Por que a Europa está se tornando um centro das ondas de calor


Situação é intensificada pelo aquecimento global; calor extremo tem provocado incêndios nos países do Norte global

Por Henry Fountain
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Há dois meses, a França registrou seu mês de maio mais quente, com recordes em algumas cidades. No mês passado, a França foi novamente atingida por uma onda de calor na primavera que também afetou a Espanha, a Itália e outros países. Então, este mês, a Polônia e outras partes da Europa Oriental sofreram durante um período de calor extremo.

Europa está enfrentando uma das maiores ondas de calor dos últimos anos, marca das mudanças climáticas.  Foto: Chistophe Petit Tesson/EFE

Agora, as temperaturas em toda a Europa estão subindo mais uma vez, da Espanha às Ilhas Britânicas e se espalhando para o leste. Incêndios florestais alimentados pelo calor estão ocorrendo em muitos países, e grande parte do continente está no meio de uma longa seca.

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E ainda faltam dois meses de verão (por lá no Hemisfério Norte).

Os cientistas dizem que o calor extremo persistente já neste ano segue uma tendência. As ondas de calor na Europa, eles dizem, estão aumentando em frequência e intensidade em um ritmo mais rápido do que em outras partes do planeta, incluindo o oeste dos Estados Unidos.

O aquecimento global também desempenha um papel nas ondas de calor ao redor do mundo, porque as temperaturas estão, em média, cerca de 1,1 graus Celsius mais altas do que eram no final do século 19, antes das emissões de dióxido de carbono e outros gases que retêm calor se espalharem. Portanto, o calor extremo decola de um ponto de partida mais alto.

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Mas além disso, existem outros fatores, alguns envolvendo a circulação da atmosfera e do oceano, que podem tornar a Europa um centro das ondas de calor.

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Após uma onda de calor em junho, a Europa vive mais um período com temperaturas recordes. O calor deve atingir um ponto crítico na próxima quinta-feira.

Não há duas ondas de calor exatamente iguais. As atuais temperaturas escaldantes que atingiram a Inglaterra e o País de Gales na segunda-feira da semana passada foram causadas em parte por uma região de ar de baixa pressão de nível superior que está parado na costa de Portugal há dias. É conhecida como “gota fria” na linguagem dos cientistas atmosféricos, porque sua origem são ventos de oeste, a corrente de ar de latitude média, que circunda o planeta em altas altitudes.

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As zonas de baixa pressão tendem a atrair ar para elas. Nesse caso, a zona de baixa pressão vem atraindo ar do norte da África para ela e para a Europa. “Está bombeando ar quente para o norte”, disse Kai Kornhuber, pesquisador do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, parte da Universidade de Columbia.

Kornhuber contribuiu para um estudo publicado este mês que descobriu que as ondas de calor na Europa aumentaram em frequência e intensidade nas últimas quatro décadas e vinculou o aumento, pelo menos em parte, a mudanças na corrente de ar. Os pesquisadores descobriram que muitas ondas de calor europeias ocorreram quando a corrente de ar se dividiu temporariamente em duas, deixando uma área de ventos fracos e ar de alta pressão entre os dois ramos propiciando o acúmulo de calor extremo.

Efi Rousi, cientista sênior do Instituto Potsdam para Pesquisa Climática na Alemanha e principal autora do estudo, disse que a atual onda de calor parece estar ligada a essa “corrente dupla”, que ela disse estar em vigor na Europa nas últimas duas semanas. Isso poderia ter levado à criação da “gota fria”, disse Rousi, bem como a uma área de ventos fracos sobre a Europa que permitiram que o calor persistisse.

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“Parece que isso está realmente favorecendo o acúmulo dessa onda de calor”, ela disse.

Pode haver outras razões pelas quais a Europa está sofrendo ondas de calor mais e mais persistentes, embora algumas delas sejam objeto de debate entre os cientistas. A variabilidade climática natural pode dificultar a identificação de influências específicas, disse Rousi.

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Uma onda de extremo calor afeta milhões de americanos durante este fim de semana, com um incêndio florestal na Califórnia e temperaturas recordes registradas

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Kornhuber disse que o aquecimento no Ártico, que está ocorrendo muito mais rapidamente do que em outras partes do mundo, pode desempenhar um papel. À medida que o Ártico se aquece mais rapidamente, o diferencial de temperatura entre ele e o equador diminui. Isso leva a uma diminuição dos ventos de verão, o que faz com que os sistemas climáticos durem mais tempo. “Nós realmente vemos um aumento na persistência”, ele disse.

Há também indícios de que mudanças em uma das principais correntes oceânicas do mundo, a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, podem afetar o clima da Europa. Rousi publicou um artigo no ano passado que mostrou, usando simulações de computador, que um enfraquecimento da corrente à medida que o mundo esquentava causaria mudanças na circulação atmosférica, levando a verões mais secos na Europa.

Como em outras partes do mundo, uma onda de calor na Europa pode aumentar a probabilidade de ocorrência de outras na mesma área, porque um período de calor extremo resseca o solo.

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Quando há alguma umidade no solo, parte da energia do sol é usada na evaporação da água, levando a um leve efeito de resfriamento. Mas quando uma onda de calor elimina quase toda a umidade do solo, resta pouco para evaporar quando a próxima onda de ar quente chega. Assim, a energia do sol assa a superfície, aumentando o calor. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Há dois meses, a França registrou seu mês de maio mais quente, com recordes em algumas cidades. No mês passado, a França foi novamente atingida por uma onda de calor na primavera que também afetou a Espanha, a Itália e outros países. Então, este mês, a Polônia e outras partes da Europa Oriental sofreram durante um período de calor extremo.

Europa está enfrentando uma das maiores ondas de calor dos últimos anos, marca das mudanças climáticas.  Foto: Chistophe Petit Tesson/EFE

Agora, as temperaturas em toda a Europa estão subindo mais uma vez, da Espanha às Ilhas Britânicas e se espalhando para o leste. Incêndios florestais alimentados pelo calor estão ocorrendo em muitos países, e grande parte do continente está no meio de uma longa seca.

E ainda faltam dois meses de verão (por lá no Hemisfério Norte).

Os cientistas dizem que o calor extremo persistente já neste ano segue uma tendência. As ondas de calor na Europa, eles dizem, estão aumentando em frequência e intensidade em um ritmo mais rápido do que em outras partes do planeta, incluindo o oeste dos Estados Unidos.

O aquecimento global também desempenha um papel nas ondas de calor ao redor do mundo, porque as temperaturas estão, em média, cerca de 1,1 graus Celsius mais altas do que eram no final do século 19, antes das emissões de dióxido de carbono e outros gases que retêm calor se espalharem. Portanto, o calor extremo decola de um ponto de partida mais alto.

Mas além disso, existem outros fatores, alguns envolvendo a circulação da atmosfera e do oceano, que podem tornar a Europa um centro das ondas de calor.

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Após uma onda de calor em junho, a Europa vive mais um período com temperaturas recordes. O calor deve atingir um ponto crítico na próxima quinta-feira.

Não há duas ondas de calor exatamente iguais. As atuais temperaturas escaldantes que atingiram a Inglaterra e o País de Gales na segunda-feira da semana passada foram causadas em parte por uma região de ar de baixa pressão de nível superior que está parado na costa de Portugal há dias. É conhecida como “gota fria” na linguagem dos cientistas atmosféricos, porque sua origem são ventos de oeste, a corrente de ar de latitude média, que circunda o planeta em altas altitudes.

As zonas de baixa pressão tendem a atrair ar para elas. Nesse caso, a zona de baixa pressão vem atraindo ar do norte da África para ela e para a Europa. “Está bombeando ar quente para o norte”, disse Kai Kornhuber, pesquisador do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, parte da Universidade de Columbia.

Kornhuber contribuiu para um estudo publicado este mês que descobriu que as ondas de calor na Europa aumentaram em frequência e intensidade nas últimas quatro décadas e vinculou o aumento, pelo menos em parte, a mudanças na corrente de ar. Os pesquisadores descobriram que muitas ondas de calor europeias ocorreram quando a corrente de ar se dividiu temporariamente em duas, deixando uma área de ventos fracos e ar de alta pressão entre os dois ramos propiciando o acúmulo de calor extremo.

Efi Rousi, cientista sênior do Instituto Potsdam para Pesquisa Climática na Alemanha e principal autora do estudo, disse que a atual onda de calor parece estar ligada a essa “corrente dupla”, que ela disse estar em vigor na Europa nas últimas duas semanas. Isso poderia ter levado à criação da “gota fria”, disse Rousi, bem como a uma área de ventos fracos sobre a Europa que permitiram que o calor persistisse.

“Parece que isso está realmente favorecendo o acúmulo dessa onda de calor”, ela disse.

Pode haver outras razões pelas quais a Europa está sofrendo ondas de calor mais e mais persistentes, embora algumas delas sejam objeto de debate entre os cientistas. A variabilidade climática natural pode dificultar a identificação de influências específicas, disse Rousi.

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Kornhuber disse que o aquecimento no Ártico, que está ocorrendo muito mais rapidamente do que em outras partes do mundo, pode desempenhar um papel. À medida que o Ártico se aquece mais rapidamente, o diferencial de temperatura entre ele e o equador diminui. Isso leva a uma diminuição dos ventos de verão, o que faz com que os sistemas climáticos durem mais tempo. “Nós realmente vemos um aumento na persistência”, ele disse.

Há também indícios de que mudanças em uma das principais correntes oceânicas do mundo, a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, podem afetar o clima da Europa. Rousi publicou um artigo no ano passado que mostrou, usando simulações de computador, que um enfraquecimento da corrente à medida que o mundo esquentava causaria mudanças na circulação atmosférica, levando a verões mais secos na Europa.

Como em outras partes do mundo, uma onda de calor na Europa pode aumentar a probabilidade de ocorrência de outras na mesma área, porque um período de calor extremo resseca o solo.

Quando há alguma umidade no solo, parte da energia do sol é usada na evaporação da água, levando a um leve efeito de resfriamento. Mas quando uma onda de calor elimina quase toda a umidade do solo, resta pouco para evaporar quando a próxima onda de ar quente chega. Assim, a energia do sol assa a superfície, aumentando o calor. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Há dois meses, a França registrou seu mês de maio mais quente, com recordes em algumas cidades. No mês passado, a França foi novamente atingida por uma onda de calor na primavera que também afetou a Espanha, a Itália e outros países. Então, este mês, a Polônia e outras partes da Europa Oriental sofreram durante um período de calor extremo.

Europa está enfrentando uma das maiores ondas de calor dos últimos anos, marca das mudanças climáticas.  Foto: Chistophe Petit Tesson/EFE

Agora, as temperaturas em toda a Europa estão subindo mais uma vez, da Espanha às Ilhas Britânicas e se espalhando para o leste. Incêndios florestais alimentados pelo calor estão ocorrendo em muitos países, e grande parte do continente está no meio de uma longa seca.

E ainda faltam dois meses de verão (por lá no Hemisfério Norte).

Os cientistas dizem que o calor extremo persistente já neste ano segue uma tendência. As ondas de calor na Europa, eles dizem, estão aumentando em frequência e intensidade em um ritmo mais rápido do que em outras partes do planeta, incluindo o oeste dos Estados Unidos.

O aquecimento global também desempenha um papel nas ondas de calor ao redor do mundo, porque as temperaturas estão, em média, cerca de 1,1 graus Celsius mais altas do que eram no final do século 19, antes das emissões de dióxido de carbono e outros gases que retêm calor se espalharem. Portanto, o calor extremo decola de um ponto de partida mais alto.

Mas além disso, existem outros fatores, alguns envolvendo a circulação da atmosfera e do oceano, que podem tornar a Europa um centro das ondas de calor.

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Após uma onda de calor em junho, a Europa vive mais um período com temperaturas recordes. O calor deve atingir um ponto crítico na próxima quinta-feira.

Não há duas ondas de calor exatamente iguais. As atuais temperaturas escaldantes que atingiram a Inglaterra e o País de Gales na segunda-feira da semana passada foram causadas em parte por uma região de ar de baixa pressão de nível superior que está parado na costa de Portugal há dias. É conhecida como “gota fria” na linguagem dos cientistas atmosféricos, porque sua origem são ventos de oeste, a corrente de ar de latitude média, que circunda o planeta em altas altitudes.

As zonas de baixa pressão tendem a atrair ar para elas. Nesse caso, a zona de baixa pressão vem atraindo ar do norte da África para ela e para a Europa. “Está bombeando ar quente para o norte”, disse Kai Kornhuber, pesquisador do Observatório Terrestre Lamont-Doherty, parte da Universidade de Columbia.

Kornhuber contribuiu para um estudo publicado este mês que descobriu que as ondas de calor na Europa aumentaram em frequência e intensidade nas últimas quatro décadas e vinculou o aumento, pelo menos em parte, a mudanças na corrente de ar. Os pesquisadores descobriram que muitas ondas de calor europeias ocorreram quando a corrente de ar se dividiu temporariamente em duas, deixando uma área de ventos fracos e ar de alta pressão entre os dois ramos propiciando o acúmulo de calor extremo.

Efi Rousi, cientista sênior do Instituto Potsdam para Pesquisa Climática na Alemanha e principal autora do estudo, disse que a atual onda de calor parece estar ligada a essa “corrente dupla”, que ela disse estar em vigor na Europa nas últimas duas semanas. Isso poderia ter levado à criação da “gota fria”, disse Rousi, bem como a uma área de ventos fracos sobre a Europa que permitiram que o calor persistisse.

“Parece que isso está realmente favorecendo o acúmulo dessa onda de calor”, ela disse.

Pode haver outras razões pelas quais a Europa está sofrendo ondas de calor mais e mais persistentes, embora algumas delas sejam objeto de debate entre os cientistas. A variabilidade climática natural pode dificultar a identificação de influências específicas, disse Rousi.

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Uma onda de extremo calor afeta milhões de americanos durante este fim de semana, com um incêndio florestal na Califórnia e temperaturas recordes registradas

Kornhuber disse que o aquecimento no Ártico, que está ocorrendo muito mais rapidamente do que em outras partes do mundo, pode desempenhar um papel. À medida que o Ártico se aquece mais rapidamente, o diferencial de temperatura entre ele e o equador diminui. Isso leva a uma diminuição dos ventos de verão, o que faz com que os sistemas climáticos durem mais tempo. “Nós realmente vemos um aumento na persistência”, ele disse.

Há também indícios de que mudanças em uma das principais correntes oceânicas do mundo, a Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico, podem afetar o clima da Europa. Rousi publicou um artigo no ano passado que mostrou, usando simulações de computador, que um enfraquecimento da corrente à medida que o mundo esquentava causaria mudanças na circulação atmosférica, levando a verões mais secos na Europa.

Como em outras partes do mundo, uma onda de calor na Europa pode aumentar a probabilidade de ocorrência de outras na mesma área, porque um período de calor extremo resseca o solo.

Quando há alguma umidade no solo, parte da energia do sol é usada na evaporação da água, levando a um leve efeito de resfriamento. Mas quando uma onda de calor elimina quase toda a umidade do solo, resta pouco para evaporar quando a próxima onda de ar quente chega. Assim, a energia do sol assa a superfície, aumentando o calor. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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