Para críticos, filmes precisam oferecer esperança à crise climática


Crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que mostre humanos se adaptando às ameaças climáticas

Por Cara Buckley
Atualização:

Os humanos estragaram tudo. Eles se reproduziram rápido demais e sufocaram a vida nos ares, mares e terras. Assim, metade deles deve ser vaporizada, ou atacada por monstros gigantescos, ou exterminada por furiosos habitantes das profundezas poluídas do oceano. Além disso, enfrentam uma sobrevivência difícil e desesperada em uma Terra antes verdejante, mas agora consumida pelo gelo ou pela seca.

É assim que muitos dos filmes recentes de super-heróis e ficção científica - entre eles os mais recentes Vingadores e Godzilla, bem como Aquaman, Snowpiercer, Blade Runner 2049, Interstelar e Mad Max: Fury Road - evocaram a crise climática. Eles imaginam futuros pós-apocalípticos ou distopias em que o colapso ecológico é inevitável, os ambientalistas são criminosos, e a preocupação com o equilíbrio da ecologia é a motivação dos vilões. 

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Mas, para os críticos, essas são abordagens derrotistas, e um crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que conte mais histórias mostrando os humanos se adaptando e implementando reformas para afastar as ameaças climáticas. “Mais do que nunca, eles entendem tudo errado, muitas vezes cometendo o mesmo equívoco", disse Michael Svoboda, professor de escrita da Universidade George Washington e autor do site multimídia Yale Climate Connections. “Quase nenhum desses filmes retrata uma transformação bem sucedida da sociedade.”

Em Vingadores: Guerra Infinita, o arqui-inimigo Thanos decide impedir o colapso ambiental reduzindo pela metade a população de todos os seres vivos, principalmente a humanidade. Em Godzilla: King of the Monsters, ecoterroristas libertam feras predadoras para impedir a extinção em massa e manter sob controle a população humana. Em Aquaman, o rei Orm, soberano de um reino subaquático, conclui que a única maneira de impedir a destruição da Terra é guerrear contra os humanos.

Em “Vingadores: Guerra Infinita", Thanos (Josh Brolin) decide evitar uma crise ambiental reduzindo a humanidade pela metade. Foto: Disney/Marvel
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David Leslie Johnson-McGoldrick, um dos roteiristas de Aquaman, disse que usar a poluição como fator de motivação tornou Orm mais próximo do público e menos “caricato", acrescentando, “O personagem ganhou contraste". Mas, para Svoboda, Orm é parte de uma tendência nos filmes que buscam levar a crise climática para um território emocional mais conhecido e confortável. O vilão é derrotado e o público se sente aliviado, disse ele, também porque sua responsabilidade parece reduzida: a humanidade pode ser uma ameaça real, mas as alternativas são piores.

Em ambos os lados do Atlântico, há esforços para mudar isso e injetar mais esperança nas narrativas. Além de detalhar como os projetos podem reduzir sua pegada de carbono durante a produção, o Producers Guild of America e, mais enfaticamente, a British Academy of Film and Television Arts, estão mostrando aos criadores de conteúdo como incorporar temas ecológicos em seus filmes e programas.

No site Guia de Produção Verde do Producers Guild, um relatório do Rocky Mountain Institute, instituição sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade, apresenta formas de retratar as fontes renováveis na tela. Alguns sugerem que as tramas ganhem nuance, mostrando personagens que decidem gerar a própria energia ou que se apaixonam pelo técnico do painel solar.

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Para Jacob Corvidae, um dos autores do relatório, o objetivo é mostrar como o setor da energia limpa é robusto, e também difundir a esperança. “Precisamos de retratos mostrando que tudo pode ficar bem porque as pessoas trabalharam para resolver o problema", disse ele.

No primeiro semestre do ano, a academia britânica de cinema de TV lançou um estudo mostrando o número de vezes que termos ecológicos apareceram na TV britânica em um ano (não foram incluídos filmes). “Mudança climática” apareceu mais do que “zumbi”, mas perdeu para “molho", e nem chegou perto de termos como “rainha” e “chá". A academia também anunciou uma iniciativa, Planet Placement, incentivando criadores de conteúdo para o cinema e a TV que ajudem a “tornar mais comuns os comportamentos ambientais positivos".

De acordo com o documento, com o amplo alcance dessas indústrias, “é uma oportunidade para moldar a resposta da sociedade à mudança climática". “Os 25 anos mais recentes da narrativa ambiental são de sacrifício e tragédia, sem fazer o que queremos nem conseguirmos o que queremos", disse Aaron Matthews, diretor de sustentabilidade da indústria na academia. “Achamos que o tom alarmista e pessimista não é o correto.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Os humanos estragaram tudo. Eles se reproduziram rápido demais e sufocaram a vida nos ares, mares e terras. Assim, metade deles deve ser vaporizada, ou atacada por monstros gigantescos, ou exterminada por furiosos habitantes das profundezas poluídas do oceano. Além disso, enfrentam uma sobrevivência difícil e desesperada em uma Terra antes verdejante, mas agora consumida pelo gelo ou pela seca.

É assim que muitos dos filmes recentes de super-heróis e ficção científica - entre eles os mais recentes Vingadores e Godzilla, bem como Aquaman, Snowpiercer, Blade Runner 2049, Interstelar e Mad Max: Fury Road - evocaram a crise climática. Eles imaginam futuros pós-apocalípticos ou distopias em que o colapso ecológico é inevitável, os ambientalistas são criminosos, e a preocupação com o equilíbrio da ecologia é a motivação dos vilões. 

Mas, para os críticos, essas são abordagens derrotistas, e um crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que conte mais histórias mostrando os humanos se adaptando e implementando reformas para afastar as ameaças climáticas. “Mais do que nunca, eles entendem tudo errado, muitas vezes cometendo o mesmo equívoco", disse Michael Svoboda, professor de escrita da Universidade George Washington e autor do site multimídia Yale Climate Connections. “Quase nenhum desses filmes retrata uma transformação bem sucedida da sociedade.”

Em Vingadores: Guerra Infinita, o arqui-inimigo Thanos decide impedir o colapso ambiental reduzindo pela metade a população de todos os seres vivos, principalmente a humanidade. Em Godzilla: King of the Monsters, ecoterroristas libertam feras predadoras para impedir a extinção em massa e manter sob controle a população humana. Em Aquaman, o rei Orm, soberano de um reino subaquático, conclui que a única maneira de impedir a destruição da Terra é guerrear contra os humanos.

Em “Vingadores: Guerra Infinita", Thanos (Josh Brolin) decide evitar uma crise ambiental reduzindo a humanidade pela metade. Foto: Disney/Marvel

David Leslie Johnson-McGoldrick, um dos roteiristas de Aquaman, disse que usar a poluição como fator de motivação tornou Orm mais próximo do público e menos “caricato", acrescentando, “O personagem ganhou contraste". Mas, para Svoboda, Orm é parte de uma tendência nos filmes que buscam levar a crise climática para um território emocional mais conhecido e confortável. O vilão é derrotado e o público se sente aliviado, disse ele, também porque sua responsabilidade parece reduzida: a humanidade pode ser uma ameaça real, mas as alternativas são piores.

Em ambos os lados do Atlântico, há esforços para mudar isso e injetar mais esperança nas narrativas. Além de detalhar como os projetos podem reduzir sua pegada de carbono durante a produção, o Producers Guild of America e, mais enfaticamente, a British Academy of Film and Television Arts, estão mostrando aos criadores de conteúdo como incorporar temas ecológicos em seus filmes e programas.

No site Guia de Produção Verde do Producers Guild, um relatório do Rocky Mountain Institute, instituição sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade, apresenta formas de retratar as fontes renováveis na tela. Alguns sugerem que as tramas ganhem nuance, mostrando personagens que decidem gerar a própria energia ou que se apaixonam pelo técnico do painel solar.

Para Jacob Corvidae, um dos autores do relatório, o objetivo é mostrar como o setor da energia limpa é robusto, e também difundir a esperança. “Precisamos de retratos mostrando que tudo pode ficar bem porque as pessoas trabalharam para resolver o problema", disse ele.

No primeiro semestre do ano, a academia britânica de cinema de TV lançou um estudo mostrando o número de vezes que termos ecológicos apareceram na TV britânica em um ano (não foram incluídos filmes). “Mudança climática” apareceu mais do que “zumbi”, mas perdeu para “molho", e nem chegou perto de termos como “rainha” e “chá". A academia também anunciou uma iniciativa, Planet Placement, incentivando criadores de conteúdo para o cinema e a TV que ajudem a “tornar mais comuns os comportamentos ambientais positivos".

De acordo com o documento, com o amplo alcance dessas indústrias, “é uma oportunidade para moldar a resposta da sociedade à mudança climática". “Os 25 anos mais recentes da narrativa ambiental são de sacrifício e tragédia, sem fazer o que queremos nem conseguirmos o que queremos", disse Aaron Matthews, diretor de sustentabilidade da indústria na academia. “Achamos que o tom alarmista e pessimista não é o correto.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Os humanos estragaram tudo. Eles se reproduziram rápido demais e sufocaram a vida nos ares, mares e terras. Assim, metade deles deve ser vaporizada, ou atacada por monstros gigantescos, ou exterminada por furiosos habitantes das profundezas poluídas do oceano. Além disso, enfrentam uma sobrevivência difícil e desesperada em uma Terra antes verdejante, mas agora consumida pelo gelo ou pela seca.

É assim que muitos dos filmes recentes de super-heróis e ficção científica - entre eles os mais recentes Vingadores e Godzilla, bem como Aquaman, Snowpiercer, Blade Runner 2049, Interstelar e Mad Max: Fury Road - evocaram a crise climática. Eles imaginam futuros pós-apocalípticos ou distopias em que o colapso ecológico é inevitável, os ambientalistas são criminosos, e a preocupação com o equilíbrio da ecologia é a motivação dos vilões. 

Mas, para os críticos, essas são abordagens derrotistas, e um crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que conte mais histórias mostrando os humanos se adaptando e implementando reformas para afastar as ameaças climáticas. “Mais do que nunca, eles entendem tudo errado, muitas vezes cometendo o mesmo equívoco", disse Michael Svoboda, professor de escrita da Universidade George Washington e autor do site multimídia Yale Climate Connections. “Quase nenhum desses filmes retrata uma transformação bem sucedida da sociedade.”

Em Vingadores: Guerra Infinita, o arqui-inimigo Thanos decide impedir o colapso ambiental reduzindo pela metade a população de todos os seres vivos, principalmente a humanidade. Em Godzilla: King of the Monsters, ecoterroristas libertam feras predadoras para impedir a extinção em massa e manter sob controle a população humana. Em Aquaman, o rei Orm, soberano de um reino subaquático, conclui que a única maneira de impedir a destruição da Terra é guerrear contra os humanos.

Em “Vingadores: Guerra Infinita", Thanos (Josh Brolin) decide evitar uma crise ambiental reduzindo a humanidade pela metade. Foto: Disney/Marvel

David Leslie Johnson-McGoldrick, um dos roteiristas de Aquaman, disse que usar a poluição como fator de motivação tornou Orm mais próximo do público e menos “caricato", acrescentando, “O personagem ganhou contraste". Mas, para Svoboda, Orm é parte de uma tendência nos filmes que buscam levar a crise climática para um território emocional mais conhecido e confortável. O vilão é derrotado e o público se sente aliviado, disse ele, também porque sua responsabilidade parece reduzida: a humanidade pode ser uma ameaça real, mas as alternativas são piores.

Em ambos os lados do Atlântico, há esforços para mudar isso e injetar mais esperança nas narrativas. Além de detalhar como os projetos podem reduzir sua pegada de carbono durante a produção, o Producers Guild of America e, mais enfaticamente, a British Academy of Film and Television Arts, estão mostrando aos criadores de conteúdo como incorporar temas ecológicos em seus filmes e programas.

No site Guia de Produção Verde do Producers Guild, um relatório do Rocky Mountain Institute, instituição sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade, apresenta formas de retratar as fontes renováveis na tela. Alguns sugerem que as tramas ganhem nuance, mostrando personagens que decidem gerar a própria energia ou que se apaixonam pelo técnico do painel solar.

Para Jacob Corvidae, um dos autores do relatório, o objetivo é mostrar como o setor da energia limpa é robusto, e também difundir a esperança. “Precisamos de retratos mostrando que tudo pode ficar bem porque as pessoas trabalharam para resolver o problema", disse ele.

No primeiro semestre do ano, a academia britânica de cinema de TV lançou um estudo mostrando o número de vezes que termos ecológicos apareceram na TV britânica em um ano (não foram incluídos filmes). “Mudança climática” apareceu mais do que “zumbi”, mas perdeu para “molho", e nem chegou perto de termos como “rainha” e “chá". A academia também anunciou uma iniciativa, Planet Placement, incentivando criadores de conteúdo para o cinema e a TV que ajudem a “tornar mais comuns os comportamentos ambientais positivos".

De acordo com o documento, com o amplo alcance dessas indústrias, “é uma oportunidade para moldar a resposta da sociedade à mudança climática". “Os 25 anos mais recentes da narrativa ambiental são de sacrifício e tragédia, sem fazer o que queremos nem conseguirmos o que queremos", disse Aaron Matthews, diretor de sustentabilidade da indústria na academia. “Achamos que o tom alarmista e pessimista não é o correto.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Os humanos estragaram tudo. Eles se reproduziram rápido demais e sufocaram a vida nos ares, mares e terras. Assim, metade deles deve ser vaporizada, ou atacada por monstros gigantescos, ou exterminada por furiosos habitantes das profundezas poluídas do oceano. Além disso, enfrentam uma sobrevivência difícil e desesperada em uma Terra antes verdejante, mas agora consumida pelo gelo ou pela seca.

É assim que muitos dos filmes recentes de super-heróis e ficção científica - entre eles os mais recentes Vingadores e Godzilla, bem como Aquaman, Snowpiercer, Blade Runner 2049, Interstelar e Mad Max: Fury Road - evocaram a crise climática. Eles imaginam futuros pós-apocalípticos ou distopias em que o colapso ecológico é inevitável, os ambientalistas são criminosos, e a preocupação com o equilíbrio da ecologia é a motivação dos vilões. 

Mas, para os críticos, essas são abordagens derrotistas, e um crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que conte mais histórias mostrando os humanos se adaptando e implementando reformas para afastar as ameaças climáticas. “Mais do que nunca, eles entendem tudo errado, muitas vezes cometendo o mesmo equívoco", disse Michael Svoboda, professor de escrita da Universidade George Washington e autor do site multimídia Yale Climate Connections. “Quase nenhum desses filmes retrata uma transformação bem sucedida da sociedade.”

Em Vingadores: Guerra Infinita, o arqui-inimigo Thanos decide impedir o colapso ambiental reduzindo pela metade a população de todos os seres vivos, principalmente a humanidade. Em Godzilla: King of the Monsters, ecoterroristas libertam feras predadoras para impedir a extinção em massa e manter sob controle a população humana. Em Aquaman, o rei Orm, soberano de um reino subaquático, conclui que a única maneira de impedir a destruição da Terra é guerrear contra os humanos.

Em “Vingadores: Guerra Infinita", Thanos (Josh Brolin) decide evitar uma crise ambiental reduzindo a humanidade pela metade. Foto: Disney/Marvel

David Leslie Johnson-McGoldrick, um dos roteiristas de Aquaman, disse que usar a poluição como fator de motivação tornou Orm mais próximo do público e menos “caricato", acrescentando, “O personagem ganhou contraste". Mas, para Svoboda, Orm é parte de uma tendência nos filmes que buscam levar a crise climática para um território emocional mais conhecido e confortável. O vilão é derrotado e o público se sente aliviado, disse ele, também porque sua responsabilidade parece reduzida: a humanidade pode ser uma ameaça real, mas as alternativas são piores.

Em ambos os lados do Atlântico, há esforços para mudar isso e injetar mais esperança nas narrativas. Além de detalhar como os projetos podem reduzir sua pegada de carbono durante a produção, o Producers Guild of America e, mais enfaticamente, a British Academy of Film and Television Arts, estão mostrando aos criadores de conteúdo como incorporar temas ecológicos em seus filmes e programas.

No site Guia de Produção Verde do Producers Guild, um relatório do Rocky Mountain Institute, instituição sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade, apresenta formas de retratar as fontes renováveis na tela. Alguns sugerem que as tramas ganhem nuance, mostrando personagens que decidem gerar a própria energia ou que se apaixonam pelo técnico do painel solar.

Para Jacob Corvidae, um dos autores do relatório, o objetivo é mostrar como o setor da energia limpa é robusto, e também difundir a esperança. “Precisamos de retratos mostrando que tudo pode ficar bem porque as pessoas trabalharam para resolver o problema", disse ele.

No primeiro semestre do ano, a academia britânica de cinema de TV lançou um estudo mostrando o número de vezes que termos ecológicos apareceram na TV britânica em um ano (não foram incluídos filmes). “Mudança climática” apareceu mais do que “zumbi”, mas perdeu para “molho", e nem chegou perto de termos como “rainha” e “chá". A academia também anunciou uma iniciativa, Planet Placement, incentivando criadores de conteúdo para o cinema e a TV que ajudem a “tornar mais comuns os comportamentos ambientais positivos".

De acordo com o documento, com o amplo alcance dessas indústrias, “é uma oportunidade para moldar a resposta da sociedade à mudança climática". “Os 25 anos mais recentes da narrativa ambiental são de sacrifício e tragédia, sem fazer o que queremos nem conseguirmos o que queremos", disse Aaron Matthews, diretor de sustentabilidade da indústria na academia. “Achamos que o tom alarmista e pessimista não é o correto.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Os humanos estragaram tudo. Eles se reproduziram rápido demais e sufocaram a vida nos ares, mares e terras. Assim, metade deles deve ser vaporizada, ou atacada por monstros gigantescos, ou exterminada por furiosos habitantes das profundezas poluídas do oceano. Além disso, enfrentam uma sobrevivência difícil e desesperada em uma Terra antes verdejante, mas agora consumida pelo gelo ou pela seca.

É assim que muitos dos filmes recentes de super-heróis e ficção científica - entre eles os mais recentes Vingadores e Godzilla, bem como Aquaman, Snowpiercer, Blade Runner 2049, Interstelar e Mad Max: Fury Road - evocaram a crise climática. Eles imaginam futuros pós-apocalípticos ou distopias em que o colapso ecológico é inevitável, os ambientalistas são criminosos, e a preocupação com o equilíbrio da ecologia é a motivação dos vilões. 

Mas, para os críticos, essas são abordagens derrotistas, e um crescente coro de vozes pede à indústria do entretenimento que conte mais histórias mostrando os humanos se adaptando e implementando reformas para afastar as ameaças climáticas. “Mais do que nunca, eles entendem tudo errado, muitas vezes cometendo o mesmo equívoco", disse Michael Svoboda, professor de escrita da Universidade George Washington e autor do site multimídia Yale Climate Connections. “Quase nenhum desses filmes retrata uma transformação bem sucedida da sociedade.”

Em Vingadores: Guerra Infinita, o arqui-inimigo Thanos decide impedir o colapso ambiental reduzindo pela metade a população de todos os seres vivos, principalmente a humanidade. Em Godzilla: King of the Monsters, ecoterroristas libertam feras predadoras para impedir a extinção em massa e manter sob controle a população humana. Em Aquaman, o rei Orm, soberano de um reino subaquático, conclui que a única maneira de impedir a destruição da Terra é guerrear contra os humanos.

Em “Vingadores: Guerra Infinita", Thanos (Josh Brolin) decide evitar uma crise ambiental reduzindo a humanidade pela metade. Foto: Disney/Marvel

David Leslie Johnson-McGoldrick, um dos roteiristas de Aquaman, disse que usar a poluição como fator de motivação tornou Orm mais próximo do público e menos “caricato", acrescentando, “O personagem ganhou contraste". Mas, para Svoboda, Orm é parte de uma tendência nos filmes que buscam levar a crise climática para um território emocional mais conhecido e confortável. O vilão é derrotado e o público se sente aliviado, disse ele, também porque sua responsabilidade parece reduzida: a humanidade pode ser uma ameaça real, mas as alternativas são piores.

Em ambos os lados do Atlântico, há esforços para mudar isso e injetar mais esperança nas narrativas. Além de detalhar como os projetos podem reduzir sua pegada de carbono durante a produção, o Producers Guild of America e, mais enfaticamente, a British Academy of Film and Television Arts, estão mostrando aos criadores de conteúdo como incorporar temas ecológicos em seus filmes e programas.

No site Guia de Produção Verde do Producers Guild, um relatório do Rocky Mountain Institute, instituição sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade, apresenta formas de retratar as fontes renováveis na tela. Alguns sugerem que as tramas ganhem nuance, mostrando personagens que decidem gerar a própria energia ou que se apaixonam pelo técnico do painel solar.

Para Jacob Corvidae, um dos autores do relatório, o objetivo é mostrar como o setor da energia limpa é robusto, e também difundir a esperança. “Precisamos de retratos mostrando que tudo pode ficar bem porque as pessoas trabalharam para resolver o problema", disse ele.

No primeiro semestre do ano, a academia britânica de cinema de TV lançou um estudo mostrando o número de vezes que termos ecológicos apareceram na TV britânica em um ano (não foram incluídos filmes). “Mudança climática” apareceu mais do que “zumbi”, mas perdeu para “molho", e nem chegou perto de termos como “rainha” e “chá". A academia também anunciou uma iniciativa, Planet Placement, incentivando criadores de conteúdo para o cinema e a TV que ajudem a “tornar mais comuns os comportamentos ambientais positivos".

De acordo com o documento, com o amplo alcance dessas indústrias, “é uma oportunidade para moldar a resposta da sociedade à mudança climática". “Os 25 anos mais recentes da narrativa ambiental são de sacrifício e tragédia, sem fazer o que queremos nem conseguirmos o que queremos", disse Aaron Matthews, diretor de sustentabilidade da indústria na academia. “Achamos que o tom alarmista e pessimista não é o correto.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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