No TikTok, uma organista encontra um público e também a si própria


Anna Lapwood se tornou uma estrela em um aplicativo conhecido mais por clipes de dança do que por música clássica

Por Alex Marshall

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma vez por mês, Anna Lapwood dirige-se ao Royal Albert Hall, em Londres, para praticar em seu grande órgão de tubos, da meia-noite às 6h - um raro momento de inatividade na movimentada programação do local.

Muitas vezes, as únicas pessoas que a ouvem ensaiar são os seguranças do local. Mas há outro público que pode assisti-la mais tarde: os mais de 420 mil fãs de Lapwood no TikTok.

No início de cada ensaio, Lapwood apoia seu telefone contra o console do órgão, para que ele possa capturar todos os seus movimentos: seus dedos movendo-se rapidamente pelos quatro teclados do órgão, seus pés deslizando pelos pedais e um olhar de prazer espalhando-se por seu rosto enquanto os sons emergem dos 9.999 tubos do órgão.

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Quando Lapwood termina de tocar durante a noite, ela escolhe várias seções engraçadas ou interessantes da filmagem - como uma versão vibrante da trilha sonora de um filme ou o momento em que ela espirra no meio de uma peça - e depois as publica no TikTok.

Tocar órgão pode ser uma busca solitária, disse Lapwood em uma entrevista recente. “Você está sentado sozinho no palco e pode parecer que estamos imersos no mundo da música clássica”, observou. Mas sempre que ela lembra que as pessoas estão “ficando muito empolgadas” com seu instrumento no TikTok, “parece que, ‘Talvez não precise ser tão solitário’”.

"Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: 'Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil'”, disse Lapwood. Foto: Suzie Howell/The New York Times
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As estrelas pop há muito usam o TikTok para falar diretamente com os fãs, mostrar-lhes imagens espontâneas de suas vidas ou promover novos lançamentos; Lapwood está usando as mesmas técnicas para inspirar os usuários do TikTok a se apaixonarem pela música clássica. Embora essa forma de arte seja frequentemente vista como intimidadora ou inacessível, Lapwood está tentando fazê-la parecer nova e divertida.

Usar o TikTok era “sobre acolher os jovens” na música clássica, disse Lapwood, 27, acrescentando que ela estava continuamente experimentando diferentes tipos de postagem para ver o que funcionava. Esses clipes incluíram explicações detalhadas de como os órgãos funcionam e cenas curtas dela trabalhando nos pedais do instrumento usando chinelos em um clima frio. “É a melhor coisa que fiz na minha carreira, em termos de trazer as pessoas para o instrumento”, acrescentou.

Essa missão também se estendeu para além do aplicativo. Lapwood surpreendeu os passageiros britânicos tocando um órgão de tubos que em julho foi instalado em um saguão dentro da estação ferroviária de London Bridge, e ela fez aparições em shows de pop. Em maio, músicos em turnê com Bonobo, um artista eletrônico popular, estavam no Royal Albert Hall uma noite enquanto Lapwood estava ensaiando. Eles ficaram tão impressionados com sua interpretação da Tocata e Fuga em Ré menor de Bach que a convidaram para tocar com eles em um show esgotado no mesmo local na noite seguinte.

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Cerca de 18 horas depois, Lapwood estava tocando acordes poderosos sobre as batidas eletrônicas de Bonobo enquanto um público de 5.000 pessoas aplaudia descontroladamente. Quando ela postou um clipe daquele momento no TikTok, obteve mais de 5 milhões de visualizações.

Cameron Carpenter, um organista americano conhecido por seu estilo extravagante, disse por telefone que era “um grande incentivador de Lapwood”. Lapwood tocava órgão como uma bailarina, “fluida e livre”, disse Carpenter, em oposição à maneira tensa que se esperava. Ela havia se tornado “a organista mais visível do mundo”, acrescentou.

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A violinista Hilary Hahn, que também é usuária do TikTok, disse que foi atraída pelas postagens de Lapwood e as comentava regularmente. “Ela tem alegria em tudo o que faz”, disse Hahn. “Você fica animada com as coisas que ela está animada.”

Nos últimos seis anos, Lapwood - que começou a tocar órgão por volta dos 15 anos - foi diretora de música do Pembroke College, parte da Universidade de Cambridge, onde suas funções incluem liderar dois corais. Pouco antes do início da pandemia de coronavírus, ela notou algumas das coristas femininas filmando uma rotina de dança para suas próprias contas no TikTok. “O que estão fazendo?” ela se lembra de ter perguntado, e elas a incentivaram a experimentar o aplicativo.

Suas primeiras postagens foram provisórias. (Em uma ela tocava uma peça de Bach nos pedais do órgão. Ela legendou “Leg day”/”Dia da perna”.) Mas logo ela estava experimentando clipes de música contemporânea, bem como outros mais tolos, como um vídeo em que exibia sua postura perfeita tocando uma alegre sonata de Bach com rolos de papel higiênico empilhados na cabeça. Um de seus primeiros clipes a viralizar mostrava-a simplesmente contando os últimos 90 segundos antes da entrada bombástica do órgão na Sinfonia nº 3 de Saint-Saëns.

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Ultimamente, Lapwood tem ampliado suas escolhas musicais para além do repertório clássico. Em fevereiro, ela postou um clipe de si mesma tocando a trilha sonora de Hans Zimmer para o filme “Interestelar”. A reação foi tão positiva, ela disse, que começou a escrever seus próprios arranjos para músicas de filmes, algo que adorava fazer na adolescência, mas parou enquanto estudava órgão na universidade porque achava que “não era mais uma coisa respeitável para fazer.”

Graças ao TikTok, disse Lapwood, ela estava voltando a “uma versão mais autêntica de mim mesma” e agora se sentia mais livre para experimentar “a ideia do que é tocar órgão, quais sons são esperados e o que as pessoas esperam ouvir em um recital de órgão.”

Ultimamente, Lapwood vem ampliando seu repertório. “O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, disse ela. Foto: Suzie Howell/The New York Times
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“O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, acrescentou.

À medida que a popularidade do TikTok de Lapwood cresceu, sua carreira floresceu além da plataforma. Ela se apresentou no Proms, uma série anual de concertos de música clássica transmitidos pela BBC; lançou um aclamado álbum de estreia; e foi nomeada como artista associada no Royal Albert Hall. Na primavera, ela está planejando uma turnê nos Estados Unidos.

Apesar disso, ela ainda é conhecida como “a organista do TikTok” acima de tudo.

Lapwood disse que o rótulo já a incomodou, porque poderia “definitivamente ser visto como algo depreciativo, de uma certa perspectiva”. Agora, ela disse, estava abraçando isso. “Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: ‘Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil’ ou ‘Agora estou tocando órgão por sua causa’”, ela observou.

“Então, eu sou a organista do TikTok”, ela disse, “e tudo bem”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma vez por mês, Anna Lapwood dirige-se ao Royal Albert Hall, em Londres, para praticar em seu grande órgão de tubos, da meia-noite às 6h - um raro momento de inatividade na movimentada programação do local.

Muitas vezes, as únicas pessoas que a ouvem ensaiar são os seguranças do local. Mas há outro público que pode assisti-la mais tarde: os mais de 420 mil fãs de Lapwood no TikTok.

No início de cada ensaio, Lapwood apoia seu telefone contra o console do órgão, para que ele possa capturar todos os seus movimentos: seus dedos movendo-se rapidamente pelos quatro teclados do órgão, seus pés deslizando pelos pedais e um olhar de prazer espalhando-se por seu rosto enquanto os sons emergem dos 9.999 tubos do órgão.

Quando Lapwood termina de tocar durante a noite, ela escolhe várias seções engraçadas ou interessantes da filmagem - como uma versão vibrante da trilha sonora de um filme ou o momento em que ela espirra no meio de uma peça - e depois as publica no TikTok.

Tocar órgão pode ser uma busca solitária, disse Lapwood em uma entrevista recente. “Você está sentado sozinho no palco e pode parecer que estamos imersos no mundo da música clássica”, observou. Mas sempre que ela lembra que as pessoas estão “ficando muito empolgadas” com seu instrumento no TikTok, “parece que, ‘Talvez não precise ser tão solitário’”.

"Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: 'Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil'”, disse Lapwood. Foto: Suzie Howell/The New York Times

As estrelas pop há muito usam o TikTok para falar diretamente com os fãs, mostrar-lhes imagens espontâneas de suas vidas ou promover novos lançamentos; Lapwood está usando as mesmas técnicas para inspirar os usuários do TikTok a se apaixonarem pela música clássica. Embora essa forma de arte seja frequentemente vista como intimidadora ou inacessível, Lapwood está tentando fazê-la parecer nova e divertida.

Usar o TikTok era “sobre acolher os jovens” na música clássica, disse Lapwood, 27, acrescentando que ela estava continuamente experimentando diferentes tipos de postagem para ver o que funcionava. Esses clipes incluíram explicações detalhadas de como os órgãos funcionam e cenas curtas dela trabalhando nos pedais do instrumento usando chinelos em um clima frio. “É a melhor coisa que fiz na minha carreira, em termos de trazer as pessoas para o instrumento”, acrescentou.

Essa missão também se estendeu para além do aplicativo. Lapwood surpreendeu os passageiros britânicos tocando um órgão de tubos que em julho foi instalado em um saguão dentro da estação ferroviária de London Bridge, e ela fez aparições em shows de pop. Em maio, músicos em turnê com Bonobo, um artista eletrônico popular, estavam no Royal Albert Hall uma noite enquanto Lapwood estava ensaiando. Eles ficaram tão impressionados com sua interpretação da Tocata e Fuga em Ré menor de Bach que a convidaram para tocar com eles em um show esgotado no mesmo local na noite seguinte.

Cerca de 18 horas depois, Lapwood estava tocando acordes poderosos sobre as batidas eletrônicas de Bonobo enquanto um público de 5.000 pessoas aplaudia descontroladamente. Quando ela postou um clipe daquele momento no TikTok, obteve mais de 5 milhões de visualizações.

Cameron Carpenter, um organista americano conhecido por seu estilo extravagante, disse por telefone que era “um grande incentivador de Lapwood”. Lapwood tocava órgão como uma bailarina, “fluida e livre”, disse Carpenter, em oposição à maneira tensa que se esperava. Ela havia se tornado “a organista mais visível do mundo”, acrescentou.

A violinista Hilary Hahn, que também é usuária do TikTok, disse que foi atraída pelas postagens de Lapwood e as comentava regularmente. “Ela tem alegria em tudo o que faz”, disse Hahn. “Você fica animada com as coisas que ela está animada.”

Nos últimos seis anos, Lapwood - que começou a tocar órgão por volta dos 15 anos - foi diretora de música do Pembroke College, parte da Universidade de Cambridge, onde suas funções incluem liderar dois corais. Pouco antes do início da pandemia de coronavírus, ela notou algumas das coristas femininas filmando uma rotina de dança para suas próprias contas no TikTok. “O que estão fazendo?” ela se lembra de ter perguntado, e elas a incentivaram a experimentar o aplicativo.

Suas primeiras postagens foram provisórias. (Em uma ela tocava uma peça de Bach nos pedais do órgão. Ela legendou “Leg day”/”Dia da perna”.) Mas logo ela estava experimentando clipes de música contemporânea, bem como outros mais tolos, como um vídeo em que exibia sua postura perfeita tocando uma alegre sonata de Bach com rolos de papel higiênico empilhados na cabeça. Um de seus primeiros clipes a viralizar mostrava-a simplesmente contando os últimos 90 segundos antes da entrada bombástica do órgão na Sinfonia nº 3 de Saint-Saëns.

Ultimamente, Lapwood tem ampliado suas escolhas musicais para além do repertório clássico. Em fevereiro, ela postou um clipe de si mesma tocando a trilha sonora de Hans Zimmer para o filme “Interestelar”. A reação foi tão positiva, ela disse, que começou a escrever seus próprios arranjos para músicas de filmes, algo que adorava fazer na adolescência, mas parou enquanto estudava órgão na universidade porque achava que “não era mais uma coisa respeitável para fazer.”

Graças ao TikTok, disse Lapwood, ela estava voltando a “uma versão mais autêntica de mim mesma” e agora se sentia mais livre para experimentar “a ideia do que é tocar órgão, quais sons são esperados e o que as pessoas esperam ouvir em um recital de órgão.”

Ultimamente, Lapwood vem ampliando seu repertório. “O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, disse ela. Foto: Suzie Howell/The New York Times

“O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, acrescentou.

À medida que a popularidade do TikTok de Lapwood cresceu, sua carreira floresceu além da plataforma. Ela se apresentou no Proms, uma série anual de concertos de música clássica transmitidos pela BBC; lançou um aclamado álbum de estreia; e foi nomeada como artista associada no Royal Albert Hall. Na primavera, ela está planejando uma turnê nos Estados Unidos.

Apesar disso, ela ainda é conhecida como “a organista do TikTok” acima de tudo.

Lapwood disse que o rótulo já a incomodou, porque poderia “definitivamente ser visto como algo depreciativo, de uma certa perspectiva”. Agora, ela disse, estava abraçando isso. “Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: ‘Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil’ ou ‘Agora estou tocando órgão por sua causa’”, ela observou.

“Então, eu sou a organista do TikTok”, ela disse, “e tudo bem”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma vez por mês, Anna Lapwood dirige-se ao Royal Albert Hall, em Londres, para praticar em seu grande órgão de tubos, da meia-noite às 6h - um raro momento de inatividade na movimentada programação do local.

Muitas vezes, as únicas pessoas que a ouvem ensaiar são os seguranças do local. Mas há outro público que pode assisti-la mais tarde: os mais de 420 mil fãs de Lapwood no TikTok.

No início de cada ensaio, Lapwood apoia seu telefone contra o console do órgão, para que ele possa capturar todos os seus movimentos: seus dedos movendo-se rapidamente pelos quatro teclados do órgão, seus pés deslizando pelos pedais e um olhar de prazer espalhando-se por seu rosto enquanto os sons emergem dos 9.999 tubos do órgão.

Quando Lapwood termina de tocar durante a noite, ela escolhe várias seções engraçadas ou interessantes da filmagem - como uma versão vibrante da trilha sonora de um filme ou o momento em que ela espirra no meio de uma peça - e depois as publica no TikTok.

Tocar órgão pode ser uma busca solitária, disse Lapwood em uma entrevista recente. “Você está sentado sozinho no palco e pode parecer que estamos imersos no mundo da música clássica”, observou. Mas sempre que ela lembra que as pessoas estão “ficando muito empolgadas” com seu instrumento no TikTok, “parece que, ‘Talvez não precise ser tão solitário’”.

"Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: 'Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil'”, disse Lapwood. Foto: Suzie Howell/The New York Times

As estrelas pop há muito usam o TikTok para falar diretamente com os fãs, mostrar-lhes imagens espontâneas de suas vidas ou promover novos lançamentos; Lapwood está usando as mesmas técnicas para inspirar os usuários do TikTok a se apaixonarem pela música clássica. Embora essa forma de arte seja frequentemente vista como intimidadora ou inacessível, Lapwood está tentando fazê-la parecer nova e divertida.

Usar o TikTok era “sobre acolher os jovens” na música clássica, disse Lapwood, 27, acrescentando que ela estava continuamente experimentando diferentes tipos de postagem para ver o que funcionava. Esses clipes incluíram explicações detalhadas de como os órgãos funcionam e cenas curtas dela trabalhando nos pedais do instrumento usando chinelos em um clima frio. “É a melhor coisa que fiz na minha carreira, em termos de trazer as pessoas para o instrumento”, acrescentou.

Essa missão também se estendeu para além do aplicativo. Lapwood surpreendeu os passageiros britânicos tocando um órgão de tubos que em julho foi instalado em um saguão dentro da estação ferroviária de London Bridge, e ela fez aparições em shows de pop. Em maio, músicos em turnê com Bonobo, um artista eletrônico popular, estavam no Royal Albert Hall uma noite enquanto Lapwood estava ensaiando. Eles ficaram tão impressionados com sua interpretação da Tocata e Fuga em Ré menor de Bach que a convidaram para tocar com eles em um show esgotado no mesmo local na noite seguinte.

Cerca de 18 horas depois, Lapwood estava tocando acordes poderosos sobre as batidas eletrônicas de Bonobo enquanto um público de 5.000 pessoas aplaudia descontroladamente. Quando ela postou um clipe daquele momento no TikTok, obteve mais de 5 milhões de visualizações.

Cameron Carpenter, um organista americano conhecido por seu estilo extravagante, disse por telefone que era “um grande incentivador de Lapwood”. Lapwood tocava órgão como uma bailarina, “fluida e livre”, disse Carpenter, em oposição à maneira tensa que se esperava. Ela havia se tornado “a organista mais visível do mundo”, acrescentou.

A violinista Hilary Hahn, que também é usuária do TikTok, disse que foi atraída pelas postagens de Lapwood e as comentava regularmente. “Ela tem alegria em tudo o que faz”, disse Hahn. “Você fica animada com as coisas que ela está animada.”

Nos últimos seis anos, Lapwood - que começou a tocar órgão por volta dos 15 anos - foi diretora de música do Pembroke College, parte da Universidade de Cambridge, onde suas funções incluem liderar dois corais. Pouco antes do início da pandemia de coronavírus, ela notou algumas das coristas femininas filmando uma rotina de dança para suas próprias contas no TikTok. “O que estão fazendo?” ela se lembra de ter perguntado, e elas a incentivaram a experimentar o aplicativo.

Suas primeiras postagens foram provisórias. (Em uma ela tocava uma peça de Bach nos pedais do órgão. Ela legendou “Leg day”/”Dia da perna”.) Mas logo ela estava experimentando clipes de música contemporânea, bem como outros mais tolos, como um vídeo em que exibia sua postura perfeita tocando uma alegre sonata de Bach com rolos de papel higiênico empilhados na cabeça. Um de seus primeiros clipes a viralizar mostrava-a simplesmente contando os últimos 90 segundos antes da entrada bombástica do órgão na Sinfonia nº 3 de Saint-Saëns.

Ultimamente, Lapwood tem ampliado suas escolhas musicais para além do repertório clássico. Em fevereiro, ela postou um clipe de si mesma tocando a trilha sonora de Hans Zimmer para o filme “Interestelar”. A reação foi tão positiva, ela disse, que começou a escrever seus próprios arranjos para músicas de filmes, algo que adorava fazer na adolescência, mas parou enquanto estudava órgão na universidade porque achava que “não era mais uma coisa respeitável para fazer.”

Graças ao TikTok, disse Lapwood, ela estava voltando a “uma versão mais autêntica de mim mesma” e agora se sentia mais livre para experimentar “a ideia do que é tocar órgão, quais sons são esperados e o que as pessoas esperam ouvir em um recital de órgão.”

Ultimamente, Lapwood vem ampliando seu repertório. “O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, disse ela. Foto: Suzie Howell/The New York Times

“O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, acrescentou.

À medida que a popularidade do TikTok de Lapwood cresceu, sua carreira floresceu além da plataforma. Ela se apresentou no Proms, uma série anual de concertos de música clássica transmitidos pela BBC; lançou um aclamado álbum de estreia; e foi nomeada como artista associada no Royal Albert Hall. Na primavera, ela está planejando uma turnê nos Estados Unidos.

Apesar disso, ela ainda é conhecida como “a organista do TikTok” acima de tudo.

Lapwood disse que o rótulo já a incomodou, porque poderia “definitivamente ser visto como algo depreciativo, de uma certa perspectiva”. Agora, ela disse, estava abraçando isso. “Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: ‘Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil’ ou ‘Agora estou tocando órgão por sua causa’”, ela observou.

“Então, eu sou a organista do TikTok”, ela disse, “e tudo bem”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Uma vez por mês, Anna Lapwood dirige-se ao Royal Albert Hall, em Londres, para praticar em seu grande órgão de tubos, da meia-noite às 6h - um raro momento de inatividade na movimentada programação do local.

Muitas vezes, as únicas pessoas que a ouvem ensaiar são os seguranças do local. Mas há outro público que pode assisti-la mais tarde: os mais de 420 mil fãs de Lapwood no TikTok.

No início de cada ensaio, Lapwood apoia seu telefone contra o console do órgão, para que ele possa capturar todos os seus movimentos: seus dedos movendo-se rapidamente pelos quatro teclados do órgão, seus pés deslizando pelos pedais e um olhar de prazer espalhando-se por seu rosto enquanto os sons emergem dos 9.999 tubos do órgão.

Quando Lapwood termina de tocar durante a noite, ela escolhe várias seções engraçadas ou interessantes da filmagem - como uma versão vibrante da trilha sonora de um filme ou o momento em que ela espirra no meio de uma peça - e depois as publica no TikTok.

Tocar órgão pode ser uma busca solitária, disse Lapwood em uma entrevista recente. “Você está sentado sozinho no palco e pode parecer que estamos imersos no mundo da música clássica”, observou. Mas sempre que ela lembra que as pessoas estão “ficando muito empolgadas” com seu instrumento no TikTok, “parece que, ‘Talvez não precise ser tão solitário’”.

"Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: 'Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil'”, disse Lapwood. Foto: Suzie Howell/The New York Times

As estrelas pop há muito usam o TikTok para falar diretamente com os fãs, mostrar-lhes imagens espontâneas de suas vidas ou promover novos lançamentos; Lapwood está usando as mesmas técnicas para inspirar os usuários do TikTok a se apaixonarem pela música clássica. Embora essa forma de arte seja frequentemente vista como intimidadora ou inacessível, Lapwood está tentando fazê-la parecer nova e divertida.

Usar o TikTok era “sobre acolher os jovens” na música clássica, disse Lapwood, 27, acrescentando que ela estava continuamente experimentando diferentes tipos de postagem para ver o que funcionava. Esses clipes incluíram explicações detalhadas de como os órgãos funcionam e cenas curtas dela trabalhando nos pedais do instrumento usando chinelos em um clima frio. “É a melhor coisa que fiz na minha carreira, em termos de trazer as pessoas para o instrumento”, acrescentou.

Essa missão também se estendeu para além do aplicativo. Lapwood surpreendeu os passageiros britânicos tocando um órgão de tubos que em julho foi instalado em um saguão dentro da estação ferroviária de London Bridge, e ela fez aparições em shows de pop. Em maio, músicos em turnê com Bonobo, um artista eletrônico popular, estavam no Royal Albert Hall uma noite enquanto Lapwood estava ensaiando. Eles ficaram tão impressionados com sua interpretação da Tocata e Fuga em Ré menor de Bach que a convidaram para tocar com eles em um show esgotado no mesmo local na noite seguinte.

Cerca de 18 horas depois, Lapwood estava tocando acordes poderosos sobre as batidas eletrônicas de Bonobo enquanto um público de 5.000 pessoas aplaudia descontroladamente. Quando ela postou um clipe daquele momento no TikTok, obteve mais de 5 milhões de visualizações.

Cameron Carpenter, um organista americano conhecido por seu estilo extravagante, disse por telefone que era “um grande incentivador de Lapwood”. Lapwood tocava órgão como uma bailarina, “fluida e livre”, disse Carpenter, em oposição à maneira tensa que se esperava. Ela havia se tornado “a organista mais visível do mundo”, acrescentou.

A violinista Hilary Hahn, que também é usuária do TikTok, disse que foi atraída pelas postagens de Lapwood e as comentava regularmente. “Ela tem alegria em tudo o que faz”, disse Hahn. “Você fica animada com as coisas que ela está animada.”

Nos últimos seis anos, Lapwood - que começou a tocar órgão por volta dos 15 anos - foi diretora de música do Pembroke College, parte da Universidade de Cambridge, onde suas funções incluem liderar dois corais. Pouco antes do início da pandemia de coronavírus, ela notou algumas das coristas femininas filmando uma rotina de dança para suas próprias contas no TikTok. “O que estão fazendo?” ela se lembra de ter perguntado, e elas a incentivaram a experimentar o aplicativo.

Suas primeiras postagens foram provisórias. (Em uma ela tocava uma peça de Bach nos pedais do órgão. Ela legendou “Leg day”/”Dia da perna”.) Mas logo ela estava experimentando clipes de música contemporânea, bem como outros mais tolos, como um vídeo em que exibia sua postura perfeita tocando uma alegre sonata de Bach com rolos de papel higiênico empilhados na cabeça. Um de seus primeiros clipes a viralizar mostrava-a simplesmente contando os últimos 90 segundos antes da entrada bombástica do órgão na Sinfonia nº 3 de Saint-Saëns.

Ultimamente, Lapwood tem ampliado suas escolhas musicais para além do repertório clássico. Em fevereiro, ela postou um clipe de si mesma tocando a trilha sonora de Hans Zimmer para o filme “Interestelar”. A reação foi tão positiva, ela disse, que começou a escrever seus próprios arranjos para músicas de filmes, algo que adorava fazer na adolescência, mas parou enquanto estudava órgão na universidade porque achava que “não era mais uma coisa respeitável para fazer.”

Graças ao TikTok, disse Lapwood, ela estava voltando a “uma versão mais autêntica de mim mesma” e agora se sentia mais livre para experimentar “a ideia do que é tocar órgão, quais sons são esperados e o que as pessoas esperam ouvir em um recital de órgão.”

Ultimamente, Lapwood vem ampliando seu repertório. “O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, disse ela. Foto: Suzie Howell/The New York Times

“O console do órgão é meu playground de uma forma que não era antes”, acrescentou.

À medida que a popularidade do TikTok de Lapwood cresceu, sua carreira floresceu além da plataforma. Ela se apresentou no Proms, uma série anual de concertos de música clássica transmitidos pela BBC; lançou um aclamado álbum de estreia; e foi nomeada como artista associada no Royal Albert Hall. Na primavera, ela está planejando uma turnê nos Estados Unidos.

Apesar disso, ela ainda é conhecida como “a organista do TikTok” acima de tudo.

Lapwood disse que o rótulo já a incomodou, porque poderia “definitivamente ser visto como algo depreciativo, de uma certa perspectiva”. Agora, ela disse, estava abraçando isso. “Fico tão emocionada quando as pessoas vêm até mim e dizem: ‘Seus TikToks me ajudaram a passar por um momento difícil’ ou ‘Agora estou tocando órgão por sua causa’”, ela observou.

“Então, eu sou a organista do TikTok”, ela disse, “e tudo bem”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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