Praticar exercícios pode melhorar efeitos da vacina contra Covid ou gripe


Uma caminhada de 90 minutos, corrida ou passeio de bicicleta após a vacinação pode aumentar a resposta imunológica do seu corpo

Por Gretchen Reynolds
Atualização:

THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Fazer uma longa e rápida caminhada, corrida ou passeio de bicicleta após a próxima vacina contra a covid ou a gripe pode ampliar os benefícios da vacina, de acordo com um novo estudo sobre exercícios e imunização. O estudo, que envolveu 70 pessoas e cerca de 80 camundongos, analisou as respostas de anticorpos após uma injeção com a vacina contra a gripe ou ambas as rodadas da vacina Pfizer-BioNTech. Descobriu-se que as pessoas que se exercitaram por 90 minutos logo após a injeção produziram mais anticorpos do que as pessoas que não o fizeram. O reforço imunológico extra, que deve ajudar a reduzir o risco de adoecer gravemente por essas doenças, não parece desencadear um aumento nos efeitos colaterais.

Os resultados do estudo são preliminares e precisam ser testados em um número maior de pessoas. Mas as descobertas aumentam as evidências de que estar em forma e fisicamente ativo pode preparar nossos corpos para responder com robustez extra às vacinas contra a gripe e a covid.

Andar de bicicleta pode ampliar os benefícios da vacina contra a covid ou a gripe Foto: Pixabay
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O exercício altera “quase todas” nossas células imunes

A relação entre exercício e imunidade é, em geral, bem estabelecida. A maioria dos estudos mostra que ser fisicamente ativo ajuda a nos proteger contra resfriados e outras infecções leves do trato respiratório superior. Estar em forma também pode aliviar a gravidade de uma infecção se ficarmos doentes. Em um estudo no ano passado com quase 50 mil californianos que desenvolveram covid, por exemplo, aqueles que se exercitavam regularmente antes do diagnóstico tinham cerca de metade da probabilidade de acabar hospitalizados do que as pessoas que raramente se exercitavam.

Por outro lado, exercícios extremos podem minar nossa imunidade. Os maratonistas costumam relatar que ficam doentes após as corridas, e os ratos de laboratório que correm até a exaustão tendem a se tornar mais suscetíveis à gripe do que os animais sedentários.

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No geral, porém, o exercício parece oferecer um potente reforço ao nosso sistema imunológico. “O comportamento de quase todas as populações de células imunes na corrente sanguínea é alterado de alguma forma durante e após o exercício”, concluiu uma revisão recente de pesquisas anteriores sobre o assunto.

Portanto, não deve surpreender que o exercício também possa afetar a resposta à vacina. Em alguns estudos anteriores, realizar exercícios de braço antes de uma vacina da gripe aumentou os níveis de anticorpos e células imunes especializadas mais do que ficar sentado em silêncio. E em um estudo de 2020, atletas competitivos de elite no meio de suas temporadas de treinamento geraram mais anticorpos e células imunes após uma vacina contra a gripe do que um grupo controle de jovens saudáveis.

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Existe uma ‘dose’ certa de exercício?

Mas poucos desses estudos anteriores visavam descobrir o melhor momento e quantidade de exercício para amplificar os efeitos da vacina, e nenhum analisou as vacinas covid, que só estão disponíveis desde o final de 2020. Portanto, para o novo estudo, publicado esta semana na Brain, Behavior, and Immunity, um grupo de imunobiologistas e cientistas do exercício da Iowa State University em Ames, Iowa, pediu às pessoas que tomavam vacina contra gripe ou covid que também se exercitassem.

Eles começaram convidando dezenas de adultos saudáveis com idades entre 18 e 87 anos que disseram que se exercitavam ocasionalmente para vir ao laboratório tomar uma vacina contra a gripe. Os cientistas também se coordenaram com os locais de vacinação contra a covid para recrutar 28 homens e mulheres que estavam recebendo suas primeiras vacinas contra a covid. Antes das vacinas, eles coletaram sangue de todos os voluntários para verificar os níveis de anticorpos.

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Em seguida, eles designaram todos aleatoriamente para sentarem em silêncio ou se exercitarem por 90 minutos depois de receberem a injeção. Pesquisas anteriores sugeriram que fazer exercício depois de receber uma vacina aumentava a resposta imune mais do que o mesmo nível de atividade anterior. E eles estabeleceram 90 minutos como uma meta geral de exercício porque pesquisas não publicadas de seu laboratório sugeriram que a quantidade de exercício aumentava substancialmente a produção de uma substância no sangue chamada interferon alfa que pode desencadear a criação de células imunes.

Os voluntários que se exercitavam andavam de bicicleta ergométrica ou caminhavam rapidamente por 90 minutos após a vacinação, seja no laboratório ou nas calçadas perto dos locais de vacinação contra a covid. Eles trabalharam em um ritmo levemente desafiador, com o objetivo de manter seus batimentos cardíacos entre cerca de 120 e 140 batimentos por minuto. Mas os pesquisadores também pediram a alguns dos voluntários vacinados contra a gripe que pedalassem por apenas 45 minutos, para ver se o treino mais curto poderia ser igualmente eficaz para aumentar a imunidade.

Como os níveis de anticorpos tendem a aumentar nas semanas seguintes à vacinação, os pesquisadores coletaram sangue de todos novamente duas e quatro semanas após as vacinas. (As pessoas que recebem a vacina covid receberam sua segunda dose nesse ínterim, já que uma segunda injeção da Pfizer deve ser administrada três semanas após a primeira.)

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45 minutos não são suficientes

Após um mês, os níveis de anticorpos de todos contra a gripe ou covid aumentaram substancialmente, como esperado depois de receber uma vacina. Mas eles foram mais altos nos homens e mulheres que se exercitaram por 90 minutos depois. Esse bônus de anticorpos não era enorme. “Mas foi estatisticamente significativo”, disse Marian Kohut, professora de cinesiologia e membro do Instituto Nanovaccine do estado de Iowa, que supervisionou o novo estudo.

As pessoas que se exercitaram também não relataram efeitos colaterais adicionais após as injeções. (Elas também não experimentaram menos efeitos colaterais.)

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Curiosamente, 45 minutos de exercício neste estudo não foram suficientes para aumentar os anticorpos. O treino mais curto provavelmente não aumentou os níveis de substâncias necessárias para amplificar a imunidade, incluindo o interferon alfa, disse Kohut.

Os pesquisadores também repetiram o experimento da vacina contra a gripe em camundongos que correram depois ou ficaram parados. Os pesquisadores verificaram seus níveis de interferon alfa no sangue e os encontraram mais altos com a prática do exercício. Mas se os cientistas bloqueassem quimicamente a produção da substância, os animais ganhavam um pequeno benefício extra de anticorpos com o exercício, sugerindo que o exercício melhora a resposta à vacina em parte, aumentando primeiro os níveis de interferon alfa.

A conclusão dos resultados, então, é que “se você tiver tempo e um local seguro para se exercitar após a vacinação”, uma sessão de exercícios moderados de 90 minutos pode aumentar sua resposta à vacina, disse Kohut, sem aumentar os efeitos colaterais.

60 minutos são suficientes?

O estudo foi pequeno, porém, e não mediu os níveis de anticorpos por mais de um mês após a vacinação. Ele também não rastreou se as pessoas acabaram se infectando com gripe ou Covid, ou observou os níveis de várias outras células que podem afetar a resposta imune, apontou Kohut.

Uma hora e meia também é muito exercício. “É importante lembrar que foi necessário um esforço bastante sustentado, 90 minutos com um aumento da frequência cardíaca”, disse Carmine Pariante, professor do King’s College London e editor da revista em que o estudo foi publicado. “A combinação de três vacinas diferentes em humanos e em um modelo animal é um ponto forte único deste estudo”, disse Pariante, acrescentando que era reconfortante que as respostas de anticorpos aumentados estivessem presentes independentemente dos níveis de condicionamento do receptor da vacina.

Os pesquisadores esperam estudar se 60 minutos ou outras durações ou intensidades de exercício podem ser úteis – ou o inverso – após as vacinas, e quanto tempo as respostas dos anticorpos podem durar. Eles já estão inscrevendo pessoas para um estudo de longo prazo sobre os efeitos do exercício nas doses de reforço da covid.

Mas, por enquanto, se você agendar uma vacina contra a gripe ou covid, poderá dedicar 90 minutos extras para explorar rapidamente o bairro próximo a pé ou de bicicleta. Isso irá fornecer um impulso imunológico extra de sua vacina. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Fazer uma longa e rápida caminhada, corrida ou passeio de bicicleta após a próxima vacina contra a covid ou a gripe pode ampliar os benefícios da vacina, de acordo com um novo estudo sobre exercícios e imunização. O estudo, que envolveu 70 pessoas e cerca de 80 camundongos, analisou as respostas de anticorpos após uma injeção com a vacina contra a gripe ou ambas as rodadas da vacina Pfizer-BioNTech. Descobriu-se que as pessoas que se exercitaram por 90 minutos logo após a injeção produziram mais anticorpos do que as pessoas que não o fizeram. O reforço imunológico extra, que deve ajudar a reduzir o risco de adoecer gravemente por essas doenças, não parece desencadear um aumento nos efeitos colaterais.

Os resultados do estudo são preliminares e precisam ser testados em um número maior de pessoas. Mas as descobertas aumentam as evidências de que estar em forma e fisicamente ativo pode preparar nossos corpos para responder com robustez extra às vacinas contra a gripe e a covid.

Andar de bicicleta pode ampliar os benefícios da vacina contra a covid ou a gripe Foto: Pixabay

O exercício altera “quase todas” nossas células imunes

A relação entre exercício e imunidade é, em geral, bem estabelecida. A maioria dos estudos mostra que ser fisicamente ativo ajuda a nos proteger contra resfriados e outras infecções leves do trato respiratório superior. Estar em forma também pode aliviar a gravidade de uma infecção se ficarmos doentes. Em um estudo no ano passado com quase 50 mil californianos que desenvolveram covid, por exemplo, aqueles que se exercitavam regularmente antes do diagnóstico tinham cerca de metade da probabilidade de acabar hospitalizados do que as pessoas que raramente se exercitavam.

Por outro lado, exercícios extremos podem minar nossa imunidade. Os maratonistas costumam relatar que ficam doentes após as corridas, e os ratos de laboratório que correm até a exaustão tendem a se tornar mais suscetíveis à gripe do que os animais sedentários.

No geral, porém, o exercício parece oferecer um potente reforço ao nosso sistema imunológico. “O comportamento de quase todas as populações de células imunes na corrente sanguínea é alterado de alguma forma durante e após o exercício”, concluiu uma revisão recente de pesquisas anteriores sobre o assunto.

Portanto, não deve surpreender que o exercício também possa afetar a resposta à vacina. Em alguns estudos anteriores, realizar exercícios de braço antes de uma vacina da gripe aumentou os níveis de anticorpos e células imunes especializadas mais do que ficar sentado em silêncio. E em um estudo de 2020, atletas competitivos de elite no meio de suas temporadas de treinamento geraram mais anticorpos e células imunes após uma vacina contra a gripe do que um grupo controle de jovens saudáveis.

Existe uma ‘dose’ certa de exercício?

Mas poucos desses estudos anteriores visavam descobrir o melhor momento e quantidade de exercício para amplificar os efeitos da vacina, e nenhum analisou as vacinas covid, que só estão disponíveis desde o final de 2020. Portanto, para o novo estudo, publicado esta semana na Brain, Behavior, and Immunity, um grupo de imunobiologistas e cientistas do exercício da Iowa State University em Ames, Iowa, pediu às pessoas que tomavam vacina contra gripe ou covid que também se exercitassem.

Eles começaram convidando dezenas de adultos saudáveis com idades entre 18 e 87 anos que disseram que se exercitavam ocasionalmente para vir ao laboratório tomar uma vacina contra a gripe. Os cientistas também se coordenaram com os locais de vacinação contra a covid para recrutar 28 homens e mulheres que estavam recebendo suas primeiras vacinas contra a covid. Antes das vacinas, eles coletaram sangue de todos os voluntários para verificar os níveis de anticorpos.

Em seguida, eles designaram todos aleatoriamente para sentarem em silêncio ou se exercitarem por 90 minutos depois de receberem a injeção. Pesquisas anteriores sugeriram que fazer exercício depois de receber uma vacina aumentava a resposta imune mais do que o mesmo nível de atividade anterior. E eles estabeleceram 90 minutos como uma meta geral de exercício porque pesquisas não publicadas de seu laboratório sugeriram que a quantidade de exercício aumentava substancialmente a produção de uma substância no sangue chamada interferon alfa que pode desencadear a criação de células imunes.

Os voluntários que se exercitavam andavam de bicicleta ergométrica ou caminhavam rapidamente por 90 minutos após a vacinação, seja no laboratório ou nas calçadas perto dos locais de vacinação contra a covid. Eles trabalharam em um ritmo levemente desafiador, com o objetivo de manter seus batimentos cardíacos entre cerca de 120 e 140 batimentos por minuto. Mas os pesquisadores também pediram a alguns dos voluntários vacinados contra a gripe que pedalassem por apenas 45 minutos, para ver se o treino mais curto poderia ser igualmente eficaz para aumentar a imunidade.

Como os níveis de anticorpos tendem a aumentar nas semanas seguintes à vacinação, os pesquisadores coletaram sangue de todos novamente duas e quatro semanas após as vacinas. (As pessoas que recebem a vacina covid receberam sua segunda dose nesse ínterim, já que uma segunda injeção da Pfizer deve ser administrada três semanas após a primeira.)

45 minutos não são suficientes

Após um mês, os níveis de anticorpos de todos contra a gripe ou covid aumentaram substancialmente, como esperado depois de receber uma vacina. Mas eles foram mais altos nos homens e mulheres que se exercitaram por 90 minutos depois. Esse bônus de anticorpos não era enorme. “Mas foi estatisticamente significativo”, disse Marian Kohut, professora de cinesiologia e membro do Instituto Nanovaccine do estado de Iowa, que supervisionou o novo estudo.

As pessoas que se exercitaram também não relataram efeitos colaterais adicionais após as injeções. (Elas também não experimentaram menos efeitos colaterais.)

Curiosamente, 45 minutos de exercício neste estudo não foram suficientes para aumentar os anticorpos. O treino mais curto provavelmente não aumentou os níveis de substâncias necessárias para amplificar a imunidade, incluindo o interferon alfa, disse Kohut.

Os pesquisadores também repetiram o experimento da vacina contra a gripe em camundongos que correram depois ou ficaram parados. Os pesquisadores verificaram seus níveis de interferon alfa no sangue e os encontraram mais altos com a prática do exercício. Mas se os cientistas bloqueassem quimicamente a produção da substância, os animais ganhavam um pequeno benefício extra de anticorpos com o exercício, sugerindo que o exercício melhora a resposta à vacina em parte, aumentando primeiro os níveis de interferon alfa.

A conclusão dos resultados, então, é que “se você tiver tempo e um local seguro para se exercitar após a vacinação”, uma sessão de exercícios moderados de 90 minutos pode aumentar sua resposta à vacina, disse Kohut, sem aumentar os efeitos colaterais.

60 minutos são suficientes?

O estudo foi pequeno, porém, e não mediu os níveis de anticorpos por mais de um mês após a vacinação. Ele também não rastreou se as pessoas acabaram se infectando com gripe ou Covid, ou observou os níveis de várias outras células que podem afetar a resposta imune, apontou Kohut.

Uma hora e meia também é muito exercício. “É importante lembrar que foi necessário um esforço bastante sustentado, 90 minutos com um aumento da frequência cardíaca”, disse Carmine Pariante, professor do King’s College London e editor da revista em que o estudo foi publicado. “A combinação de três vacinas diferentes em humanos e em um modelo animal é um ponto forte único deste estudo”, disse Pariante, acrescentando que era reconfortante que as respostas de anticorpos aumentados estivessem presentes independentemente dos níveis de condicionamento do receptor da vacina.

Os pesquisadores esperam estudar se 60 minutos ou outras durações ou intensidades de exercício podem ser úteis – ou o inverso – após as vacinas, e quanto tempo as respostas dos anticorpos podem durar. Eles já estão inscrevendo pessoas para um estudo de longo prazo sobre os efeitos do exercício nas doses de reforço da covid.

Mas, por enquanto, se você agendar uma vacina contra a gripe ou covid, poderá dedicar 90 minutos extras para explorar rapidamente o bairro próximo a pé ou de bicicleta. Isso irá fornecer um impulso imunológico extra de sua vacina. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Fazer uma longa e rápida caminhada, corrida ou passeio de bicicleta após a próxima vacina contra a covid ou a gripe pode ampliar os benefícios da vacina, de acordo com um novo estudo sobre exercícios e imunização. O estudo, que envolveu 70 pessoas e cerca de 80 camundongos, analisou as respostas de anticorpos após uma injeção com a vacina contra a gripe ou ambas as rodadas da vacina Pfizer-BioNTech. Descobriu-se que as pessoas que se exercitaram por 90 minutos logo após a injeção produziram mais anticorpos do que as pessoas que não o fizeram. O reforço imunológico extra, que deve ajudar a reduzir o risco de adoecer gravemente por essas doenças, não parece desencadear um aumento nos efeitos colaterais.

Os resultados do estudo são preliminares e precisam ser testados em um número maior de pessoas. Mas as descobertas aumentam as evidências de que estar em forma e fisicamente ativo pode preparar nossos corpos para responder com robustez extra às vacinas contra a gripe e a covid.

Andar de bicicleta pode ampliar os benefícios da vacina contra a covid ou a gripe Foto: Pixabay

O exercício altera “quase todas” nossas células imunes

A relação entre exercício e imunidade é, em geral, bem estabelecida. A maioria dos estudos mostra que ser fisicamente ativo ajuda a nos proteger contra resfriados e outras infecções leves do trato respiratório superior. Estar em forma também pode aliviar a gravidade de uma infecção se ficarmos doentes. Em um estudo no ano passado com quase 50 mil californianos que desenvolveram covid, por exemplo, aqueles que se exercitavam regularmente antes do diagnóstico tinham cerca de metade da probabilidade de acabar hospitalizados do que as pessoas que raramente se exercitavam.

Por outro lado, exercícios extremos podem minar nossa imunidade. Os maratonistas costumam relatar que ficam doentes após as corridas, e os ratos de laboratório que correm até a exaustão tendem a se tornar mais suscetíveis à gripe do que os animais sedentários.

No geral, porém, o exercício parece oferecer um potente reforço ao nosso sistema imunológico. “O comportamento de quase todas as populações de células imunes na corrente sanguínea é alterado de alguma forma durante e após o exercício”, concluiu uma revisão recente de pesquisas anteriores sobre o assunto.

Portanto, não deve surpreender que o exercício também possa afetar a resposta à vacina. Em alguns estudos anteriores, realizar exercícios de braço antes de uma vacina da gripe aumentou os níveis de anticorpos e células imunes especializadas mais do que ficar sentado em silêncio. E em um estudo de 2020, atletas competitivos de elite no meio de suas temporadas de treinamento geraram mais anticorpos e células imunes após uma vacina contra a gripe do que um grupo controle de jovens saudáveis.

Existe uma ‘dose’ certa de exercício?

Mas poucos desses estudos anteriores visavam descobrir o melhor momento e quantidade de exercício para amplificar os efeitos da vacina, e nenhum analisou as vacinas covid, que só estão disponíveis desde o final de 2020. Portanto, para o novo estudo, publicado esta semana na Brain, Behavior, and Immunity, um grupo de imunobiologistas e cientistas do exercício da Iowa State University em Ames, Iowa, pediu às pessoas que tomavam vacina contra gripe ou covid que também se exercitassem.

Eles começaram convidando dezenas de adultos saudáveis com idades entre 18 e 87 anos que disseram que se exercitavam ocasionalmente para vir ao laboratório tomar uma vacina contra a gripe. Os cientistas também se coordenaram com os locais de vacinação contra a covid para recrutar 28 homens e mulheres que estavam recebendo suas primeiras vacinas contra a covid. Antes das vacinas, eles coletaram sangue de todos os voluntários para verificar os níveis de anticorpos.

Em seguida, eles designaram todos aleatoriamente para sentarem em silêncio ou se exercitarem por 90 minutos depois de receberem a injeção. Pesquisas anteriores sugeriram que fazer exercício depois de receber uma vacina aumentava a resposta imune mais do que o mesmo nível de atividade anterior. E eles estabeleceram 90 minutos como uma meta geral de exercício porque pesquisas não publicadas de seu laboratório sugeriram que a quantidade de exercício aumentava substancialmente a produção de uma substância no sangue chamada interferon alfa que pode desencadear a criação de células imunes.

Os voluntários que se exercitavam andavam de bicicleta ergométrica ou caminhavam rapidamente por 90 minutos após a vacinação, seja no laboratório ou nas calçadas perto dos locais de vacinação contra a covid. Eles trabalharam em um ritmo levemente desafiador, com o objetivo de manter seus batimentos cardíacos entre cerca de 120 e 140 batimentos por minuto. Mas os pesquisadores também pediram a alguns dos voluntários vacinados contra a gripe que pedalassem por apenas 45 minutos, para ver se o treino mais curto poderia ser igualmente eficaz para aumentar a imunidade.

Como os níveis de anticorpos tendem a aumentar nas semanas seguintes à vacinação, os pesquisadores coletaram sangue de todos novamente duas e quatro semanas após as vacinas. (As pessoas que recebem a vacina covid receberam sua segunda dose nesse ínterim, já que uma segunda injeção da Pfizer deve ser administrada três semanas após a primeira.)

45 minutos não são suficientes

Após um mês, os níveis de anticorpos de todos contra a gripe ou covid aumentaram substancialmente, como esperado depois de receber uma vacina. Mas eles foram mais altos nos homens e mulheres que se exercitaram por 90 minutos depois. Esse bônus de anticorpos não era enorme. “Mas foi estatisticamente significativo”, disse Marian Kohut, professora de cinesiologia e membro do Instituto Nanovaccine do estado de Iowa, que supervisionou o novo estudo.

As pessoas que se exercitaram também não relataram efeitos colaterais adicionais após as injeções. (Elas também não experimentaram menos efeitos colaterais.)

Curiosamente, 45 minutos de exercício neste estudo não foram suficientes para aumentar os anticorpos. O treino mais curto provavelmente não aumentou os níveis de substâncias necessárias para amplificar a imunidade, incluindo o interferon alfa, disse Kohut.

Os pesquisadores também repetiram o experimento da vacina contra a gripe em camundongos que correram depois ou ficaram parados. Os pesquisadores verificaram seus níveis de interferon alfa no sangue e os encontraram mais altos com a prática do exercício. Mas se os cientistas bloqueassem quimicamente a produção da substância, os animais ganhavam um pequeno benefício extra de anticorpos com o exercício, sugerindo que o exercício melhora a resposta à vacina em parte, aumentando primeiro os níveis de interferon alfa.

A conclusão dos resultados, então, é que “se você tiver tempo e um local seguro para se exercitar após a vacinação”, uma sessão de exercícios moderados de 90 minutos pode aumentar sua resposta à vacina, disse Kohut, sem aumentar os efeitos colaterais.

60 minutos são suficientes?

O estudo foi pequeno, porém, e não mediu os níveis de anticorpos por mais de um mês após a vacinação. Ele também não rastreou se as pessoas acabaram se infectando com gripe ou Covid, ou observou os níveis de várias outras células que podem afetar a resposta imune, apontou Kohut.

Uma hora e meia também é muito exercício. “É importante lembrar que foi necessário um esforço bastante sustentado, 90 minutos com um aumento da frequência cardíaca”, disse Carmine Pariante, professor do King’s College London e editor da revista em que o estudo foi publicado. “A combinação de três vacinas diferentes em humanos e em um modelo animal é um ponto forte único deste estudo”, disse Pariante, acrescentando que era reconfortante que as respostas de anticorpos aumentados estivessem presentes independentemente dos níveis de condicionamento do receptor da vacina.

Os pesquisadores esperam estudar se 60 minutos ou outras durações ou intensidades de exercício podem ser úteis – ou o inverso – após as vacinas, e quanto tempo as respostas dos anticorpos podem durar. Eles já estão inscrevendo pessoas para um estudo de longo prazo sobre os efeitos do exercício nas doses de reforço da covid.

Mas, por enquanto, se você agendar uma vacina contra a gripe ou covid, poderá dedicar 90 minutos extras para explorar rapidamente o bairro próximo a pé ou de bicicleta. Isso irá fornecer um impulso imunológico extra de sua vacina. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Fazer uma longa e rápida caminhada, corrida ou passeio de bicicleta após a próxima vacina contra a covid ou a gripe pode ampliar os benefícios da vacina, de acordo com um novo estudo sobre exercícios e imunização. O estudo, que envolveu 70 pessoas e cerca de 80 camundongos, analisou as respostas de anticorpos após uma injeção com a vacina contra a gripe ou ambas as rodadas da vacina Pfizer-BioNTech. Descobriu-se que as pessoas que se exercitaram por 90 minutos logo após a injeção produziram mais anticorpos do que as pessoas que não o fizeram. O reforço imunológico extra, que deve ajudar a reduzir o risco de adoecer gravemente por essas doenças, não parece desencadear um aumento nos efeitos colaterais.

Os resultados do estudo são preliminares e precisam ser testados em um número maior de pessoas. Mas as descobertas aumentam as evidências de que estar em forma e fisicamente ativo pode preparar nossos corpos para responder com robustez extra às vacinas contra a gripe e a covid.

Andar de bicicleta pode ampliar os benefícios da vacina contra a covid ou a gripe Foto: Pixabay

O exercício altera “quase todas” nossas células imunes

A relação entre exercício e imunidade é, em geral, bem estabelecida. A maioria dos estudos mostra que ser fisicamente ativo ajuda a nos proteger contra resfriados e outras infecções leves do trato respiratório superior. Estar em forma também pode aliviar a gravidade de uma infecção se ficarmos doentes. Em um estudo no ano passado com quase 50 mil californianos que desenvolveram covid, por exemplo, aqueles que se exercitavam regularmente antes do diagnóstico tinham cerca de metade da probabilidade de acabar hospitalizados do que as pessoas que raramente se exercitavam.

Por outro lado, exercícios extremos podem minar nossa imunidade. Os maratonistas costumam relatar que ficam doentes após as corridas, e os ratos de laboratório que correm até a exaustão tendem a se tornar mais suscetíveis à gripe do que os animais sedentários.

No geral, porém, o exercício parece oferecer um potente reforço ao nosso sistema imunológico. “O comportamento de quase todas as populações de células imunes na corrente sanguínea é alterado de alguma forma durante e após o exercício”, concluiu uma revisão recente de pesquisas anteriores sobre o assunto.

Portanto, não deve surpreender que o exercício também possa afetar a resposta à vacina. Em alguns estudos anteriores, realizar exercícios de braço antes de uma vacina da gripe aumentou os níveis de anticorpos e células imunes especializadas mais do que ficar sentado em silêncio. E em um estudo de 2020, atletas competitivos de elite no meio de suas temporadas de treinamento geraram mais anticorpos e células imunes após uma vacina contra a gripe do que um grupo controle de jovens saudáveis.

Existe uma ‘dose’ certa de exercício?

Mas poucos desses estudos anteriores visavam descobrir o melhor momento e quantidade de exercício para amplificar os efeitos da vacina, e nenhum analisou as vacinas covid, que só estão disponíveis desde o final de 2020. Portanto, para o novo estudo, publicado esta semana na Brain, Behavior, and Immunity, um grupo de imunobiologistas e cientistas do exercício da Iowa State University em Ames, Iowa, pediu às pessoas que tomavam vacina contra gripe ou covid que também se exercitassem.

Eles começaram convidando dezenas de adultos saudáveis com idades entre 18 e 87 anos que disseram que se exercitavam ocasionalmente para vir ao laboratório tomar uma vacina contra a gripe. Os cientistas também se coordenaram com os locais de vacinação contra a covid para recrutar 28 homens e mulheres que estavam recebendo suas primeiras vacinas contra a covid. Antes das vacinas, eles coletaram sangue de todos os voluntários para verificar os níveis de anticorpos.

Em seguida, eles designaram todos aleatoriamente para sentarem em silêncio ou se exercitarem por 90 minutos depois de receberem a injeção. Pesquisas anteriores sugeriram que fazer exercício depois de receber uma vacina aumentava a resposta imune mais do que o mesmo nível de atividade anterior. E eles estabeleceram 90 minutos como uma meta geral de exercício porque pesquisas não publicadas de seu laboratório sugeriram que a quantidade de exercício aumentava substancialmente a produção de uma substância no sangue chamada interferon alfa que pode desencadear a criação de células imunes.

Os voluntários que se exercitavam andavam de bicicleta ergométrica ou caminhavam rapidamente por 90 minutos após a vacinação, seja no laboratório ou nas calçadas perto dos locais de vacinação contra a covid. Eles trabalharam em um ritmo levemente desafiador, com o objetivo de manter seus batimentos cardíacos entre cerca de 120 e 140 batimentos por minuto. Mas os pesquisadores também pediram a alguns dos voluntários vacinados contra a gripe que pedalassem por apenas 45 minutos, para ver se o treino mais curto poderia ser igualmente eficaz para aumentar a imunidade.

Como os níveis de anticorpos tendem a aumentar nas semanas seguintes à vacinação, os pesquisadores coletaram sangue de todos novamente duas e quatro semanas após as vacinas. (As pessoas que recebem a vacina covid receberam sua segunda dose nesse ínterim, já que uma segunda injeção da Pfizer deve ser administrada três semanas após a primeira.)

45 minutos não são suficientes

Após um mês, os níveis de anticorpos de todos contra a gripe ou covid aumentaram substancialmente, como esperado depois de receber uma vacina. Mas eles foram mais altos nos homens e mulheres que se exercitaram por 90 minutos depois. Esse bônus de anticorpos não era enorme. “Mas foi estatisticamente significativo”, disse Marian Kohut, professora de cinesiologia e membro do Instituto Nanovaccine do estado de Iowa, que supervisionou o novo estudo.

As pessoas que se exercitaram também não relataram efeitos colaterais adicionais após as injeções. (Elas também não experimentaram menos efeitos colaterais.)

Curiosamente, 45 minutos de exercício neste estudo não foram suficientes para aumentar os anticorpos. O treino mais curto provavelmente não aumentou os níveis de substâncias necessárias para amplificar a imunidade, incluindo o interferon alfa, disse Kohut.

Os pesquisadores também repetiram o experimento da vacina contra a gripe em camundongos que correram depois ou ficaram parados. Os pesquisadores verificaram seus níveis de interferon alfa no sangue e os encontraram mais altos com a prática do exercício. Mas se os cientistas bloqueassem quimicamente a produção da substância, os animais ganhavam um pequeno benefício extra de anticorpos com o exercício, sugerindo que o exercício melhora a resposta à vacina em parte, aumentando primeiro os níveis de interferon alfa.

A conclusão dos resultados, então, é que “se você tiver tempo e um local seguro para se exercitar após a vacinação”, uma sessão de exercícios moderados de 90 minutos pode aumentar sua resposta à vacina, disse Kohut, sem aumentar os efeitos colaterais.

60 minutos são suficientes?

O estudo foi pequeno, porém, e não mediu os níveis de anticorpos por mais de um mês após a vacinação. Ele também não rastreou se as pessoas acabaram se infectando com gripe ou Covid, ou observou os níveis de várias outras células que podem afetar a resposta imune, apontou Kohut.

Uma hora e meia também é muito exercício. “É importante lembrar que foi necessário um esforço bastante sustentado, 90 minutos com um aumento da frequência cardíaca”, disse Carmine Pariante, professor do King’s College London e editor da revista em que o estudo foi publicado. “A combinação de três vacinas diferentes em humanos e em um modelo animal é um ponto forte único deste estudo”, disse Pariante, acrescentando que era reconfortante que as respostas de anticorpos aumentados estivessem presentes independentemente dos níveis de condicionamento do receptor da vacina.

Os pesquisadores esperam estudar se 60 minutos ou outras durações ou intensidades de exercício podem ser úteis – ou o inverso – após as vacinas, e quanto tempo as respostas dos anticorpos podem durar. Eles já estão inscrevendo pessoas para um estudo de longo prazo sobre os efeitos do exercício nas doses de reforço da covid.

Mas, por enquanto, se você agendar uma vacina contra a gripe ou covid, poderá dedicar 90 minutos extras para explorar rapidamente o bairro próximo a pé ou de bicicleta. Isso irá fornecer um impulso imunológico extra de sua vacina. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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