Por que os adultos LGBT+ são mais vulneráveis a doenças cardíacas?


Especialistas dizem que uma das principais causas de morte é frequentemente negligenciada

Por Dani Blum
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Enquanto muitos moradores dos EUA celebraram o Orgulho LGBT em junho, muitos na comunidade médica destacaram as disparidades devastadoras nos resultados de saúde para adultos LGBT+ - casos desproporcionais de varíola dos macacos em homens que fazem sexo com homens, altas taxas relatadas de abuso de álcool, obstáculos para acesso a exames e tratamentos para o câncer.

Mas, de acordo com alguns especialistas da área, uma das desigualdades de saúde mais críticas entre os adultos LGBT+ é frequentemente negligenciada.

Um conjunto crescente de pesquisas mostra que os adultos LGBT+ são mais propensos a ter uma saúde cardíaca pior do que seus pares heterossexuais. Lésbicas, gays e bissexuais adultos eram 36% menos propensos do que adultos heterossexuais a ter uma saúde cardiovascular ideal, concluiu a American Heart Association em 2018, com base em pesquisas de fatores de risco como tabagismo e níveis de glicose no sangue. Em 2021, a organização divulgou uma declaração sobre as altas taxas de doenças cardíacas entre indivíduos transgêneros e de gênero diverso, vinculando essas taxas elevadas em parte ao estresse que vem da discriminação e da transfobia.

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Pesquisas indicam que adultos LGBT+ são mais propensos a doenças cardiovasculares. Foto: Simone Noronha/The New York Times

Os dados apoiam o que os médicos e aqueles que pesquisam a saúde LGBT+ observaram por décadas - que a comunidade enfrenta obstáculos específicos e abrangentes que afetam o cérebro e o corpo.

A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimam que 80% das doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser evitados. Mas há disparidades sobre onde esse fardo pesa na população em geral. Conversamos com médicos e pesquisadores de saúde sobre por que essas desigualdades persistem e quais medidas os adultos LGBT+ podem tomar para melhorar a saúde do coração.

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A tensão do estresse

Especialistas disseram que os adultos LGBT+ enfrentam pressões únicas - estigma, discriminação, medo da violência - que podem levar direta e indiretamente à doença.

O estresse afeta diretamente certos hormônios que regulam a pressão arterial e a frequência cardíaca, disse Billy Caceres, professor assistente da Faculdade de Enfermagem e do Centro de Pesquisa em Saúde Sexual e de Minorias de Gênero da Universidade de Columbia.

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A hipervigilância - a sensação de estar sempre no limite, constantemente atento à próxima ameaça - faz com que os níveis de cortisol aumentem, o que pode levar a problemas cardiovasculares de longo prazo, disse o Dr. Carl Streed, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Além disso, o estresse pode levar à inflamação crônica, disse a Dra. Erin Michos, diretora associada de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Os pesquisadores às vezes se referem à carga alostática, o custo cumulativo que o estresse crônico causa no cérebro e no corpo, disse Scott Bertani, diretor de advocacy da HealthHIV, uma organização sem fins lucrativos focada no avanço da prevenção e cuidados para pessoas com risco de HIV. “É lógico que nossos corpos respondem a esses eventos e demandas da vida realmente complexos e desafiadores”, ele disse. Por exemplo, ele acrescentou, o ato de sair do armário e, em alguns casos, sair do armário repetidamente, geralmente é acompanhado de um estresse severo.

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Para lidar com a constante ameaça de discriminação ou assédio, muitos na comunidade LGBT+ se automedicam com drogas como tabaco e álcool, disse Streed, que também é pesquisador do Centro para Medicina e Cirurgia Transgênero do Boston Medical Center. Essas indústrias têm como alvo a comunidade LGBT+ por meio de publicidade, ele disse, especialmente durante o mês do Orgulho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relatam que cerca de 25% de lésbicas, gays ou bissexuais adultos usaram um produto comercial de tabaco em 2020, em comparação com 18,8% dos adultos heterossexuais, uma disparidade que a agência atribui parcialmente ao longo histórico das campanhas de marketing agressivas da indústria do tabaco nos Estados Unidos.

A pesquisa também identificou uma ligação entre o sono e a saúde do coração, disse Caceres. Evidências crescentes mostram que os adultos LGBT+ têm mais problemas e interrupções do sono do que a população em geral, o que também pode estar ligado ao estresse crônico.

Obstáculos na procura de cuidados

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Uma pesquisa de 2017 com quase 500 adultos LGBT+ realizada por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard T.H. Chan e da Fundação Robert Wood Johnson descobriu que mais de 1 em cada 6 relatou evitar cuidados médicos porque se preocupava com a discriminação. Essa hesitação significa que os adultos LGBT+ são menos propensos a acessar cuidados de saúde preventivos que podem salvar vidas, disse Michos. Todos os adultos devem ser examinados pelo menos uma vez por ano para fatores de risco cardiovascular, o que normalmente faz parte de um exame físico anual, ela disse.

Encontrar provedores médicos com os quais você se sinta confortável e seguro pode ser fundamental na prevenção de doenças cardíacas, disseram especialistas. Streed recomenda que adultos LGBT+ procurem médicos que os apoiem. A Campanha de Direitos Humanos cria um Índice de Igualdade de Saúde anual - uma lista de unidades de saúde que dizem ser inclusivas com relação a pacientes LGBT+.

O que os adultos LGBT+ devem saber para melhorar a saúde do coração

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Embora os hormônios de afirmação de gênero tenham demonstrado um impacto positivo na saúde mental, disse Michos, há algumas evidências de que altas quantidades de testosterona e estrogênio podem ter riscos cardiovasculares. As pessoas que estão tomando esses hormônios devem consultar seus médicos sobre como manter a saúde do coração.

A American Heart Association recomenda sete passos para uma saúde cardíaca ideal: controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol baixos, reduzir o açúcar no sangue, fazer exercícios diariamente, ter uma dieta nutritiva, manter um peso corporal saudável e não fumar. Michos também recomendou reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e carboidratos altamente refinados, optando por grãos integrais, proteínas magras e muitas frutas e vegetais. Os adultos também devem fazer pelo menos 30 minutos de exercícios de intensidade moderada todos os dias, como caminhada rápida, corrida ou ciclismo.

Esses são aspectos essenciais da prevenção de doenças cardíacas, ela acrescentou, “mas não podemos simplesmente pregar ‘você precisa viver um estilo de vida saudável’ se os indivíduos estiverem sob sofrimento psicológico e discriminação significativos”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Enquanto muitos moradores dos EUA celebraram o Orgulho LGBT em junho, muitos na comunidade médica destacaram as disparidades devastadoras nos resultados de saúde para adultos LGBT+ - casos desproporcionais de varíola dos macacos em homens que fazem sexo com homens, altas taxas relatadas de abuso de álcool, obstáculos para acesso a exames e tratamentos para o câncer.

Mas, de acordo com alguns especialistas da área, uma das desigualdades de saúde mais críticas entre os adultos LGBT+ é frequentemente negligenciada.

Um conjunto crescente de pesquisas mostra que os adultos LGBT+ são mais propensos a ter uma saúde cardíaca pior do que seus pares heterossexuais. Lésbicas, gays e bissexuais adultos eram 36% menos propensos do que adultos heterossexuais a ter uma saúde cardiovascular ideal, concluiu a American Heart Association em 2018, com base em pesquisas de fatores de risco como tabagismo e níveis de glicose no sangue. Em 2021, a organização divulgou uma declaração sobre as altas taxas de doenças cardíacas entre indivíduos transgêneros e de gênero diverso, vinculando essas taxas elevadas em parte ao estresse que vem da discriminação e da transfobia.

Pesquisas indicam que adultos LGBT+ são mais propensos a doenças cardiovasculares. Foto: Simone Noronha/The New York Times

Os dados apoiam o que os médicos e aqueles que pesquisam a saúde LGBT+ observaram por décadas - que a comunidade enfrenta obstáculos específicos e abrangentes que afetam o cérebro e o corpo.

A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimam que 80% das doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser evitados. Mas há disparidades sobre onde esse fardo pesa na população em geral. Conversamos com médicos e pesquisadores de saúde sobre por que essas desigualdades persistem e quais medidas os adultos LGBT+ podem tomar para melhorar a saúde do coração.

A tensão do estresse

Especialistas disseram que os adultos LGBT+ enfrentam pressões únicas - estigma, discriminação, medo da violência - que podem levar direta e indiretamente à doença.

O estresse afeta diretamente certos hormônios que regulam a pressão arterial e a frequência cardíaca, disse Billy Caceres, professor assistente da Faculdade de Enfermagem e do Centro de Pesquisa em Saúde Sexual e de Minorias de Gênero da Universidade de Columbia.

A hipervigilância - a sensação de estar sempre no limite, constantemente atento à próxima ameaça - faz com que os níveis de cortisol aumentem, o que pode levar a problemas cardiovasculares de longo prazo, disse o Dr. Carl Streed, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Além disso, o estresse pode levar à inflamação crônica, disse a Dra. Erin Michos, diretora associada de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Os pesquisadores às vezes se referem à carga alostática, o custo cumulativo que o estresse crônico causa no cérebro e no corpo, disse Scott Bertani, diretor de advocacy da HealthHIV, uma organização sem fins lucrativos focada no avanço da prevenção e cuidados para pessoas com risco de HIV. “É lógico que nossos corpos respondem a esses eventos e demandas da vida realmente complexos e desafiadores”, ele disse. Por exemplo, ele acrescentou, o ato de sair do armário e, em alguns casos, sair do armário repetidamente, geralmente é acompanhado de um estresse severo.

Para lidar com a constante ameaça de discriminação ou assédio, muitos na comunidade LGBT+ se automedicam com drogas como tabaco e álcool, disse Streed, que também é pesquisador do Centro para Medicina e Cirurgia Transgênero do Boston Medical Center. Essas indústrias têm como alvo a comunidade LGBT+ por meio de publicidade, ele disse, especialmente durante o mês do Orgulho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relatam que cerca de 25% de lésbicas, gays ou bissexuais adultos usaram um produto comercial de tabaco em 2020, em comparação com 18,8% dos adultos heterossexuais, uma disparidade que a agência atribui parcialmente ao longo histórico das campanhas de marketing agressivas da indústria do tabaco nos Estados Unidos.

A pesquisa também identificou uma ligação entre o sono e a saúde do coração, disse Caceres. Evidências crescentes mostram que os adultos LGBT+ têm mais problemas e interrupções do sono do que a população em geral, o que também pode estar ligado ao estresse crônico.

Obstáculos na procura de cuidados

Uma pesquisa de 2017 com quase 500 adultos LGBT+ realizada por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard T.H. Chan e da Fundação Robert Wood Johnson descobriu que mais de 1 em cada 6 relatou evitar cuidados médicos porque se preocupava com a discriminação. Essa hesitação significa que os adultos LGBT+ são menos propensos a acessar cuidados de saúde preventivos que podem salvar vidas, disse Michos. Todos os adultos devem ser examinados pelo menos uma vez por ano para fatores de risco cardiovascular, o que normalmente faz parte de um exame físico anual, ela disse.

Encontrar provedores médicos com os quais você se sinta confortável e seguro pode ser fundamental na prevenção de doenças cardíacas, disseram especialistas. Streed recomenda que adultos LGBT+ procurem médicos que os apoiem. A Campanha de Direitos Humanos cria um Índice de Igualdade de Saúde anual - uma lista de unidades de saúde que dizem ser inclusivas com relação a pacientes LGBT+.

O que os adultos LGBT+ devem saber para melhorar a saúde do coração

Embora os hormônios de afirmação de gênero tenham demonstrado um impacto positivo na saúde mental, disse Michos, há algumas evidências de que altas quantidades de testosterona e estrogênio podem ter riscos cardiovasculares. As pessoas que estão tomando esses hormônios devem consultar seus médicos sobre como manter a saúde do coração.

A American Heart Association recomenda sete passos para uma saúde cardíaca ideal: controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol baixos, reduzir o açúcar no sangue, fazer exercícios diariamente, ter uma dieta nutritiva, manter um peso corporal saudável e não fumar. Michos também recomendou reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e carboidratos altamente refinados, optando por grãos integrais, proteínas magras e muitas frutas e vegetais. Os adultos também devem fazer pelo menos 30 minutos de exercícios de intensidade moderada todos os dias, como caminhada rápida, corrida ou ciclismo.

Esses são aspectos essenciais da prevenção de doenças cardíacas, ela acrescentou, “mas não podemos simplesmente pregar ‘você precisa viver um estilo de vida saudável’ se os indivíduos estiverem sob sofrimento psicológico e discriminação significativos”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Enquanto muitos moradores dos EUA celebraram o Orgulho LGBT em junho, muitos na comunidade médica destacaram as disparidades devastadoras nos resultados de saúde para adultos LGBT+ - casos desproporcionais de varíola dos macacos em homens que fazem sexo com homens, altas taxas relatadas de abuso de álcool, obstáculos para acesso a exames e tratamentos para o câncer.

Mas, de acordo com alguns especialistas da área, uma das desigualdades de saúde mais críticas entre os adultos LGBT+ é frequentemente negligenciada.

Um conjunto crescente de pesquisas mostra que os adultos LGBT+ são mais propensos a ter uma saúde cardíaca pior do que seus pares heterossexuais. Lésbicas, gays e bissexuais adultos eram 36% menos propensos do que adultos heterossexuais a ter uma saúde cardiovascular ideal, concluiu a American Heart Association em 2018, com base em pesquisas de fatores de risco como tabagismo e níveis de glicose no sangue. Em 2021, a organização divulgou uma declaração sobre as altas taxas de doenças cardíacas entre indivíduos transgêneros e de gênero diverso, vinculando essas taxas elevadas em parte ao estresse que vem da discriminação e da transfobia.

Pesquisas indicam que adultos LGBT+ são mais propensos a doenças cardiovasculares. Foto: Simone Noronha/The New York Times

Os dados apoiam o que os médicos e aqueles que pesquisam a saúde LGBT+ observaram por décadas - que a comunidade enfrenta obstáculos específicos e abrangentes que afetam o cérebro e o corpo.

A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimam que 80% das doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser evitados. Mas há disparidades sobre onde esse fardo pesa na população em geral. Conversamos com médicos e pesquisadores de saúde sobre por que essas desigualdades persistem e quais medidas os adultos LGBT+ podem tomar para melhorar a saúde do coração.

A tensão do estresse

Especialistas disseram que os adultos LGBT+ enfrentam pressões únicas - estigma, discriminação, medo da violência - que podem levar direta e indiretamente à doença.

O estresse afeta diretamente certos hormônios que regulam a pressão arterial e a frequência cardíaca, disse Billy Caceres, professor assistente da Faculdade de Enfermagem e do Centro de Pesquisa em Saúde Sexual e de Minorias de Gênero da Universidade de Columbia.

A hipervigilância - a sensação de estar sempre no limite, constantemente atento à próxima ameaça - faz com que os níveis de cortisol aumentem, o que pode levar a problemas cardiovasculares de longo prazo, disse o Dr. Carl Streed, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Além disso, o estresse pode levar à inflamação crônica, disse a Dra. Erin Michos, diretora associada de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Os pesquisadores às vezes se referem à carga alostática, o custo cumulativo que o estresse crônico causa no cérebro e no corpo, disse Scott Bertani, diretor de advocacy da HealthHIV, uma organização sem fins lucrativos focada no avanço da prevenção e cuidados para pessoas com risco de HIV. “É lógico que nossos corpos respondem a esses eventos e demandas da vida realmente complexos e desafiadores”, ele disse. Por exemplo, ele acrescentou, o ato de sair do armário e, em alguns casos, sair do armário repetidamente, geralmente é acompanhado de um estresse severo.

Para lidar com a constante ameaça de discriminação ou assédio, muitos na comunidade LGBT+ se automedicam com drogas como tabaco e álcool, disse Streed, que também é pesquisador do Centro para Medicina e Cirurgia Transgênero do Boston Medical Center. Essas indústrias têm como alvo a comunidade LGBT+ por meio de publicidade, ele disse, especialmente durante o mês do Orgulho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relatam que cerca de 25% de lésbicas, gays ou bissexuais adultos usaram um produto comercial de tabaco em 2020, em comparação com 18,8% dos adultos heterossexuais, uma disparidade que a agência atribui parcialmente ao longo histórico das campanhas de marketing agressivas da indústria do tabaco nos Estados Unidos.

A pesquisa também identificou uma ligação entre o sono e a saúde do coração, disse Caceres. Evidências crescentes mostram que os adultos LGBT+ têm mais problemas e interrupções do sono do que a população em geral, o que também pode estar ligado ao estresse crônico.

Obstáculos na procura de cuidados

Uma pesquisa de 2017 com quase 500 adultos LGBT+ realizada por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard T.H. Chan e da Fundação Robert Wood Johnson descobriu que mais de 1 em cada 6 relatou evitar cuidados médicos porque se preocupava com a discriminação. Essa hesitação significa que os adultos LGBT+ são menos propensos a acessar cuidados de saúde preventivos que podem salvar vidas, disse Michos. Todos os adultos devem ser examinados pelo menos uma vez por ano para fatores de risco cardiovascular, o que normalmente faz parte de um exame físico anual, ela disse.

Encontrar provedores médicos com os quais você se sinta confortável e seguro pode ser fundamental na prevenção de doenças cardíacas, disseram especialistas. Streed recomenda que adultos LGBT+ procurem médicos que os apoiem. A Campanha de Direitos Humanos cria um Índice de Igualdade de Saúde anual - uma lista de unidades de saúde que dizem ser inclusivas com relação a pacientes LGBT+.

O que os adultos LGBT+ devem saber para melhorar a saúde do coração

Embora os hormônios de afirmação de gênero tenham demonstrado um impacto positivo na saúde mental, disse Michos, há algumas evidências de que altas quantidades de testosterona e estrogênio podem ter riscos cardiovasculares. As pessoas que estão tomando esses hormônios devem consultar seus médicos sobre como manter a saúde do coração.

A American Heart Association recomenda sete passos para uma saúde cardíaca ideal: controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol baixos, reduzir o açúcar no sangue, fazer exercícios diariamente, ter uma dieta nutritiva, manter um peso corporal saudável e não fumar. Michos também recomendou reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e carboidratos altamente refinados, optando por grãos integrais, proteínas magras e muitas frutas e vegetais. Os adultos também devem fazer pelo menos 30 minutos de exercícios de intensidade moderada todos os dias, como caminhada rápida, corrida ou ciclismo.

Esses são aspectos essenciais da prevenção de doenças cardíacas, ela acrescentou, “mas não podemos simplesmente pregar ‘você precisa viver um estilo de vida saudável’ se os indivíduos estiverem sob sofrimento psicológico e discriminação significativos”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Enquanto muitos moradores dos EUA celebraram o Orgulho LGBT em junho, muitos na comunidade médica destacaram as disparidades devastadoras nos resultados de saúde para adultos LGBT+ - casos desproporcionais de varíola dos macacos em homens que fazem sexo com homens, altas taxas relatadas de abuso de álcool, obstáculos para acesso a exames e tratamentos para o câncer.

Mas, de acordo com alguns especialistas da área, uma das desigualdades de saúde mais críticas entre os adultos LGBT+ é frequentemente negligenciada.

Um conjunto crescente de pesquisas mostra que os adultos LGBT+ são mais propensos a ter uma saúde cardíaca pior do que seus pares heterossexuais. Lésbicas, gays e bissexuais adultos eram 36% menos propensos do que adultos heterossexuais a ter uma saúde cardiovascular ideal, concluiu a American Heart Association em 2018, com base em pesquisas de fatores de risco como tabagismo e níveis de glicose no sangue. Em 2021, a organização divulgou uma declaração sobre as altas taxas de doenças cardíacas entre indivíduos transgêneros e de gênero diverso, vinculando essas taxas elevadas em parte ao estresse que vem da discriminação e da transfobia.

Pesquisas indicam que adultos LGBT+ são mais propensos a doenças cardiovasculares. Foto: Simone Noronha/The New York Times

Os dados apoiam o que os médicos e aqueles que pesquisam a saúde LGBT+ observaram por décadas - que a comunidade enfrenta obstáculos específicos e abrangentes que afetam o cérebro e o corpo.

A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimam que 80% das doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser evitados. Mas há disparidades sobre onde esse fardo pesa na população em geral. Conversamos com médicos e pesquisadores de saúde sobre por que essas desigualdades persistem e quais medidas os adultos LGBT+ podem tomar para melhorar a saúde do coração.

A tensão do estresse

Especialistas disseram que os adultos LGBT+ enfrentam pressões únicas - estigma, discriminação, medo da violência - que podem levar direta e indiretamente à doença.

O estresse afeta diretamente certos hormônios que regulam a pressão arterial e a frequência cardíaca, disse Billy Caceres, professor assistente da Faculdade de Enfermagem e do Centro de Pesquisa em Saúde Sexual e de Minorias de Gênero da Universidade de Columbia.

A hipervigilância - a sensação de estar sempre no limite, constantemente atento à próxima ameaça - faz com que os níveis de cortisol aumentem, o que pode levar a problemas cardiovasculares de longo prazo, disse o Dr. Carl Streed, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Além disso, o estresse pode levar à inflamação crônica, disse a Dra. Erin Michos, diretora associada de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Os pesquisadores às vezes se referem à carga alostática, o custo cumulativo que o estresse crônico causa no cérebro e no corpo, disse Scott Bertani, diretor de advocacy da HealthHIV, uma organização sem fins lucrativos focada no avanço da prevenção e cuidados para pessoas com risco de HIV. “É lógico que nossos corpos respondem a esses eventos e demandas da vida realmente complexos e desafiadores”, ele disse. Por exemplo, ele acrescentou, o ato de sair do armário e, em alguns casos, sair do armário repetidamente, geralmente é acompanhado de um estresse severo.

Para lidar com a constante ameaça de discriminação ou assédio, muitos na comunidade LGBT+ se automedicam com drogas como tabaco e álcool, disse Streed, que também é pesquisador do Centro para Medicina e Cirurgia Transgênero do Boston Medical Center. Essas indústrias têm como alvo a comunidade LGBT+ por meio de publicidade, ele disse, especialmente durante o mês do Orgulho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relatam que cerca de 25% de lésbicas, gays ou bissexuais adultos usaram um produto comercial de tabaco em 2020, em comparação com 18,8% dos adultos heterossexuais, uma disparidade que a agência atribui parcialmente ao longo histórico das campanhas de marketing agressivas da indústria do tabaco nos Estados Unidos.

A pesquisa também identificou uma ligação entre o sono e a saúde do coração, disse Caceres. Evidências crescentes mostram que os adultos LGBT+ têm mais problemas e interrupções do sono do que a população em geral, o que também pode estar ligado ao estresse crônico.

Obstáculos na procura de cuidados

Uma pesquisa de 2017 com quase 500 adultos LGBT+ realizada por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard T.H. Chan e da Fundação Robert Wood Johnson descobriu que mais de 1 em cada 6 relatou evitar cuidados médicos porque se preocupava com a discriminação. Essa hesitação significa que os adultos LGBT+ são menos propensos a acessar cuidados de saúde preventivos que podem salvar vidas, disse Michos. Todos os adultos devem ser examinados pelo menos uma vez por ano para fatores de risco cardiovascular, o que normalmente faz parte de um exame físico anual, ela disse.

Encontrar provedores médicos com os quais você se sinta confortável e seguro pode ser fundamental na prevenção de doenças cardíacas, disseram especialistas. Streed recomenda que adultos LGBT+ procurem médicos que os apoiem. A Campanha de Direitos Humanos cria um Índice de Igualdade de Saúde anual - uma lista de unidades de saúde que dizem ser inclusivas com relação a pacientes LGBT+.

O que os adultos LGBT+ devem saber para melhorar a saúde do coração

Embora os hormônios de afirmação de gênero tenham demonstrado um impacto positivo na saúde mental, disse Michos, há algumas evidências de que altas quantidades de testosterona e estrogênio podem ter riscos cardiovasculares. As pessoas que estão tomando esses hormônios devem consultar seus médicos sobre como manter a saúde do coração.

A American Heart Association recomenda sete passos para uma saúde cardíaca ideal: controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol baixos, reduzir o açúcar no sangue, fazer exercícios diariamente, ter uma dieta nutritiva, manter um peso corporal saudável e não fumar. Michos também recomendou reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e carboidratos altamente refinados, optando por grãos integrais, proteínas magras e muitas frutas e vegetais. Os adultos também devem fazer pelo menos 30 minutos de exercícios de intensidade moderada todos os dias, como caminhada rápida, corrida ou ciclismo.

Esses são aspectos essenciais da prevenção de doenças cardíacas, ela acrescentou, “mas não podemos simplesmente pregar ‘você precisa viver um estilo de vida saudável’ se os indivíduos estiverem sob sofrimento psicológico e discriminação significativos”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Enquanto muitos moradores dos EUA celebraram o Orgulho LGBT em junho, muitos na comunidade médica destacaram as disparidades devastadoras nos resultados de saúde para adultos LGBT+ - casos desproporcionais de varíola dos macacos em homens que fazem sexo com homens, altas taxas relatadas de abuso de álcool, obstáculos para acesso a exames e tratamentos para o câncer.

Mas, de acordo com alguns especialistas da área, uma das desigualdades de saúde mais críticas entre os adultos LGBT+ é frequentemente negligenciada.

Um conjunto crescente de pesquisas mostra que os adultos LGBT+ são mais propensos a ter uma saúde cardíaca pior do que seus pares heterossexuais. Lésbicas, gays e bissexuais adultos eram 36% menos propensos do que adultos heterossexuais a ter uma saúde cardiovascular ideal, concluiu a American Heart Association em 2018, com base em pesquisas de fatores de risco como tabagismo e níveis de glicose no sangue. Em 2021, a organização divulgou uma declaração sobre as altas taxas de doenças cardíacas entre indivíduos transgêneros e de gênero diverso, vinculando essas taxas elevadas em parte ao estresse que vem da discriminação e da transfobia.

Pesquisas indicam que adultos LGBT+ são mais propensos a doenças cardiovasculares. Foto: Simone Noronha/The New York Times

Os dados apoiam o que os médicos e aqueles que pesquisam a saúde LGBT+ observaram por décadas - que a comunidade enfrenta obstáculos específicos e abrangentes que afetam o cérebro e o corpo.

A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimam que 80% das doenças cardíacas prematuras e derrames podem ser evitados. Mas há disparidades sobre onde esse fardo pesa na população em geral. Conversamos com médicos e pesquisadores de saúde sobre por que essas desigualdades persistem e quais medidas os adultos LGBT+ podem tomar para melhorar a saúde do coração.

A tensão do estresse

Especialistas disseram que os adultos LGBT+ enfrentam pressões únicas - estigma, discriminação, medo da violência - que podem levar direta e indiretamente à doença.

O estresse afeta diretamente certos hormônios que regulam a pressão arterial e a frequência cardíaca, disse Billy Caceres, professor assistente da Faculdade de Enfermagem e do Centro de Pesquisa em Saúde Sexual e de Minorias de Gênero da Universidade de Columbia.

A hipervigilância - a sensação de estar sempre no limite, constantemente atento à próxima ameaça - faz com que os níveis de cortisol aumentem, o que pode levar a problemas cardiovasculares de longo prazo, disse o Dr. Carl Streed, professor assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston.

Além disso, o estresse pode levar à inflamação crônica, disse a Dra. Erin Michos, diretora associada de cardiologia preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Os pesquisadores às vezes se referem à carga alostática, o custo cumulativo que o estresse crônico causa no cérebro e no corpo, disse Scott Bertani, diretor de advocacy da HealthHIV, uma organização sem fins lucrativos focada no avanço da prevenção e cuidados para pessoas com risco de HIV. “É lógico que nossos corpos respondem a esses eventos e demandas da vida realmente complexos e desafiadores”, ele disse. Por exemplo, ele acrescentou, o ato de sair do armário e, em alguns casos, sair do armário repetidamente, geralmente é acompanhado de um estresse severo.

Para lidar com a constante ameaça de discriminação ou assédio, muitos na comunidade LGBT+ se automedicam com drogas como tabaco e álcool, disse Streed, que também é pesquisador do Centro para Medicina e Cirurgia Transgênero do Boston Medical Center. Essas indústrias têm como alvo a comunidade LGBT+ por meio de publicidade, ele disse, especialmente durante o mês do Orgulho. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relatam que cerca de 25% de lésbicas, gays ou bissexuais adultos usaram um produto comercial de tabaco em 2020, em comparação com 18,8% dos adultos heterossexuais, uma disparidade que a agência atribui parcialmente ao longo histórico das campanhas de marketing agressivas da indústria do tabaco nos Estados Unidos.

A pesquisa também identificou uma ligação entre o sono e a saúde do coração, disse Caceres. Evidências crescentes mostram que os adultos LGBT+ têm mais problemas e interrupções do sono do que a população em geral, o que também pode estar ligado ao estresse crônico.

Obstáculos na procura de cuidados

Uma pesquisa de 2017 com quase 500 adultos LGBT+ realizada por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública Harvard T.H. Chan e da Fundação Robert Wood Johnson descobriu que mais de 1 em cada 6 relatou evitar cuidados médicos porque se preocupava com a discriminação. Essa hesitação significa que os adultos LGBT+ são menos propensos a acessar cuidados de saúde preventivos que podem salvar vidas, disse Michos. Todos os adultos devem ser examinados pelo menos uma vez por ano para fatores de risco cardiovascular, o que normalmente faz parte de um exame físico anual, ela disse.

Encontrar provedores médicos com os quais você se sinta confortável e seguro pode ser fundamental na prevenção de doenças cardíacas, disseram especialistas. Streed recomenda que adultos LGBT+ procurem médicos que os apoiem. A Campanha de Direitos Humanos cria um Índice de Igualdade de Saúde anual - uma lista de unidades de saúde que dizem ser inclusivas com relação a pacientes LGBT+.

O que os adultos LGBT+ devem saber para melhorar a saúde do coração

Embora os hormônios de afirmação de gênero tenham demonstrado um impacto positivo na saúde mental, disse Michos, há algumas evidências de que altas quantidades de testosterona e estrogênio podem ter riscos cardiovasculares. As pessoas que estão tomando esses hormônios devem consultar seus médicos sobre como manter a saúde do coração.

A American Heart Association recomenda sete passos para uma saúde cardíaca ideal: controlar a pressão arterial, manter os níveis de colesterol baixos, reduzir o açúcar no sangue, fazer exercícios diariamente, ter uma dieta nutritiva, manter um peso corporal saudável e não fumar. Michos também recomendou reduzir o consumo de alimentos processados, bebidas açucaradas e carboidratos altamente refinados, optando por grãos integrais, proteínas magras e muitas frutas e vegetais. Os adultos também devem fazer pelo menos 30 minutos de exercícios de intensidade moderada todos os dias, como caminhada rápida, corrida ou ciclismo.

Esses são aspectos essenciais da prevenção de doenças cardíacas, ela acrescentou, “mas não podemos simplesmente pregar ‘você precisa viver um estilo de vida saudável’ se os indivíduos estiverem sob sofrimento psicológico e discriminação significativos”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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