Rivais do Twitter tentam capitalizar o caos induzido por Elon Musk


Novas startups e outras plataformas sociais percebem oportunidades enquanto o Twitter lida com as mudanças de Elon Musk, seu novo proprietário

Por Kalley Huang

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - No mês passado, funcionários da Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, participaram de uma sessão virtual de brainstorming para discutir como construir o próximo Twitter.

Entre as ideias discutidas pelos funcionários da Meta estava um lançamento mais extenso de um recurso chamado Instagram Notes, onde as pessoas podem compartilhar mensagens curtas no site de compartilhamento de fotos com seus seguidores e amigos, de acordo com postagens da conversa que foram vistas pelo The New York Times. Outros disseram que a Meta deveria criar um aplicativo focado em texto usando a tecnologia do Instagram ou adicionar outro feed ao Instagram. Eles lançaram nomes para os recursos, como Realtime, Real Reels e Instant.

“O Twitter está em crise e a Meta precisa de seu charme de volta”, escreveu um funcionário da Meta em um post. “VAMOS ATRÁS DO GANHA-PÃO DELES.”

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Uma corrida está em andamento para destronar o Twitter e capitalizar o caos de sua nova propriedade sob Elon Musk, o magnata da tecnologia que comprou a empresa de mídia social por US$ 44 bilhões no final de outubro. Desde então, surgiram dúvidas sobre a viabilidade do Twitter, já que Musk demitiu milhares de funcionários, começou a mudar as regras de conteúdo da plataforma e proclamou que a empresa está em uma situação financeira tão difícil que a falência é possível.

Após a compra do Twitter por Elon Musk e o 'choque de gestão' do empresário, outras empresas tentam aproveitar o momento de descontetamento de usuários da rede.  Foto: Dado Ruvic/Reuters

Percebendo a oportunidade, todos os tipos de pessoas e empresas se lançaram para preencher a possível lacuna. Além dos funcionários da Meta, ex-trabalhadores do Twitter iniciaram projetos para o que dizem ser o próximo Twitter. Startups como Post e serviços de nicho como Mastodon e Hive Social também estão no páreo, assim como a plataforma de microblog Tumblr.

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Alguns desses serviços se apresentam como versões menos tóxicas do Twitter, que reverteu suspensões de alguns usuários e restabeleceu contas anteriormente banidas, inclusive a do ex-presidente Donald Trump. Outros estão se posicionando como arautos de uma era completamente nova nas mídias sociais.

“A toxicidade que envolve o Twitter e parte do comportamento do novo proprietário me levaram a acreditar que há uma enorme oportunidade para uma plataforma de microblog com um modelo de negócios diferente”, disse Scott Galloway, investidor do Post e professor de marketing na Universidade de Nova York. “Há muitas oportunidades agora para aproveitar as plataformas de mídia social e as pessoas sentem isso.”

Desde que Musk assumiu o controle do Twitter, alguns usuários proeminentes disseram que deixariam o serviço, incluindo a apresentadora de talk show Whoopi Goldberg, a produtora Shonda Rhimes e a cantora Sara Bareilles. Outros usuários manifestaram interesse em migrar para outros serviços. Não está claro quais são os números de usuários do Twitter desde que Musk tornou a empresa privada, mas ele disse que o uso está em alta.

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“Um número recorde de usuários está acessando para ver se o Twitter está morto, ironicamente tornando-o mais vivo do que nunca!” ele tuitou no mês passado.

Musk não respondeu aos pedidos de comentários e a Meta se recusou a comentar.

O Mastodon é uma das empresas que teve crescimento após a compra do Twitter por Musk.  Foto: Dado Ruvic/Illustration/Reuters
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Os concorrentes

Depois que Musk comprou o Twitter, um serviço alternativo que imediatamente chamou a atenção foi o Mastodon, conhecido como plataforma federada e que funciona como um conjunto de redes sociais. Iniciado em 2016 por Eugen Rochko, um desenvolvedor de software que agora tem 29 anos, o Mastodon, por definição, não pode impor políticas na plataforma sobre quais postagens manter ou remover. E como o código-fonte original do Mastodon está disponível publicamente, qualquer pessoa pode criar sua própria versão do serviço.

Desde o início de novembro, as contas do Mastodon cresceram quase 33%, para 6 milhões, de acordo com o guia da plataforma federada Fediverse.party. O Mastodon não tem anúncios e permanece principalmente financiado por crowdfunding. Ele contratou mais funcionários e incentivou as pessoas a iniciar suas próprias versões do Mastodon.

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O Mastodon não respondeu aos pedidos de comentários.

Em novembro, a Hive Social, rede social fundada em 2019, também mais que dobrou seus usuários, para 1,8 milhão. Seu fundador, Raluca Pop, 24, atribuiu parte do crescimento às comunidades de fãs, como as de K-pop e Star Wars, que se afastaram do Twitter e encontraram um novo lar na Hive Social.

A pequena empresa está tentando aproveitar o novo interesse para levantar fundos e contratar mais funcionários. A Hive Social é financiada por meio de empréstimos contraídos por Pop, bem como US$ 25.000 de um investidor privado e mais de US$ 300.000 de uma campanha de crowdfunding. Ela tem quatro funcionários e espera contratar moderadores de conteúdo e mais engenheiros, disse Pop.

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Mas, à medida que as pessoas se associam, a plataforma enfrenta problemas crescentes, incluindo várias contas que compartilham o mesmo nome de usuário e pessoas que não sinalizam conteúdo que não é seguro para o trabalho. Em dezembro, a Hive Social fechou temporariamente seus servidores para resolver problemas de segurança, disse Pop.

“O Twitter está passando por muitas mudanças com a nova liderança”, disse Pop. “O timing é meio que impecável. Tudo está alinhado para nós.”

Empresas de mídia social mais estabelecidas também começaram a tentar capturar pessoas que saíam do Twitter.

O Tumblr, um site de microblog, postou um tópico “razões para ingressar no Tumblr” cerca de uma semana após a aquisição do Twitter por Musk. Ele também compartilhou memes e postagens do Tumblr sobre pessoas trocando o Twitter pelo Tumblr. Em seguida, começou a vender “Important Blue Internet Checkmarks” por US$ 7,99 - o mesmo preço de uma assinatura mensal do Twitter Blue, um serviço promovido por Musk no qual as pessoas pagam por recursos, incluindo um selo de verificação.

Os downloads do Tumblr na App Store da Apple dispararam 62% na semana após a aquisição do Twitter por Musk, disse um porta-voz da Automattic, proprietária do Tumblr. A Automattic também publicou ofertas de trabalho sob medida para ex-funcionários do Twitter, com as descrições dos cargos dizendo que estavam “cientes de que algumas pessoas incríveis foram demitidas ou não podem continuar trabalhando no Twitter devido às novas restrições para estar no escritório”.

Alguns empreendedores criaram startups para substituir o Twitter nas últimas semanas. Noam Bardin, ex-CEO da empresa de software de navegação Waze, lançou no mês passado o Post, uma plataforma social focada no compartilhamento de conteúdo de notícias. Ele tem 350.000 pessoas em sua lista de espera e 67.000 contas ativadas, de acordo com um e-mail para os inscritos na lista de espera enviado em dezembro.

Gabor Cselle, gerente de produto do Twitter de 2014 a 2016, disse que a compra da empresa por Musk o motivou a construir uma nova versão do serviço com tecnologia moderna. Ele criou um protótipo, que está chamando de T2 por enquanto; contratou três pessoas; e iniciou uma lista de espera.

O projeto é autofinanciado até agora. Cselle calculou que seriam necessárias 14 pessoas e US$ 7,5 milhões para criar uma alternativa mais simples ao Twitter.

Musk percebeu a enorme quantidade de alternativas ao Twitter. No mês passado, ele tuitou pelo menos três comentários grosseiros sobre o Mastodon antes de excluí-los. Depois que um usuário do Twitter questionou a ascensão da Hive Social em um tuíte, Musk respondeu: “lmao” (sigla em inglês para “rindo muito”, “gargalhando”). /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - No mês passado, funcionários da Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, participaram de uma sessão virtual de brainstorming para discutir como construir o próximo Twitter.

Entre as ideias discutidas pelos funcionários da Meta estava um lançamento mais extenso de um recurso chamado Instagram Notes, onde as pessoas podem compartilhar mensagens curtas no site de compartilhamento de fotos com seus seguidores e amigos, de acordo com postagens da conversa que foram vistas pelo The New York Times. Outros disseram que a Meta deveria criar um aplicativo focado em texto usando a tecnologia do Instagram ou adicionar outro feed ao Instagram. Eles lançaram nomes para os recursos, como Realtime, Real Reels e Instant.

“O Twitter está em crise e a Meta precisa de seu charme de volta”, escreveu um funcionário da Meta em um post. “VAMOS ATRÁS DO GANHA-PÃO DELES.”

Uma corrida está em andamento para destronar o Twitter e capitalizar o caos de sua nova propriedade sob Elon Musk, o magnata da tecnologia que comprou a empresa de mídia social por US$ 44 bilhões no final de outubro. Desde então, surgiram dúvidas sobre a viabilidade do Twitter, já que Musk demitiu milhares de funcionários, começou a mudar as regras de conteúdo da plataforma e proclamou que a empresa está em uma situação financeira tão difícil que a falência é possível.

Após a compra do Twitter por Elon Musk e o 'choque de gestão' do empresário, outras empresas tentam aproveitar o momento de descontetamento de usuários da rede.  Foto: Dado Ruvic/Reuters

Percebendo a oportunidade, todos os tipos de pessoas e empresas se lançaram para preencher a possível lacuna. Além dos funcionários da Meta, ex-trabalhadores do Twitter iniciaram projetos para o que dizem ser o próximo Twitter. Startups como Post e serviços de nicho como Mastodon e Hive Social também estão no páreo, assim como a plataforma de microblog Tumblr.

Alguns desses serviços se apresentam como versões menos tóxicas do Twitter, que reverteu suspensões de alguns usuários e restabeleceu contas anteriormente banidas, inclusive a do ex-presidente Donald Trump. Outros estão se posicionando como arautos de uma era completamente nova nas mídias sociais.

“A toxicidade que envolve o Twitter e parte do comportamento do novo proprietário me levaram a acreditar que há uma enorme oportunidade para uma plataforma de microblog com um modelo de negócios diferente”, disse Scott Galloway, investidor do Post e professor de marketing na Universidade de Nova York. “Há muitas oportunidades agora para aproveitar as plataformas de mídia social e as pessoas sentem isso.”

Desde que Musk assumiu o controle do Twitter, alguns usuários proeminentes disseram que deixariam o serviço, incluindo a apresentadora de talk show Whoopi Goldberg, a produtora Shonda Rhimes e a cantora Sara Bareilles. Outros usuários manifestaram interesse em migrar para outros serviços. Não está claro quais são os números de usuários do Twitter desde que Musk tornou a empresa privada, mas ele disse que o uso está em alta.

“Um número recorde de usuários está acessando para ver se o Twitter está morto, ironicamente tornando-o mais vivo do que nunca!” ele tuitou no mês passado.

Musk não respondeu aos pedidos de comentários e a Meta se recusou a comentar.

O Mastodon é uma das empresas que teve crescimento após a compra do Twitter por Musk.  Foto: Dado Ruvic/Illustration/Reuters

Os concorrentes

Depois que Musk comprou o Twitter, um serviço alternativo que imediatamente chamou a atenção foi o Mastodon, conhecido como plataforma federada e que funciona como um conjunto de redes sociais. Iniciado em 2016 por Eugen Rochko, um desenvolvedor de software que agora tem 29 anos, o Mastodon, por definição, não pode impor políticas na plataforma sobre quais postagens manter ou remover. E como o código-fonte original do Mastodon está disponível publicamente, qualquer pessoa pode criar sua própria versão do serviço.

Desde o início de novembro, as contas do Mastodon cresceram quase 33%, para 6 milhões, de acordo com o guia da plataforma federada Fediverse.party. O Mastodon não tem anúncios e permanece principalmente financiado por crowdfunding. Ele contratou mais funcionários e incentivou as pessoas a iniciar suas próprias versões do Mastodon.

O Mastodon não respondeu aos pedidos de comentários.

Em novembro, a Hive Social, rede social fundada em 2019, também mais que dobrou seus usuários, para 1,8 milhão. Seu fundador, Raluca Pop, 24, atribuiu parte do crescimento às comunidades de fãs, como as de K-pop e Star Wars, que se afastaram do Twitter e encontraram um novo lar na Hive Social.

A pequena empresa está tentando aproveitar o novo interesse para levantar fundos e contratar mais funcionários. A Hive Social é financiada por meio de empréstimos contraídos por Pop, bem como US$ 25.000 de um investidor privado e mais de US$ 300.000 de uma campanha de crowdfunding. Ela tem quatro funcionários e espera contratar moderadores de conteúdo e mais engenheiros, disse Pop.

Mas, à medida que as pessoas se associam, a plataforma enfrenta problemas crescentes, incluindo várias contas que compartilham o mesmo nome de usuário e pessoas que não sinalizam conteúdo que não é seguro para o trabalho. Em dezembro, a Hive Social fechou temporariamente seus servidores para resolver problemas de segurança, disse Pop.

“O Twitter está passando por muitas mudanças com a nova liderança”, disse Pop. “O timing é meio que impecável. Tudo está alinhado para nós.”

Empresas de mídia social mais estabelecidas também começaram a tentar capturar pessoas que saíam do Twitter.

O Tumblr, um site de microblog, postou um tópico “razões para ingressar no Tumblr” cerca de uma semana após a aquisição do Twitter por Musk. Ele também compartilhou memes e postagens do Tumblr sobre pessoas trocando o Twitter pelo Tumblr. Em seguida, começou a vender “Important Blue Internet Checkmarks” por US$ 7,99 - o mesmo preço de uma assinatura mensal do Twitter Blue, um serviço promovido por Musk no qual as pessoas pagam por recursos, incluindo um selo de verificação.

Os downloads do Tumblr na App Store da Apple dispararam 62% na semana após a aquisição do Twitter por Musk, disse um porta-voz da Automattic, proprietária do Tumblr. A Automattic também publicou ofertas de trabalho sob medida para ex-funcionários do Twitter, com as descrições dos cargos dizendo que estavam “cientes de que algumas pessoas incríveis foram demitidas ou não podem continuar trabalhando no Twitter devido às novas restrições para estar no escritório”.

Alguns empreendedores criaram startups para substituir o Twitter nas últimas semanas. Noam Bardin, ex-CEO da empresa de software de navegação Waze, lançou no mês passado o Post, uma plataforma social focada no compartilhamento de conteúdo de notícias. Ele tem 350.000 pessoas em sua lista de espera e 67.000 contas ativadas, de acordo com um e-mail para os inscritos na lista de espera enviado em dezembro.

Gabor Cselle, gerente de produto do Twitter de 2014 a 2016, disse que a compra da empresa por Musk o motivou a construir uma nova versão do serviço com tecnologia moderna. Ele criou um protótipo, que está chamando de T2 por enquanto; contratou três pessoas; e iniciou uma lista de espera.

O projeto é autofinanciado até agora. Cselle calculou que seriam necessárias 14 pessoas e US$ 7,5 milhões para criar uma alternativa mais simples ao Twitter.

Musk percebeu a enorme quantidade de alternativas ao Twitter. No mês passado, ele tuitou pelo menos três comentários grosseiros sobre o Mastodon antes de excluí-los. Depois que um usuário do Twitter questionou a ascensão da Hive Social em um tuíte, Musk respondeu: “lmao” (sigla em inglês para “rindo muito”, “gargalhando”). /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - No mês passado, funcionários da Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, participaram de uma sessão virtual de brainstorming para discutir como construir o próximo Twitter.

Entre as ideias discutidas pelos funcionários da Meta estava um lançamento mais extenso de um recurso chamado Instagram Notes, onde as pessoas podem compartilhar mensagens curtas no site de compartilhamento de fotos com seus seguidores e amigos, de acordo com postagens da conversa que foram vistas pelo The New York Times. Outros disseram que a Meta deveria criar um aplicativo focado em texto usando a tecnologia do Instagram ou adicionar outro feed ao Instagram. Eles lançaram nomes para os recursos, como Realtime, Real Reels e Instant.

“O Twitter está em crise e a Meta precisa de seu charme de volta”, escreveu um funcionário da Meta em um post. “VAMOS ATRÁS DO GANHA-PÃO DELES.”

Uma corrida está em andamento para destronar o Twitter e capitalizar o caos de sua nova propriedade sob Elon Musk, o magnata da tecnologia que comprou a empresa de mídia social por US$ 44 bilhões no final de outubro. Desde então, surgiram dúvidas sobre a viabilidade do Twitter, já que Musk demitiu milhares de funcionários, começou a mudar as regras de conteúdo da plataforma e proclamou que a empresa está em uma situação financeira tão difícil que a falência é possível.

Após a compra do Twitter por Elon Musk e o 'choque de gestão' do empresário, outras empresas tentam aproveitar o momento de descontetamento de usuários da rede.  Foto: Dado Ruvic/Reuters

Percebendo a oportunidade, todos os tipos de pessoas e empresas se lançaram para preencher a possível lacuna. Além dos funcionários da Meta, ex-trabalhadores do Twitter iniciaram projetos para o que dizem ser o próximo Twitter. Startups como Post e serviços de nicho como Mastodon e Hive Social também estão no páreo, assim como a plataforma de microblog Tumblr.

Alguns desses serviços se apresentam como versões menos tóxicas do Twitter, que reverteu suspensões de alguns usuários e restabeleceu contas anteriormente banidas, inclusive a do ex-presidente Donald Trump. Outros estão se posicionando como arautos de uma era completamente nova nas mídias sociais.

“A toxicidade que envolve o Twitter e parte do comportamento do novo proprietário me levaram a acreditar que há uma enorme oportunidade para uma plataforma de microblog com um modelo de negócios diferente”, disse Scott Galloway, investidor do Post e professor de marketing na Universidade de Nova York. “Há muitas oportunidades agora para aproveitar as plataformas de mídia social e as pessoas sentem isso.”

Desde que Musk assumiu o controle do Twitter, alguns usuários proeminentes disseram que deixariam o serviço, incluindo a apresentadora de talk show Whoopi Goldberg, a produtora Shonda Rhimes e a cantora Sara Bareilles. Outros usuários manifestaram interesse em migrar para outros serviços. Não está claro quais são os números de usuários do Twitter desde que Musk tornou a empresa privada, mas ele disse que o uso está em alta.

“Um número recorde de usuários está acessando para ver se o Twitter está morto, ironicamente tornando-o mais vivo do que nunca!” ele tuitou no mês passado.

Musk não respondeu aos pedidos de comentários e a Meta se recusou a comentar.

O Mastodon é uma das empresas que teve crescimento após a compra do Twitter por Musk.  Foto: Dado Ruvic/Illustration/Reuters

Os concorrentes

Depois que Musk comprou o Twitter, um serviço alternativo que imediatamente chamou a atenção foi o Mastodon, conhecido como plataforma federada e que funciona como um conjunto de redes sociais. Iniciado em 2016 por Eugen Rochko, um desenvolvedor de software que agora tem 29 anos, o Mastodon, por definição, não pode impor políticas na plataforma sobre quais postagens manter ou remover. E como o código-fonte original do Mastodon está disponível publicamente, qualquer pessoa pode criar sua própria versão do serviço.

Desde o início de novembro, as contas do Mastodon cresceram quase 33%, para 6 milhões, de acordo com o guia da plataforma federada Fediverse.party. O Mastodon não tem anúncios e permanece principalmente financiado por crowdfunding. Ele contratou mais funcionários e incentivou as pessoas a iniciar suas próprias versões do Mastodon.

O Mastodon não respondeu aos pedidos de comentários.

Em novembro, a Hive Social, rede social fundada em 2019, também mais que dobrou seus usuários, para 1,8 milhão. Seu fundador, Raluca Pop, 24, atribuiu parte do crescimento às comunidades de fãs, como as de K-pop e Star Wars, que se afastaram do Twitter e encontraram um novo lar na Hive Social.

A pequena empresa está tentando aproveitar o novo interesse para levantar fundos e contratar mais funcionários. A Hive Social é financiada por meio de empréstimos contraídos por Pop, bem como US$ 25.000 de um investidor privado e mais de US$ 300.000 de uma campanha de crowdfunding. Ela tem quatro funcionários e espera contratar moderadores de conteúdo e mais engenheiros, disse Pop.

Mas, à medida que as pessoas se associam, a plataforma enfrenta problemas crescentes, incluindo várias contas que compartilham o mesmo nome de usuário e pessoas que não sinalizam conteúdo que não é seguro para o trabalho. Em dezembro, a Hive Social fechou temporariamente seus servidores para resolver problemas de segurança, disse Pop.

“O Twitter está passando por muitas mudanças com a nova liderança”, disse Pop. “O timing é meio que impecável. Tudo está alinhado para nós.”

Empresas de mídia social mais estabelecidas também começaram a tentar capturar pessoas que saíam do Twitter.

O Tumblr, um site de microblog, postou um tópico “razões para ingressar no Tumblr” cerca de uma semana após a aquisição do Twitter por Musk. Ele também compartilhou memes e postagens do Tumblr sobre pessoas trocando o Twitter pelo Tumblr. Em seguida, começou a vender “Important Blue Internet Checkmarks” por US$ 7,99 - o mesmo preço de uma assinatura mensal do Twitter Blue, um serviço promovido por Musk no qual as pessoas pagam por recursos, incluindo um selo de verificação.

Os downloads do Tumblr na App Store da Apple dispararam 62% na semana após a aquisição do Twitter por Musk, disse um porta-voz da Automattic, proprietária do Tumblr. A Automattic também publicou ofertas de trabalho sob medida para ex-funcionários do Twitter, com as descrições dos cargos dizendo que estavam “cientes de que algumas pessoas incríveis foram demitidas ou não podem continuar trabalhando no Twitter devido às novas restrições para estar no escritório”.

Alguns empreendedores criaram startups para substituir o Twitter nas últimas semanas. Noam Bardin, ex-CEO da empresa de software de navegação Waze, lançou no mês passado o Post, uma plataforma social focada no compartilhamento de conteúdo de notícias. Ele tem 350.000 pessoas em sua lista de espera e 67.000 contas ativadas, de acordo com um e-mail para os inscritos na lista de espera enviado em dezembro.

Gabor Cselle, gerente de produto do Twitter de 2014 a 2016, disse que a compra da empresa por Musk o motivou a construir uma nova versão do serviço com tecnologia moderna. Ele criou um protótipo, que está chamando de T2 por enquanto; contratou três pessoas; e iniciou uma lista de espera.

O projeto é autofinanciado até agora. Cselle calculou que seriam necessárias 14 pessoas e US$ 7,5 milhões para criar uma alternativa mais simples ao Twitter.

Musk percebeu a enorme quantidade de alternativas ao Twitter. No mês passado, ele tuitou pelo menos três comentários grosseiros sobre o Mastodon antes de excluí-los. Depois que um usuário do Twitter questionou a ascensão da Hive Social em um tuíte, Musk respondeu: “lmao” (sigla em inglês para “rindo muito”, “gargalhando”). /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - No mês passado, funcionários da Meta, proprietária do Facebook e do Instagram, participaram de uma sessão virtual de brainstorming para discutir como construir o próximo Twitter.

Entre as ideias discutidas pelos funcionários da Meta estava um lançamento mais extenso de um recurso chamado Instagram Notes, onde as pessoas podem compartilhar mensagens curtas no site de compartilhamento de fotos com seus seguidores e amigos, de acordo com postagens da conversa que foram vistas pelo The New York Times. Outros disseram que a Meta deveria criar um aplicativo focado em texto usando a tecnologia do Instagram ou adicionar outro feed ao Instagram. Eles lançaram nomes para os recursos, como Realtime, Real Reels e Instant.

“O Twitter está em crise e a Meta precisa de seu charme de volta”, escreveu um funcionário da Meta em um post. “VAMOS ATRÁS DO GANHA-PÃO DELES.”

Uma corrida está em andamento para destronar o Twitter e capitalizar o caos de sua nova propriedade sob Elon Musk, o magnata da tecnologia que comprou a empresa de mídia social por US$ 44 bilhões no final de outubro. Desde então, surgiram dúvidas sobre a viabilidade do Twitter, já que Musk demitiu milhares de funcionários, começou a mudar as regras de conteúdo da plataforma e proclamou que a empresa está em uma situação financeira tão difícil que a falência é possível.

Após a compra do Twitter por Elon Musk e o 'choque de gestão' do empresário, outras empresas tentam aproveitar o momento de descontetamento de usuários da rede.  Foto: Dado Ruvic/Reuters

Percebendo a oportunidade, todos os tipos de pessoas e empresas se lançaram para preencher a possível lacuna. Além dos funcionários da Meta, ex-trabalhadores do Twitter iniciaram projetos para o que dizem ser o próximo Twitter. Startups como Post e serviços de nicho como Mastodon e Hive Social também estão no páreo, assim como a plataforma de microblog Tumblr.

Alguns desses serviços se apresentam como versões menos tóxicas do Twitter, que reverteu suspensões de alguns usuários e restabeleceu contas anteriormente banidas, inclusive a do ex-presidente Donald Trump. Outros estão se posicionando como arautos de uma era completamente nova nas mídias sociais.

“A toxicidade que envolve o Twitter e parte do comportamento do novo proprietário me levaram a acreditar que há uma enorme oportunidade para uma plataforma de microblog com um modelo de negócios diferente”, disse Scott Galloway, investidor do Post e professor de marketing na Universidade de Nova York. “Há muitas oportunidades agora para aproveitar as plataformas de mídia social e as pessoas sentem isso.”

Desde que Musk assumiu o controle do Twitter, alguns usuários proeminentes disseram que deixariam o serviço, incluindo a apresentadora de talk show Whoopi Goldberg, a produtora Shonda Rhimes e a cantora Sara Bareilles. Outros usuários manifestaram interesse em migrar para outros serviços. Não está claro quais são os números de usuários do Twitter desde que Musk tornou a empresa privada, mas ele disse que o uso está em alta.

“Um número recorde de usuários está acessando para ver se o Twitter está morto, ironicamente tornando-o mais vivo do que nunca!” ele tuitou no mês passado.

Musk não respondeu aos pedidos de comentários e a Meta se recusou a comentar.

O Mastodon é uma das empresas que teve crescimento após a compra do Twitter por Musk.  Foto: Dado Ruvic/Illustration/Reuters

Os concorrentes

Depois que Musk comprou o Twitter, um serviço alternativo que imediatamente chamou a atenção foi o Mastodon, conhecido como plataforma federada e que funciona como um conjunto de redes sociais. Iniciado em 2016 por Eugen Rochko, um desenvolvedor de software que agora tem 29 anos, o Mastodon, por definição, não pode impor políticas na plataforma sobre quais postagens manter ou remover. E como o código-fonte original do Mastodon está disponível publicamente, qualquer pessoa pode criar sua própria versão do serviço.

Desde o início de novembro, as contas do Mastodon cresceram quase 33%, para 6 milhões, de acordo com o guia da plataforma federada Fediverse.party. O Mastodon não tem anúncios e permanece principalmente financiado por crowdfunding. Ele contratou mais funcionários e incentivou as pessoas a iniciar suas próprias versões do Mastodon.

O Mastodon não respondeu aos pedidos de comentários.

Em novembro, a Hive Social, rede social fundada em 2019, também mais que dobrou seus usuários, para 1,8 milhão. Seu fundador, Raluca Pop, 24, atribuiu parte do crescimento às comunidades de fãs, como as de K-pop e Star Wars, que se afastaram do Twitter e encontraram um novo lar na Hive Social.

A pequena empresa está tentando aproveitar o novo interesse para levantar fundos e contratar mais funcionários. A Hive Social é financiada por meio de empréstimos contraídos por Pop, bem como US$ 25.000 de um investidor privado e mais de US$ 300.000 de uma campanha de crowdfunding. Ela tem quatro funcionários e espera contratar moderadores de conteúdo e mais engenheiros, disse Pop.

Mas, à medida que as pessoas se associam, a plataforma enfrenta problemas crescentes, incluindo várias contas que compartilham o mesmo nome de usuário e pessoas que não sinalizam conteúdo que não é seguro para o trabalho. Em dezembro, a Hive Social fechou temporariamente seus servidores para resolver problemas de segurança, disse Pop.

“O Twitter está passando por muitas mudanças com a nova liderança”, disse Pop. “O timing é meio que impecável. Tudo está alinhado para nós.”

Empresas de mídia social mais estabelecidas também começaram a tentar capturar pessoas que saíam do Twitter.

O Tumblr, um site de microblog, postou um tópico “razões para ingressar no Tumblr” cerca de uma semana após a aquisição do Twitter por Musk. Ele também compartilhou memes e postagens do Tumblr sobre pessoas trocando o Twitter pelo Tumblr. Em seguida, começou a vender “Important Blue Internet Checkmarks” por US$ 7,99 - o mesmo preço de uma assinatura mensal do Twitter Blue, um serviço promovido por Musk no qual as pessoas pagam por recursos, incluindo um selo de verificação.

Os downloads do Tumblr na App Store da Apple dispararam 62% na semana após a aquisição do Twitter por Musk, disse um porta-voz da Automattic, proprietária do Tumblr. A Automattic também publicou ofertas de trabalho sob medida para ex-funcionários do Twitter, com as descrições dos cargos dizendo que estavam “cientes de que algumas pessoas incríveis foram demitidas ou não podem continuar trabalhando no Twitter devido às novas restrições para estar no escritório”.

Alguns empreendedores criaram startups para substituir o Twitter nas últimas semanas. Noam Bardin, ex-CEO da empresa de software de navegação Waze, lançou no mês passado o Post, uma plataforma social focada no compartilhamento de conteúdo de notícias. Ele tem 350.000 pessoas em sua lista de espera e 67.000 contas ativadas, de acordo com um e-mail para os inscritos na lista de espera enviado em dezembro.

Gabor Cselle, gerente de produto do Twitter de 2014 a 2016, disse que a compra da empresa por Musk o motivou a construir uma nova versão do serviço com tecnologia moderna. Ele criou um protótipo, que está chamando de T2 por enquanto; contratou três pessoas; e iniciou uma lista de espera.

O projeto é autofinanciado até agora. Cselle calculou que seriam necessárias 14 pessoas e US$ 7,5 milhões para criar uma alternativa mais simples ao Twitter.

Musk percebeu a enorme quantidade de alternativas ao Twitter. No mês passado, ele tuitou pelo menos três comentários grosseiros sobre o Mastodon antes de excluí-los. Depois que um usuário do Twitter questionou a ascensão da Hive Social em um tuíte, Musk respondeu: “lmao” (sigla em inglês para “rindo muito”, “gargalhando”). /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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