Quem é Karol G, cantora colombiana que conquistou o mundo e fez parceria com Shakira


‘Mañana Será Bonito’, o quarto álbum da estrela pop, traça suas aventuras dentro (e fora) do amor

Por Jon Pareles

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Karol G, uma estrela pop global da Colômbia, disse que escreveu 60 canções, talvez mais, para seu novo álbum, Mañana Será Bonito (“Amanhã será lindo”); e acabou reduzindo esse número para 17.

As primeiras, ela lembrou em um bate-papo por vídeo de Medelín, na Colômbia, estavam cheias de “raiva, tristeza, amores ruins, relacionamentos tóxicos”. Elas refletiram as consequências de seu rompimento em 2021 com o rapper e cantor porto-riquenho Anuel AA, após o fim de um romance que eles tornaram público com um dueto de 2019, Secreto, que já teve mais de 1 bilhão de streamings.

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Karol G, 32, escreveu sobre se sentir traída, sobre tentações e dúvidas, sobre se divertir com a dor, sobre sexo sem compromisso com um ex. Mas, finalmente, ela se viu escrevendo canções de amor cautelosas e falando de suas graças. Apenas algumas semanas antes do lançamento do álbum em 24 de fevereiro, ela estava se perguntando se tinha sido muito sincera.

“Estou sendo muito aberta com este álbum, e isso me deixa um pouco assustada, porque não sou uma humana perfeita”, ela disse de seu escritório em sua cidade natal, para onde havia acabado de voltar para conhecer o bebê recém-nascido de sua irmã.

Mais Carolina do que Karol

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Karol G, nascida Carolina Giraldo Navarro, usava um grande moletom com capuz branco, um dos 100 que ela decorou à mão para uma venda de edição limitada. Seu cabelo, que mudou de cor a cada álbum e ciclo de turnê - com seus fãs assistindo a shows com perucas que combinavam - era o vermelho ousado que ela revelou em vídeos recentes.

Novo disco de Karol G tem parceria com Shakira.  Foto: Jingyu Lin/The New York Times

“O álbum é mais Carolina do que Karol G”, ela disse. “Coisas pessoais que eu tinha dentro de mim, eu só estava deixando fluir para as minhas letras. As pessoas vão saber muito sobre minha vida pessoal com minhas músicas. Mas não quero mais ter as músicas dentro de mim, porque sei que as pessoas podem curar muitas coisas com a música. Escrever músicas para mim é uma maneira muito boa de curar coisas que não consigo explicar.”

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Ela admitiu o nervosismo pré-lançamento. “No momento, percebo que os artistas estão se esforçando muito para encontrar um conceito, para serem muito experimentais”, ela disse. “Eu amo isso. E essa é uma boa maneira de fazer arte. Mas o conceito deste álbum é apenas eu sendo eu. Eu realmente não queria que as pessoas sentissem que era muito simples ou apenas normal. Mas então colocamos o anúncio do meu álbum e já são mais de 80 milhões de visualizações no Instagram. Agora estou estressada porque acho que as expectativas são muito altas.”

Sucesso

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Mañana Será Bonito está prestes a ser um sucesso após o álbum de 2021 de Karol G, KG0516. Esse LP incluiu sua colaboração de bilhões de streamings em 2019 com Nicki Minaj, Tusa, e sua automitologização de 2020 “Bichota”, uma palavra que Karol G cunhou para transformar “bichote” - gíria porto-riquenha para um chefão do tráfico - em um substantivo feminino, como ela explica, “uma chefona que domina”, uma mulher sexy e poderosa.

Sua nova gíria pegou. “‘Bichota’ virou um movimento”, ela disse. “As bichotas não choram, as bichotas trabalham por conta própria, as bichotas são grandes, as bichotas são fortes, as bichotas podem tudo. Todo mundo pode ter boas músicas, todo mundo pode ter um momento. Mas ter um movimento é diferente. E acho que é algo que você não encontra se estiver procurando.”

Karol G tocou no palco principal do Coachella em 2022, incluindo um medley de sucessos mundiais em espanhol de artistas que nunca haviam se apresentado no festival, como Selena, Ricky Martin, Luis Fonsi, Daddy Yankee e Shakira. “Foi especial dizer com meu show, estou aqui agora e me sinto muito orgulhosa”, ela disse. “Mas devo dizer que estou aqui por causa dessa música que abriu essas portas para estarmos aqui.”

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O núcleo da música de Karol G é a batida do reggaeton. Mas suas canções substituem o rap usual do gênero por melodias pop convidativas, cantadas em sua voz clara e provocante. Em vez do machismo do reggaeton, ela oferece uma feminilidade alegre e francamente positiva para o sexo.

Com cada álbum, Karol G também foi além do reggaeton para colaborar com uma variedade internacional de convidados - um sinal das possibilidades em constante expansão do pop latino, que cruza fronteiras. “Agora é um momento muito especial para a música latina”, ela disse, “porque todo mundo pensa: ‘Não me importo se conheço as palavras ou não’, mas elas se conectam com nossos sons”.

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Trajetória

Karol G cresceu rodeada de música. Seu pai - que foi seu protetor e empresário no início de sua carreira - cantava com uma banda e trazia para casa todo tipo de música: “Rock ‘n’ roll, salsa, baladas, reggaeton, vallenatos, tudo”, ela lembrou.

Desde cedo, ela sabia que queria cantar. Quando adolescente, ela fez um teste sem sucesso para a edição colombiana do reality show musical The X Factor, mas logo depois assinou com a gravadora porto-riquenha Diamond Music - um contrato que seu pai rescindiu dois anos depois. Em 2012, ela ficou tão desanimada que decidiu desistir da música e estudar marketing na cidade de Nova York.

“Meu pai parou de falar comigo por três meses”, ela lembrou. “Ele estava tipo, ‘Não, você não pode fazer isso. Você está jogando fora sete anos de nosso trabalho duro. Eu sei quem você é. Eu sei que podemos conseguir. É difícil, mas quando conseguirmos, vai ser maior que o resto’.”

Um anúncio de um congresso de negócios musicais em Boston chamou sua atenção enquanto ela viajava de ônibus em Nova York. Num impulso, ela compareceu, e isso foi um ponto de virada. “Eu sei que amo música e faço isso por paixão”, ela disse. “Mas o ensinamento naquele congresso foi como a música pode ser um grande negócio e como você pode trabalhar assim.”

Ela voltou para a Colômbia, matriculou-se para estudar música na Universidade de Antioquia, lançou canções de forma independente e se apresentou em todas as oportunidades, eventualmente cantando duetos com estrelas consagradas do reggaeton como Nicky Jam. Seu álbum de estreia em 2017, Unstoppable, incluiu duetos com Bad Bunny e Quavo (do Migos), e lhe trouxe um Grammy Latino de 2018 como melhor artista revelação. Sua popularidade só cresceu desde então, alimentada por canções sensuais como Mi Cama e Punto G. Na América Latina, ela é a atração principal em estádios.

Seu colaborador constante foi Daniel Echavarría Oviedo, que grava como Ovy on the Drums e produziu a maior parte de suas canções. Ele adapta e refina o reggaeton e outras batidas para se adequar à voz dela; ele também se esforça para corresponder às ambições dela. “A mente de Karol está sempre funcionando”, ele disse em uma conversa por vídeo de Los Angeles. “Ela sempre tem um objetivo com relação à direção da música, para onde a letra deve ir. Ela está sempre pensando qual é o próximo movimento, o próximo passo, a próxima conquista?”

Novas parcerias

Em Mañana Será Bonito, Karol G trabalhou com Finneas (irmão e colaborador de Billie Eilish), o cantor de dancehall jamaicano Sean Paul, o cantor de bachata nascido no Bronx Romeo Santos, o dembowsero dominicano Angel Dior e sua precursora como super estrela colombiana, Shakira . Ela também abraça uma geração mais velha do reggaeton com Gatúbela, um dueto picante com Maldy, um rapper porto-riquenho da dupla Plan B, que lançou seu primeiro álbum em 2002.

O álbum não oferece uma narrativa. Emoldurado por duas canções que pedem esperança - Mientras Me Cura del Cora, que é construída sobre Don’t Worry, Be Happy de Bobby McFerrin e Mañana Será Bonito - a lista de faixas vagueia em meio a encontros e beijos de despedida, excessos descuidados e paixão cautelosa. Em Cairo, ela se repreende dizendo que o caso de uma noite que planejou levou a um afeto real: “Não estou apaixonada, mas estou quase lá”, ela canta.

“Isso realmente aconteceu!” ela disse. “Eu estava realmente, tipo, não vou me apaixonar de novo. Não vou tentar construir minha vida pessoal com ninguém. Mas a vida acabou de trazer alguém para a minha vida que é como me sentir feliz de novo, então eu queria compartilhar momentos com outra pessoa novamente.”

“Foi uma coisa nova que aprendi com este álbum”, ela continuou. “Eu ia ficar muito brava com o amor e tudo mais. E no final do álbum, agora estou sentindo isso de novo. Eu odiava isso e agora estou amando de novo. Então, vamos estar abertos.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Karol G, uma estrela pop global da Colômbia, disse que escreveu 60 canções, talvez mais, para seu novo álbum, Mañana Será Bonito (“Amanhã será lindo”); e acabou reduzindo esse número para 17.

As primeiras, ela lembrou em um bate-papo por vídeo de Medelín, na Colômbia, estavam cheias de “raiva, tristeza, amores ruins, relacionamentos tóxicos”. Elas refletiram as consequências de seu rompimento em 2021 com o rapper e cantor porto-riquenho Anuel AA, após o fim de um romance que eles tornaram público com um dueto de 2019, Secreto, que já teve mais de 1 bilhão de streamings.

Karol G, 32, escreveu sobre se sentir traída, sobre tentações e dúvidas, sobre se divertir com a dor, sobre sexo sem compromisso com um ex. Mas, finalmente, ela se viu escrevendo canções de amor cautelosas e falando de suas graças. Apenas algumas semanas antes do lançamento do álbum em 24 de fevereiro, ela estava se perguntando se tinha sido muito sincera.

“Estou sendo muito aberta com este álbum, e isso me deixa um pouco assustada, porque não sou uma humana perfeita”, ela disse de seu escritório em sua cidade natal, para onde havia acabado de voltar para conhecer o bebê recém-nascido de sua irmã.

Mais Carolina do que Karol

Karol G, nascida Carolina Giraldo Navarro, usava um grande moletom com capuz branco, um dos 100 que ela decorou à mão para uma venda de edição limitada. Seu cabelo, que mudou de cor a cada álbum e ciclo de turnê - com seus fãs assistindo a shows com perucas que combinavam - era o vermelho ousado que ela revelou em vídeos recentes.

Novo disco de Karol G tem parceria com Shakira.  Foto: Jingyu Lin/The New York Times

“O álbum é mais Carolina do que Karol G”, ela disse. “Coisas pessoais que eu tinha dentro de mim, eu só estava deixando fluir para as minhas letras. As pessoas vão saber muito sobre minha vida pessoal com minhas músicas. Mas não quero mais ter as músicas dentro de mim, porque sei que as pessoas podem curar muitas coisas com a música. Escrever músicas para mim é uma maneira muito boa de curar coisas que não consigo explicar.”

Ela admitiu o nervosismo pré-lançamento. “No momento, percebo que os artistas estão se esforçando muito para encontrar um conceito, para serem muito experimentais”, ela disse. “Eu amo isso. E essa é uma boa maneira de fazer arte. Mas o conceito deste álbum é apenas eu sendo eu. Eu realmente não queria que as pessoas sentissem que era muito simples ou apenas normal. Mas então colocamos o anúncio do meu álbum e já são mais de 80 milhões de visualizações no Instagram. Agora estou estressada porque acho que as expectativas são muito altas.”

Sucesso

Mañana Será Bonito está prestes a ser um sucesso após o álbum de 2021 de Karol G, KG0516. Esse LP incluiu sua colaboração de bilhões de streamings em 2019 com Nicki Minaj, Tusa, e sua automitologização de 2020 “Bichota”, uma palavra que Karol G cunhou para transformar “bichote” - gíria porto-riquenha para um chefão do tráfico - em um substantivo feminino, como ela explica, “uma chefona que domina”, uma mulher sexy e poderosa.

Sua nova gíria pegou. “‘Bichota’ virou um movimento”, ela disse. “As bichotas não choram, as bichotas trabalham por conta própria, as bichotas são grandes, as bichotas são fortes, as bichotas podem tudo. Todo mundo pode ter boas músicas, todo mundo pode ter um momento. Mas ter um movimento é diferente. E acho que é algo que você não encontra se estiver procurando.”

Karol G tocou no palco principal do Coachella em 2022, incluindo um medley de sucessos mundiais em espanhol de artistas que nunca haviam se apresentado no festival, como Selena, Ricky Martin, Luis Fonsi, Daddy Yankee e Shakira. “Foi especial dizer com meu show, estou aqui agora e me sinto muito orgulhosa”, ela disse. “Mas devo dizer que estou aqui por causa dessa música que abriu essas portas para estarmos aqui.”

O núcleo da música de Karol G é a batida do reggaeton. Mas suas canções substituem o rap usual do gênero por melodias pop convidativas, cantadas em sua voz clara e provocante. Em vez do machismo do reggaeton, ela oferece uma feminilidade alegre e francamente positiva para o sexo.

Com cada álbum, Karol G também foi além do reggaeton para colaborar com uma variedade internacional de convidados - um sinal das possibilidades em constante expansão do pop latino, que cruza fronteiras. “Agora é um momento muito especial para a música latina”, ela disse, “porque todo mundo pensa: ‘Não me importo se conheço as palavras ou não’, mas elas se conectam com nossos sons”.

Trajetória

Karol G cresceu rodeada de música. Seu pai - que foi seu protetor e empresário no início de sua carreira - cantava com uma banda e trazia para casa todo tipo de música: “Rock ‘n’ roll, salsa, baladas, reggaeton, vallenatos, tudo”, ela lembrou.

Desde cedo, ela sabia que queria cantar. Quando adolescente, ela fez um teste sem sucesso para a edição colombiana do reality show musical The X Factor, mas logo depois assinou com a gravadora porto-riquenha Diamond Music - um contrato que seu pai rescindiu dois anos depois. Em 2012, ela ficou tão desanimada que decidiu desistir da música e estudar marketing na cidade de Nova York.

“Meu pai parou de falar comigo por três meses”, ela lembrou. “Ele estava tipo, ‘Não, você não pode fazer isso. Você está jogando fora sete anos de nosso trabalho duro. Eu sei quem você é. Eu sei que podemos conseguir. É difícil, mas quando conseguirmos, vai ser maior que o resto’.”

Um anúncio de um congresso de negócios musicais em Boston chamou sua atenção enquanto ela viajava de ônibus em Nova York. Num impulso, ela compareceu, e isso foi um ponto de virada. “Eu sei que amo música e faço isso por paixão”, ela disse. “Mas o ensinamento naquele congresso foi como a música pode ser um grande negócio e como você pode trabalhar assim.”

Ela voltou para a Colômbia, matriculou-se para estudar música na Universidade de Antioquia, lançou canções de forma independente e se apresentou em todas as oportunidades, eventualmente cantando duetos com estrelas consagradas do reggaeton como Nicky Jam. Seu álbum de estreia em 2017, Unstoppable, incluiu duetos com Bad Bunny e Quavo (do Migos), e lhe trouxe um Grammy Latino de 2018 como melhor artista revelação. Sua popularidade só cresceu desde então, alimentada por canções sensuais como Mi Cama e Punto G. Na América Latina, ela é a atração principal em estádios.

Seu colaborador constante foi Daniel Echavarría Oviedo, que grava como Ovy on the Drums e produziu a maior parte de suas canções. Ele adapta e refina o reggaeton e outras batidas para se adequar à voz dela; ele também se esforça para corresponder às ambições dela. “A mente de Karol está sempre funcionando”, ele disse em uma conversa por vídeo de Los Angeles. “Ela sempre tem um objetivo com relação à direção da música, para onde a letra deve ir. Ela está sempre pensando qual é o próximo movimento, o próximo passo, a próxima conquista?”

Novas parcerias

Em Mañana Será Bonito, Karol G trabalhou com Finneas (irmão e colaborador de Billie Eilish), o cantor de dancehall jamaicano Sean Paul, o cantor de bachata nascido no Bronx Romeo Santos, o dembowsero dominicano Angel Dior e sua precursora como super estrela colombiana, Shakira . Ela também abraça uma geração mais velha do reggaeton com Gatúbela, um dueto picante com Maldy, um rapper porto-riquenho da dupla Plan B, que lançou seu primeiro álbum em 2002.

O álbum não oferece uma narrativa. Emoldurado por duas canções que pedem esperança - Mientras Me Cura del Cora, que é construída sobre Don’t Worry, Be Happy de Bobby McFerrin e Mañana Será Bonito - a lista de faixas vagueia em meio a encontros e beijos de despedida, excessos descuidados e paixão cautelosa. Em Cairo, ela se repreende dizendo que o caso de uma noite que planejou levou a um afeto real: “Não estou apaixonada, mas estou quase lá”, ela canta.

“Isso realmente aconteceu!” ela disse. “Eu estava realmente, tipo, não vou me apaixonar de novo. Não vou tentar construir minha vida pessoal com ninguém. Mas a vida acabou de trazer alguém para a minha vida que é como me sentir feliz de novo, então eu queria compartilhar momentos com outra pessoa novamente.”

“Foi uma coisa nova que aprendi com este álbum”, ela continuou. “Eu ia ficar muito brava com o amor e tudo mais. E no final do álbum, agora estou sentindo isso de novo. Eu odiava isso e agora estou amando de novo. Então, vamos estar abertos.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Karol G, uma estrela pop global da Colômbia, disse que escreveu 60 canções, talvez mais, para seu novo álbum, Mañana Será Bonito (“Amanhã será lindo”); e acabou reduzindo esse número para 17.

As primeiras, ela lembrou em um bate-papo por vídeo de Medelín, na Colômbia, estavam cheias de “raiva, tristeza, amores ruins, relacionamentos tóxicos”. Elas refletiram as consequências de seu rompimento em 2021 com o rapper e cantor porto-riquenho Anuel AA, após o fim de um romance que eles tornaram público com um dueto de 2019, Secreto, que já teve mais de 1 bilhão de streamings.

Karol G, 32, escreveu sobre se sentir traída, sobre tentações e dúvidas, sobre se divertir com a dor, sobre sexo sem compromisso com um ex. Mas, finalmente, ela se viu escrevendo canções de amor cautelosas e falando de suas graças. Apenas algumas semanas antes do lançamento do álbum em 24 de fevereiro, ela estava se perguntando se tinha sido muito sincera.

“Estou sendo muito aberta com este álbum, e isso me deixa um pouco assustada, porque não sou uma humana perfeita”, ela disse de seu escritório em sua cidade natal, para onde havia acabado de voltar para conhecer o bebê recém-nascido de sua irmã.

Mais Carolina do que Karol

Karol G, nascida Carolina Giraldo Navarro, usava um grande moletom com capuz branco, um dos 100 que ela decorou à mão para uma venda de edição limitada. Seu cabelo, que mudou de cor a cada álbum e ciclo de turnê - com seus fãs assistindo a shows com perucas que combinavam - era o vermelho ousado que ela revelou em vídeos recentes.

Novo disco de Karol G tem parceria com Shakira.  Foto: Jingyu Lin/The New York Times

“O álbum é mais Carolina do que Karol G”, ela disse. “Coisas pessoais que eu tinha dentro de mim, eu só estava deixando fluir para as minhas letras. As pessoas vão saber muito sobre minha vida pessoal com minhas músicas. Mas não quero mais ter as músicas dentro de mim, porque sei que as pessoas podem curar muitas coisas com a música. Escrever músicas para mim é uma maneira muito boa de curar coisas que não consigo explicar.”

Ela admitiu o nervosismo pré-lançamento. “No momento, percebo que os artistas estão se esforçando muito para encontrar um conceito, para serem muito experimentais”, ela disse. “Eu amo isso. E essa é uma boa maneira de fazer arte. Mas o conceito deste álbum é apenas eu sendo eu. Eu realmente não queria que as pessoas sentissem que era muito simples ou apenas normal. Mas então colocamos o anúncio do meu álbum e já são mais de 80 milhões de visualizações no Instagram. Agora estou estressada porque acho que as expectativas são muito altas.”

Sucesso

Mañana Será Bonito está prestes a ser um sucesso após o álbum de 2021 de Karol G, KG0516. Esse LP incluiu sua colaboração de bilhões de streamings em 2019 com Nicki Minaj, Tusa, e sua automitologização de 2020 “Bichota”, uma palavra que Karol G cunhou para transformar “bichote” - gíria porto-riquenha para um chefão do tráfico - em um substantivo feminino, como ela explica, “uma chefona que domina”, uma mulher sexy e poderosa.

Sua nova gíria pegou. “‘Bichota’ virou um movimento”, ela disse. “As bichotas não choram, as bichotas trabalham por conta própria, as bichotas são grandes, as bichotas são fortes, as bichotas podem tudo. Todo mundo pode ter boas músicas, todo mundo pode ter um momento. Mas ter um movimento é diferente. E acho que é algo que você não encontra se estiver procurando.”

Karol G tocou no palco principal do Coachella em 2022, incluindo um medley de sucessos mundiais em espanhol de artistas que nunca haviam se apresentado no festival, como Selena, Ricky Martin, Luis Fonsi, Daddy Yankee e Shakira. “Foi especial dizer com meu show, estou aqui agora e me sinto muito orgulhosa”, ela disse. “Mas devo dizer que estou aqui por causa dessa música que abriu essas portas para estarmos aqui.”

O núcleo da música de Karol G é a batida do reggaeton. Mas suas canções substituem o rap usual do gênero por melodias pop convidativas, cantadas em sua voz clara e provocante. Em vez do machismo do reggaeton, ela oferece uma feminilidade alegre e francamente positiva para o sexo.

Com cada álbum, Karol G também foi além do reggaeton para colaborar com uma variedade internacional de convidados - um sinal das possibilidades em constante expansão do pop latino, que cruza fronteiras. “Agora é um momento muito especial para a música latina”, ela disse, “porque todo mundo pensa: ‘Não me importo se conheço as palavras ou não’, mas elas se conectam com nossos sons”.

Trajetória

Karol G cresceu rodeada de música. Seu pai - que foi seu protetor e empresário no início de sua carreira - cantava com uma banda e trazia para casa todo tipo de música: “Rock ‘n’ roll, salsa, baladas, reggaeton, vallenatos, tudo”, ela lembrou.

Desde cedo, ela sabia que queria cantar. Quando adolescente, ela fez um teste sem sucesso para a edição colombiana do reality show musical The X Factor, mas logo depois assinou com a gravadora porto-riquenha Diamond Music - um contrato que seu pai rescindiu dois anos depois. Em 2012, ela ficou tão desanimada que decidiu desistir da música e estudar marketing na cidade de Nova York.

“Meu pai parou de falar comigo por três meses”, ela lembrou. “Ele estava tipo, ‘Não, você não pode fazer isso. Você está jogando fora sete anos de nosso trabalho duro. Eu sei quem você é. Eu sei que podemos conseguir. É difícil, mas quando conseguirmos, vai ser maior que o resto’.”

Um anúncio de um congresso de negócios musicais em Boston chamou sua atenção enquanto ela viajava de ônibus em Nova York. Num impulso, ela compareceu, e isso foi um ponto de virada. “Eu sei que amo música e faço isso por paixão”, ela disse. “Mas o ensinamento naquele congresso foi como a música pode ser um grande negócio e como você pode trabalhar assim.”

Ela voltou para a Colômbia, matriculou-se para estudar música na Universidade de Antioquia, lançou canções de forma independente e se apresentou em todas as oportunidades, eventualmente cantando duetos com estrelas consagradas do reggaeton como Nicky Jam. Seu álbum de estreia em 2017, Unstoppable, incluiu duetos com Bad Bunny e Quavo (do Migos), e lhe trouxe um Grammy Latino de 2018 como melhor artista revelação. Sua popularidade só cresceu desde então, alimentada por canções sensuais como Mi Cama e Punto G. Na América Latina, ela é a atração principal em estádios.

Seu colaborador constante foi Daniel Echavarría Oviedo, que grava como Ovy on the Drums e produziu a maior parte de suas canções. Ele adapta e refina o reggaeton e outras batidas para se adequar à voz dela; ele também se esforça para corresponder às ambições dela. “A mente de Karol está sempre funcionando”, ele disse em uma conversa por vídeo de Los Angeles. “Ela sempre tem um objetivo com relação à direção da música, para onde a letra deve ir. Ela está sempre pensando qual é o próximo movimento, o próximo passo, a próxima conquista?”

Novas parcerias

Em Mañana Será Bonito, Karol G trabalhou com Finneas (irmão e colaborador de Billie Eilish), o cantor de dancehall jamaicano Sean Paul, o cantor de bachata nascido no Bronx Romeo Santos, o dembowsero dominicano Angel Dior e sua precursora como super estrela colombiana, Shakira . Ela também abraça uma geração mais velha do reggaeton com Gatúbela, um dueto picante com Maldy, um rapper porto-riquenho da dupla Plan B, que lançou seu primeiro álbum em 2002.

O álbum não oferece uma narrativa. Emoldurado por duas canções que pedem esperança - Mientras Me Cura del Cora, que é construída sobre Don’t Worry, Be Happy de Bobby McFerrin e Mañana Será Bonito - a lista de faixas vagueia em meio a encontros e beijos de despedida, excessos descuidados e paixão cautelosa. Em Cairo, ela se repreende dizendo que o caso de uma noite que planejou levou a um afeto real: “Não estou apaixonada, mas estou quase lá”, ela canta.

“Isso realmente aconteceu!” ela disse. “Eu estava realmente, tipo, não vou me apaixonar de novo. Não vou tentar construir minha vida pessoal com ninguém. Mas a vida acabou de trazer alguém para a minha vida que é como me sentir feliz de novo, então eu queria compartilhar momentos com outra pessoa novamente.”

“Foi uma coisa nova que aprendi com este álbum”, ela continuou. “Eu ia ficar muito brava com o amor e tudo mais. E no final do álbum, agora estou sentindo isso de novo. Eu odiava isso e agora estou amando de novo. Então, vamos estar abertos.” /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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