O que você não sabe sobre alergia alimentar


Reações da alergia oral e reatividade cruzada são apenas algumas das formas surpreendentes do nosso corpo reagir aos alimentos

Por Jane E. Brody

Meu neto Tomas notou pela primeira vez uma reação desagradável à avelã aos oito anos. Sempre que comia Nutella, a boca e a garganta formigavam e inchavam, de modo que a pasta doce foi banida da dieta e da casa.

Alguns anos mais tarde, Tomas teve a mesma reação ao comer cenoura crua. Na minha pesquisa para escrever esta coluna, aprendi que a avelã e a cenoura, embora não tenham nenhuma relação botânica, compartilham uma proteína com o pólen da bétula, ao qual Tomas é alérgico. No entanto, ele pode comer cenoura cozida com segurança porque o cozimento desnaturaliza a proteína alergênica.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times. 
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Agora, aos 21 anos, ele ainda não apresentou nenhuma reação a outros alimentos que também contêm a proteína do pólen da bétula, como o aipo, a batata, a maçã e o pêssego, embora possa se tornar sensível a um ou mais deles com o passar dos anos. O pai do Tomas, só na fase adulta, também notou sintomas semelhantes na boca e na garganta ao comer maçã e pêssego, especialmente durante a estação do pólen.

Também aprendi sobre outra ligação comum entre o pólen e a sensibilidade aos alimentos. As pessoas alérgicas à ambrósia também podem reagir à banana e ao melão. Novamente, a responsável é uma proteína compartilhada. Acredita-se que esse tipo de alergia comece com a sensibilização à inalação do pólen nocivo, que mais tarde resulta em uma reação alérgica quando a proteína do alimento é consumida.

Felizmente, as síndromes da alergia oral (SAO) - também chamada de síndrome pólen-alimento -, embora não sejam agradáveis, são quase sempre leves e não apresentam risco à vida.

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Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas pode ter reações graves e potencialmente fatais a certos alimentos, a maioria dos quais onipresente na dieta americana. Os principais culpados, os chamados "Big 9" – leite, ovo, amendoim, nozes, peixe, crustáceos, trigo, soja e gergelim, recentemente adicionado à lista –, respondem por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares.

Embora, hoje em dia, os alimentos embalados comercialmente precisem apresentar no rótulo a presença real ou possível dos principais alimentos alergênicos que podem causar reações fatais, outros não precisam ser listados. E o gergelim, que afeta mais de um milhão de crianças e adultos nos Estados Unidos, não precisará ser incluído no rótulo até 2023.

A mudança de hábitos alimentares está aumentando o problema. A dependência atual cada vez maior de alimentos preparados fora de casa por restaurantes, lojas e fábricas torna mais difícil evitar os alimentos alérgenos. As pessoas com reações anafiláticas potencialmente fatais devem ser cuidadosas ao extremo, mesmo quando não há nenhuma razão para suspeitar da presença de um alérgeno que ponha a vida em risco. Anos atrás, uma estudante universitária que sabia que tinha uma alergia fatal a amendoim morreu depois de comer um molho de pimenta que tinha sido engrossado com manteiga de amendoim.

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Conheço uma família que, por ter uma criança extremamente alérgica a amendoim, nozes, semente de gergelim e seus óleos, só come em restaurantes italianos e lanchonetes que têm menos probabilidade de usar esses ingredientes. Ainda assim, o estabelecimento é sempre informado sobre as alergias do menino, que carrega uma EpiPen (caneta autoaplicável de epinefrina), usada para evitar uma reação fatal no caso de um deslize.

A prevalência de alergias alimentares graves gira em torno de 10% em crianças de dois anos; 7,1% em crianças de 14 a 17 anos; e 10,8 % em adultos com 18 anos ou mais. Embora a alergia a leite, ovo, trigo e soja em bebês e crianças pequenas geralmente desapareça com o tempo, outras alergias causadas pelos "Big 9" perduram quase sempre pela vida toda. E as pessoas que não eram alérgicas até a adolescência podem vir a desenvolver uma nova alergia alimentar em qualquer idade.

De acordo com o dr. Scott H. Sicherer, alergista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York, e coautores, "é notável que aproximadamente metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar nos Estados Unidos relate ter desenvolvido pelo menos uma alergia durante a idade adulta, sendo a alergia a mariscos responsável pelo maior número de casos".

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Sicherer explicou que as únicas alergias alimentares reais são as que produzem respostas imunológicas adversas. O corpo reage a um alimento aparentemente inocente como se fosse uma infecção fatal e lança uma ofensiva em grande escala. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, vômito ou anafilaxia – reação de choque grave e potencialmente fatal que ocorre segundos ou minutos depois da exposição a um alérgeno, às vezes em pequena quantidade. É por isso que a maioria das companhias aéreas não oferece mais amendoim aos passageiros – uma mera borrifada de pó de amendoim pode ser fatal para algumas pessoas com alergia a essa leguminosa.

Mais de 40% das crianças e metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar têm pelo menos uma reação grave ao longo da vida. Entre os alérgicos a um ou mais dos alérgenos do grupo "Big 9", a taxa de reações graves excede 27%, com a alergia ao amendoim liderando a lista com 59,2% entre crianças e 67,8% entre adultos.

Ainda assim, muita gente que acha que tem uma alergia alimentar descobre que de fato não a tem ao fazer um teste oral cego, no qual os alimentos são testados sob supervisão médica para ver se a criança reage, o padrão ouro para o diagnóstico de alergias alimentares. Outras pessoas consideram incorretamente todos os tipos de reações adversas aos alimentos – de dor de barriga a dor de cabeça – como alergia. A intolerância alimentar, por exemplo, à lactose, que é o açúcar natural do leite, não é uma reação imunológica, mas o resultado da deficiência da enzima lactase. Muitos asiáticos apresentam uma vermelhidão na pele ao consumir álcool porque não possuem uma enzima para digeri-lo. Outras pessoas podem pensar que são alérgicas porque têm reações semelhantes ao do uso de droga, como um tremor extremo depois de consumir a cafeína do café e do chá.

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Às vezes, evitar um alimento por bastante tempo pode resultar em uma reação alérgica quando esse alimento é finalmente consumido. Isso pode acontecer a crianças com alergia de pele que evitam o leite e podem sofrer uma reação alérgica em uma idade mais avançada ao consumi-lo. Exposições ocupacionais, o uso de produtos para a pele e até mesmo uma picada de carrapato podem às vezes resultar em uma alergia alimentar na idade adulta se houver reatividade cruzada a uma substância alergênica em ambos.

E, embora as famílias com tendência a ter algum tipo de alergia tenham sido aconselhadas, nos últimos anos, a evitar dar amendoim aos filhos até os três anos (conselho que provavelmente contribuiu para a atual explosão de alergia a amendoim em crianças), agora parece que a introdução precoce – aos seis meses – de um alimento altamente alergênico acaba de fato por proteger, diminuindo o risco de uma reação mais tarde na vida, de acordo com Sicherer.

Para confundir ainda mais o quadro da alergia alimentar, o fato é que, em condições diferentes, as pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo alimento. Assim, para alguns, uma reação alérgica pode ocorrer apenas quando o alimento é consumido em grande quantidade ou em conjunto com álcool ou exercício intenso, o que os alergistas chamam de "fatores de aumento".

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Estudos recentes de dessensibilização – que visam reduzir a sensibilidade a alimentos alérgicos, expondo gradualmente as pessoas a quantidades mínimas de alérgenos durante vários meses – e outros em andamento podem tornar a vida menos assustadora para muitas pessoas com alergia alimentar grave. Enquanto isso, evitar alimentos que podem causar uma reação alérgica é a melhor proteção contra uma resposta alérgica grave.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Meu neto Tomas notou pela primeira vez uma reação desagradável à avelã aos oito anos. Sempre que comia Nutella, a boca e a garganta formigavam e inchavam, de modo que a pasta doce foi banida da dieta e da casa.

Alguns anos mais tarde, Tomas teve a mesma reação ao comer cenoura crua. Na minha pesquisa para escrever esta coluna, aprendi que a avelã e a cenoura, embora não tenham nenhuma relação botânica, compartilham uma proteína com o pólen da bétula, ao qual Tomas é alérgico. No entanto, ele pode comer cenoura cozida com segurança porque o cozimento desnaturaliza a proteína alergênica.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times. 

Agora, aos 21 anos, ele ainda não apresentou nenhuma reação a outros alimentos que também contêm a proteína do pólen da bétula, como o aipo, a batata, a maçã e o pêssego, embora possa se tornar sensível a um ou mais deles com o passar dos anos. O pai do Tomas, só na fase adulta, também notou sintomas semelhantes na boca e na garganta ao comer maçã e pêssego, especialmente durante a estação do pólen.

Também aprendi sobre outra ligação comum entre o pólen e a sensibilidade aos alimentos. As pessoas alérgicas à ambrósia também podem reagir à banana e ao melão. Novamente, a responsável é uma proteína compartilhada. Acredita-se que esse tipo de alergia comece com a sensibilização à inalação do pólen nocivo, que mais tarde resulta em uma reação alérgica quando a proteína do alimento é consumida.

Felizmente, as síndromes da alergia oral (SAO) - também chamada de síndrome pólen-alimento -, embora não sejam agradáveis, são quase sempre leves e não apresentam risco à vida.

Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas pode ter reações graves e potencialmente fatais a certos alimentos, a maioria dos quais onipresente na dieta americana. Os principais culpados, os chamados "Big 9" – leite, ovo, amendoim, nozes, peixe, crustáceos, trigo, soja e gergelim, recentemente adicionado à lista –, respondem por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares.

Embora, hoje em dia, os alimentos embalados comercialmente precisem apresentar no rótulo a presença real ou possível dos principais alimentos alergênicos que podem causar reações fatais, outros não precisam ser listados. E o gergelim, que afeta mais de um milhão de crianças e adultos nos Estados Unidos, não precisará ser incluído no rótulo até 2023.

A mudança de hábitos alimentares está aumentando o problema. A dependência atual cada vez maior de alimentos preparados fora de casa por restaurantes, lojas e fábricas torna mais difícil evitar os alimentos alérgenos. As pessoas com reações anafiláticas potencialmente fatais devem ser cuidadosas ao extremo, mesmo quando não há nenhuma razão para suspeitar da presença de um alérgeno que ponha a vida em risco. Anos atrás, uma estudante universitária que sabia que tinha uma alergia fatal a amendoim morreu depois de comer um molho de pimenta que tinha sido engrossado com manteiga de amendoim.

Conheço uma família que, por ter uma criança extremamente alérgica a amendoim, nozes, semente de gergelim e seus óleos, só come em restaurantes italianos e lanchonetes que têm menos probabilidade de usar esses ingredientes. Ainda assim, o estabelecimento é sempre informado sobre as alergias do menino, que carrega uma EpiPen (caneta autoaplicável de epinefrina), usada para evitar uma reação fatal no caso de um deslize.

A prevalência de alergias alimentares graves gira em torno de 10% em crianças de dois anos; 7,1% em crianças de 14 a 17 anos; e 10,8 % em adultos com 18 anos ou mais. Embora a alergia a leite, ovo, trigo e soja em bebês e crianças pequenas geralmente desapareça com o tempo, outras alergias causadas pelos "Big 9" perduram quase sempre pela vida toda. E as pessoas que não eram alérgicas até a adolescência podem vir a desenvolver uma nova alergia alimentar em qualquer idade.

De acordo com o dr. Scott H. Sicherer, alergista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York, e coautores, "é notável que aproximadamente metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar nos Estados Unidos relate ter desenvolvido pelo menos uma alergia durante a idade adulta, sendo a alergia a mariscos responsável pelo maior número de casos".

Sicherer explicou que as únicas alergias alimentares reais são as que produzem respostas imunológicas adversas. O corpo reage a um alimento aparentemente inocente como se fosse uma infecção fatal e lança uma ofensiva em grande escala. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, vômito ou anafilaxia – reação de choque grave e potencialmente fatal que ocorre segundos ou minutos depois da exposição a um alérgeno, às vezes em pequena quantidade. É por isso que a maioria das companhias aéreas não oferece mais amendoim aos passageiros – uma mera borrifada de pó de amendoim pode ser fatal para algumas pessoas com alergia a essa leguminosa.

Mais de 40% das crianças e metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar têm pelo menos uma reação grave ao longo da vida. Entre os alérgicos a um ou mais dos alérgenos do grupo "Big 9", a taxa de reações graves excede 27%, com a alergia ao amendoim liderando a lista com 59,2% entre crianças e 67,8% entre adultos.

Ainda assim, muita gente que acha que tem uma alergia alimentar descobre que de fato não a tem ao fazer um teste oral cego, no qual os alimentos são testados sob supervisão médica para ver se a criança reage, o padrão ouro para o diagnóstico de alergias alimentares. Outras pessoas consideram incorretamente todos os tipos de reações adversas aos alimentos – de dor de barriga a dor de cabeça – como alergia. A intolerância alimentar, por exemplo, à lactose, que é o açúcar natural do leite, não é uma reação imunológica, mas o resultado da deficiência da enzima lactase. Muitos asiáticos apresentam uma vermelhidão na pele ao consumir álcool porque não possuem uma enzima para digeri-lo. Outras pessoas podem pensar que são alérgicas porque têm reações semelhantes ao do uso de droga, como um tremor extremo depois de consumir a cafeína do café e do chá.

Às vezes, evitar um alimento por bastante tempo pode resultar em uma reação alérgica quando esse alimento é finalmente consumido. Isso pode acontecer a crianças com alergia de pele que evitam o leite e podem sofrer uma reação alérgica em uma idade mais avançada ao consumi-lo. Exposições ocupacionais, o uso de produtos para a pele e até mesmo uma picada de carrapato podem às vezes resultar em uma alergia alimentar na idade adulta se houver reatividade cruzada a uma substância alergênica em ambos.

E, embora as famílias com tendência a ter algum tipo de alergia tenham sido aconselhadas, nos últimos anos, a evitar dar amendoim aos filhos até os três anos (conselho que provavelmente contribuiu para a atual explosão de alergia a amendoim em crianças), agora parece que a introdução precoce – aos seis meses – de um alimento altamente alergênico acaba de fato por proteger, diminuindo o risco de uma reação mais tarde na vida, de acordo com Sicherer.

Para confundir ainda mais o quadro da alergia alimentar, o fato é que, em condições diferentes, as pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo alimento. Assim, para alguns, uma reação alérgica pode ocorrer apenas quando o alimento é consumido em grande quantidade ou em conjunto com álcool ou exercício intenso, o que os alergistas chamam de "fatores de aumento".

Estudos recentes de dessensibilização – que visam reduzir a sensibilidade a alimentos alérgicos, expondo gradualmente as pessoas a quantidades mínimas de alérgenos durante vários meses – e outros em andamento podem tornar a vida menos assustadora para muitas pessoas com alergia alimentar grave. Enquanto isso, evitar alimentos que podem causar uma reação alérgica é a melhor proteção contra uma resposta alérgica grave.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Meu neto Tomas notou pela primeira vez uma reação desagradável à avelã aos oito anos. Sempre que comia Nutella, a boca e a garganta formigavam e inchavam, de modo que a pasta doce foi banida da dieta e da casa.

Alguns anos mais tarde, Tomas teve a mesma reação ao comer cenoura crua. Na minha pesquisa para escrever esta coluna, aprendi que a avelã e a cenoura, embora não tenham nenhuma relação botânica, compartilham uma proteína com o pólen da bétula, ao qual Tomas é alérgico. No entanto, ele pode comer cenoura cozida com segurança porque o cozimento desnaturaliza a proteína alergênica.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times. 

Agora, aos 21 anos, ele ainda não apresentou nenhuma reação a outros alimentos que também contêm a proteína do pólen da bétula, como o aipo, a batata, a maçã e o pêssego, embora possa se tornar sensível a um ou mais deles com o passar dos anos. O pai do Tomas, só na fase adulta, também notou sintomas semelhantes na boca e na garganta ao comer maçã e pêssego, especialmente durante a estação do pólen.

Também aprendi sobre outra ligação comum entre o pólen e a sensibilidade aos alimentos. As pessoas alérgicas à ambrósia também podem reagir à banana e ao melão. Novamente, a responsável é uma proteína compartilhada. Acredita-se que esse tipo de alergia comece com a sensibilização à inalação do pólen nocivo, que mais tarde resulta em uma reação alérgica quando a proteína do alimento é consumida.

Felizmente, as síndromes da alergia oral (SAO) - também chamada de síndrome pólen-alimento -, embora não sejam agradáveis, são quase sempre leves e não apresentam risco à vida.

Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas pode ter reações graves e potencialmente fatais a certos alimentos, a maioria dos quais onipresente na dieta americana. Os principais culpados, os chamados "Big 9" – leite, ovo, amendoim, nozes, peixe, crustáceos, trigo, soja e gergelim, recentemente adicionado à lista –, respondem por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares.

Embora, hoje em dia, os alimentos embalados comercialmente precisem apresentar no rótulo a presença real ou possível dos principais alimentos alergênicos que podem causar reações fatais, outros não precisam ser listados. E o gergelim, que afeta mais de um milhão de crianças e adultos nos Estados Unidos, não precisará ser incluído no rótulo até 2023.

A mudança de hábitos alimentares está aumentando o problema. A dependência atual cada vez maior de alimentos preparados fora de casa por restaurantes, lojas e fábricas torna mais difícil evitar os alimentos alérgenos. As pessoas com reações anafiláticas potencialmente fatais devem ser cuidadosas ao extremo, mesmo quando não há nenhuma razão para suspeitar da presença de um alérgeno que ponha a vida em risco. Anos atrás, uma estudante universitária que sabia que tinha uma alergia fatal a amendoim morreu depois de comer um molho de pimenta que tinha sido engrossado com manteiga de amendoim.

Conheço uma família que, por ter uma criança extremamente alérgica a amendoim, nozes, semente de gergelim e seus óleos, só come em restaurantes italianos e lanchonetes que têm menos probabilidade de usar esses ingredientes. Ainda assim, o estabelecimento é sempre informado sobre as alergias do menino, que carrega uma EpiPen (caneta autoaplicável de epinefrina), usada para evitar uma reação fatal no caso de um deslize.

A prevalência de alergias alimentares graves gira em torno de 10% em crianças de dois anos; 7,1% em crianças de 14 a 17 anos; e 10,8 % em adultos com 18 anos ou mais. Embora a alergia a leite, ovo, trigo e soja em bebês e crianças pequenas geralmente desapareça com o tempo, outras alergias causadas pelos "Big 9" perduram quase sempre pela vida toda. E as pessoas que não eram alérgicas até a adolescência podem vir a desenvolver uma nova alergia alimentar em qualquer idade.

De acordo com o dr. Scott H. Sicherer, alergista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York, e coautores, "é notável que aproximadamente metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar nos Estados Unidos relate ter desenvolvido pelo menos uma alergia durante a idade adulta, sendo a alergia a mariscos responsável pelo maior número de casos".

Sicherer explicou que as únicas alergias alimentares reais são as que produzem respostas imunológicas adversas. O corpo reage a um alimento aparentemente inocente como se fosse uma infecção fatal e lança uma ofensiva em grande escala. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, vômito ou anafilaxia – reação de choque grave e potencialmente fatal que ocorre segundos ou minutos depois da exposição a um alérgeno, às vezes em pequena quantidade. É por isso que a maioria das companhias aéreas não oferece mais amendoim aos passageiros – uma mera borrifada de pó de amendoim pode ser fatal para algumas pessoas com alergia a essa leguminosa.

Mais de 40% das crianças e metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar têm pelo menos uma reação grave ao longo da vida. Entre os alérgicos a um ou mais dos alérgenos do grupo "Big 9", a taxa de reações graves excede 27%, com a alergia ao amendoim liderando a lista com 59,2% entre crianças e 67,8% entre adultos.

Ainda assim, muita gente que acha que tem uma alergia alimentar descobre que de fato não a tem ao fazer um teste oral cego, no qual os alimentos são testados sob supervisão médica para ver se a criança reage, o padrão ouro para o diagnóstico de alergias alimentares. Outras pessoas consideram incorretamente todos os tipos de reações adversas aos alimentos – de dor de barriga a dor de cabeça – como alergia. A intolerância alimentar, por exemplo, à lactose, que é o açúcar natural do leite, não é uma reação imunológica, mas o resultado da deficiência da enzima lactase. Muitos asiáticos apresentam uma vermelhidão na pele ao consumir álcool porque não possuem uma enzima para digeri-lo. Outras pessoas podem pensar que são alérgicas porque têm reações semelhantes ao do uso de droga, como um tremor extremo depois de consumir a cafeína do café e do chá.

Às vezes, evitar um alimento por bastante tempo pode resultar em uma reação alérgica quando esse alimento é finalmente consumido. Isso pode acontecer a crianças com alergia de pele que evitam o leite e podem sofrer uma reação alérgica em uma idade mais avançada ao consumi-lo. Exposições ocupacionais, o uso de produtos para a pele e até mesmo uma picada de carrapato podem às vezes resultar em uma alergia alimentar na idade adulta se houver reatividade cruzada a uma substância alergênica em ambos.

E, embora as famílias com tendência a ter algum tipo de alergia tenham sido aconselhadas, nos últimos anos, a evitar dar amendoim aos filhos até os três anos (conselho que provavelmente contribuiu para a atual explosão de alergia a amendoim em crianças), agora parece que a introdução precoce – aos seis meses – de um alimento altamente alergênico acaba de fato por proteger, diminuindo o risco de uma reação mais tarde na vida, de acordo com Sicherer.

Para confundir ainda mais o quadro da alergia alimentar, o fato é que, em condições diferentes, as pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo alimento. Assim, para alguns, uma reação alérgica pode ocorrer apenas quando o alimento é consumido em grande quantidade ou em conjunto com álcool ou exercício intenso, o que os alergistas chamam de "fatores de aumento".

Estudos recentes de dessensibilização – que visam reduzir a sensibilidade a alimentos alérgicos, expondo gradualmente as pessoas a quantidades mínimas de alérgenos durante vários meses – e outros em andamento podem tornar a vida menos assustadora para muitas pessoas com alergia alimentar grave. Enquanto isso, evitar alimentos que podem causar uma reação alérgica é a melhor proteção contra uma resposta alérgica grave.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Meu neto Tomas notou pela primeira vez uma reação desagradável à avelã aos oito anos. Sempre que comia Nutella, a boca e a garganta formigavam e inchavam, de modo que a pasta doce foi banida da dieta e da casa.

Alguns anos mais tarde, Tomas teve a mesma reação ao comer cenoura crua. Na minha pesquisa para escrever esta coluna, aprendi que a avelã e a cenoura, embora não tenham nenhuma relação botânica, compartilham uma proteína com o pólen da bétula, ao qual Tomas é alérgico. No entanto, ele pode comer cenoura cozida com segurança porque o cozimento desnaturaliza a proteína alergênica.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times. 

Agora, aos 21 anos, ele ainda não apresentou nenhuma reação a outros alimentos que também contêm a proteína do pólen da bétula, como o aipo, a batata, a maçã e o pêssego, embora possa se tornar sensível a um ou mais deles com o passar dos anos. O pai do Tomas, só na fase adulta, também notou sintomas semelhantes na boca e na garganta ao comer maçã e pêssego, especialmente durante a estação do pólen.

Também aprendi sobre outra ligação comum entre o pólen e a sensibilidade aos alimentos. As pessoas alérgicas à ambrósia também podem reagir à banana e ao melão. Novamente, a responsável é uma proteína compartilhada. Acredita-se que esse tipo de alergia comece com a sensibilização à inalação do pólen nocivo, que mais tarde resulta em uma reação alérgica quando a proteína do alimento é consumida.

Felizmente, as síndromes da alergia oral (SAO) - também chamada de síndrome pólen-alimento -, embora não sejam agradáveis, são quase sempre leves e não apresentam risco à vida.

Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas pode ter reações graves e potencialmente fatais a certos alimentos, a maioria dos quais onipresente na dieta americana. Os principais culpados, os chamados "Big 9" – leite, ovo, amendoim, nozes, peixe, crustáceos, trigo, soja e gergelim, recentemente adicionado à lista –, respondem por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares.

Embora, hoje em dia, os alimentos embalados comercialmente precisem apresentar no rótulo a presença real ou possível dos principais alimentos alergênicos que podem causar reações fatais, outros não precisam ser listados. E o gergelim, que afeta mais de um milhão de crianças e adultos nos Estados Unidos, não precisará ser incluído no rótulo até 2023.

A mudança de hábitos alimentares está aumentando o problema. A dependência atual cada vez maior de alimentos preparados fora de casa por restaurantes, lojas e fábricas torna mais difícil evitar os alimentos alérgenos. As pessoas com reações anafiláticas potencialmente fatais devem ser cuidadosas ao extremo, mesmo quando não há nenhuma razão para suspeitar da presença de um alérgeno que ponha a vida em risco. Anos atrás, uma estudante universitária que sabia que tinha uma alergia fatal a amendoim morreu depois de comer um molho de pimenta que tinha sido engrossado com manteiga de amendoim.

Conheço uma família que, por ter uma criança extremamente alérgica a amendoim, nozes, semente de gergelim e seus óleos, só come em restaurantes italianos e lanchonetes que têm menos probabilidade de usar esses ingredientes. Ainda assim, o estabelecimento é sempre informado sobre as alergias do menino, que carrega uma EpiPen (caneta autoaplicável de epinefrina), usada para evitar uma reação fatal no caso de um deslize.

A prevalência de alergias alimentares graves gira em torno de 10% em crianças de dois anos; 7,1% em crianças de 14 a 17 anos; e 10,8 % em adultos com 18 anos ou mais. Embora a alergia a leite, ovo, trigo e soja em bebês e crianças pequenas geralmente desapareça com o tempo, outras alergias causadas pelos "Big 9" perduram quase sempre pela vida toda. E as pessoas que não eram alérgicas até a adolescência podem vir a desenvolver uma nova alergia alimentar em qualquer idade.

De acordo com o dr. Scott H. Sicherer, alergista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York, e coautores, "é notável que aproximadamente metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar nos Estados Unidos relate ter desenvolvido pelo menos uma alergia durante a idade adulta, sendo a alergia a mariscos responsável pelo maior número de casos".

Sicherer explicou que as únicas alergias alimentares reais são as que produzem respostas imunológicas adversas. O corpo reage a um alimento aparentemente inocente como se fosse uma infecção fatal e lança uma ofensiva em grande escala. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, vômito ou anafilaxia – reação de choque grave e potencialmente fatal que ocorre segundos ou minutos depois da exposição a um alérgeno, às vezes em pequena quantidade. É por isso que a maioria das companhias aéreas não oferece mais amendoim aos passageiros – uma mera borrifada de pó de amendoim pode ser fatal para algumas pessoas com alergia a essa leguminosa.

Mais de 40% das crianças e metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar têm pelo menos uma reação grave ao longo da vida. Entre os alérgicos a um ou mais dos alérgenos do grupo "Big 9", a taxa de reações graves excede 27%, com a alergia ao amendoim liderando a lista com 59,2% entre crianças e 67,8% entre adultos.

Ainda assim, muita gente que acha que tem uma alergia alimentar descobre que de fato não a tem ao fazer um teste oral cego, no qual os alimentos são testados sob supervisão médica para ver se a criança reage, o padrão ouro para o diagnóstico de alergias alimentares. Outras pessoas consideram incorretamente todos os tipos de reações adversas aos alimentos – de dor de barriga a dor de cabeça – como alergia. A intolerância alimentar, por exemplo, à lactose, que é o açúcar natural do leite, não é uma reação imunológica, mas o resultado da deficiência da enzima lactase. Muitos asiáticos apresentam uma vermelhidão na pele ao consumir álcool porque não possuem uma enzima para digeri-lo. Outras pessoas podem pensar que são alérgicas porque têm reações semelhantes ao do uso de droga, como um tremor extremo depois de consumir a cafeína do café e do chá.

Às vezes, evitar um alimento por bastante tempo pode resultar em uma reação alérgica quando esse alimento é finalmente consumido. Isso pode acontecer a crianças com alergia de pele que evitam o leite e podem sofrer uma reação alérgica em uma idade mais avançada ao consumi-lo. Exposições ocupacionais, o uso de produtos para a pele e até mesmo uma picada de carrapato podem às vezes resultar em uma alergia alimentar na idade adulta se houver reatividade cruzada a uma substância alergênica em ambos.

E, embora as famílias com tendência a ter algum tipo de alergia tenham sido aconselhadas, nos últimos anos, a evitar dar amendoim aos filhos até os três anos (conselho que provavelmente contribuiu para a atual explosão de alergia a amendoim em crianças), agora parece que a introdução precoce – aos seis meses – de um alimento altamente alergênico acaba de fato por proteger, diminuindo o risco de uma reação mais tarde na vida, de acordo com Sicherer.

Para confundir ainda mais o quadro da alergia alimentar, o fato é que, em condições diferentes, as pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo alimento. Assim, para alguns, uma reação alérgica pode ocorrer apenas quando o alimento é consumido em grande quantidade ou em conjunto com álcool ou exercício intenso, o que os alergistas chamam de "fatores de aumento".

Estudos recentes de dessensibilização – que visam reduzir a sensibilidade a alimentos alérgicos, expondo gradualmente as pessoas a quantidades mínimas de alérgenos durante vários meses – e outros em andamento podem tornar a vida menos assustadora para muitas pessoas com alergia alimentar grave. Enquanto isso, evitar alimentos que podem causar uma reação alérgica é a melhor proteção contra uma resposta alérgica grave.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Meu neto Tomas notou pela primeira vez uma reação desagradável à avelã aos oito anos. Sempre que comia Nutella, a boca e a garganta formigavam e inchavam, de modo que a pasta doce foi banida da dieta e da casa.

Alguns anos mais tarde, Tomas teve a mesma reação ao comer cenoura crua. Na minha pesquisa para escrever esta coluna, aprendi que a avelã e a cenoura, embora não tenham nenhuma relação botânica, compartilham uma proteína com o pólen da bétula, ao qual Tomas é alérgico. No entanto, ele pode comer cenoura cozida com segurança porque o cozimento desnaturaliza a proteína alergênica.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times. 

Agora, aos 21 anos, ele ainda não apresentou nenhuma reação a outros alimentos que também contêm a proteína do pólen da bétula, como o aipo, a batata, a maçã e o pêssego, embora possa se tornar sensível a um ou mais deles com o passar dos anos. O pai do Tomas, só na fase adulta, também notou sintomas semelhantes na boca e na garganta ao comer maçã e pêssego, especialmente durante a estação do pólen.

Também aprendi sobre outra ligação comum entre o pólen e a sensibilidade aos alimentos. As pessoas alérgicas à ambrósia também podem reagir à banana e ao melão. Novamente, a responsável é uma proteína compartilhada. Acredita-se que esse tipo de alergia comece com a sensibilização à inalação do pólen nocivo, que mais tarde resulta em uma reação alérgica quando a proteína do alimento é consumida.

Felizmente, as síndromes da alergia oral (SAO) - também chamada de síndrome pólen-alimento -, embora não sejam agradáveis, são quase sempre leves e não apresentam risco à vida.

Infelizmente, um número cada vez maior de pessoas pode ter reações graves e potencialmente fatais a certos alimentos, a maioria dos quais onipresente na dieta americana. Os principais culpados, os chamados "Big 9" – leite, ovo, amendoim, nozes, peixe, crustáceos, trigo, soja e gergelim, recentemente adicionado à lista –, respondem por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares.

Embora, hoje em dia, os alimentos embalados comercialmente precisem apresentar no rótulo a presença real ou possível dos principais alimentos alergênicos que podem causar reações fatais, outros não precisam ser listados. E o gergelim, que afeta mais de um milhão de crianças e adultos nos Estados Unidos, não precisará ser incluído no rótulo até 2023.

A mudança de hábitos alimentares está aumentando o problema. A dependência atual cada vez maior de alimentos preparados fora de casa por restaurantes, lojas e fábricas torna mais difícil evitar os alimentos alérgenos. As pessoas com reações anafiláticas potencialmente fatais devem ser cuidadosas ao extremo, mesmo quando não há nenhuma razão para suspeitar da presença de um alérgeno que ponha a vida em risco. Anos atrás, uma estudante universitária que sabia que tinha uma alergia fatal a amendoim morreu depois de comer um molho de pimenta que tinha sido engrossado com manteiga de amendoim.

Conheço uma família que, por ter uma criança extremamente alérgica a amendoim, nozes, semente de gergelim e seus óleos, só come em restaurantes italianos e lanchonetes que têm menos probabilidade de usar esses ingredientes. Ainda assim, o estabelecimento é sempre informado sobre as alergias do menino, que carrega uma EpiPen (caneta autoaplicável de epinefrina), usada para evitar uma reação fatal no caso de um deslize.

A prevalência de alergias alimentares graves gira em torno de 10% em crianças de dois anos; 7,1% em crianças de 14 a 17 anos; e 10,8 % em adultos com 18 anos ou mais. Embora a alergia a leite, ovo, trigo e soja em bebês e crianças pequenas geralmente desapareça com o tempo, outras alergias causadas pelos "Big 9" perduram quase sempre pela vida toda. E as pessoas que não eram alérgicas até a adolescência podem vir a desenvolver uma nova alergia alimentar em qualquer idade.

De acordo com o dr. Scott H. Sicherer, alergista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York, e coautores, "é notável que aproximadamente metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar nos Estados Unidos relate ter desenvolvido pelo menos uma alergia durante a idade adulta, sendo a alergia a mariscos responsável pelo maior número de casos".

Sicherer explicou que as únicas alergias alimentares reais são as que produzem respostas imunológicas adversas. O corpo reage a um alimento aparentemente inocente como se fosse uma infecção fatal e lança uma ofensiva em grande escala. Os sintomas podem incluir urticária, dificuldade de respirar, vômito ou anafilaxia – reação de choque grave e potencialmente fatal que ocorre segundos ou minutos depois da exposição a um alérgeno, às vezes em pequena quantidade. É por isso que a maioria das companhias aéreas não oferece mais amendoim aos passageiros – uma mera borrifada de pó de amendoim pode ser fatal para algumas pessoas com alergia a essa leguminosa.

Mais de 40% das crianças e metade dos adultos com algum tipo de alergia alimentar têm pelo menos uma reação grave ao longo da vida. Entre os alérgicos a um ou mais dos alérgenos do grupo "Big 9", a taxa de reações graves excede 27%, com a alergia ao amendoim liderando a lista com 59,2% entre crianças e 67,8% entre adultos.

Ainda assim, muita gente que acha que tem uma alergia alimentar descobre que de fato não a tem ao fazer um teste oral cego, no qual os alimentos são testados sob supervisão médica para ver se a criança reage, o padrão ouro para o diagnóstico de alergias alimentares. Outras pessoas consideram incorretamente todos os tipos de reações adversas aos alimentos – de dor de barriga a dor de cabeça – como alergia. A intolerância alimentar, por exemplo, à lactose, que é o açúcar natural do leite, não é uma reação imunológica, mas o resultado da deficiência da enzima lactase. Muitos asiáticos apresentam uma vermelhidão na pele ao consumir álcool porque não possuem uma enzima para digeri-lo. Outras pessoas podem pensar que são alérgicas porque têm reações semelhantes ao do uso de droga, como um tremor extremo depois de consumir a cafeína do café e do chá.

Às vezes, evitar um alimento por bastante tempo pode resultar em uma reação alérgica quando esse alimento é finalmente consumido. Isso pode acontecer a crianças com alergia de pele que evitam o leite e podem sofrer uma reação alérgica em uma idade mais avançada ao consumi-lo. Exposições ocupacionais, o uso de produtos para a pele e até mesmo uma picada de carrapato podem às vezes resultar em uma alergia alimentar na idade adulta se houver reatividade cruzada a uma substância alergênica em ambos.

E, embora as famílias com tendência a ter algum tipo de alergia tenham sido aconselhadas, nos últimos anos, a evitar dar amendoim aos filhos até os três anos (conselho que provavelmente contribuiu para a atual explosão de alergia a amendoim em crianças), agora parece que a introdução precoce – aos seis meses – de um alimento altamente alergênico acaba de fato por proteger, diminuindo o risco de uma reação mais tarde na vida, de acordo com Sicherer.

Para confundir ainda mais o quadro da alergia alimentar, o fato é que, em condições diferentes, as pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo alimento. Assim, para alguns, uma reação alérgica pode ocorrer apenas quando o alimento é consumido em grande quantidade ou em conjunto com álcool ou exercício intenso, o que os alergistas chamam de "fatores de aumento".

Estudos recentes de dessensibilização – que visam reduzir a sensibilidade a alimentos alérgicos, expondo gradualmente as pessoas a quantidades mínimas de alérgenos durante vários meses – e outros em andamento podem tornar a vida menos assustadora para muitas pessoas com alergia alimentar grave. Enquanto isso, evitar alimentos que podem causar uma reação alérgica é a melhor proteção contra uma resposta alérgica grave.

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