A crise da covid agora também é uma crise de lixo


Temores exagerados de que o coronavírus pudesse ser transmitido pelas superfícies criaram um estigma em torno do manuseio de lixo não perigoso e muito lixo reciclável foi apenas jogado fora ou queimado

Por Mike Ives

Em todo o Brasil, as usinas de reciclagem pararam de funcionar por meses. Em Uganda, uma instalação está sem plásticos reutilizáveis. E na capital da Indonésia, luvas descartáveis e protetores faciais estão se acumulando na foz de um rio.

O crescente consumo de plásticos e embalagens durante a pandemia produziu montanhas de resíduos. Mas, como os temores da covid-19 ocasionaram paralisações nas usinas de reciclagem, bastante material reutilizável foi jogado fora ou queimado.

Gaivota carrega uma máscara no porto de Dover, na Inglaterra. Foto: Peter Nicholls / Reuters 
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Ao mesmo tempo, grandes volumes de equipamentos de proteção individual, ou EPI, foram erroneamente classificados como perigosos, dizem especialistas em resíduos sólidos. Esse material muitas vezes não é permitido no lixo normal, então boa parte dele é jogado em fossas de queima ou lixões.

Especialistas dizem que, em ambos os casos, o problema é que um medo precoce - de que o coronavírus pudesse se espalhar facilmente pelas superfícies - criou um estigma persistente em torno do manuseio de lixo perfeitamente seguro. Desde então, muitos cientistas e agências governamentais descobriram que o medo da transmissão pela superfície era exagerado. Mas é difícil mudar os hábitos, especialmente em países onde as diretrizes de descarte de resíduos não foram atualizadas e as autoridades ainda estão preocupadas em combater novos surtos.

As taxas de reciclagem caíram drasticamente em todo o mundo no ano passado, em parte porque a demanda dos fabricantes também caiu. Em muitos países onde a indústria de reciclagem ainda é movida pela seleção manual, e não por máquinas, o trabalho presencial foi suspenso por temores relacionados aos vírus. Um estudo descobriu que, durante o período de suspensão, pelo menos 16 mil toneladas de material reciclável a menos do que o normal estavam em circulação, representando uma perda econômica de cerca de US $ 1,2 milhão por mês para associações de catadores.

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As taxas de reciclagem agora estão voltando aos níveis pré-covid nas economias desenvolvidas, disse James Michelsen, especialista em resíduos sólidos.

Mas, em países onde a reciclagem é conduzida por coletores informais, acrescentou ele, lockdowns e surtos estão criando grandes interrupções.

Além disso, a maioria dos EPI não é perigosa, mas muitos países ainda os classificam como tal, disse Michelsen. Isso significa que luvas e máscaras usadas estão sendo agrupadas com resíduos médicos realmente perigosos.

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Uma preocupação emergente é que, à medida que a inundação de material cria novas pressões sobre as autoridades locais, seringas e outros resíduos médicos realmente perigosos podem acabar nos lugares errados. E, como as seringas e os frascos de vacinas são uma mercadoria valiosa no mercado paralelo, as gangues de criminosos têm um incentivo para roubar o equipamento de vacinação e revendê-lo ilegalmente no sistema de saúde. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Em todo o Brasil, as usinas de reciclagem pararam de funcionar por meses. Em Uganda, uma instalação está sem plásticos reutilizáveis. E na capital da Indonésia, luvas descartáveis e protetores faciais estão se acumulando na foz de um rio.

O crescente consumo de plásticos e embalagens durante a pandemia produziu montanhas de resíduos. Mas, como os temores da covid-19 ocasionaram paralisações nas usinas de reciclagem, bastante material reutilizável foi jogado fora ou queimado.

Gaivota carrega uma máscara no porto de Dover, na Inglaterra. Foto: Peter Nicholls / Reuters 

Ao mesmo tempo, grandes volumes de equipamentos de proteção individual, ou EPI, foram erroneamente classificados como perigosos, dizem especialistas em resíduos sólidos. Esse material muitas vezes não é permitido no lixo normal, então boa parte dele é jogado em fossas de queima ou lixões.

Especialistas dizem que, em ambos os casos, o problema é que um medo precoce - de que o coronavírus pudesse se espalhar facilmente pelas superfícies - criou um estigma persistente em torno do manuseio de lixo perfeitamente seguro. Desde então, muitos cientistas e agências governamentais descobriram que o medo da transmissão pela superfície era exagerado. Mas é difícil mudar os hábitos, especialmente em países onde as diretrizes de descarte de resíduos não foram atualizadas e as autoridades ainda estão preocupadas em combater novos surtos.

As taxas de reciclagem caíram drasticamente em todo o mundo no ano passado, em parte porque a demanda dos fabricantes também caiu. Em muitos países onde a indústria de reciclagem ainda é movida pela seleção manual, e não por máquinas, o trabalho presencial foi suspenso por temores relacionados aos vírus. Um estudo descobriu que, durante o período de suspensão, pelo menos 16 mil toneladas de material reciclável a menos do que o normal estavam em circulação, representando uma perda econômica de cerca de US $ 1,2 milhão por mês para associações de catadores.

As taxas de reciclagem agora estão voltando aos níveis pré-covid nas economias desenvolvidas, disse James Michelsen, especialista em resíduos sólidos.

Mas, em países onde a reciclagem é conduzida por coletores informais, acrescentou ele, lockdowns e surtos estão criando grandes interrupções.

Além disso, a maioria dos EPI não é perigosa, mas muitos países ainda os classificam como tal, disse Michelsen. Isso significa que luvas e máscaras usadas estão sendo agrupadas com resíduos médicos realmente perigosos.

Uma preocupação emergente é que, à medida que a inundação de material cria novas pressões sobre as autoridades locais, seringas e outros resíduos médicos realmente perigosos podem acabar nos lugares errados. E, como as seringas e os frascos de vacinas são uma mercadoria valiosa no mercado paralelo, as gangues de criminosos têm um incentivo para roubar o equipamento de vacinação e revendê-lo ilegalmente no sistema de saúde. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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Em todo o Brasil, as usinas de reciclagem pararam de funcionar por meses. Em Uganda, uma instalação está sem plásticos reutilizáveis. E na capital da Indonésia, luvas descartáveis e protetores faciais estão se acumulando na foz de um rio.

O crescente consumo de plásticos e embalagens durante a pandemia produziu montanhas de resíduos. Mas, como os temores da covid-19 ocasionaram paralisações nas usinas de reciclagem, bastante material reutilizável foi jogado fora ou queimado.

Gaivota carrega uma máscara no porto de Dover, na Inglaterra. Foto: Peter Nicholls / Reuters 

Ao mesmo tempo, grandes volumes de equipamentos de proteção individual, ou EPI, foram erroneamente classificados como perigosos, dizem especialistas em resíduos sólidos. Esse material muitas vezes não é permitido no lixo normal, então boa parte dele é jogado em fossas de queima ou lixões.

Especialistas dizem que, em ambos os casos, o problema é que um medo precoce - de que o coronavírus pudesse se espalhar facilmente pelas superfícies - criou um estigma persistente em torno do manuseio de lixo perfeitamente seguro. Desde então, muitos cientistas e agências governamentais descobriram que o medo da transmissão pela superfície era exagerado. Mas é difícil mudar os hábitos, especialmente em países onde as diretrizes de descarte de resíduos não foram atualizadas e as autoridades ainda estão preocupadas em combater novos surtos.

As taxas de reciclagem caíram drasticamente em todo o mundo no ano passado, em parte porque a demanda dos fabricantes também caiu. Em muitos países onde a indústria de reciclagem ainda é movida pela seleção manual, e não por máquinas, o trabalho presencial foi suspenso por temores relacionados aos vírus. Um estudo descobriu que, durante o período de suspensão, pelo menos 16 mil toneladas de material reciclável a menos do que o normal estavam em circulação, representando uma perda econômica de cerca de US $ 1,2 milhão por mês para associações de catadores.

As taxas de reciclagem agora estão voltando aos níveis pré-covid nas economias desenvolvidas, disse James Michelsen, especialista em resíduos sólidos.

Mas, em países onde a reciclagem é conduzida por coletores informais, acrescentou ele, lockdowns e surtos estão criando grandes interrupções.

Além disso, a maioria dos EPI não é perigosa, mas muitos países ainda os classificam como tal, disse Michelsen. Isso significa que luvas e máscaras usadas estão sendo agrupadas com resíduos médicos realmente perigosos.

Uma preocupação emergente é que, à medida que a inundação de material cria novas pressões sobre as autoridades locais, seringas e outros resíduos médicos realmente perigosos podem acabar nos lugares errados. E, como as seringas e os frascos de vacinas são uma mercadoria valiosa no mercado paralelo, as gangues de criminosos têm um incentivo para roubar o equipamento de vacinação e revendê-lo ilegalmente no sistema de saúde. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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