na Outernet, nova boate subterrânea no West End da cidade, que é o maior espaço de eventos ao vivo construído no centro de Londres desde a década de 1940.

A Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estimou que compõem cerca de 75 por cento da multidão. Jodie Brooks, de 44 anos, que participou de todas as festas Before Midnight em Londres até o momento, estava recentemente no meio da multidão. “Eu só não queria mais que a noite começasse à uma da manhã”, comentou por telefone. Ela trabalha com publicidade e, como Macmanus, tem dois filhos de seis e nove anos. “Eu nunca quis que a maternidade me mudasse desse jeito, mas é inevitável que isso aconteça. Você precisa se levantar e ir ao treino de futebol de sábado às nove da manhã.”

Os lockdowns do coronavírus, que cancelaram as baladas temporariamente, fizeram com que muitas pessoas na faixa dos 30 e 40 anos reavaliassem como queriam passar os fins de semana. Algumas, como Brooks, continuavam determinadas a voltar à pista de dança, mas de um modo novo e mais saudável. “Com a Before Midnight, você pode jantar muito bem às seis da tarde. Às oito da noite, está no clube. E à meia-noite vai para casa.”

Os confetes lançados pouco antes da meia-noite indicam que a festa está quase acabando. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Outros perceberam que gostavam de música dançante, mas não de boates. Adem Holness, que lidera o programa de música contemporânea no Southbank Center, complexo de espaços artísticos no centro de Londres, afirmou que muitas das opções locais se adequam aos entusiastas da música eletrônica em um estágio de vida mais maduro: nas apresentações, a plateia fica sentada e tudo termina a tempo de pegar o último metrô para casa. “Temos um cardápio com diferentes opções. É uma questão de fazer o modelo funcionar para todo tipo de gente.”

No ano passado, DJs e artistas de dance music, incluindo Fabio & Grooverider, Erykah Badu e Peaches, apresentaram-se no Royal Festival Hall, sala de concertos administrada pelo Southbank. “Estou vendo gente que quer experimentar uma música realmente boa, que você pode achar que é de clube, em outro lugar ou de uma maneira diferente”, comentou Holness.

Macmanus observou que a Before Midnight também foi influenciada pela experiência de trazer a cultura club para um espaço mais diferenciado: “Em 2019, toquei em Nova York no MoMa PS1′s Warm Up, a série de verão do museu de arte que coloca a música experimental e eletrônica ao lado da arte contemporânea e do design. Lá, vi um público multigeracional dançando junto. Isso teve um grande efeito em mim como DJ. Agora, sempre busco esse tipo de pista de dança.”

Before Midnight é particularmente popular entre as mulheres, que Macmanus estima representar cerca de 75 por cento da multidão. Foto: Lauren Fleishman/The New York Times

Macmanus acrescentou que uma noitada que começa cedo não é uma ideia totalmente original. Tim Lawrence, professor de estudos culturais da Universidade do Leste de Londres que pesquisa a vida noturna, organiza uma festa de dança londrina a cada dois meses, que começa às cinco da tarde desde 2018; ele declarou em entrevista que eventos como a Before Midnight são uma maneira de “pluralizar a cultura”. Lawrence se lembrou de que, durante uma turnê de 2017 pelos Estados Unidos para promover seu livro Life and Death on the New York Dance Floor, participou de uma festa apenas para convidados em Nova York chamada Joy, que começou na hora do jantar.

Lawrence levou o conceito para Londres e cofundou sua festa de dança mensal chamada All Our Friends. “Trata-se de confundir certas ideias que vêm com a coisa da noite toda ou tarde da noite. O cronograma anterior permite uma abordagem diferente da dança, que pode ser mais expressiva, mais interativa e ir um pouco mais fundo no nível social.”

Mas para Brooks, a publicitária, o apelo da Before Midnight é muito mais simples: é uma oportunidade de dançar a música que ela ama, em um clube como qualquer outro, e estar em casa na hora de dormir. “Você recebe alegria e amor. Começa de novo a fazer parte de alguma coisa. E não se sente deslocado.”

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