Esse pássaro não foi visto por 170 anos. Então, ele apareceu numa floresta indonésia


O tagarela-de-sobrancelha-negra é há muito tempo um dos pássaros mais enigmáticos da Indonésia

Por Rachel Nuwer

Um pássaro considerado a ave extinta há mais tempo na Ásia acaba de dar as caras. Pela primeira vez em 170 anos, um tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata) foi encontrado na Indonésia, relataram pesquisadores no mês passado. A descoberta do pássaro de plumagem em tons apagados de preto, cinza e castanho resolve o que um confiável guia de observação de aves descreve como “um dos maiores enigmas da ornitologia indonésia”.

“Quando efetivamente conseguimos confirmar a identificação, fiz uma pequena prece e me curvei para celebrar”, afirmou Panji Gusti Akbar, ornitólogo e principal autor do artigo descrevendo a nova espécie. “Fiquei emocionado, incrédulo e depois muito feliz”.

O tagarela-de-sobrancelha-negra de Bornéu. Foto: M. Suranto via The New York Times
continua após a publicidade

Ornitólogos descreveram pela primeira vez os tagarelas-de-sobrancelha-negra por volta de 1850, após a coleta do único espécime conhecido da espécie. O espécime foi classificado primeiramente de maneira errônea, com a informação de que teria vindo da ilha de Java, em vez de Bornéu, atravancando tentativas iniciais de localizar outros tagarelas-de-sobrancelha-negra. Mas mesmo após os ornitólogos terem acabado com a confusão geográfica, nenhum deles conseguiu encontrar o pássaro. Também não ajudou o fato de, tradicionalmente, poucos observadores de aves e ornitólogos se aventurarem no lado indonésio de Bornéu.

Em 2016, isso começou a mudar, com a fundação da BW Galeatus, uma entidade de observadores de pássaros na Bornéu indonésia. Os integrantes da BW Galeatus se aproximaram dos habitantes locais para ensiná-los a identificar a ave preta e marrom que viam voando algumas vezes durante suas incursões na floresta de Calimantã Meridional, uma das províncias da parte indonésia de Bornéu. Em outubro, Suranto e Fauzan conseguiram capturar um pássaro e enviaram fotos para Joko Said Trisiyanto, um integrante da BW Galeatus.

“Fiquei confuso quando recebemos as fotos, porque as imagem lembravam um pouco o Malacocincla sepiaria, mas não se enquadravam realmente nessa espécie”, afirmou Trisiyanto. Fotos mais aproximadas correspondiam a uma ilustração do tagarela-de-sobrancelha-negra — uma ave listada no guia de Trisiyanto como possivelmente extinta.

continua após a publicidade

Perplexo, Trisiyanto transmitiu as imagens para Akbar. Ele ficou chocado.

“Comecei a andar de um lado para o outro em casa, tentando conter a emoção”, afirmou Akbar.

Ele mandou as fotos para outros especialistas, incluindo Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, em Cingapura, e para um contato regional do Clube de Pássaros Orientais, um grupo de observadores de aves com base no Reino Unido. De início, Yong pensou que estavam lhe pregando uma peça — que ele estava olhando para uma imagem alterada por Photoshop, talvez de um tamnofilídeo do Equador.

continua após a publicidade

“Levou um tempo para eu me conformar”, afirmou Yong. Quando se deu conta que as fotos eram autênticas, afirmou ele, “caiu uma lágrima”.

“Isso é realmente muito importante para a ornitologia indonésia — tão chocante quanto redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina”, afirmou Yong, citando duas espécies extintas de pássaros. “Mas isso aconteceu perto da minha casa, é uma ave da mesma parte do mundo em que vivo”.

Após a identificação do pássaro ser confirmada, Trisiyanto persuadiu Suranto e Fauzan a soltar o animal capturado de volta na floresta. Ele e Akbar esperam usar a descoberta do tagarela-de-sobrancelha-negra para desenvolver localmente o interesse na natureza e atrair dólares de turistas para a região. Eles também planejam treinar Suranto e Fauzan como guias de observação de aves.

continua após a publicidade

“Observadores de pássaros de todo o mundo já começaram a entrar em contato comigo a respeito da possibilidade de visitar a região e observar essa espécie”, afirmou Akbar, que integra o Birdpacker, um grupo de ornitólogos e guias de observação de aves com base de Java Oriental.

Assim que as restrições a viagens decorrentes da pandemia de covid-19 acabarem, ele e seus colegas planejam organizar uma expedição para estudar o tagarela-de-sobrancelha-negra. “Não temos basicamente nenhum conhecimento sobre esse pássaro”, afirmou Akbar.

Eles já conseguiram, porém, algumas respostas. Por exemplo, o espécime de 170 anos tem olhos claros de tonalidade amarelo brilhante e pernas cuja cor desbotou para um marrom empalidecido. Com base nas fotos da ave viva, porém, os pesquisadores sabem agora que a espécie tem olhos em tom avermelhado intenso e pernas cinza.

continua após a publicidade

“Agora estamos vendo pela primeira vez esse pássaro vivo, em toda sua glória natural”, afirmou Yong. “Bornéu é uma ilha de surpresas, e ainda há muito o que descobrir e aprender”. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um pássaro considerado a ave extinta há mais tempo na Ásia acaba de dar as caras. Pela primeira vez em 170 anos, um tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata) foi encontrado na Indonésia, relataram pesquisadores no mês passado. A descoberta do pássaro de plumagem em tons apagados de preto, cinza e castanho resolve o que um confiável guia de observação de aves descreve como “um dos maiores enigmas da ornitologia indonésia”.

“Quando efetivamente conseguimos confirmar a identificação, fiz uma pequena prece e me curvei para celebrar”, afirmou Panji Gusti Akbar, ornitólogo e principal autor do artigo descrevendo a nova espécie. “Fiquei emocionado, incrédulo e depois muito feliz”.

O tagarela-de-sobrancelha-negra de Bornéu. Foto: M. Suranto via The New York Times

Ornitólogos descreveram pela primeira vez os tagarelas-de-sobrancelha-negra por volta de 1850, após a coleta do único espécime conhecido da espécie. O espécime foi classificado primeiramente de maneira errônea, com a informação de que teria vindo da ilha de Java, em vez de Bornéu, atravancando tentativas iniciais de localizar outros tagarelas-de-sobrancelha-negra. Mas mesmo após os ornitólogos terem acabado com a confusão geográfica, nenhum deles conseguiu encontrar o pássaro. Também não ajudou o fato de, tradicionalmente, poucos observadores de aves e ornitólogos se aventurarem no lado indonésio de Bornéu.

Em 2016, isso começou a mudar, com a fundação da BW Galeatus, uma entidade de observadores de pássaros na Bornéu indonésia. Os integrantes da BW Galeatus se aproximaram dos habitantes locais para ensiná-los a identificar a ave preta e marrom que viam voando algumas vezes durante suas incursões na floresta de Calimantã Meridional, uma das províncias da parte indonésia de Bornéu. Em outubro, Suranto e Fauzan conseguiram capturar um pássaro e enviaram fotos para Joko Said Trisiyanto, um integrante da BW Galeatus.

“Fiquei confuso quando recebemos as fotos, porque as imagem lembravam um pouco o Malacocincla sepiaria, mas não se enquadravam realmente nessa espécie”, afirmou Trisiyanto. Fotos mais aproximadas correspondiam a uma ilustração do tagarela-de-sobrancelha-negra — uma ave listada no guia de Trisiyanto como possivelmente extinta.

Perplexo, Trisiyanto transmitiu as imagens para Akbar. Ele ficou chocado.

“Comecei a andar de um lado para o outro em casa, tentando conter a emoção”, afirmou Akbar.

Ele mandou as fotos para outros especialistas, incluindo Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, em Cingapura, e para um contato regional do Clube de Pássaros Orientais, um grupo de observadores de aves com base no Reino Unido. De início, Yong pensou que estavam lhe pregando uma peça — que ele estava olhando para uma imagem alterada por Photoshop, talvez de um tamnofilídeo do Equador.

“Levou um tempo para eu me conformar”, afirmou Yong. Quando se deu conta que as fotos eram autênticas, afirmou ele, “caiu uma lágrima”.

“Isso é realmente muito importante para a ornitologia indonésia — tão chocante quanto redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina”, afirmou Yong, citando duas espécies extintas de pássaros. “Mas isso aconteceu perto da minha casa, é uma ave da mesma parte do mundo em que vivo”.

Após a identificação do pássaro ser confirmada, Trisiyanto persuadiu Suranto e Fauzan a soltar o animal capturado de volta na floresta. Ele e Akbar esperam usar a descoberta do tagarela-de-sobrancelha-negra para desenvolver localmente o interesse na natureza e atrair dólares de turistas para a região. Eles também planejam treinar Suranto e Fauzan como guias de observação de aves.

“Observadores de pássaros de todo o mundo já começaram a entrar em contato comigo a respeito da possibilidade de visitar a região e observar essa espécie”, afirmou Akbar, que integra o Birdpacker, um grupo de ornitólogos e guias de observação de aves com base de Java Oriental.

Assim que as restrições a viagens decorrentes da pandemia de covid-19 acabarem, ele e seus colegas planejam organizar uma expedição para estudar o tagarela-de-sobrancelha-negra. “Não temos basicamente nenhum conhecimento sobre esse pássaro”, afirmou Akbar.

Eles já conseguiram, porém, algumas respostas. Por exemplo, o espécime de 170 anos tem olhos claros de tonalidade amarelo brilhante e pernas cuja cor desbotou para um marrom empalidecido. Com base nas fotos da ave viva, porém, os pesquisadores sabem agora que a espécie tem olhos em tom avermelhado intenso e pernas cinza.

“Agora estamos vendo pela primeira vez esse pássaro vivo, em toda sua glória natural”, afirmou Yong. “Bornéu é uma ilha de surpresas, e ainda há muito o que descobrir e aprender”. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um pássaro considerado a ave extinta há mais tempo na Ásia acaba de dar as caras. Pela primeira vez em 170 anos, um tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata) foi encontrado na Indonésia, relataram pesquisadores no mês passado. A descoberta do pássaro de plumagem em tons apagados de preto, cinza e castanho resolve o que um confiável guia de observação de aves descreve como “um dos maiores enigmas da ornitologia indonésia”.

“Quando efetivamente conseguimos confirmar a identificação, fiz uma pequena prece e me curvei para celebrar”, afirmou Panji Gusti Akbar, ornitólogo e principal autor do artigo descrevendo a nova espécie. “Fiquei emocionado, incrédulo e depois muito feliz”.

O tagarela-de-sobrancelha-negra de Bornéu. Foto: M. Suranto via The New York Times

Ornitólogos descreveram pela primeira vez os tagarelas-de-sobrancelha-negra por volta de 1850, após a coleta do único espécime conhecido da espécie. O espécime foi classificado primeiramente de maneira errônea, com a informação de que teria vindo da ilha de Java, em vez de Bornéu, atravancando tentativas iniciais de localizar outros tagarelas-de-sobrancelha-negra. Mas mesmo após os ornitólogos terem acabado com a confusão geográfica, nenhum deles conseguiu encontrar o pássaro. Também não ajudou o fato de, tradicionalmente, poucos observadores de aves e ornitólogos se aventurarem no lado indonésio de Bornéu.

Em 2016, isso começou a mudar, com a fundação da BW Galeatus, uma entidade de observadores de pássaros na Bornéu indonésia. Os integrantes da BW Galeatus se aproximaram dos habitantes locais para ensiná-los a identificar a ave preta e marrom que viam voando algumas vezes durante suas incursões na floresta de Calimantã Meridional, uma das províncias da parte indonésia de Bornéu. Em outubro, Suranto e Fauzan conseguiram capturar um pássaro e enviaram fotos para Joko Said Trisiyanto, um integrante da BW Galeatus.

“Fiquei confuso quando recebemos as fotos, porque as imagem lembravam um pouco o Malacocincla sepiaria, mas não se enquadravam realmente nessa espécie”, afirmou Trisiyanto. Fotos mais aproximadas correspondiam a uma ilustração do tagarela-de-sobrancelha-negra — uma ave listada no guia de Trisiyanto como possivelmente extinta.

Perplexo, Trisiyanto transmitiu as imagens para Akbar. Ele ficou chocado.

“Comecei a andar de um lado para o outro em casa, tentando conter a emoção”, afirmou Akbar.

Ele mandou as fotos para outros especialistas, incluindo Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, em Cingapura, e para um contato regional do Clube de Pássaros Orientais, um grupo de observadores de aves com base no Reino Unido. De início, Yong pensou que estavam lhe pregando uma peça — que ele estava olhando para uma imagem alterada por Photoshop, talvez de um tamnofilídeo do Equador.

“Levou um tempo para eu me conformar”, afirmou Yong. Quando se deu conta que as fotos eram autênticas, afirmou ele, “caiu uma lágrima”.

“Isso é realmente muito importante para a ornitologia indonésia — tão chocante quanto redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina”, afirmou Yong, citando duas espécies extintas de pássaros. “Mas isso aconteceu perto da minha casa, é uma ave da mesma parte do mundo em que vivo”.

Após a identificação do pássaro ser confirmada, Trisiyanto persuadiu Suranto e Fauzan a soltar o animal capturado de volta na floresta. Ele e Akbar esperam usar a descoberta do tagarela-de-sobrancelha-negra para desenvolver localmente o interesse na natureza e atrair dólares de turistas para a região. Eles também planejam treinar Suranto e Fauzan como guias de observação de aves.

“Observadores de pássaros de todo o mundo já começaram a entrar em contato comigo a respeito da possibilidade de visitar a região e observar essa espécie”, afirmou Akbar, que integra o Birdpacker, um grupo de ornitólogos e guias de observação de aves com base de Java Oriental.

Assim que as restrições a viagens decorrentes da pandemia de covid-19 acabarem, ele e seus colegas planejam organizar uma expedição para estudar o tagarela-de-sobrancelha-negra. “Não temos basicamente nenhum conhecimento sobre esse pássaro”, afirmou Akbar.

Eles já conseguiram, porém, algumas respostas. Por exemplo, o espécime de 170 anos tem olhos claros de tonalidade amarelo brilhante e pernas cuja cor desbotou para um marrom empalidecido. Com base nas fotos da ave viva, porém, os pesquisadores sabem agora que a espécie tem olhos em tom avermelhado intenso e pernas cinza.

“Agora estamos vendo pela primeira vez esse pássaro vivo, em toda sua glória natural”, afirmou Yong. “Bornéu é uma ilha de surpresas, e ainda há muito o que descobrir e aprender”. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um pássaro considerado a ave extinta há mais tempo na Ásia acaba de dar as caras. Pela primeira vez em 170 anos, um tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata) foi encontrado na Indonésia, relataram pesquisadores no mês passado. A descoberta do pássaro de plumagem em tons apagados de preto, cinza e castanho resolve o que um confiável guia de observação de aves descreve como “um dos maiores enigmas da ornitologia indonésia”.

“Quando efetivamente conseguimos confirmar a identificação, fiz uma pequena prece e me curvei para celebrar”, afirmou Panji Gusti Akbar, ornitólogo e principal autor do artigo descrevendo a nova espécie. “Fiquei emocionado, incrédulo e depois muito feliz”.

O tagarela-de-sobrancelha-negra de Bornéu. Foto: M. Suranto via The New York Times

Ornitólogos descreveram pela primeira vez os tagarelas-de-sobrancelha-negra por volta de 1850, após a coleta do único espécime conhecido da espécie. O espécime foi classificado primeiramente de maneira errônea, com a informação de que teria vindo da ilha de Java, em vez de Bornéu, atravancando tentativas iniciais de localizar outros tagarelas-de-sobrancelha-negra. Mas mesmo após os ornitólogos terem acabado com a confusão geográfica, nenhum deles conseguiu encontrar o pássaro. Também não ajudou o fato de, tradicionalmente, poucos observadores de aves e ornitólogos se aventurarem no lado indonésio de Bornéu.

Em 2016, isso começou a mudar, com a fundação da BW Galeatus, uma entidade de observadores de pássaros na Bornéu indonésia. Os integrantes da BW Galeatus se aproximaram dos habitantes locais para ensiná-los a identificar a ave preta e marrom que viam voando algumas vezes durante suas incursões na floresta de Calimantã Meridional, uma das províncias da parte indonésia de Bornéu. Em outubro, Suranto e Fauzan conseguiram capturar um pássaro e enviaram fotos para Joko Said Trisiyanto, um integrante da BW Galeatus.

“Fiquei confuso quando recebemos as fotos, porque as imagem lembravam um pouco o Malacocincla sepiaria, mas não se enquadravam realmente nessa espécie”, afirmou Trisiyanto. Fotos mais aproximadas correspondiam a uma ilustração do tagarela-de-sobrancelha-negra — uma ave listada no guia de Trisiyanto como possivelmente extinta.

Perplexo, Trisiyanto transmitiu as imagens para Akbar. Ele ficou chocado.

“Comecei a andar de um lado para o outro em casa, tentando conter a emoção”, afirmou Akbar.

Ele mandou as fotos para outros especialistas, incluindo Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, em Cingapura, e para um contato regional do Clube de Pássaros Orientais, um grupo de observadores de aves com base no Reino Unido. De início, Yong pensou que estavam lhe pregando uma peça — que ele estava olhando para uma imagem alterada por Photoshop, talvez de um tamnofilídeo do Equador.

“Levou um tempo para eu me conformar”, afirmou Yong. Quando se deu conta que as fotos eram autênticas, afirmou ele, “caiu uma lágrima”.

“Isso é realmente muito importante para a ornitologia indonésia — tão chocante quanto redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina”, afirmou Yong, citando duas espécies extintas de pássaros. “Mas isso aconteceu perto da minha casa, é uma ave da mesma parte do mundo em que vivo”.

Após a identificação do pássaro ser confirmada, Trisiyanto persuadiu Suranto e Fauzan a soltar o animal capturado de volta na floresta. Ele e Akbar esperam usar a descoberta do tagarela-de-sobrancelha-negra para desenvolver localmente o interesse na natureza e atrair dólares de turistas para a região. Eles também planejam treinar Suranto e Fauzan como guias de observação de aves.

“Observadores de pássaros de todo o mundo já começaram a entrar em contato comigo a respeito da possibilidade de visitar a região e observar essa espécie”, afirmou Akbar, que integra o Birdpacker, um grupo de ornitólogos e guias de observação de aves com base de Java Oriental.

Assim que as restrições a viagens decorrentes da pandemia de covid-19 acabarem, ele e seus colegas planejam organizar uma expedição para estudar o tagarela-de-sobrancelha-negra. “Não temos basicamente nenhum conhecimento sobre esse pássaro”, afirmou Akbar.

Eles já conseguiram, porém, algumas respostas. Por exemplo, o espécime de 170 anos tem olhos claros de tonalidade amarelo brilhante e pernas cuja cor desbotou para um marrom empalidecido. Com base nas fotos da ave viva, porém, os pesquisadores sabem agora que a espécie tem olhos em tom avermelhado intenso e pernas cinza.

“Agora estamos vendo pela primeira vez esse pássaro vivo, em toda sua glória natural”, afirmou Yong. “Bornéu é uma ilha de surpresas, e ainda há muito o que descobrir e aprender”. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Um pássaro considerado a ave extinta há mais tempo na Ásia acaba de dar as caras. Pela primeira vez em 170 anos, um tagarela-de-sobrancelha-negra (Malacocincla perspicillata) foi encontrado na Indonésia, relataram pesquisadores no mês passado. A descoberta do pássaro de plumagem em tons apagados de preto, cinza e castanho resolve o que um confiável guia de observação de aves descreve como “um dos maiores enigmas da ornitologia indonésia”.

“Quando efetivamente conseguimos confirmar a identificação, fiz uma pequena prece e me curvei para celebrar”, afirmou Panji Gusti Akbar, ornitólogo e principal autor do artigo descrevendo a nova espécie. “Fiquei emocionado, incrédulo e depois muito feliz”.

O tagarela-de-sobrancelha-negra de Bornéu. Foto: M. Suranto via The New York Times

Ornitólogos descreveram pela primeira vez os tagarelas-de-sobrancelha-negra por volta de 1850, após a coleta do único espécime conhecido da espécie. O espécime foi classificado primeiramente de maneira errônea, com a informação de que teria vindo da ilha de Java, em vez de Bornéu, atravancando tentativas iniciais de localizar outros tagarelas-de-sobrancelha-negra. Mas mesmo após os ornitólogos terem acabado com a confusão geográfica, nenhum deles conseguiu encontrar o pássaro. Também não ajudou o fato de, tradicionalmente, poucos observadores de aves e ornitólogos se aventurarem no lado indonésio de Bornéu.

Em 2016, isso começou a mudar, com a fundação da BW Galeatus, uma entidade de observadores de pássaros na Bornéu indonésia. Os integrantes da BW Galeatus se aproximaram dos habitantes locais para ensiná-los a identificar a ave preta e marrom que viam voando algumas vezes durante suas incursões na floresta de Calimantã Meridional, uma das províncias da parte indonésia de Bornéu. Em outubro, Suranto e Fauzan conseguiram capturar um pássaro e enviaram fotos para Joko Said Trisiyanto, um integrante da BW Galeatus.

“Fiquei confuso quando recebemos as fotos, porque as imagem lembravam um pouco o Malacocincla sepiaria, mas não se enquadravam realmente nessa espécie”, afirmou Trisiyanto. Fotos mais aproximadas correspondiam a uma ilustração do tagarela-de-sobrancelha-negra — uma ave listada no guia de Trisiyanto como possivelmente extinta.

Perplexo, Trisiyanto transmitiu as imagens para Akbar. Ele ficou chocado.

“Comecei a andar de um lado para o outro em casa, tentando conter a emoção”, afirmou Akbar.

Ele mandou as fotos para outros especialistas, incluindo Ding Li Yong, conservacionista da BirdLife International, em Cingapura, e para um contato regional do Clube de Pássaros Orientais, um grupo de observadores de aves com base no Reino Unido. De início, Yong pensou que estavam lhe pregando uma peça — que ele estava olhando para uma imagem alterada por Photoshop, talvez de um tamnofilídeo do Equador.

“Levou um tempo para eu me conformar”, afirmou Yong. Quando se deu conta que as fotos eram autênticas, afirmou ele, “caiu uma lágrima”.

“Isso é realmente muito importante para a ornitologia indonésia — tão chocante quanto redescobrir o pombo-passageiro ou o periquito-da-carolina”, afirmou Yong, citando duas espécies extintas de pássaros. “Mas isso aconteceu perto da minha casa, é uma ave da mesma parte do mundo em que vivo”.

Após a identificação do pássaro ser confirmada, Trisiyanto persuadiu Suranto e Fauzan a soltar o animal capturado de volta na floresta. Ele e Akbar esperam usar a descoberta do tagarela-de-sobrancelha-negra para desenvolver localmente o interesse na natureza e atrair dólares de turistas para a região. Eles também planejam treinar Suranto e Fauzan como guias de observação de aves.

“Observadores de pássaros de todo o mundo já começaram a entrar em contato comigo a respeito da possibilidade de visitar a região e observar essa espécie”, afirmou Akbar, que integra o Birdpacker, um grupo de ornitólogos e guias de observação de aves com base de Java Oriental.

Assim que as restrições a viagens decorrentes da pandemia de covid-19 acabarem, ele e seus colegas planejam organizar uma expedição para estudar o tagarela-de-sobrancelha-negra. “Não temos basicamente nenhum conhecimento sobre esse pássaro”, afirmou Akbar.

Eles já conseguiram, porém, algumas respostas. Por exemplo, o espécime de 170 anos tem olhos claros de tonalidade amarelo brilhante e pernas cuja cor desbotou para um marrom empalidecido. Com base nas fotos da ave viva, porém, os pesquisadores sabem agora que a espécie tem olhos em tom avermelhado intenso e pernas cinza.

“Agora estamos vendo pela primeira vez esse pássaro vivo, em toda sua glória natural”, afirmou Yong. “Bornéu é uma ilha de surpresas, e ainda há muito o que descobrir e aprender”. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.