Organista é acusada de ser ‘satanista’ e se assusta com protestos religiosos


Por mais de uma década, Anna von Hausswolff vem trazendo o som de órgãos para os fãs de rock. Mas extremistas católicos tentaram impedi-la de fazer shows em igrejas

Por Alex Marshall

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Anna von Hausswolff, uma aclamada compositora e organista sueca, ouviu pela primeira vez que um site conservador católico romano a estava chamando de satanista e exigindo um boicote aos seus concertos, ela e sua equipe riram.

”Achamos hilário”, lembrou von Hausswolff, de 35 anos, em uma entrevista recente. “Rimos o dia inteiro”. O site Riposte Catholique estava alertando seus leitores antes de um concerto da épica música de órgão de tubos de von Hausswolff em uma igreja em Nantes, uma cidade no oeste da França.

Extremistas católicos romanos conseguiram impedir algumas das apresentações de Anna von Hausswolff nas igrejas Foto: Ines Sebalj/The New York Times
continua após a publicidade

Alguns de seus fãs eram góticos, disse o site, e suas músicas eram “mais uma missa negra do que música para uma igreja”. Um blogueiro de música a chamou de “a alta sacerdotisa” das “harmonias satânicas”, observou o site, e grupos conservadores católicos romanos notaram que, na faixa “Pills”, ela canta: “Eu fiz amor com o diabo”.

”Dissemos: ‘Esta é uma ótima campanha de relações públicas’”, disse Von Hausswolff. “Quero dizer, ‘a alta sacerdotisa da arte satânica’. Uau!”Mas assim que ela chegou à igreja em Nantes, a brincadeira parou.

continua após a publicidade

Do lado de fora, estavam cerca de 30 jovens, a maioria vestindo jaquetas pretas e capuzes, protestando contra a apresentação, disse Von Hausswolff. O promotor do show disse a ela que alguns homens tinham acabado de invadir o local, tentando encontrá-la.

Logo, havia 100 pessoas bloqueando a entrada da igreja. Von Hausswolff estava sentada na igreja ricamente pintada, olhando para o órgão que ela esperava tocar, ouvindo os manifestantes cantando e batendo nas portas do lado de fora enquanto seus fãs gritavam de volta. ”Havia uma parte primitiva em mim que me dizia que eu não estava segura”, ela disse. “Eu queria sair.” Ela cancelou a apresentação.

Nos últimos anos, as divergências entre conservadores e liberais sobre questões como casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto tornaram-se cada vez mais acaloradas em partes da Europa. A experiência de Von Hausswolff é um exemplo de outro ponto de tensão nas guerras culturais do continente: em alguns países, uma pequena minoria de católicos romanos protesta regularmente contra a arte que considera blasfêmia.

continua após a publicidade

Céline Béraud, uma acadêmica que estuda sociologia do catolicismo na França, disse em uma entrevista por telefone que extremistas fizeram protestos contra obras de arte e peças de teatro no país nos últimos 20 anos. “Vem de uma minoria bem organizada que é muito boa em chamar a atenção da mídia”, disse Béraud.

Um de seus alvos regulares é o Hellfest, um festival de rock realizado todos os anos perto de Nantes. Em 2015, um grupo de manifestantes invadiu o local e incendiou alguns dos cenários do festival. Desde então, os manifestantes regularmente encharcam os campos do local do festival com água benta. O gerente de comunicações do Hellfest, Eric Perrin, disse em um e-mail que os membros da equipe encontraram recentemente 50 pingentes de ouro retratando a Virgem Maria espalhados pelo local.

Como tocar um órgão de tubos de verdade em um concerto quase sempre significa tocar na igreja, os problemas da turnê de von Hausswolff não terminaram quando ela deixou Nantes – embora alguns bispos franceses tenham emitido declarações de apoio. Em Paris, ela iria tocar o grande órgão em Saint-Eustache, uma igreja amplamente considerada uma joia do Renascimento francês, mas depois que seu padre foi inundado de reclamações, ela realizou uma apresentação secreta em uma igreja protestante perto do Arco de Triunfo.

continua após a publicidade

Mais tarde, em Bruxelas, cerca de 100 pessoas protestaram do lado de fora de seu show em uma igreja dominicana, adotando uma abordagem mais pacífica do que seus colegas franceses e se afastando de suas portas quando solicitados pela polícia. Em Nijmegen, na Holanda, apenas dois manifestantes apareceram, ficando parados do lado de fora, segurando cartazes com a mensagem “Satanás não é bem-vindo”.

Von Hausswolff não é alguém que você esperaria causar tanto rebuliço. Ela cresceu em Gotemburgo, na Suécia, e disse que sua infância foi “muito criativa”. (Seu pai, Carl Michael von Hausswolff, é compositor e artista performático.)

Na adolescência, cantava no coral da igreja e sonhava em se tornar musicista, mas acabou se formando como arquiteta. Sua carreira musical decolou em 2009, quando Von Hausswolff, então com 23 anos, lançou um demo de músicas de piano chamado “Singing from the Grave” (Cantando do Túmulo) que rapidamente encontrou uma base de fãs na Suécia graças aos seus vocais crescentes.

continua após a publicidade

Ela foi frequentemente comparada à estrela pop inglesa Kate Bush. Depois que um construtor de órgãos lhe disse que ela poderia fazer uma bela música de órgão de tubos, ela arriscou, lembrou-se, experimentando o órgão na vasta Igreja Annedal de Gotemburgo. “Quando cheguei à nota mais baixa, não pude acreditar em meus ouvidos”, disse Von Hausswolff.

“Eu senti isso em todo o meu corpo”. Desde então, ela explorou o que o instrumento pode fazer em cinco álbuns, às vezes com uma banda de rock e outras vezes tocando solo. Seu álbum mais recente, lançado este mês, foi gravado ao vivo no Montreux Jazz Festival, na Suíça.

Na entrevista, von Hausswolff, que estava vestindo leggings de Natal cobertas de renas de desenhos animados com chapéus de Papai Noel, negou que fosse satanista. Von Hausswolff se recusou a dizer sobre o que era sua faixa de 2009 “Pills” – na qual ela canta sobre sexo satânico –, já que as músicas devem ser deixadas abertas à interpretação, ela disse. Mas, acrescentou: “Se você está me perguntando se eu literalmente fiz sexo com o diabo, a resposta é: ‘Não’”.

continua após a publicidade

Por mais que ela estivesse feliz em brincar sobre as acusações, os incidentes do mês passado deixaram uma marca. Ela ainda se sentia assustada com os protestos franceses e belgas, disse, e temia que as igrejas pensassem duas vezes antes de deixá-la tocar seus órgãos, para evitar reclamações.”Não sou uma boa cristã e nunca serei”, disse von Hausswolff, acrescentando que se via como agnóstica.

“Mas estou lá para apresentar minha arte de órgão de tubos para que possa, espero, invocar um pensamento mais profundo nas pessoas.”Ela estava planejando mais turnês na igreja, disse. Contanto que ela seja bem-vinda, acrescentou: “Eu irei lá e tocarei minha música”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Anna von Hausswolff, uma aclamada compositora e organista sueca, ouviu pela primeira vez que um site conservador católico romano a estava chamando de satanista e exigindo um boicote aos seus concertos, ela e sua equipe riram.

”Achamos hilário”, lembrou von Hausswolff, de 35 anos, em uma entrevista recente. “Rimos o dia inteiro”. O site Riposte Catholique estava alertando seus leitores antes de um concerto da épica música de órgão de tubos de von Hausswolff em uma igreja em Nantes, uma cidade no oeste da França.

Extremistas católicos romanos conseguiram impedir algumas das apresentações de Anna von Hausswolff nas igrejas Foto: Ines Sebalj/The New York Times

Alguns de seus fãs eram góticos, disse o site, e suas músicas eram “mais uma missa negra do que música para uma igreja”. Um blogueiro de música a chamou de “a alta sacerdotisa” das “harmonias satânicas”, observou o site, e grupos conservadores católicos romanos notaram que, na faixa “Pills”, ela canta: “Eu fiz amor com o diabo”.

”Dissemos: ‘Esta é uma ótima campanha de relações públicas’”, disse Von Hausswolff. “Quero dizer, ‘a alta sacerdotisa da arte satânica’. Uau!”Mas assim que ela chegou à igreja em Nantes, a brincadeira parou.

Do lado de fora, estavam cerca de 30 jovens, a maioria vestindo jaquetas pretas e capuzes, protestando contra a apresentação, disse Von Hausswolff. O promotor do show disse a ela que alguns homens tinham acabado de invadir o local, tentando encontrá-la.

Logo, havia 100 pessoas bloqueando a entrada da igreja. Von Hausswolff estava sentada na igreja ricamente pintada, olhando para o órgão que ela esperava tocar, ouvindo os manifestantes cantando e batendo nas portas do lado de fora enquanto seus fãs gritavam de volta. ”Havia uma parte primitiva em mim que me dizia que eu não estava segura”, ela disse. “Eu queria sair.” Ela cancelou a apresentação.

Nos últimos anos, as divergências entre conservadores e liberais sobre questões como casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto tornaram-se cada vez mais acaloradas em partes da Europa. A experiência de Von Hausswolff é um exemplo de outro ponto de tensão nas guerras culturais do continente: em alguns países, uma pequena minoria de católicos romanos protesta regularmente contra a arte que considera blasfêmia.

Céline Béraud, uma acadêmica que estuda sociologia do catolicismo na França, disse em uma entrevista por telefone que extremistas fizeram protestos contra obras de arte e peças de teatro no país nos últimos 20 anos. “Vem de uma minoria bem organizada que é muito boa em chamar a atenção da mídia”, disse Béraud.

Um de seus alvos regulares é o Hellfest, um festival de rock realizado todos os anos perto de Nantes. Em 2015, um grupo de manifestantes invadiu o local e incendiou alguns dos cenários do festival. Desde então, os manifestantes regularmente encharcam os campos do local do festival com água benta. O gerente de comunicações do Hellfest, Eric Perrin, disse em um e-mail que os membros da equipe encontraram recentemente 50 pingentes de ouro retratando a Virgem Maria espalhados pelo local.

Como tocar um órgão de tubos de verdade em um concerto quase sempre significa tocar na igreja, os problemas da turnê de von Hausswolff não terminaram quando ela deixou Nantes – embora alguns bispos franceses tenham emitido declarações de apoio. Em Paris, ela iria tocar o grande órgão em Saint-Eustache, uma igreja amplamente considerada uma joia do Renascimento francês, mas depois que seu padre foi inundado de reclamações, ela realizou uma apresentação secreta em uma igreja protestante perto do Arco de Triunfo.

Mais tarde, em Bruxelas, cerca de 100 pessoas protestaram do lado de fora de seu show em uma igreja dominicana, adotando uma abordagem mais pacífica do que seus colegas franceses e se afastando de suas portas quando solicitados pela polícia. Em Nijmegen, na Holanda, apenas dois manifestantes apareceram, ficando parados do lado de fora, segurando cartazes com a mensagem “Satanás não é bem-vindo”.

Von Hausswolff não é alguém que você esperaria causar tanto rebuliço. Ela cresceu em Gotemburgo, na Suécia, e disse que sua infância foi “muito criativa”. (Seu pai, Carl Michael von Hausswolff, é compositor e artista performático.)

Na adolescência, cantava no coral da igreja e sonhava em se tornar musicista, mas acabou se formando como arquiteta. Sua carreira musical decolou em 2009, quando Von Hausswolff, então com 23 anos, lançou um demo de músicas de piano chamado “Singing from the Grave” (Cantando do Túmulo) que rapidamente encontrou uma base de fãs na Suécia graças aos seus vocais crescentes.

Ela foi frequentemente comparada à estrela pop inglesa Kate Bush. Depois que um construtor de órgãos lhe disse que ela poderia fazer uma bela música de órgão de tubos, ela arriscou, lembrou-se, experimentando o órgão na vasta Igreja Annedal de Gotemburgo. “Quando cheguei à nota mais baixa, não pude acreditar em meus ouvidos”, disse Von Hausswolff.

“Eu senti isso em todo o meu corpo”. Desde então, ela explorou o que o instrumento pode fazer em cinco álbuns, às vezes com uma banda de rock e outras vezes tocando solo. Seu álbum mais recente, lançado este mês, foi gravado ao vivo no Montreux Jazz Festival, na Suíça.

Na entrevista, von Hausswolff, que estava vestindo leggings de Natal cobertas de renas de desenhos animados com chapéus de Papai Noel, negou que fosse satanista. Von Hausswolff se recusou a dizer sobre o que era sua faixa de 2009 “Pills” – na qual ela canta sobre sexo satânico –, já que as músicas devem ser deixadas abertas à interpretação, ela disse. Mas, acrescentou: “Se você está me perguntando se eu literalmente fiz sexo com o diabo, a resposta é: ‘Não’”.

Por mais que ela estivesse feliz em brincar sobre as acusações, os incidentes do mês passado deixaram uma marca. Ela ainda se sentia assustada com os protestos franceses e belgas, disse, e temia que as igrejas pensassem duas vezes antes de deixá-la tocar seus órgãos, para evitar reclamações.”Não sou uma boa cristã e nunca serei”, disse von Hausswolff, acrescentando que se via como agnóstica.

“Mas estou lá para apresentar minha arte de órgão de tubos para que possa, espero, invocar um pensamento mais profundo nas pessoas.”Ela estava planejando mais turnês na igreja, disse. Contanto que ela seja bem-vinda, acrescentou: “Eu irei lá e tocarei minha música”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando Anna von Hausswolff, uma aclamada compositora e organista sueca, ouviu pela primeira vez que um site conservador católico romano a estava chamando de satanista e exigindo um boicote aos seus concertos, ela e sua equipe riram.

”Achamos hilário”, lembrou von Hausswolff, de 35 anos, em uma entrevista recente. “Rimos o dia inteiro”. O site Riposte Catholique estava alertando seus leitores antes de um concerto da épica música de órgão de tubos de von Hausswolff em uma igreja em Nantes, uma cidade no oeste da França.

Extremistas católicos romanos conseguiram impedir algumas das apresentações de Anna von Hausswolff nas igrejas Foto: Ines Sebalj/The New York Times

Alguns de seus fãs eram góticos, disse o site, e suas músicas eram “mais uma missa negra do que música para uma igreja”. Um blogueiro de música a chamou de “a alta sacerdotisa” das “harmonias satânicas”, observou o site, e grupos conservadores católicos romanos notaram que, na faixa “Pills”, ela canta: “Eu fiz amor com o diabo”.

”Dissemos: ‘Esta é uma ótima campanha de relações públicas’”, disse Von Hausswolff. “Quero dizer, ‘a alta sacerdotisa da arte satânica’. Uau!”Mas assim que ela chegou à igreja em Nantes, a brincadeira parou.

Do lado de fora, estavam cerca de 30 jovens, a maioria vestindo jaquetas pretas e capuzes, protestando contra a apresentação, disse Von Hausswolff. O promotor do show disse a ela que alguns homens tinham acabado de invadir o local, tentando encontrá-la.

Logo, havia 100 pessoas bloqueando a entrada da igreja. Von Hausswolff estava sentada na igreja ricamente pintada, olhando para o órgão que ela esperava tocar, ouvindo os manifestantes cantando e batendo nas portas do lado de fora enquanto seus fãs gritavam de volta. ”Havia uma parte primitiva em mim que me dizia que eu não estava segura”, ela disse. “Eu queria sair.” Ela cancelou a apresentação.

Nos últimos anos, as divergências entre conservadores e liberais sobre questões como casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto tornaram-se cada vez mais acaloradas em partes da Europa. A experiência de Von Hausswolff é um exemplo de outro ponto de tensão nas guerras culturais do continente: em alguns países, uma pequena minoria de católicos romanos protesta regularmente contra a arte que considera blasfêmia.

Céline Béraud, uma acadêmica que estuda sociologia do catolicismo na França, disse em uma entrevista por telefone que extremistas fizeram protestos contra obras de arte e peças de teatro no país nos últimos 20 anos. “Vem de uma minoria bem organizada que é muito boa em chamar a atenção da mídia”, disse Béraud.

Um de seus alvos regulares é o Hellfest, um festival de rock realizado todos os anos perto de Nantes. Em 2015, um grupo de manifestantes invadiu o local e incendiou alguns dos cenários do festival. Desde então, os manifestantes regularmente encharcam os campos do local do festival com água benta. O gerente de comunicações do Hellfest, Eric Perrin, disse em um e-mail que os membros da equipe encontraram recentemente 50 pingentes de ouro retratando a Virgem Maria espalhados pelo local.

Como tocar um órgão de tubos de verdade em um concerto quase sempre significa tocar na igreja, os problemas da turnê de von Hausswolff não terminaram quando ela deixou Nantes – embora alguns bispos franceses tenham emitido declarações de apoio. Em Paris, ela iria tocar o grande órgão em Saint-Eustache, uma igreja amplamente considerada uma joia do Renascimento francês, mas depois que seu padre foi inundado de reclamações, ela realizou uma apresentação secreta em uma igreja protestante perto do Arco de Triunfo.

Mais tarde, em Bruxelas, cerca de 100 pessoas protestaram do lado de fora de seu show em uma igreja dominicana, adotando uma abordagem mais pacífica do que seus colegas franceses e se afastando de suas portas quando solicitados pela polícia. Em Nijmegen, na Holanda, apenas dois manifestantes apareceram, ficando parados do lado de fora, segurando cartazes com a mensagem “Satanás não é bem-vindo”.

Von Hausswolff não é alguém que você esperaria causar tanto rebuliço. Ela cresceu em Gotemburgo, na Suécia, e disse que sua infância foi “muito criativa”. (Seu pai, Carl Michael von Hausswolff, é compositor e artista performático.)

Na adolescência, cantava no coral da igreja e sonhava em se tornar musicista, mas acabou se formando como arquiteta. Sua carreira musical decolou em 2009, quando Von Hausswolff, então com 23 anos, lançou um demo de músicas de piano chamado “Singing from the Grave” (Cantando do Túmulo) que rapidamente encontrou uma base de fãs na Suécia graças aos seus vocais crescentes.

Ela foi frequentemente comparada à estrela pop inglesa Kate Bush. Depois que um construtor de órgãos lhe disse que ela poderia fazer uma bela música de órgão de tubos, ela arriscou, lembrou-se, experimentando o órgão na vasta Igreja Annedal de Gotemburgo. “Quando cheguei à nota mais baixa, não pude acreditar em meus ouvidos”, disse Von Hausswolff.

“Eu senti isso em todo o meu corpo”. Desde então, ela explorou o que o instrumento pode fazer em cinco álbuns, às vezes com uma banda de rock e outras vezes tocando solo. Seu álbum mais recente, lançado este mês, foi gravado ao vivo no Montreux Jazz Festival, na Suíça.

Na entrevista, von Hausswolff, que estava vestindo leggings de Natal cobertas de renas de desenhos animados com chapéus de Papai Noel, negou que fosse satanista. Von Hausswolff se recusou a dizer sobre o que era sua faixa de 2009 “Pills” – na qual ela canta sobre sexo satânico –, já que as músicas devem ser deixadas abertas à interpretação, ela disse. Mas, acrescentou: “Se você está me perguntando se eu literalmente fiz sexo com o diabo, a resposta é: ‘Não’”.

Por mais que ela estivesse feliz em brincar sobre as acusações, os incidentes do mês passado deixaram uma marca. Ela ainda se sentia assustada com os protestos franceses e belgas, disse, e temia que as igrejas pensassem duas vezes antes de deixá-la tocar seus órgãos, para evitar reclamações.”Não sou uma boa cristã e nunca serei”, disse von Hausswolff, acrescentando que se via como agnóstica.

“Mas estou lá para apresentar minha arte de órgão de tubos para que possa, espero, invocar um pensamento mais profundo nas pessoas.”Ela estava planejando mais turnês na igreja, disse. Contanto que ela seja bem-vinda, acrescentou: “Eu irei lá e tocarei minha música”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.