Quando seu animal de estimação morre, a quem você recorre?


A variedade de recursos para lidar com a morte de um pet querido tem crescido nos últimos anos, apontam organizações que notaram aumento na procura por seus serviços

Por Lauren Gill

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Semanas depois da morte de Luigi, o chihuahua de Maria Sandomenico, em agosto passado, ela compartilhou uma longa postagem em um grupo do Facebook para moradores do bairro de Park Slope, no Brooklyn, sobre como estava sofrendo para aceitar o falecimento de seu cãozinho resgatado.

Em uma entrevista em janeiro, Sandomenico disse que, nos sete anos em que morou com Luigi, ele virou sua “estrela-guia”, sempre ao seu lado, com várias roupinhas feitas sob medida que ela tinha comprado para ele. Seu look predileto era um gorro com pompom rosa e preto, embora ele também fosse famoso por usar caxemira.

Animais de estimação são, cada vez mais, considerados partes de uma família; a perda deles é comparável a perda de entes queridos próximos por algumas pessoas. Foto: Cris Berger/Divulgação/Acervo Estadão
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Sandomenico disse que recorreu ao Facebook quando Luigi morreu porque não queria sobrecarregar os amigos com seus sentimentos e porque queria se conectar com outras pessoas que tinham vivenciado a morte de um animal de estimação. Ela ficou surpresa com a quantidade de pessoas que responderam à sua postagem dizendo que também estavam de luto pela perda de um pet e não sabiam onde encontrar apoio.

Pouco depois de postar no Facebook, Sandomenico, 53 anos, que tem uma empresa de passeios e treinamento de cães, se encontrou com vários integrantes do grupo em um bar local. Ela os convidou para uma sessão informal de processamento do luto. “Depois de uns vinte minutos, todo mundo estava desabando na frente de todo mundo”, disse ela. “As pessoas têm experiências bem diferentes, mas, sabe como é, todos nós tínhamos os mesmos sentimentos, é uma coisa que ninguém entende”.

Ela descreveu o encontro como catártico. “Foi bom para eu entender que não estava louca”, disse Sandomenico, que tem um colar de prata com uma foto de Luigi. Desde então, ela organizou outro encontro e planeja realizá-los regularmente.

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Celeste Jones, designer de interiores em Palm Beach, Flórida, também teve dificuldades para encontrar maneiras de lidar com a morte de ZsaZsa, seu maltês de 12 anos, em 2020. “Quanto mais eu pesquisava e procurava”, disse ela, “mais desesperada eu ficava”. Jones, 45 anos, acabou pagando por um programa online que, segundo ela, lhe deu as ferramentas necessárias para processar suas emoções. Desde então, ela começou a oferecer sessões online gratuitas para outras pessoas que estão sofrendo com a perda de animais de estimação.

Essas sessões e as reuniões informais de Sandomenico estão entre o número crescente de recursos disponíveis para tutores em luto – que devem comparar diferentes opções para evitar fraudes. Alguns prestadores de serviços afirmaram que houve um aumento na procura por seus serviços de apoio desde o início da pandemia, quando muitas pessoas adquiriram novos animais de estimação e outras criaram laços mais fortes com seus pets devido às restrições que as forçaram a passar mais tempo em casa.

Cerca de 62% dos americanos têm um animal de estimação, de acordo com um estudo de 2023 do Pew Research Center. Uma pesquisa da ASPCA descobriu que quase uma em cada cinco famílias americanas adotou um cachorro ou gato entre março de 2020 e maio de 2021. Mas cães e gatos, os pets mais populares nos Estados Unidos, têm uma expectativa de vida média muito mais curta que a dos humanos – assim como muitos outros animais de estimação.

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A maioria morre antes de seus tutores, muitos dos quais ficam com sentimentos complexos de tristeza com os quais talvez não estejam preparados para lidar sozinhos, disse Colleen Rolland, 67 anos, presidente da Associação para Perda e Luto de Animais de Estimação.

“As pessoas às vezes acham que estão enlouquecendo por causa do que sentem e de como ficam mal”, disse Rolland. Sua organização, fundada por um psicólogo no Brooklyn em 1997, oferece um serviço de bate-papo online gratuito que atraiu mais usuários em 2023 do que em 2022, disse ela.

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Jill Goodfriend, enfermeira e assistente social na área da baía de São Francisco que trabalha com tutores em luto, disse que também vem percebendo mais interesse nos seus serviços, que incluem consultas gratuitas. (Seus serviços pagos custam a partir de US$ 150 para uma sessão de 45 minutos).

Goodfriend, 79 anos, que começou a trabalhar com tutores de animais de estimação em 2005, atribuiu esse aumento à pandemia, que, segundo ela, deixou as pessoas “mais conscientes do luto e mais inclinadas a expressá-lo”.

No Schwarzman Animal Medical Center, que funciona em Manhattan desde 1910, um grupo gratuito de apoio ao luto pela perda de animais de estimação está disponível para os clientes desde 1983. Susan Cohen, 79 anos, assistente social veterinária que teve a ideia do grupo, disse que tudo começou com cerca de cinco pessoas participando das sessões presenciais. Quando ela parou de trabalhar no centro, em 2011, esse número tinha dobrado.

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A procura por essas reuniões levou o centro a expandir seus serviços: agora vários grupos de luto se reúnem por videochamadas algumas vezes por mês. Um é para pessoas cujos animais morreram nos últimos três meses, outro atende tutores que ainda estão em luto por pets que morreram no último ano. Judith Harbour, 40 anos, assistente social veterinária do centro que organiza os grupos, recentemente iniciou um terceiro para tutores de cães com problemas de saúde graves. Cada grupo tem vinte participantes de todo o país, e alguns têm listas de espera.

Os participantes vêm de diversas origens, disse Harbour, e têm idades entre 18 e 85 anos. Os animais de estimação pelos quais estão de luto não são apenas cães e gatos: nas sessões também se mencionaram tartarugas, calopsitas, papagaios, lagartos, cavalos e coelhos, disse ela.

Harbour, cujo trabalho também envolve atendimento a clientes e veterinários do centro, disse que muitos participantes do grupo disseram que não conseguiam expressar plenamente a tristeza pela morte de seu pet com pessoas próximas a eles. Alguns se sentiram julgados por sofrerem por seus animais de estimação, disse ela, outros se sentiram rejeitados por entes queridos que lhes disseram para arranjar outro bichinho e seguir em frente.

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Ela disse que a dor pela morte de um animal de estimação muitas vezes passa despercebida pela comunidade e pela sociedade como um todo: “Quando você passa por algo assim, você se sente invisível, sente que está sozinho”.

Victoria Villarreal participou das sessões de grupo do Schwarzman Animal Medical Center por um ano depois da morte de seu gato malhado, Einstein, de 13 anos, em 2022. Villarreal, 55 anos, enfermeira em Seattle, deu esse nome ao gato por causa de sua inteligência e o descreveu como um companheiro constante em casa e em viagens, até mesmo uma para Nova York, onde ela disse que ele encantou as camareiras do hotel que aceitava animais de estimação.

Ela disse que sua dor pela morte de Einstein não foi diferente da tristeza que sentiu quando seu pai e seu marido morreram. O estudo de 2023 do Pew Research Center mostrou que cerca de metade dos tutores de animais de estimação consideram que os pets fazem parte da família tanto quanto os humanos.

“Não creio que teria conseguido passar por aquele primeiro ano sem o AMC”, disse Villarreal, usando a sigla para se referir ao Animal Medical Center. “Sua dor é validada, você não precisa explicar porque está triste, basta aparecer lá”.

A casa funerária de Hamilton em Des Moines também oferece um grupo virtual gratuito para tutores em luto com mais de 18 anos. Assim como o grupo do Animal Medical Center, atraiu pessoas de todos os Estados Unidos, disse Buffy Peters, que supervisiona os serviços de apoio ao luto na funerária.

“Sabemos que eles trazem muita luz e amor para nossas vidas”, disse Peters sobre os animais de estimação. “Sim, às vezes você fica bravo porque eles fizeram bagunça ou algo assim. Mas você também os ama mais do que às vezes parece possível”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Semanas depois da morte de Luigi, o chihuahua de Maria Sandomenico, em agosto passado, ela compartilhou uma longa postagem em um grupo do Facebook para moradores do bairro de Park Slope, no Brooklyn, sobre como estava sofrendo para aceitar o falecimento de seu cãozinho resgatado.

Em uma entrevista em janeiro, Sandomenico disse que, nos sete anos em que morou com Luigi, ele virou sua “estrela-guia”, sempre ao seu lado, com várias roupinhas feitas sob medida que ela tinha comprado para ele. Seu look predileto era um gorro com pompom rosa e preto, embora ele também fosse famoso por usar caxemira.

Animais de estimação são, cada vez mais, considerados partes de uma família; a perda deles é comparável a perda de entes queridos próximos por algumas pessoas. Foto: Cris Berger/Divulgação/Acervo Estadão

Sandomenico disse que recorreu ao Facebook quando Luigi morreu porque não queria sobrecarregar os amigos com seus sentimentos e porque queria se conectar com outras pessoas que tinham vivenciado a morte de um animal de estimação. Ela ficou surpresa com a quantidade de pessoas que responderam à sua postagem dizendo que também estavam de luto pela perda de um pet e não sabiam onde encontrar apoio.

Pouco depois de postar no Facebook, Sandomenico, 53 anos, que tem uma empresa de passeios e treinamento de cães, se encontrou com vários integrantes do grupo em um bar local. Ela os convidou para uma sessão informal de processamento do luto. “Depois de uns vinte minutos, todo mundo estava desabando na frente de todo mundo”, disse ela. “As pessoas têm experiências bem diferentes, mas, sabe como é, todos nós tínhamos os mesmos sentimentos, é uma coisa que ninguém entende”.

Ela descreveu o encontro como catártico. “Foi bom para eu entender que não estava louca”, disse Sandomenico, que tem um colar de prata com uma foto de Luigi. Desde então, ela organizou outro encontro e planeja realizá-los regularmente.

Celeste Jones, designer de interiores em Palm Beach, Flórida, também teve dificuldades para encontrar maneiras de lidar com a morte de ZsaZsa, seu maltês de 12 anos, em 2020. “Quanto mais eu pesquisava e procurava”, disse ela, “mais desesperada eu ficava”. Jones, 45 anos, acabou pagando por um programa online que, segundo ela, lhe deu as ferramentas necessárias para processar suas emoções. Desde então, ela começou a oferecer sessões online gratuitas para outras pessoas que estão sofrendo com a perda de animais de estimação.

Essas sessões e as reuniões informais de Sandomenico estão entre o número crescente de recursos disponíveis para tutores em luto – que devem comparar diferentes opções para evitar fraudes. Alguns prestadores de serviços afirmaram que houve um aumento na procura por seus serviços de apoio desde o início da pandemia, quando muitas pessoas adquiriram novos animais de estimação e outras criaram laços mais fortes com seus pets devido às restrições que as forçaram a passar mais tempo em casa.

Cerca de 62% dos americanos têm um animal de estimação, de acordo com um estudo de 2023 do Pew Research Center. Uma pesquisa da ASPCA descobriu que quase uma em cada cinco famílias americanas adotou um cachorro ou gato entre março de 2020 e maio de 2021. Mas cães e gatos, os pets mais populares nos Estados Unidos, têm uma expectativa de vida média muito mais curta que a dos humanos – assim como muitos outros animais de estimação.

A maioria morre antes de seus tutores, muitos dos quais ficam com sentimentos complexos de tristeza com os quais talvez não estejam preparados para lidar sozinhos, disse Colleen Rolland, 67 anos, presidente da Associação para Perda e Luto de Animais de Estimação.

“As pessoas às vezes acham que estão enlouquecendo por causa do que sentem e de como ficam mal”, disse Rolland. Sua organização, fundada por um psicólogo no Brooklyn em 1997, oferece um serviço de bate-papo online gratuito que atraiu mais usuários em 2023 do que em 2022, disse ela.

Jill Goodfriend, enfermeira e assistente social na área da baía de São Francisco que trabalha com tutores em luto, disse que também vem percebendo mais interesse nos seus serviços, que incluem consultas gratuitas. (Seus serviços pagos custam a partir de US$ 150 para uma sessão de 45 minutos).

Goodfriend, 79 anos, que começou a trabalhar com tutores de animais de estimação em 2005, atribuiu esse aumento à pandemia, que, segundo ela, deixou as pessoas “mais conscientes do luto e mais inclinadas a expressá-lo”.

No Schwarzman Animal Medical Center, que funciona em Manhattan desde 1910, um grupo gratuito de apoio ao luto pela perda de animais de estimação está disponível para os clientes desde 1983. Susan Cohen, 79 anos, assistente social veterinária que teve a ideia do grupo, disse que tudo começou com cerca de cinco pessoas participando das sessões presenciais. Quando ela parou de trabalhar no centro, em 2011, esse número tinha dobrado.

A procura por essas reuniões levou o centro a expandir seus serviços: agora vários grupos de luto se reúnem por videochamadas algumas vezes por mês. Um é para pessoas cujos animais morreram nos últimos três meses, outro atende tutores que ainda estão em luto por pets que morreram no último ano. Judith Harbour, 40 anos, assistente social veterinária do centro que organiza os grupos, recentemente iniciou um terceiro para tutores de cães com problemas de saúde graves. Cada grupo tem vinte participantes de todo o país, e alguns têm listas de espera.

Os participantes vêm de diversas origens, disse Harbour, e têm idades entre 18 e 85 anos. Os animais de estimação pelos quais estão de luto não são apenas cães e gatos: nas sessões também se mencionaram tartarugas, calopsitas, papagaios, lagartos, cavalos e coelhos, disse ela.

Harbour, cujo trabalho também envolve atendimento a clientes e veterinários do centro, disse que muitos participantes do grupo disseram que não conseguiam expressar plenamente a tristeza pela morte de seu pet com pessoas próximas a eles. Alguns se sentiram julgados por sofrerem por seus animais de estimação, disse ela, outros se sentiram rejeitados por entes queridos que lhes disseram para arranjar outro bichinho e seguir em frente.

Ela disse que a dor pela morte de um animal de estimação muitas vezes passa despercebida pela comunidade e pela sociedade como um todo: “Quando você passa por algo assim, você se sente invisível, sente que está sozinho”.

Victoria Villarreal participou das sessões de grupo do Schwarzman Animal Medical Center por um ano depois da morte de seu gato malhado, Einstein, de 13 anos, em 2022. Villarreal, 55 anos, enfermeira em Seattle, deu esse nome ao gato por causa de sua inteligência e o descreveu como um companheiro constante em casa e em viagens, até mesmo uma para Nova York, onde ela disse que ele encantou as camareiras do hotel que aceitava animais de estimação.

Ela disse que sua dor pela morte de Einstein não foi diferente da tristeza que sentiu quando seu pai e seu marido morreram. O estudo de 2023 do Pew Research Center mostrou que cerca de metade dos tutores de animais de estimação consideram que os pets fazem parte da família tanto quanto os humanos.

“Não creio que teria conseguido passar por aquele primeiro ano sem o AMC”, disse Villarreal, usando a sigla para se referir ao Animal Medical Center. “Sua dor é validada, você não precisa explicar porque está triste, basta aparecer lá”.

A casa funerária de Hamilton em Des Moines também oferece um grupo virtual gratuito para tutores em luto com mais de 18 anos. Assim como o grupo do Animal Medical Center, atraiu pessoas de todos os Estados Unidos, disse Buffy Peters, que supervisiona os serviços de apoio ao luto na funerária.

“Sabemos que eles trazem muita luz e amor para nossas vidas”, disse Peters sobre os animais de estimação. “Sim, às vezes você fica bravo porque eles fizeram bagunça ou algo assim. Mas você também os ama mais do que às vezes parece possível”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Semanas depois da morte de Luigi, o chihuahua de Maria Sandomenico, em agosto passado, ela compartilhou uma longa postagem em um grupo do Facebook para moradores do bairro de Park Slope, no Brooklyn, sobre como estava sofrendo para aceitar o falecimento de seu cãozinho resgatado.

Em uma entrevista em janeiro, Sandomenico disse que, nos sete anos em que morou com Luigi, ele virou sua “estrela-guia”, sempre ao seu lado, com várias roupinhas feitas sob medida que ela tinha comprado para ele. Seu look predileto era um gorro com pompom rosa e preto, embora ele também fosse famoso por usar caxemira.

Animais de estimação são, cada vez mais, considerados partes de uma família; a perda deles é comparável a perda de entes queridos próximos por algumas pessoas. Foto: Cris Berger/Divulgação/Acervo Estadão

Sandomenico disse que recorreu ao Facebook quando Luigi morreu porque não queria sobrecarregar os amigos com seus sentimentos e porque queria se conectar com outras pessoas que tinham vivenciado a morte de um animal de estimação. Ela ficou surpresa com a quantidade de pessoas que responderam à sua postagem dizendo que também estavam de luto pela perda de um pet e não sabiam onde encontrar apoio.

Pouco depois de postar no Facebook, Sandomenico, 53 anos, que tem uma empresa de passeios e treinamento de cães, se encontrou com vários integrantes do grupo em um bar local. Ela os convidou para uma sessão informal de processamento do luto. “Depois de uns vinte minutos, todo mundo estava desabando na frente de todo mundo”, disse ela. “As pessoas têm experiências bem diferentes, mas, sabe como é, todos nós tínhamos os mesmos sentimentos, é uma coisa que ninguém entende”.

Ela descreveu o encontro como catártico. “Foi bom para eu entender que não estava louca”, disse Sandomenico, que tem um colar de prata com uma foto de Luigi. Desde então, ela organizou outro encontro e planeja realizá-los regularmente.

Celeste Jones, designer de interiores em Palm Beach, Flórida, também teve dificuldades para encontrar maneiras de lidar com a morte de ZsaZsa, seu maltês de 12 anos, em 2020. “Quanto mais eu pesquisava e procurava”, disse ela, “mais desesperada eu ficava”. Jones, 45 anos, acabou pagando por um programa online que, segundo ela, lhe deu as ferramentas necessárias para processar suas emoções. Desde então, ela começou a oferecer sessões online gratuitas para outras pessoas que estão sofrendo com a perda de animais de estimação.

Essas sessões e as reuniões informais de Sandomenico estão entre o número crescente de recursos disponíveis para tutores em luto – que devem comparar diferentes opções para evitar fraudes. Alguns prestadores de serviços afirmaram que houve um aumento na procura por seus serviços de apoio desde o início da pandemia, quando muitas pessoas adquiriram novos animais de estimação e outras criaram laços mais fortes com seus pets devido às restrições que as forçaram a passar mais tempo em casa.

Cerca de 62% dos americanos têm um animal de estimação, de acordo com um estudo de 2023 do Pew Research Center. Uma pesquisa da ASPCA descobriu que quase uma em cada cinco famílias americanas adotou um cachorro ou gato entre março de 2020 e maio de 2021. Mas cães e gatos, os pets mais populares nos Estados Unidos, têm uma expectativa de vida média muito mais curta que a dos humanos – assim como muitos outros animais de estimação.

A maioria morre antes de seus tutores, muitos dos quais ficam com sentimentos complexos de tristeza com os quais talvez não estejam preparados para lidar sozinhos, disse Colleen Rolland, 67 anos, presidente da Associação para Perda e Luto de Animais de Estimação.

“As pessoas às vezes acham que estão enlouquecendo por causa do que sentem e de como ficam mal”, disse Rolland. Sua organização, fundada por um psicólogo no Brooklyn em 1997, oferece um serviço de bate-papo online gratuito que atraiu mais usuários em 2023 do que em 2022, disse ela.

Jill Goodfriend, enfermeira e assistente social na área da baía de São Francisco que trabalha com tutores em luto, disse que também vem percebendo mais interesse nos seus serviços, que incluem consultas gratuitas. (Seus serviços pagos custam a partir de US$ 150 para uma sessão de 45 minutos).

Goodfriend, 79 anos, que começou a trabalhar com tutores de animais de estimação em 2005, atribuiu esse aumento à pandemia, que, segundo ela, deixou as pessoas “mais conscientes do luto e mais inclinadas a expressá-lo”.

No Schwarzman Animal Medical Center, que funciona em Manhattan desde 1910, um grupo gratuito de apoio ao luto pela perda de animais de estimação está disponível para os clientes desde 1983. Susan Cohen, 79 anos, assistente social veterinária que teve a ideia do grupo, disse que tudo começou com cerca de cinco pessoas participando das sessões presenciais. Quando ela parou de trabalhar no centro, em 2011, esse número tinha dobrado.

A procura por essas reuniões levou o centro a expandir seus serviços: agora vários grupos de luto se reúnem por videochamadas algumas vezes por mês. Um é para pessoas cujos animais morreram nos últimos três meses, outro atende tutores que ainda estão em luto por pets que morreram no último ano. Judith Harbour, 40 anos, assistente social veterinária do centro que organiza os grupos, recentemente iniciou um terceiro para tutores de cães com problemas de saúde graves. Cada grupo tem vinte participantes de todo o país, e alguns têm listas de espera.

Os participantes vêm de diversas origens, disse Harbour, e têm idades entre 18 e 85 anos. Os animais de estimação pelos quais estão de luto não são apenas cães e gatos: nas sessões também se mencionaram tartarugas, calopsitas, papagaios, lagartos, cavalos e coelhos, disse ela.

Harbour, cujo trabalho também envolve atendimento a clientes e veterinários do centro, disse que muitos participantes do grupo disseram que não conseguiam expressar plenamente a tristeza pela morte de seu pet com pessoas próximas a eles. Alguns se sentiram julgados por sofrerem por seus animais de estimação, disse ela, outros se sentiram rejeitados por entes queridos que lhes disseram para arranjar outro bichinho e seguir em frente.

Ela disse que a dor pela morte de um animal de estimação muitas vezes passa despercebida pela comunidade e pela sociedade como um todo: “Quando você passa por algo assim, você se sente invisível, sente que está sozinho”.

Victoria Villarreal participou das sessões de grupo do Schwarzman Animal Medical Center por um ano depois da morte de seu gato malhado, Einstein, de 13 anos, em 2022. Villarreal, 55 anos, enfermeira em Seattle, deu esse nome ao gato por causa de sua inteligência e o descreveu como um companheiro constante em casa e em viagens, até mesmo uma para Nova York, onde ela disse que ele encantou as camareiras do hotel que aceitava animais de estimação.

Ela disse que sua dor pela morte de Einstein não foi diferente da tristeza que sentiu quando seu pai e seu marido morreram. O estudo de 2023 do Pew Research Center mostrou que cerca de metade dos tutores de animais de estimação consideram que os pets fazem parte da família tanto quanto os humanos.

“Não creio que teria conseguido passar por aquele primeiro ano sem o AMC”, disse Villarreal, usando a sigla para se referir ao Animal Medical Center. “Sua dor é validada, você não precisa explicar porque está triste, basta aparecer lá”.

A casa funerária de Hamilton em Des Moines também oferece um grupo virtual gratuito para tutores em luto com mais de 18 anos. Assim como o grupo do Animal Medical Center, atraiu pessoas de todos os Estados Unidos, disse Buffy Peters, que supervisiona os serviços de apoio ao luto na funerária.

“Sabemos que eles trazem muita luz e amor para nossas vidas”, disse Peters sobre os animais de estimação. “Sim, às vezes você fica bravo porque eles fizeram bagunça ou algo assim. Mas você também os ama mais do que às vezes parece possível”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Semanas depois da morte de Luigi, o chihuahua de Maria Sandomenico, em agosto passado, ela compartilhou uma longa postagem em um grupo do Facebook para moradores do bairro de Park Slope, no Brooklyn, sobre como estava sofrendo para aceitar o falecimento de seu cãozinho resgatado.

Em uma entrevista em janeiro, Sandomenico disse que, nos sete anos em que morou com Luigi, ele virou sua “estrela-guia”, sempre ao seu lado, com várias roupinhas feitas sob medida que ela tinha comprado para ele. Seu look predileto era um gorro com pompom rosa e preto, embora ele também fosse famoso por usar caxemira.

Animais de estimação são, cada vez mais, considerados partes de uma família; a perda deles é comparável a perda de entes queridos próximos por algumas pessoas. Foto: Cris Berger/Divulgação/Acervo Estadão

Sandomenico disse que recorreu ao Facebook quando Luigi morreu porque não queria sobrecarregar os amigos com seus sentimentos e porque queria se conectar com outras pessoas que tinham vivenciado a morte de um animal de estimação. Ela ficou surpresa com a quantidade de pessoas que responderam à sua postagem dizendo que também estavam de luto pela perda de um pet e não sabiam onde encontrar apoio.

Pouco depois de postar no Facebook, Sandomenico, 53 anos, que tem uma empresa de passeios e treinamento de cães, se encontrou com vários integrantes do grupo em um bar local. Ela os convidou para uma sessão informal de processamento do luto. “Depois de uns vinte minutos, todo mundo estava desabando na frente de todo mundo”, disse ela. “As pessoas têm experiências bem diferentes, mas, sabe como é, todos nós tínhamos os mesmos sentimentos, é uma coisa que ninguém entende”.

Ela descreveu o encontro como catártico. “Foi bom para eu entender que não estava louca”, disse Sandomenico, que tem um colar de prata com uma foto de Luigi. Desde então, ela organizou outro encontro e planeja realizá-los regularmente.

Celeste Jones, designer de interiores em Palm Beach, Flórida, também teve dificuldades para encontrar maneiras de lidar com a morte de ZsaZsa, seu maltês de 12 anos, em 2020. “Quanto mais eu pesquisava e procurava”, disse ela, “mais desesperada eu ficava”. Jones, 45 anos, acabou pagando por um programa online que, segundo ela, lhe deu as ferramentas necessárias para processar suas emoções. Desde então, ela começou a oferecer sessões online gratuitas para outras pessoas que estão sofrendo com a perda de animais de estimação.

Essas sessões e as reuniões informais de Sandomenico estão entre o número crescente de recursos disponíveis para tutores em luto – que devem comparar diferentes opções para evitar fraudes. Alguns prestadores de serviços afirmaram que houve um aumento na procura por seus serviços de apoio desde o início da pandemia, quando muitas pessoas adquiriram novos animais de estimação e outras criaram laços mais fortes com seus pets devido às restrições que as forçaram a passar mais tempo em casa.

Cerca de 62% dos americanos têm um animal de estimação, de acordo com um estudo de 2023 do Pew Research Center. Uma pesquisa da ASPCA descobriu que quase uma em cada cinco famílias americanas adotou um cachorro ou gato entre março de 2020 e maio de 2021. Mas cães e gatos, os pets mais populares nos Estados Unidos, têm uma expectativa de vida média muito mais curta que a dos humanos – assim como muitos outros animais de estimação.

A maioria morre antes de seus tutores, muitos dos quais ficam com sentimentos complexos de tristeza com os quais talvez não estejam preparados para lidar sozinhos, disse Colleen Rolland, 67 anos, presidente da Associação para Perda e Luto de Animais de Estimação.

“As pessoas às vezes acham que estão enlouquecendo por causa do que sentem e de como ficam mal”, disse Rolland. Sua organização, fundada por um psicólogo no Brooklyn em 1997, oferece um serviço de bate-papo online gratuito que atraiu mais usuários em 2023 do que em 2022, disse ela.

Jill Goodfriend, enfermeira e assistente social na área da baía de São Francisco que trabalha com tutores em luto, disse que também vem percebendo mais interesse nos seus serviços, que incluem consultas gratuitas. (Seus serviços pagos custam a partir de US$ 150 para uma sessão de 45 minutos).

Goodfriend, 79 anos, que começou a trabalhar com tutores de animais de estimação em 2005, atribuiu esse aumento à pandemia, que, segundo ela, deixou as pessoas “mais conscientes do luto e mais inclinadas a expressá-lo”.

No Schwarzman Animal Medical Center, que funciona em Manhattan desde 1910, um grupo gratuito de apoio ao luto pela perda de animais de estimação está disponível para os clientes desde 1983. Susan Cohen, 79 anos, assistente social veterinária que teve a ideia do grupo, disse que tudo começou com cerca de cinco pessoas participando das sessões presenciais. Quando ela parou de trabalhar no centro, em 2011, esse número tinha dobrado.

A procura por essas reuniões levou o centro a expandir seus serviços: agora vários grupos de luto se reúnem por videochamadas algumas vezes por mês. Um é para pessoas cujos animais morreram nos últimos três meses, outro atende tutores que ainda estão em luto por pets que morreram no último ano. Judith Harbour, 40 anos, assistente social veterinária do centro que organiza os grupos, recentemente iniciou um terceiro para tutores de cães com problemas de saúde graves. Cada grupo tem vinte participantes de todo o país, e alguns têm listas de espera.

Os participantes vêm de diversas origens, disse Harbour, e têm idades entre 18 e 85 anos. Os animais de estimação pelos quais estão de luto não são apenas cães e gatos: nas sessões também se mencionaram tartarugas, calopsitas, papagaios, lagartos, cavalos e coelhos, disse ela.

Harbour, cujo trabalho também envolve atendimento a clientes e veterinários do centro, disse que muitos participantes do grupo disseram que não conseguiam expressar plenamente a tristeza pela morte de seu pet com pessoas próximas a eles. Alguns se sentiram julgados por sofrerem por seus animais de estimação, disse ela, outros se sentiram rejeitados por entes queridos que lhes disseram para arranjar outro bichinho e seguir em frente.

Ela disse que a dor pela morte de um animal de estimação muitas vezes passa despercebida pela comunidade e pela sociedade como um todo: “Quando você passa por algo assim, você se sente invisível, sente que está sozinho”.

Victoria Villarreal participou das sessões de grupo do Schwarzman Animal Medical Center por um ano depois da morte de seu gato malhado, Einstein, de 13 anos, em 2022. Villarreal, 55 anos, enfermeira em Seattle, deu esse nome ao gato por causa de sua inteligência e o descreveu como um companheiro constante em casa e em viagens, até mesmo uma para Nova York, onde ela disse que ele encantou as camareiras do hotel que aceitava animais de estimação.

Ela disse que sua dor pela morte de Einstein não foi diferente da tristeza que sentiu quando seu pai e seu marido morreram. O estudo de 2023 do Pew Research Center mostrou que cerca de metade dos tutores de animais de estimação consideram que os pets fazem parte da família tanto quanto os humanos.

“Não creio que teria conseguido passar por aquele primeiro ano sem o AMC”, disse Villarreal, usando a sigla para se referir ao Animal Medical Center. “Sua dor é validada, você não precisa explicar porque está triste, basta aparecer lá”.

A casa funerária de Hamilton em Des Moines também oferece um grupo virtual gratuito para tutores em luto com mais de 18 anos. Assim como o grupo do Animal Medical Center, atraiu pessoas de todos os Estados Unidos, disse Buffy Peters, que supervisiona os serviços de apoio ao luto na funerária.

“Sabemos que eles trazem muita luz e amor para nossas vidas”, disse Peters sobre os animais de estimação. “Sim, às vezes você fica bravo porque eles fizeram bagunça ou algo assim. Mas você também os ama mais do que às vezes parece possível”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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