Para ser feliz, o casamento é mais importante do que a carreira... Concorda?


Análises e estudos mostram que, nos Estados Unidos, apesar da queda no número de casamentos, o trabalho é menos responsável pela sensação de felicidade

Por David Brooks

* Os dados apresentados neste texto retratam a sociedade norte-americana

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando estou perto de jovens adultos, gosto de perguntar como eles estão pensando sobre os grandes compromissos de suas vidas: que carreira seguir, onde morar, com quem casar. A maioria deles pensa muito sobre seus planos de carreira. Mas minha impressão é que muitos não pensam tanto sobre como o casamento se encaixaria em suas vidas.

Casamento ou carreira? O que é mais importante? Pesquisas americanas mostram que casamento é o melhor caminho, apesar das taxas terem caído nos últimos anos; ao mesmo tempo, a carreira tem sido colocada como mais importante pelos mais jovens. Foto: Stephen Gitau/Pexels/Divulgação
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O pressuposto comum parece ser que a vida profissional está no centro da vida e que o casamento seria algo bom para ser acrescentado em algum momento no futuro. De acordo com uma análise de dados de uma pesquisa recente realizada pelo professor Brad Wilcox, da Universidade da Virgínia, 75% dos adultos norte-americanos com idades entre 18 e 40 anos disseram que ganhar bem era crucial para o sentimento de realização, enquanto apenas 32% pensavam que o casamento era crucial. Em uma pesquisa do Pew Research Center, 88% dos pais disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos fossem financeiramente independentes, enquanto apenas 21% disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos se casassem.

Não é que eu conheça muitas pessoas que são contra o casamento. Hoje, como no passado, a grande maioria dos americanos gostaria de se casar algum dia. Só que não é exatamente o que está em primeiro lugar.

Menos pessoas acreditam que o casamento é de vital importância. Em 2006, 50% dos jovens adultos disseram que era muito importante para um casal se casar se pretendiam passar o resto de suas vidas juntos. Mas em 2020 apenas 29% dos jovens adultos disseram isso.

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Muitas pessoas mudaram a maneira como concebem o casamento. Para usar a linguagem do sociólogo Andrew Cherlin, eles já não o veem como a “pedra fundamental” (cornerstone) da sua vida; eles o veem como a “pedra que dá o toque final” (capstone) - algo em que entrar depois de estarem estabelecidos com sucesso como adultos.

Em parte como resultado dessas atitudes, há menos casamentos na América hoje. A taxa de casamento está perto do nível mais baixo da história dos EUA. Por exemplo, em 1980, apenas 6% das pessoas de 40 anos nunca haviam sido casadas. Em 2021, 25% das pessoas de 40 anos nunca foram casadas.

Ao confrontar jovens adultos que pensam dessa maneira, sou tomado por um desejo infeliz de fazer um sermão. Quero colocar a mão no ombro deles e dizer: Olha, existem muitos motivos pelos quais você pode não encontrar a felicidade conjugal em sua vida. Talvez você não consiga encontrar um parceiro financeiramente estável ou que queira se comprometer. Talvez você se case com uma ótima pessoa, mas acabem se afastando. Mas não deixe que isso aconteça porque você não priorizou o casamento. Não deixe que isso aconteça porque você não pensou muito sobre o casamento quando era jovem.

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Meu forte conselho é ficar menos obcecado com sua carreira e pensar muito mais sobre o casamento. Por favor, respeite o truísmo de que se você tiver uma ótima carreira e um péssimo casamento, será infeliz, mas se tiver um ótimo casamento e uma péssima carreira, será feliz. Por favor, use sua juventude como uma chance de ter relacionamentos românticos, para que você tenha alguma prática quando chegar a hora de se casar. Mesmo se você estiver a anos de distância, leia livros sobre como decidir com quem se casar. Leia George Eliot e Jane Austen. Comece com os mestres.

Não estou oferecendo apenas sentimentalismo. Existem muitas evidências que mostram que os relacionamentos íntimos, e não a carreira, estão no centro da vida, e esses relacionamentos íntimos terão um efeito posterior em tudo o mais que você fizer.

No mês passado, por exemplo, o economista Sam Peltzman, da Universidade de Chicago, publicou um estudo no qual concluiu que o casamento era “o diferenciador mais importante” entre pessoas felizes e infelizes. As pessoas casadas são 30 pontos mais felizes do que as solteiras. A renda também contribui para a felicidade, mas não tanto.

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Como Wilcox escreve em seu livro de vital importância, Get Married: “A qualidade conjugal é, de longe, o principal indicador que encontrei da satisfação com a vida na América. Especificamente, as probabilidades de homens e mulheres dizerem que estão ‘muito felizes’ com as suas vidas são surpreendentemente 545% mais elevadas para aqueles que têm um casamento muito feliz, em comparação com os seus pares que não são casados ou que não são muito felizes nos seus casamentos. "

“Quando se trata de prever a felicidade geral, um bom casamento é muito mais importante do que seu nível de educação, quanto dinheiro você ganha, com que frequência você faz sexo e, sim, até mesmo quão satisfeito você está com seu trabalho.”

Os economistas Shawn Grover e John F. Helliwell estudaram dois grupos de adultos ao longo do tempo, alguns que se casaram e outros que não. Eles descobriram que o casamento causou níveis mais elevados de satisfação com a vida, especialmente na meia-idade, quando o nível médio de satisfação dos adultos tende a ser mais baixo. Não foram apenas os atributos que as pessoas trouxeram para o casamento; o próprio casamento teve efeitos positivos.

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Poderíamos fazer muito para aumentar a taxa de casamento aumentando os salários - a precariedade financeira inibe o casamento. Mas, como cultura, poderíamos melhorar os nossos níveis de felicidade nacional, garantindo que as pessoas se concentrem mais no que é primordial - casamento e relacionamentos íntimos - e não no que é importante, mas secundário - a carreira. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

* Os dados apresentados neste texto retratam a sociedade norte-americana

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando estou perto de jovens adultos, gosto de perguntar como eles estão pensando sobre os grandes compromissos de suas vidas: que carreira seguir, onde morar, com quem casar. A maioria deles pensa muito sobre seus planos de carreira. Mas minha impressão é que muitos não pensam tanto sobre como o casamento se encaixaria em suas vidas.

Casamento ou carreira? O que é mais importante? Pesquisas americanas mostram que casamento é o melhor caminho, apesar das taxas terem caído nos últimos anos; ao mesmo tempo, a carreira tem sido colocada como mais importante pelos mais jovens. Foto: Stephen Gitau/Pexels/Divulgação

O pressuposto comum parece ser que a vida profissional está no centro da vida e que o casamento seria algo bom para ser acrescentado em algum momento no futuro. De acordo com uma análise de dados de uma pesquisa recente realizada pelo professor Brad Wilcox, da Universidade da Virgínia, 75% dos adultos norte-americanos com idades entre 18 e 40 anos disseram que ganhar bem era crucial para o sentimento de realização, enquanto apenas 32% pensavam que o casamento era crucial. Em uma pesquisa do Pew Research Center, 88% dos pais disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos fossem financeiramente independentes, enquanto apenas 21% disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos se casassem.

Não é que eu conheça muitas pessoas que são contra o casamento. Hoje, como no passado, a grande maioria dos americanos gostaria de se casar algum dia. Só que não é exatamente o que está em primeiro lugar.

Menos pessoas acreditam que o casamento é de vital importância. Em 2006, 50% dos jovens adultos disseram que era muito importante para um casal se casar se pretendiam passar o resto de suas vidas juntos. Mas em 2020 apenas 29% dos jovens adultos disseram isso.

Muitas pessoas mudaram a maneira como concebem o casamento. Para usar a linguagem do sociólogo Andrew Cherlin, eles já não o veem como a “pedra fundamental” (cornerstone) da sua vida; eles o veem como a “pedra que dá o toque final” (capstone) - algo em que entrar depois de estarem estabelecidos com sucesso como adultos.

Em parte como resultado dessas atitudes, há menos casamentos na América hoje. A taxa de casamento está perto do nível mais baixo da história dos EUA. Por exemplo, em 1980, apenas 6% das pessoas de 40 anos nunca haviam sido casadas. Em 2021, 25% das pessoas de 40 anos nunca foram casadas.

Ao confrontar jovens adultos que pensam dessa maneira, sou tomado por um desejo infeliz de fazer um sermão. Quero colocar a mão no ombro deles e dizer: Olha, existem muitos motivos pelos quais você pode não encontrar a felicidade conjugal em sua vida. Talvez você não consiga encontrar um parceiro financeiramente estável ou que queira se comprometer. Talvez você se case com uma ótima pessoa, mas acabem se afastando. Mas não deixe que isso aconteça porque você não priorizou o casamento. Não deixe que isso aconteça porque você não pensou muito sobre o casamento quando era jovem.

Meu forte conselho é ficar menos obcecado com sua carreira e pensar muito mais sobre o casamento. Por favor, respeite o truísmo de que se você tiver uma ótima carreira e um péssimo casamento, será infeliz, mas se tiver um ótimo casamento e uma péssima carreira, será feliz. Por favor, use sua juventude como uma chance de ter relacionamentos românticos, para que você tenha alguma prática quando chegar a hora de se casar. Mesmo se você estiver a anos de distância, leia livros sobre como decidir com quem se casar. Leia George Eliot e Jane Austen. Comece com os mestres.

Não estou oferecendo apenas sentimentalismo. Existem muitas evidências que mostram que os relacionamentos íntimos, e não a carreira, estão no centro da vida, e esses relacionamentos íntimos terão um efeito posterior em tudo o mais que você fizer.

No mês passado, por exemplo, o economista Sam Peltzman, da Universidade de Chicago, publicou um estudo no qual concluiu que o casamento era “o diferenciador mais importante” entre pessoas felizes e infelizes. As pessoas casadas são 30 pontos mais felizes do que as solteiras. A renda também contribui para a felicidade, mas não tanto.

Como Wilcox escreve em seu livro de vital importância, Get Married: “A qualidade conjugal é, de longe, o principal indicador que encontrei da satisfação com a vida na América. Especificamente, as probabilidades de homens e mulheres dizerem que estão ‘muito felizes’ com as suas vidas são surpreendentemente 545% mais elevadas para aqueles que têm um casamento muito feliz, em comparação com os seus pares que não são casados ou que não são muito felizes nos seus casamentos. "

“Quando se trata de prever a felicidade geral, um bom casamento é muito mais importante do que seu nível de educação, quanto dinheiro você ganha, com que frequência você faz sexo e, sim, até mesmo quão satisfeito você está com seu trabalho.”

Os economistas Shawn Grover e John F. Helliwell estudaram dois grupos de adultos ao longo do tempo, alguns que se casaram e outros que não. Eles descobriram que o casamento causou níveis mais elevados de satisfação com a vida, especialmente na meia-idade, quando o nível médio de satisfação dos adultos tende a ser mais baixo. Não foram apenas os atributos que as pessoas trouxeram para o casamento; o próprio casamento teve efeitos positivos.

Poderíamos fazer muito para aumentar a taxa de casamento aumentando os salários - a precariedade financeira inibe o casamento. Mas, como cultura, poderíamos melhorar os nossos níveis de felicidade nacional, garantindo que as pessoas se concentrem mais no que é primordial - casamento e relacionamentos íntimos - e não no que é importante, mas secundário - a carreira. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

* Os dados apresentados neste texto retratam a sociedade norte-americana

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando estou perto de jovens adultos, gosto de perguntar como eles estão pensando sobre os grandes compromissos de suas vidas: que carreira seguir, onde morar, com quem casar. A maioria deles pensa muito sobre seus planos de carreira. Mas minha impressão é que muitos não pensam tanto sobre como o casamento se encaixaria em suas vidas.

Casamento ou carreira? O que é mais importante? Pesquisas americanas mostram que casamento é o melhor caminho, apesar das taxas terem caído nos últimos anos; ao mesmo tempo, a carreira tem sido colocada como mais importante pelos mais jovens. Foto: Stephen Gitau/Pexels/Divulgação

O pressuposto comum parece ser que a vida profissional está no centro da vida e que o casamento seria algo bom para ser acrescentado em algum momento no futuro. De acordo com uma análise de dados de uma pesquisa recente realizada pelo professor Brad Wilcox, da Universidade da Virgínia, 75% dos adultos norte-americanos com idades entre 18 e 40 anos disseram que ganhar bem era crucial para o sentimento de realização, enquanto apenas 32% pensavam que o casamento era crucial. Em uma pesquisa do Pew Research Center, 88% dos pais disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos fossem financeiramente independentes, enquanto apenas 21% disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos se casassem.

Não é que eu conheça muitas pessoas que são contra o casamento. Hoje, como no passado, a grande maioria dos americanos gostaria de se casar algum dia. Só que não é exatamente o que está em primeiro lugar.

Menos pessoas acreditam que o casamento é de vital importância. Em 2006, 50% dos jovens adultos disseram que era muito importante para um casal se casar se pretendiam passar o resto de suas vidas juntos. Mas em 2020 apenas 29% dos jovens adultos disseram isso.

Muitas pessoas mudaram a maneira como concebem o casamento. Para usar a linguagem do sociólogo Andrew Cherlin, eles já não o veem como a “pedra fundamental” (cornerstone) da sua vida; eles o veem como a “pedra que dá o toque final” (capstone) - algo em que entrar depois de estarem estabelecidos com sucesso como adultos.

Em parte como resultado dessas atitudes, há menos casamentos na América hoje. A taxa de casamento está perto do nível mais baixo da história dos EUA. Por exemplo, em 1980, apenas 6% das pessoas de 40 anos nunca haviam sido casadas. Em 2021, 25% das pessoas de 40 anos nunca foram casadas.

Ao confrontar jovens adultos que pensam dessa maneira, sou tomado por um desejo infeliz de fazer um sermão. Quero colocar a mão no ombro deles e dizer: Olha, existem muitos motivos pelos quais você pode não encontrar a felicidade conjugal em sua vida. Talvez você não consiga encontrar um parceiro financeiramente estável ou que queira se comprometer. Talvez você se case com uma ótima pessoa, mas acabem se afastando. Mas não deixe que isso aconteça porque você não priorizou o casamento. Não deixe que isso aconteça porque você não pensou muito sobre o casamento quando era jovem.

Meu forte conselho é ficar menos obcecado com sua carreira e pensar muito mais sobre o casamento. Por favor, respeite o truísmo de que se você tiver uma ótima carreira e um péssimo casamento, será infeliz, mas se tiver um ótimo casamento e uma péssima carreira, será feliz. Por favor, use sua juventude como uma chance de ter relacionamentos românticos, para que você tenha alguma prática quando chegar a hora de se casar. Mesmo se você estiver a anos de distância, leia livros sobre como decidir com quem se casar. Leia George Eliot e Jane Austen. Comece com os mestres.

Não estou oferecendo apenas sentimentalismo. Existem muitas evidências que mostram que os relacionamentos íntimos, e não a carreira, estão no centro da vida, e esses relacionamentos íntimos terão um efeito posterior em tudo o mais que você fizer.

No mês passado, por exemplo, o economista Sam Peltzman, da Universidade de Chicago, publicou um estudo no qual concluiu que o casamento era “o diferenciador mais importante” entre pessoas felizes e infelizes. As pessoas casadas são 30 pontos mais felizes do que as solteiras. A renda também contribui para a felicidade, mas não tanto.

Como Wilcox escreve em seu livro de vital importância, Get Married: “A qualidade conjugal é, de longe, o principal indicador que encontrei da satisfação com a vida na América. Especificamente, as probabilidades de homens e mulheres dizerem que estão ‘muito felizes’ com as suas vidas são surpreendentemente 545% mais elevadas para aqueles que têm um casamento muito feliz, em comparação com os seus pares que não são casados ou que não são muito felizes nos seus casamentos. "

“Quando se trata de prever a felicidade geral, um bom casamento é muito mais importante do que seu nível de educação, quanto dinheiro você ganha, com que frequência você faz sexo e, sim, até mesmo quão satisfeito você está com seu trabalho.”

Os economistas Shawn Grover e John F. Helliwell estudaram dois grupos de adultos ao longo do tempo, alguns que se casaram e outros que não. Eles descobriram que o casamento causou níveis mais elevados de satisfação com a vida, especialmente na meia-idade, quando o nível médio de satisfação dos adultos tende a ser mais baixo. Não foram apenas os atributos que as pessoas trouxeram para o casamento; o próprio casamento teve efeitos positivos.

Poderíamos fazer muito para aumentar a taxa de casamento aumentando os salários - a precariedade financeira inibe o casamento. Mas, como cultura, poderíamos melhorar os nossos níveis de felicidade nacional, garantindo que as pessoas se concentrem mais no que é primordial - casamento e relacionamentos íntimos - e não no que é importante, mas secundário - a carreira. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

* Os dados apresentados neste texto retratam a sociedade norte-americana

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando estou perto de jovens adultos, gosto de perguntar como eles estão pensando sobre os grandes compromissos de suas vidas: que carreira seguir, onde morar, com quem casar. A maioria deles pensa muito sobre seus planos de carreira. Mas minha impressão é que muitos não pensam tanto sobre como o casamento se encaixaria em suas vidas.

Casamento ou carreira? O que é mais importante? Pesquisas americanas mostram que casamento é o melhor caminho, apesar das taxas terem caído nos últimos anos; ao mesmo tempo, a carreira tem sido colocada como mais importante pelos mais jovens. Foto: Stephen Gitau/Pexels/Divulgação

O pressuposto comum parece ser que a vida profissional está no centro da vida e que o casamento seria algo bom para ser acrescentado em algum momento no futuro. De acordo com uma análise de dados de uma pesquisa recente realizada pelo professor Brad Wilcox, da Universidade da Virgínia, 75% dos adultos norte-americanos com idades entre 18 e 40 anos disseram que ganhar bem era crucial para o sentimento de realização, enquanto apenas 32% pensavam que o casamento era crucial. Em uma pesquisa do Pew Research Center, 88% dos pais disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos fossem financeiramente independentes, enquanto apenas 21% disseram que era “extremamente ou muito” importante que os seus filhos se casassem.

Não é que eu conheça muitas pessoas que são contra o casamento. Hoje, como no passado, a grande maioria dos americanos gostaria de se casar algum dia. Só que não é exatamente o que está em primeiro lugar.

Menos pessoas acreditam que o casamento é de vital importância. Em 2006, 50% dos jovens adultos disseram que era muito importante para um casal se casar se pretendiam passar o resto de suas vidas juntos. Mas em 2020 apenas 29% dos jovens adultos disseram isso.

Muitas pessoas mudaram a maneira como concebem o casamento. Para usar a linguagem do sociólogo Andrew Cherlin, eles já não o veem como a “pedra fundamental” (cornerstone) da sua vida; eles o veem como a “pedra que dá o toque final” (capstone) - algo em que entrar depois de estarem estabelecidos com sucesso como adultos.

Em parte como resultado dessas atitudes, há menos casamentos na América hoje. A taxa de casamento está perto do nível mais baixo da história dos EUA. Por exemplo, em 1980, apenas 6% das pessoas de 40 anos nunca haviam sido casadas. Em 2021, 25% das pessoas de 40 anos nunca foram casadas.

Ao confrontar jovens adultos que pensam dessa maneira, sou tomado por um desejo infeliz de fazer um sermão. Quero colocar a mão no ombro deles e dizer: Olha, existem muitos motivos pelos quais você pode não encontrar a felicidade conjugal em sua vida. Talvez você não consiga encontrar um parceiro financeiramente estável ou que queira se comprometer. Talvez você se case com uma ótima pessoa, mas acabem se afastando. Mas não deixe que isso aconteça porque você não priorizou o casamento. Não deixe que isso aconteça porque você não pensou muito sobre o casamento quando era jovem.

Meu forte conselho é ficar menos obcecado com sua carreira e pensar muito mais sobre o casamento. Por favor, respeite o truísmo de que se você tiver uma ótima carreira e um péssimo casamento, será infeliz, mas se tiver um ótimo casamento e uma péssima carreira, será feliz. Por favor, use sua juventude como uma chance de ter relacionamentos românticos, para que você tenha alguma prática quando chegar a hora de se casar. Mesmo se você estiver a anos de distância, leia livros sobre como decidir com quem se casar. Leia George Eliot e Jane Austen. Comece com os mestres.

Não estou oferecendo apenas sentimentalismo. Existem muitas evidências que mostram que os relacionamentos íntimos, e não a carreira, estão no centro da vida, e esses relacionamentos íntimos terão um efeito posterior em tudo o mais que você fizer.

No mês passado, por exemplo, o economista Sam Peltzman, da Universidade de Chicago, publicou um estudo no qual concluiu que o casamento era “o diferenciador mais importante” entre pessoas felizes e infelizes. As pessoas casadas são 30 pontos mais felizes do que as solteiras. A renda também contribui para a felicidade, mas não tanto.

Como Wilcox escreve em seu livro de vital importância, Get Married: “A qualidade conjugal é, de longe, o principal indicador que encontrei da satisfação com a vida na América. Especificamente, as probabilidades de homens e mulheres dizerem que estão ‘muito felizes’ com as suas vidas são surpreendentemente 545% mais elevadas para aqueles que têm um casamento muito feliz, em comparação com os seus pares que não são casados ou que não são muito felizes nos seus casamentos. "

“Quando se trata de prever a felicidade geral, um bom casamento é muito mais importante do que seu nível de educação, quanto dinheiro você ganha, com que frequência você faz sexo e, sim, até mesmo quão satisfeito você está com seu trabalho.”

Os economistas Shawn Grover e John F. Helliwell estudaram dois grupos de adultos ao longo do tempo, alguns que se casaram e outros que não. Eles descobriram que o casamento causou níveis mais elevados de satisfação com a vida, especialmente na meia-idade, quando o nível médio de satisfação dos adultos tende a ser mais baixo. Não foram apenas os atributos que as pessoas trouxeram para o casamento; o próprio casamento teve efeitos positivos.

Poderíamos fazer muito para aumentar a taxa de casamento aumentando os salários - a precariedade financeira inibe o casamento. Mas, como cultura, poderíamos melhorar os nossos níveis de felicidade nacional, garantindo que as pessoas se concentrem mais no que é primordial - casamento e relacionamentos íntimos - e não no que é importante, mas secundário - a carreira. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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