Smartphones dobráveis estão melhorando e o novo Google Pixel Fold é uma amostra disso


Review feito pelo The New York Times mostra que ter esperado para lançar seu aparelho dobrável garantiu um bom produto final

Por Brian X. Chen

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando, recentemente, liguei e desdobrei o smartphone Pixel Fold do Google como se fosse um livro, ele se transformou em um minitablet, semelhante ao iPad Mini ou ao Amazon Fire. Depois, aconteceu algo inesperado.

Nas horas seguintes, foi difícil largar o dispositivo, como se eu tivesse sido sugado para dentro de um grande romance. O telefone teve um desempenho estável e rápido, e as dimensões da tela maior fizeram com que ler e-mails e histórias em quadrinhos e assistir a vídeos fosse mais gostoso do que o habitual.

Google anuncia primeiro celular dobrável, o Pixel Fold. Foto: Google/Reprodução
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Fiquei surpreso, porque tenho minhas reservas quanto aos telefones dobráveis. Os primeiros modelos lançados pela Samsung, pela Motorola e pela Huawei há cerca de quatro anos tinham falhas gritantes. Grossos e pesados, tinham uma durabilidade questionável e o software não condizia com a inovação do hardware. Mas eu soube de imediato que o Pixel Fold, o primeiro telefone dobrável da Google, era diferente.

Quando fechei o dispositivo, uma segunda tela externa de 15 centímetros se iluminou, convertendo-o em um smartphone comum, que pode ser usado com uma mão. É importante ressaltar que ele não ficou muito volumoso - dobrado, tem uma espessura de cerca de 1,3 cm, só um pouco maior do que meu iPhone -, por isso era confortável de carregar no bolso.

O Pixel Fold, que foi revelado em maio e que está chegando às lojas, é a prova de que é sensato esperar para investir em uma nova tecnologia de ponta. Em apenas quatro anos, o Google conseguiu resolver a maioria dos problemas típicos dos telefones dobráveis, transformando um conceito enigmático em um produto convincente.

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O que não conseguiu foi tornar a tecnologia dos dobráveis mais barata. O Pixel Fold custa US$ 1.800, cerca de US$ 400 a mais do que os modelos semelhantes lançados há alguns anos. O Google explicou que o custo resultou, em parte, do desafio de engenharia de colocar componentes de alta qualidade em um dispositivo tão fino, incluindo uma câmera em pé de igualdade com as dos outros telefones Pixel. (Aberto, o Pixel Fold é mais fino do que um smartphone típico.).

O que é decepcionante. A maioria das pessoas não gasta tanto em um telefone quando existem várias opções ótimas e mais baratas. Mas posso recomendá-lo para o público-alvo do produto, que tem alto poder aquisitivo e depende muito de seu dispositivo.

O investimento no Pixel Fold garantiu que o novo aparelho chegasse ao mercado com melhorias em relação à primeira geração de smartphones dobráveis.  Foto: Google/Reprodução
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Boas novas

Mesmo assim, o progresso da tecnologia dobrável é uma boa notícia. Há alguns anos, aparelhos de empresas como a Apple e a Samsung pareciam ter chegado ao auge. Os modelos emblemáticos dessas marcas já eram incrivelmente rápidos, as telas eram grandes e luminosas, e as câmeras tiravam fotos deslumbrantes. A indústria de smartphones, como um todo, virou uma pilha de retângulos pretos quase indistinguíveis.

O que mais poderia ser feito? Em 2019, a Samsung foi uma das primeiras a lançar um telefone dobrável, mas a pressa de levar o gadget ao mercado criou uma má impressão do produto. As telas nas primeiras reviews de amostras do Galaxy Fold falharam, forçando o fabricante sul-coreano a adiar a produção. Desde então, a Samsung e outras marcas lançaram mais alguns dobráveis, mas nenhum me convenceu.

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A entrada do Google no mercado é significativa. Com o mesmo controle rígido que a Apple tem sobre o design do iPhone, o Google projetou tanto o hardware, incluindo o processador de computação, quanto o software que alimenta o Pixel Fold. Isso significa que o software foi adaptado ao modelo, que tem uma bateria de longa duração e um desempenho muito veloz.

Além da tela maior, o Google demonstrou, de forma inteligente, como e por que usar um smartphone dobrável. Por exemplo: o Pixel Fold é um ótimo para assistir a vídeos em qualquer lugar, porque se dobra como um laptop. Enquanto cozinhava, dobrei o dispositivo em um ângulo de 90 graus e assisti ao vídeo da receita no YouTube. A metade superior da tela mostrava o vídeo e a inferior, a lista de ingredientes. De certa forma, era ainda melhor do que um tablet, que precisaria ser apoiado em um suporte na bancada.

O que mais dá para fazer com um dobrável? Com o dispositivo aberto, executei dois aplicativos lado a lado, o que foi útil para ler algo na net enquanto digitava um e-mail.

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O Google também demonstrou como o aplicativo de tradução pode se beneficiar das duas telas. Pense em uma situação em que você, falante de inglês, está tentando se comunicar com alguém que fala chinês. Com o telefone aberto, você pode falar em inglês no microfone enquanto a tela externa mostra o texto traduzido para o chinês à outra pessoa. Quando o falante de chinês responde, você consegue ler a tradução na tela interna. Como esse recurso não será lançado até o segundo semestre, não foi possível testá-lo. Mas é uma utilização intrigante.

No fim das contas, o dispositivo é caro porque está repleto de tecnologias avançadas sem grandes compensações. Em meus testes, as fotos que tirei ficaram nítidas e vibrantes, semelhantes às obtidas com o iPhone mais recente e o Pixel 7 Pro, o smartphone de US$ 900 do Google, que tem uma câmera excelente.

Embora o preço elevado do Pixel Fold seja inacessível para a maioria, ele oferece um vislumbre animador do futuro dos smartphones. Nos últimos cinco anos, as telas dos telefones ficaram maiores e passamos a preferi-las, desde que venham em dispositivos fáceis de transportar. O Pixel Fold oferece isso.

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Desconfio que, em alguns anos, os dobráveis provavelmente cairão de preço para substituir os smartphones “pro”, e serão os top de linha do mercado. Quando isso acontecer, consigo me ver, e muita gente mais, fazendo a mudança para um dobrável, num futuro em que o tablet será menos relevante.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando, recentemente, liguei e desdobrei o smartphone Pixel Fold do Google como se fosse um livro, ele se transformou em um minitablet, semelhante ao iPad Mini ou ao Amazon Fire. Depois, aconteceu algo inesperado.

Nas horas seguintes, foi difícil largar o dispositivo, como se eu tivesse sido sugado para dentro de um grande romance. O telefone teve um desempenho estável e rápido, e as dimensões da tela maior fizeram com que ler e-mails e histórias em quadrinhos e assistir a vídeos fosse mais gostoso do que o habitual.

Google anuncia primeiro celular dobrável, o Pixel Fold. Foto: Google/Reprodução

Fiquei surpreso, porque tenho minhas reservas quanto aos telefones dobráveis. Os primeiros modelos lançados pela Samsung, pela Motorola e pela Huawei há cerca de quatro anos tinham falhas gritantes. Grossos e pesados, tinham uma durabilidade questionável e o software não condizia com a inovação do hardware. Mas eu soube de imediato que o Pixel Fold, o primeiro telefone dobrável da Google, era diferente.

Quando fechei o dispositivo, uma segunda tela externa de 15 centímetros se iluminou, convertendo-o em um smartphone comum, que pode ser usado com uma mão. É importante ressaltar que ele não ficou muito volumoso - dobrado, tem uma espessura de cerca de 1,3 cm, só um pouco maior do que meu iPhone -, por isso era confortável de carregar no bolso.

O Pixel Fold, que foi revelado em maio e que está chegando às lojas, é a prova de que é sensato esperar para investir em uma nova tecnologia de ponta. Em apenas quatro anos, o Google conseguiu resolver a maioria dos problemas típicos dos telefones dobráveis, transformando um conceito enigmático em um produto convincente.

O que não conseguiu foi tornar a tecnologia dos dobráveis mais barata. O Pixel Fold custa US$ 1.800, cerca de US$ 400 a mais do que os modelos semelhantes lançados há alguns anos. O Google explicou que o custo resultou, em parte, do desafio de engenharia de colocar componentes de alta qualidade em um dispositivo tão fino, incluindo uma câmera em pé de igualdade com as dos outros telefones Pixel. (Aberto, o Pixel Fold é mais fino do que um smartphone típico.).

O que é decepcionante. A maioria das pessoas não gasta tanto em um telefone quando existem várias opções ótimas e mais baratas. Mas posso recomendá-lo para o público-alvo do produto, que tem alto poder aquisitivo e depende muito de seu dispositivo.

O investimento no Pixel Fold garantiu que o novo aparelho chegasse ao mercado com melhorias em relação à primeira geração de smartphones dobráveis.  Foto: Google/Reprodução

Boas novas

Mesmo assim, o progresso da tecnologia dobrável é uma boa notícia. Há alguns anos, aparelhos de empresas como a Apple e a Samsung pareciam ter chegado ao auge. Os modelos emblemáticos dessas marcas já eram incrivelmente rápidos, as telas eram grandes e luminosas, e as câmeras tiravam fotos deslumbrantes. A indústria de smartphones, como um todo, virou uma pilha de retângulos pretos quase indistinguíveis.

O que mais poderia ser feito? Em 2019, a Samsung foi uma das primeiras a lançar um telefone dobrável, mas a pressa de levar o gadget ao mercado criou uma má impressão do produto. As telas nas primeiras reviews de amostras do Galaxy Fold falharam, forçando o fabricante sul-coreano a adiar a produção. Desde então, a Samsung e outras marcas lançaram mais alguns dobráveis, mas nenhum me convenceu.

A entrada do Google no mercado é significativa. Com o mesmo controle rígido que a Apple tem sobre o design do iPhone, o Google projetou tanto o hardware, incluindo o processador de computação, quanto o software que alimenta o Pixel Fold. Isso significa que o software foi adaptado ao modelo, que tem uma bateria de longa duração e um desempenho muito veloz.

Além da tela maior, o Google demonstrou, de forma inteligente, como e por que usar um smartphone dobrável. Por exemplo: o Pixel Fold é um ótimo para assistir a vídeos em qualquer lugar, porque se dobra como um laptop. Enquanto cozinhava, dobrei o dispositivo em um ângulo de 90 graus e assisti ao vídeo da receita no YouTube. A metade superior da tela mostrava o vídeo e a inferior, a lista de ingredientes. De certa forma, era ainda melhor do que um tablet, que precisaria ser apoiado em um suporte na bancada.

O que mais dá para fazer com um dobrável? Com o dispositivo aberto, executei dois aplicativos lado a lado, o que foi útil para ler algo na net enquanto digitava um e-mail.

O Google também demonstrou como o aplicativo de tradução pode se beneficiar das duas telas. Pense em uma situação em que você, falante de inglês, está tentando se comunicar com alguém que fala chinês. Com o telefone aberto, você pode falar em inglês no microfone enquanto a tela externa mostra o texto traduzido para o chinês à outra pessoa. Quando o falante de chinês responde, você consegue ler a tradução na tela interna. Como esse recurso não será lançado até o segundo semestre, não foi possível testá-lo. Mas é uma utilização intrigante.

No fim das contas, o dispositivo é caro porque está repleto de tecnologias avançadas sem grandes compensações. Em meus testes, as fotos que tirei ficaram nítidas e vibrantes, semelhantes às obtidas com o iPhone mais recente e o Pixel 7 Pro, o smartphone de US$ 900 do Google, que tem uma câmera excelente.

Embora o preço elevado do Pixel Fold seja inacessível para a maioria, ele oferece um vislumbre animador do futuro dos smartphones. Nos últimos cinco anos, as telas dos telefones ficaram maiores e passamos a preferi-las, desde que venham em dispositivos fáceis de transportar. O Pixel Fold oferece isso.

Desconfio que, em alguns anos, os dobráveis provavelmente cairão de preço para substituir os smartphones “pro”, e serão os top de linha do mercado. Quando isso acontecer, consigo me ver, e muita gente mais, fazendo a mudança para um dobrável, num futuro em que o tablet será menos relevante.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando, recentemente, liguei e desdobrei o smartphone Pixel Fold do Google como se fosse um livro, ele se transformou em um minitablet, semelhante ao iPad Mini ou ao Amazon Fire. Depois, aconteceu algo inesperado.

Nas horas seguintes, foi difícil largar o dispositivo, como se eu tivesse sido sugado para dentro de um grande romance. O telefone teve um desempenho estável e rápido, e as dimensões da tela maior fizeram com que ler e-mails e histórias em quadrinhos e assistir a vídeos fosse mais gostoso do que o habitual.

Google anuncia primeiro celular dobrável, o Pixel Fold. Foto: Google/Reprodução

Fiquei surpreso, porque tenho minhas reservas quanto aos telefones dobráveis. Os primeiros modelos lançados pela Samsung, pela Motorola e pela Huawei há cerca de quatro anos tinham falhas gritantes. Grossos e pesados, tinham uma durabilidade questionável e o software não condizia com a inovação do hardware. Mas eu soube de imediato que o Pixel Fold, o primeiro telefone dobrável da Google, era diferente.

Quando fechei o dispositivo, uma segunda tela externa de 15 centímetros se iluminou, convertendo-o em um smartphone comum, que pode ser usado com uma mão. É importante ressaltar que ele não ficou muito volumoso - dobrado, tem uma espessura de cerca de 1,3 cm, só um pouco maior do que meu iPhone -, por isso era confortável de carregar no bolso.

O Pixel Fold, que foi revelado em maio e que está chegando às lojas, é a prova de que é sensato esperar para investir em uma nova tecnologia de ponta. Em apenas quatro anos, o Google conseguiu resolver a maioria dos problemas típicos dos telefones dobráveis, transformando um conceito enigmático em um produto convincente.

O que não conseguiu foi tornar a tecnologia dos dobráveis mais barata. O Pixel Fold custa US$ 1.800, cerca de US$ 400 a mais do que os modelos semelhantes lançados há alguns anos. O Google explicou que o custo resultou, em parte, do desafio de engenharia de colocar componentes de alta qualidade em um dispositivo tão fino, incluindo uma câmera em pé de igualdade com as dos outros telefones Pixel. (Aberto, o Pixel Fold é mais fino do que um smartphone típico.).

O que é decepcionante. A maioria das pessoas não gasta tanto em um telefone quando existem várias opções ótimas e mais baratas. Mas posso recomendá-lo para o público-alvo do produto, que tem alto poder aquisitivo e depende muito de seu dispositivo.

O investimento no Pixel Fold garantiu que o novo aparelho chegasse ao mercado com melhorias em relação à primeira geração de smartphones dobráveis.  Foto: Google/Reprodução

Boas novas

Mesmo assim, o progresso da tecnologia dobrável é uma boa notícia. Há alguns anos, aparelhos de empresas como a Apple e a Samsung pareciam ter chegado ao auge. Os modelos emblemáticos dessas marcas já eram incrivelmente rápidos, as telas eram grandes e luminosas, e as câmeras tiravam fotos deslumbrantes. A indústria de smartphones, como um todo, virou uma pilha de retângulos pretos quase indistinguíveis.

O que mais poderia ser feito? Em 2019, a Samsung foi uma das primeiras a lançar um telefone dobrável, mas a pressa de levar o gadget ao mercado criou uma má impressão do produto. As telas nas primeiras reviews de amostras do Galaxy Fold falharam, forçando o fabricante sul-coreano a adiar a produção. Desde então, a Samsung e outras marcas lançaram mais alguns dobráveis, mas nenhum me convenceu.

A entrada do Google no mercado é significativa. Com o mesmo controle rígido que a Apple tem sobre o design do iPhone, o Google projetou tanto o hardware, incluindo o processador de computação, quanto o software que alimenta o Pixel Fold. Isso significa que o software foi adaptado ao modelo, que tem uma bateria de longa duração e um desempenho muito veloz.

Além da tela maior, o Google demonstrou, de forma inteligente, como e por que usar um smartphone dobrável. Por exemplo: o Pixel Fold é um ótimo para assistir a vídeos em qualquer lugar, porque se dobra como um laptop. Enquanto cozinhava, dobrei o dispositivo em um ângulo de 90 graus e assisti ao vídeo da receita no YouTube. A metade superior da tela mostrava o vídeo e a inferior, a lista de ingredientes. De certa forma, era ainda melhor do que um tablet, que precisaria ser apoiado em um suporte na bancada.

O que mais dá para fazer com um dobrável? Com o dispositivo aberto, executei dois aplicativos lado a lado, o que foi útil para ler algo na net enquanto digitava um e-mail.

O Google também demonstrou como o aplicativo de tradução pode se beneficiar das duas telas. Pense em uma situação em que você, falante de inglês, está tentando se comunicar com alguém que fala chinês. Com o telefone aberto, você pode falar em inglês no microfone enquanto a tela externa mostra o texto traduzido para o chinês à outra pessoa. Quando o falante de chinês responde, você consegue ler a tradução na tela interna. Como esse recurso não será lançado até o segundo semestre, não foi possível testá-lo. Mas é uma utilização intrigante.

No fim das contas, o dispositivo é caro porque está repleto de tecnologias avançadas sem grandes compensações. Em meus testes, as fotos que tirei ficaram nítidas e vibrantes, semelhantes às obtidas com o iPhone mais recente e o Pixel 7 Pro, o smartphone de US$ 900 do Google, que tem uma câmera excelente.

Embora o preço elevado do Pixel Fold seja inacessível para a maioria, ele oferece um vislumbre animador do futuro dos smartphones. Nos últimos cinco anos, as telas dos telefones ficaram maiores e passamos a preferi-las, desde que venham em dispositivos fáceis de transportar. O Pixel Fold oferece isso.

Desconfio que, em alguns anos, os dobráveis provavelmente cairão de preço para substituir os smartphones “pro”, e serão os top de linha do mercado. Quando isso acontecer, consigo me ver, e muita gente mais, fazendo a mudança para um dobrável, num futuro em que o tablet será menos relevante.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Quando, recentemente, liguei e desdobrei o smartphone Pixel Fold do Google como se fosse um livro, ele se transformou em um minitablet, semelhante ao iPad Mini ou ao Amazon Fire. Depois, aconteceu algo inesperado.

Nas horas seguintes, foi difícil largar o dispositivo, como se eu tivesse sido sugado para dentro de um grande romance. O telefone teve um desempenho estável e rápido, e as dimensões da tela maior fizeram com que ler e-mails e histórias em quadrinhos e assistir a vídeos fosse mais gostoso do que o habitual.

Google anuncia primeiro celular dobrável, o Pixel Fold. Foto: Google/Reprodução

Fiquei surpreso, porque tenho minhas reservas quanto aos telefones dobráveis. Os primeiros modelos lançados pela Samsung, pela Motorola e pela Huawei há cerca de quatro anos tinham falhas gritantes. Grossos e pesados, tinham uma durabilidade questionável e o software não condizia com a inovação do hardware. Mas eu soube de imediato que o Pixel Fold, o primeiro telefone dobrável da Google, era diferente.

Quando fechei o dispositivo, uma segunda tela externa de 15 centímetros se iluminou, convertendo-o em um smartphone comum, que pode ser usado com uma mão. É importante ressaltar que ele não ficou muito volumoso - dobrado, tem uma espessura de cerca de 1,3 cm, só um pouco maior do que meu iPhone -, por isso era confortável de carregar no bolso.

O Pixel Fold, que foi revelado em maio e que está chegando às lojas, é a prova de que é sensato esperar para investir em uma nova tecnologia de ponta. Em apenas quatro anos, o Google conseguiu resolver a maioria dos problemas típicos dos telefones dobráveis, transformando um conceito enigmático em um produto convincente.

O que não conseguiu foi tornar a tecnologia dos dobráveis mais barata. O Pixel Fold custa US$ 1.800, cerca de US$ 400 a mais do que os modelos semelhantes lançados há alguns anos. O Google explicou que o custo resultou, em parte, do desafio de engenharia de colocar componentes de alta qualidade em um dispositivo tão fino, incluindo uma câmera em pé de igualdade com as dos outros telefones Pixel. (Aberto, o Pixel Fold é mais fino do que um smartphone típico.).

O que é decepcionante. A maioria das pessoas não gasta tanto em um telefone quando existem várias opções ótimas e mais baratas. Mas posso recomendá-lo para o público-alvo do produto, que tem alto poder aquisitivo e depende muito de seu dispositivo.

O investimento no Pixel Fold garantiu que o novo aparelho chegasse ao mercado com melhorias em relação à primeira geração de smartphones dobráveis.  Foto: Google/Reprodução

Boas novas

Mesmo assim, o progresso da tecnologia dobrável é uma boa notícia. Há alguns anos, aparelhos de empresas como a Apple e a Samsung pareciam ter chegado ao auge. Os modelos emblemáticos dessas marcas já eram incrivelmente rápidos, as telas eram grandes e luminosas, e as câmeras tiravam fotos deslumbrantes. A indústria de smartphones, como um todo, virou uma pilha de retângulos pretos quase indistinguíveis.

O que mais poderia ser feito? Em 2019, a Samsung foi uma das primeiras a lançar um telefone dobrável, mas a pressa de levar o gadget ao mercado criou uma má impressão do produto. As telas nas primeiras reviews de amostras do Galaxy Fold falharam, forçando o fabricante sul-coreano a adiar a produção. Desde então, a Samsung e outras marcas lançaram mais alguns dobráveis, mas nenhum me convenceu.

A entrada do Google no mercado é significativa. Com o mesmo controle rígido que a Apple tem sobre o design do iPhone, o Google projetou tanto o hardware, incluindo o processador de computação, quanto o software que alimenta o Pixel Fold. Isso significa que o software foi adaptado ao modelo, que tem uma bateria de longa duração e um desempenho muito veloz.

Além da tela maior, o Google demonstrou, de forma inteligente, como e por que usar um smartphone dobrável. Por exemplo: o Pixel Fold é um ótimo para assistir a vídeos em qualquer lugar, porque se dobra como um laptop. Enquanto cozinhava, dobrei o dispositivo em um ângulo de 90 graus e assisti ao vídeo da receita no YouTube. A metade superior da tela mostrava o vídeo e a inferior, a lista de ingredientes. De certa forma, era ainda melhor do que um tablet, que precisaria ser apoiado em um suporte na bancada.

O que mais dá para fazer com um dobrável? Com o dispositivo aberto, executei dois aplicativos lado a lado, o que foi útil para ler algo na net enquanto digitava um e-mail.

O Google também demonstrou como o aplicativo de tradução pode se beneficiar das duas telas. Pense em uma situação em que você, falante de inglês, está tentando se comunicar com alguém que fala chinês. Com o telefone aberto, você pode falar em inglês no microfone enquanto a tela externa mostra o texto traduzido para o chinês à outra pessoa. Quando o falante de chinês responde, você consegue ler a tradução na tela interna. Como esse recurso não será lançado até o segundo semestre, não foi possível testá-lo. Mas é uma utilização intrigante.

No fim das contas, o dispositivo é caro porque está repleto de tecnologias avançadas sem grandes compensações. Em meus testes, as fotos que tirei ficaram nítidas e vibrantes, semelhantes às obtidas com o iPhone mais recente e o Pixel 7 Pro, o smartphone de US$ 900 do Google, que tem uma câmera excelente.

Embora o preço elevado do Pixel Fold seja inacessível para a maioria, ele oferece um vislumbre animador do futuro dos smartphones. Nos últimos cinco anos, as telas dos telefones ficaram maiores e passamos a preferi-las, desde que venham em dispositivos fáceis de transportar. O Pixel Fold oferece isso.

Desconfio que, em alguns anos, os dobráveis provavelmente cairão de preço para substituir os smartphones “pro”, e serão os top de linha do mercado. Quando isso acontecer, consigo me ver, e muita gente mais, fazendo a mudança para um dobrável, num futuro em que o tablet será menos relevante.

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