A nova 'tecnologia covid' é vestível e vai te monitorar continuamente


Ligas esportivas, grandes empresas e faculdades estão se voltando para dispositivos de monitoramento mais invasivos

Por Natasha Singer

Em Rochester, Michigan, a universidade de Oakland está se preparando para lançar aparelhos vestíveis, para os estudantes, que informam a temperatura da pele a cada minuto - ou mais de 1.400 vezes por dia - esperando com isto localizar os primeiros sinais do coronavírus.

Em Plano, no Texas, funcionários da Rent-A-Center recentemente começaram a usar detectores de proximidade que registram seus contatos mais próximos com outra pessoa e servem para alertá-los para uma possível exposição ao vírus.

Aparelho do BioButton usa algoritmos para tentar detectar os primeiros sinais de covid-19. Foto: BioIntelliSense, Inc. via The New York Times
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E em Knoxville, os alunos que participam da equipe de futebol da Universidade do Tennessee usam rastreadores de proximidade nas ombreiras durante os jogos - o que permite que o médico do time monitore aqueles jogadores que ficaram mais de 15 minutos perto de um colega de equipe ou um membro do time rival.

Os novos e poderosos sistema de vigilância, dispositivos vestíveis que monitoram continuamente seu usuário, são os mais recentes gadgets de alta tecnologia na batalha para interceptar o coronavírus. Algumas ligas esportivas, fábricas e berçários já os usam. Os resorts se apressam para adotá-los. Algumas escolas começaram a experimentá-los. E o setor de conferências está de olho neles como uma ferramenta potencial que ajudaria a reabrir seus centros de convenção.

“Todos estão nos primeiros estágios disto”, disse Laura Becker, gerente de pesquisa focada na experiência do trabalhador na empresa de pesquisa de mercado Data Corp. “Se funcionar, o mercado poderá ser enorme porque todos desejam voltar a uma vida que pareça normal”.

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Empresas e analistas do setor afirmam que os rastreadores vestíveis suprem uma lacuna importante na segurança na pandemia. Muitos empregadores e faculdades adotaram instrumentos de triagem como aplicativos de checagem de sintomas e câmeras de análise de temperatura. Mas eles não foram projetados para rastrear aqueles que podem nunca desenvolver sintomas como febre, que são estimados em 40% dos infectados.

Alguns escritórios também adotaram aplicativos de monitoramento de vírus que detectam a proximidade dos usuários. Mas os novos recursos vestíveis atendem um público diferente, em ambientes de trabalho como fábricas onde os trabalhadores não podem trazer seus celulares ou no caso de equipes esportivas cujos atletas passam algum tempo juntos.

No primeiro semestre, quando a infecção do coronavírus começou a aumentar, muitas equipes de futebol e basquete profissionais nos Estados Unidos já estavam usando a tecnologia de monitoramento de desempenho esportivo da Kinexon, empresa de Munique cujos sensores vestíveis rastreiam dados como velocidade e distância de um atleta. A companhia rapidamente adaptou seus aparelhos para a pandemia, lançando o SafeZone, um sistema que identifica contatos próximos entre jogadores e técnicos e emite uma luz de alerta se estão distantes a menos 1,8 metro. A NFL começou a exigir que jogadores, técnicos e funcionários utilizem esses rastreadores em setembro.

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Os dados ajudaram a rastrear os contatos de 140 jogadores e pessoal da NFL que testaram positivo desde setembro, incluindo um surto no Tennessee Titans, disse o Dr. Thom Mayer, diretor médico da NFL Players Association. O sistema é particularmente útil para descartar pessoas que passaram menos de 15 minutos próximas de colegas infectados, disse ele.

Equipes de futebol universitário na Southeastern Conference também usam os monitores Kinexon. O Dr. Chris Klenck, que chefia a equipe médica na universidade do Tennessee, disse que os dados de proximidade ajudam as equipes a saber quando os atletas passam mais de 15 minutos reunidos. E descobriram que isto é raro no campo durante os jogos, mas frequente à margem do jogo.

“Conseguimos tabular os dados e a partir das informações pudemos identificar as pessoas que tiveram contato próximo com alguém positivo”, disse Klenck.

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Especialistas em direitos civis e privacidade alertam que a difusão desses dispositivos vestíveis de monitoramento contínuo leva a novas formas de vigilância que sobreviverão à pandemia - e podem se introduzir no mundo real, similarmente ao monitoramento extensivo que empresas como Facebook e Google instituíram on-line. E alertam que alguns sensores vestíveis permitem que empregadores, universidades ou agências de polícia monitorem a localização das pessoas ou suas redes sociais, arrefecendo sua capacidade de se reunir e falar livremente. E dizem que os riscos dessa mineração de dados podem ser maiores no caso de certos trabalhadores ou estudantes, como imigrantes que vivem ilegalmente no país ou ativistas políticos.

“É assustadora a possibilidade desses dispositivos não comprovados e invasivos se tornarem uma condição para mantermos nossos empregos, para frequentarmos a escola ou participarmos da vida pública”, afirmou Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, grupo sem fins lucrativos de Manhattan. “E pior, nada impede que a polícia ou o ICE exijam que as escolas e empresas entreguem esses dados”.

Os executivos da Kinexon e outras empresas que comercializam os rastreadores vestíveis disseram em entrevistas que refletiram muito sobre os novos riscos de mineração de dados e que adotaram medidas para atenuá-los.

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Os aparelhos da Microshare, empresa de analítica que produz sensores de detecção de proximidade, usam tecnologia Bluetooth para detectar e registrar pessoas que usaram os rastreadores e mantiveram um contato estreito com outra por mais de 10 ou 15 minutos. Mas o sistema não monitora constantemente a localização de um usuário, afirmou Ron Rock, diretor executivo da Microshare. E ela usa códigos ID, não os nomes reais do empregado para registrar os contatos próximos.

Ele acrescentou que o sistema foi projetado para gerentes de recursos humanos ou funcionários de segurança em empresas clientes usarem para identificar e alertar os empregados que passam um tempo perto de uma pessoa infectada, e não para mapear os contatos sociais do indivíduo.

A Oakland University, perto de Detroit, está na vanguarda das escolas e empresas se preparando para dar o salto para o BioButton, um sensor novo do tamanho de uma moeda que fica fixado na pele 24 horas, sete dias por semana e utiliza algoritmos para detectar possíveis sinais da covid-19.

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Se essa vigilância contínua de estudantes, uma população jovem e saudável, é benéfica, isto não está claro. Os pesquisadores estão somente nas fases iniciais de estudo para saber se a tecnologia vestível ajudará a sinalizar sinais da doença.

David A. Stone, vice-presidente de pesquisa na Oakland University disse que a direção examinou cuidadosamente o BioButton e concluiu que é um dispositivo de baixo risco que, junto com o distanciamento social e o uso de máscaras, ajudará a impedir a propagação do vírus. A tecnologia emitirá sinal de alerta para o serviço de saúde do campus no caso de alunos com possíveis sintomas do vírus, mas não receberá dados específicos como leituras de temperatura.

“Num mundo ideal, gostaríamos de esperar até ter um diagnóstico e aprovação da FDA”, disse Stone.” Mas nada nesta pandemia tem a ver com um mundo ideal”, acrescentou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em Rochester, Michigan, a universidade de Oakland está se preparando para lançar aparelhos vestíveis, para os estudantes, que informam a temperatura da pele a cada minuto - ou mais de 1.400 vezes por dia - esperando com isto localizar os primeiros sinais do coronavírus.

Em Plano, no Texas, funcionários da Rent-A-Center recentemente começaram a usar detectores de proximidade que registram seus contatos mais próximos com outra pessoa e servem para alertá-los para uma possível exposição ao vírus.

Aparelho do BioButton usa algoritmos para tentar detectar os primeiros sinais de covid-19. Foto: BioIntelliSense, Inc. via The New York Times

E em Knoxville, os alunos que participam da equipe de futebol da Universidade do Tennessee usam rastreadores de proximidade nas ombreiras durante os jogos - o que permite que o médico do time monitore aqueles jogadores que ficaram mais de 15 minutos perto de um colega de equipe ou um membro do time rival.

Os novos e poderosos sistema de vigilância, dispositivos vestíveis que monitoram continuamente seu usuário, são os mais recentes gadgets de alta tecnologia na batalha para interceptar o coronavírus. Algumas ligas esportivas, fábricas e berçários já os usam. Os resorts se apressam para adotá-los. Algumas escolas começaram a experimentá-los. E o setor de conferências está de olho neles como uma ferramenta potencial que ajudaria a reabrir seus centros de convenção.

“Todos estão nos primeiros estágios disto”, disse Laura Becker, gerente de pesquisa focada na experiência do trabalhador na empresa de pesquisa de mercado Data Corp. “Se funcionar, o mercado poderá ser enorme porque todos desejam voltar a uma vida que pareça normal”.

Empresas e analistas do setor afirmam que os rastreadores vestíveis suprem uma lacuna importante na segurança na pandemia. Muitos empregadores e faculdades adotaram instrumentos de triagem como aplicativos de checagem de sintomas e câmeras de análise de temperatura. Mas eles não foram projetados para rastrear aqueles que podem nunca desenvolver sintomas como febre, que são estimados em 40% dos infectados.

Alguns escritórios também adotaram aplicativos de monitoramento de vírus que detectam a proximidade dos usuários. Mas os novos recursos vestíveis atendem um público diferente, em ambientes de trabalho como fábricas onde os trabalhadores não podem trazer seus celulares ou no caso de equipes esportivas cujos atletas passam algum tempo juntos.

No primeiro semestre, quando a infecção do coronavírus começou a aumentar, muitas equipes de futebol e basquete profissionais nos Estados Unidos já estavam usando a tecnologia de monitoramento de desempenho esportivo da Kinexon, empresa de Munique cujos sensores vestíveis rastreiam dados como velocidade e distância de um atleta. A companhia rapidamente adaptou seus aparelhos para a pandemia, lançando o SafeZone, um sistema que identifica contatos próximos entre jogadores e técnicos e emite uma luz de alerta se estão distantes a menos 1,8 metro. A NFL começou a exigir que jogadores, técnicos e funcionários utilizem esses rastreadores em setembro.

Os dados ajudaram a rastrear os contatos de 140 jogadores e pessoal da NFL que testaram positivo desde setembro, incluindo um surto no Tennessee Titans, disse o Dr. Thom Mayer, diretor médico da NFL Players Association. O sistema é particularmente útil para descartar pessoas que passaram menos de 15 minutos próximas de colegas infectados, disse ele.

Equipes de futebol universitário na Southeastern Conference também usam os monitores Kinexon. O Dr. Chris Klenck, que chefia a equipe médica na universidade do Tennessee, disse que os dados de proximidade ajudam as equipes a saber quando os atletas passam mais de 15 minutos reunidos. E descobriram que isto é raro no campo durante os jogos, mas frequente à margem do jogo.

“Conseguimos tabular os dados e a partir das informações pudemos identificar as pessoas que tiveram contato próximo com alguém positivo”, disse Klenck.

Especialistas em direitos civis e privacidade alertam que a difusão desses dispositivos vestíveis de monitoramento contínuo leva a novas formas de vigilância que sobreviverão à pandemia - e podem se introduzir no mundo real, similarmente ao monitoramento extensivo que empresas como Facebook e Google instituíram on-line. E alertam que alguns sensores vestíveis permitem que empregadores, universidades ou agências de polícia monitorem a localização das pessoas ou suas redes sociais, arrefecendo sua capacidade de se reunir e falar livremente. E dizem que os riscos dessa mineração de dados podem ser maiores no caso de certos trabalhadores ou estudantes, como imigrantes que vivem ilegalmente no país ou ativistas políticos.

“É assustadora a possibilidade desses dispositivos não comprovados e invasivos se tornarem uma condição para mantermos nossos empregos, para frequentarmos a escola ou participarmos da vida pública”, afirmou Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, grupo sem fins lucrativos de Manhattan. “E pior, nada impede que a polícia ou o ICE exijam que as escolas e empresas entreguem esses dados”.

Os executivos da Kinexon e outras empresas que comercializam os rastreadores vestíveis disseram em entrevistas que refletiram muito sobre os novos riscos de mineração de dados e que adotaram medidas para atenuá-los.

Os aparelhos da Microshare, empresa de analítica que produz sensores de detecção de proximidade, usam tecnologia Bluetooth para detectar e registrar pessoas que usaram os rastreadores e mantiveram um contato estreito com outra por mais de 10 ou 15 minutos. Mas o sistema não monitora constantemente a localização de um usuário, afirmou Ron Rock, diretor executivo da Microshare. E ela usa códigos ID, não os nomes reais do empregado para registrar os contatos próximos.

Ele acrescentou que o sistema foi projetado para gerentes de recursos humanos ou funcionários de segurança em empresas clientes usarem para identificar e alertar os empregados que passam um tempo perto de uma pessoa infectada, e não para mapear os contatos sociais do indivíduo.

A Oakland University, perto de Detroit, está na vanguarda das escolas e empresas se preparando para dar o salto para o BioButton, um sensor novo do tamanho de uma moeda que fica fixado na pele 24 horas, sete dias por semana e utiliza algoritmos para detectar possíveis sinais da covid-19.

Se essa vigilância contínua de estudantes, uma população jovem e saudável, é benéfica, isto não está claro. Os pesquisadores estão somente nas fases iniciais de estudo para saber se a tecnologia vestível ajudará a sinalizar sinais da doença.

David A. Stone, vice-presidente de pesquisa na Oakland University disse que a direção examinou cuidadosamente o BioButton e concluiu que é um dispositivo de baixo risco que, junto com o distanciamento social e o uso de máscaras, ajudará a impedir a propagação do vírus. A tecnologia emitirá sinal de alerta para o serviço de saúde do campus no caso de alunos com possíveis sintomas do vírus, mas não receberá dados específicos como leituras de temperatura.

“Num mundo ideal, gostaríamos de esperar até ter um diagnóstico e aprovação da FDA”, disse Stone.” Mas nada nesta pandemia tem a ver com um mundo ideal”, acrescentou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em Rochester, Michigan, a universidade de Oakland está se preparando para lançar aparelhos vestíveis, para os estudantes, que informam a temperatura da pele a cada minuto - ou mais de 1.400 vezes por dia - esperando com isto localizar os primeiros sinais do coronavírus.

Em Plano, no Texas, funcionários da Rent-A-Center recentemente começaram a usar detectores de proximidade que registram seus contatos mais próximos com outra pessoa e servem para alertá-los para uma possível exposição ao vírus.

Aparelho do BioButton usa algoritmos para tentar detectar os primeiros sinais de covid-19. Foto: BioIntelliSense, Inc. via The New York Times

E em Knoxville, os alunos que participam da equipe de futebol da Universidade do Tennessee usam rastreadores de proximidade nas ombreiras durante os jogos - o que permite que o médico do time monitore aqueles jogadores que ficaram mais de 15 minutos perto de um colega de equipe ou um membro do time rival.

Os novos e poderosos sistema de vigilância, dispositivos vestíveis que monitoram continuamente seu usuário, são os mais recentes gadgets de alta tecnologia na batalha para interceptar o coronavírus. Algumas ligas esportivas, fábricas e berçários já os usam. Os resorts se apressam para adotá-los. Algumas escolas começaram a experimentá-los. E o setor de conferências está de olho neles como uma ferramenta potencial que ajudaria a reabrir seus centros de convenção.

“Todos estão nos primeiros estágios disto”, disse Laura Becker, gerente de pesquisa focada na experiência do trabalhador na empresa de pesquisa de mercado Data Corp. “Se funcionar, o mercado poderá ser enorme porque todos desejam voltar a uma vida que pareça normal”.

Empresas e analistas do setor afirmam que os rastreadores vestíveis suprem uma lacuna importante na segurança na pandemia. Muitos empregadores e faculdades adotaram instrumentos de triagem como aplicativos de checagem de sintomas e câmeras de análise de temperatura. Mas eles não foram projetados para rastrear aqueles que podem nunca desenvolver sintomas como febre, que são estimados em 40% dos infectados.

Alguns escritórios também adotaram aplicativos de monitoramento de vírus que detectam a proximidade dos usuários. Mas os novos recursos vestíveis atendem um público diferente, em ambientes de trabalho como fábricas onde os trabalhadores não podem trazer seus celulares ou no caso de equipes esportivas cujos atletas passam algum tempo juntos.

No primeiro semestre, quando a infecção do coronavírus começou a aumentar, muitas equipes de futebol e basquete profissionais nos Estados Unidos já estavam usando a tecnologia de monitoramento de desempenho esportivo da Kinexon, empresa de Munique cujos sensores vestíveis rastreiam dados como velocidade e distância de um atleta. A companhia rapidamente adaptou seus aparelhos para a pandemia, lançando o SafeZone, um sistema que identifica contatos próximos entre jogadores e técnicos e emite uma luz de alerta se estão distantes a menos 1,8 metro. A NFL começou a exigir que jogadores, técnicos e funcionários utilizem esses rastreadores em setembro.

Os dados ajudaram a rastrear os contatos de 140 jogadores e pessoal da NFL que testaram positivo desde setembro, incluindo um surto no Tennessee Titans, disse o Dr. Thom Mayer, diretor médico da NFL Players Association. O sistema é particularmente útil para descartar pessoas que passaram menos de 15 minutos próximas de colegas infectados, disse ele.

Equipes de futebol universitário na Southeastern Conference também usam os monitores Kinexon. O Dr. Chris Klenck, que chefia a equipe médica na universidade do Tennessee, disse que os dados de proximidade ajudam as equipes a saber quando os atletas passam mais de 15 minutos reunidos. E descobriram que isto é raro no campo durante os jogos, mas frequente à margem do jogo.

“Conseguimos tabular os dados e a partir das informações pudemos identificar as pessoas que tiveram contato próximo com alguém positivo”, disse Klenck.

Especialistas em direitos civis e privacidade alertam que a difusão desses dispositivos vestíveis de monitoramento contínuo leva a novas formas de vigilância que sobreviverão à pandemia - e podem se introduzir no mundo real, similarmente ao monitoramento extensivo que empresas como Facebook e Google instituíram on-line. E alertam que alguns sensores vestíveis permitem que empregadores, universidades ou agências de polícia monitorem a localização das pessoas ou suas redes sociais, arrefecendo sua capacidade de se reunir e falar livremente. E dizem que os riscos dessa mineração de dados podem ser maiores no caso de certos trabalhadores ou estudantes, como imigrantes que vivem ilegalmente no país ou ativistas políticos.

“É assustadora a possibilidade desses dispositivos não comprovados e invasivos se tornarem uma condição para mantermos nossos empregos, para frequentarmos a escola ou participarmos da vida pública”, afirmou Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, grupo sem fins lucrativos de Manhattan. “E pior, nada impede que a polícia ou o ICE exijam que as escolas e empresas entreguem esses dados”.

Os executivos da Kinexon e outras empresas que comercializam os rastreadores vestíveis disseram em entrevistas que refletiram muito sobre os novos riscos de mineração de dados e que adotaram medidas para atenuá-los.

Os aparelhos da Microshare, empresa de analítica que produz sensores de detecção de proximidade, usam tecnologia Bluetooth para detectar e registrar pessoas que usaram os rastreadores e mantiveram um contato estreito com outra por mais de 10 ou 15 minutos. Mas o sistema não monitora constantemente a localização de um usuário, afirmou Ron Rock, diretor executivo da Microshare. E ela usa códigos ID, não os nomes reais do empregado para registrar os contatos próximos.

Ele acrescentou que o sistema foi projetado para gerentes de recursos humanos ou funcionários de segurança em empresas clientes usarem para identificar e alertar os empregados que passam um tempo perto de uma pessoa infectada, e não para mapear os contatos sociais do indivíduo.

A Oakland University, perto de Detroit, está na vanguarda das escolas e empresas se preparando para dar o salto para o BioButton, um sensor novo do tamanho de uma moeda que fica fixado na pele 24 horas, sete dias por semana e utiliza algoritmos para detectar possíveis sinais da covid-19.

Se essa vigilância contínua de estudantes, uma população jovem e saudável, é benéfica, isto não está claro. Os pesquisadores estão somente nas fases iniciais de estudo para saber se a tecnologia vestível ajudará a sinalizar sinais da doença.

David A. Stone, vice-presidente de pesquisa na Oakland University disse que a direção examinou cuidadosamente o BioButton e concluiu que é um dispositivo de baixo risco que, junto com o distanciamento social e o uso de máscaras, ajudará a impedir a propagação do vírus. A tecnologia emitirá sinal de alerta para o serviço de saúde do campus no caso de alunos com possíveis sintomas do vírus, mas não receberá dados específicos como leituras de temperatura.

“Num mundo ideal, gostaríamos de esperar até ter um diagnóstico e aprovação da FDA”, disse Stone.” Mas nada nesta pandemia tem a ver com um mundo ideal”, acrescentou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em Rochester, Michigan, a universidade de Oakland está se preparando para lançar aparelhos vestíveis, para os estudantes, que informam a temperatura da pele a cada minuto - ou mais de 1.400 vezes por dia - esperando com isto localizar os primeiros sinais do coronavírus.

Em Plano, no Texas, funcionários da Rent-A-Center recentemente começaram a usar detectores de proximidade que registram seus contatos mais próximos com outra pessoa e servem para alertá-los para uma possível exposição ao vírus.

Aparelho do BioButton usa algoritmos para tentar detectar os primeiros sinais de covid-19. Foto: BioIntelliSense, Inc. via The New York Times

E em Knoxville, os alunos que participam da equipe de futebol da Universidade do Tennessee usam rastreadores de proximidade nas ombreiras durante os jogos - o que permite que o médico do time monitore aqueles jogadores que ficaram mais de 15 minutos perto de um colega de equipe ou um membro do time rival.

Os novos e poderosos sistema de vigilância, dispositivos vestíveis que monitoram continuamente seu usuário, são os mais recentes gadgets de alta tecnologia na batalha para interceptar o coronavírus. Algumas ligas esportivas, fábricas e berçários já os usam. Os resorts se apressam para adotá-los. Algumas escolas começaram a experimentá-los. E o setor de conferências está de olho neles como uma ferramenta potencial que ajudaria a reabrir seus centros de convenção.

“Todos estão nos primeiros estágios disto”, disse Laura Becker, gerente de pesquisa focada na experiência do trabalhador na empresa de pesquisa de mercado Data Corp. “Se funcionar, o mercado poderá ser enorme porque todos desejam voltar a uma vida que pareça normal”.

Empresas e analistas do setor afirmam que os rastreadores vestíveis suprem uma lacuna importante na segurança na pandemia. Muitos empregadores e faculdades adotaram instrumentos de triagem como aplicativos de checagem de sintomas e câmeras de análise de temperatura. Mas eles não foram projetados para rastrear aqueles que podem nunca desenvolver sintomas como febre, que são estimados em 40% dos infectados.

Alguns escritórios também adotaram aplicativos de monitoramento de vírus que detectam a proximidade dos usuários. Mas os novos recursos vestíveis atendem um público diferente, em ambientes de trabalho como fábricas onde os trabalhadores não podem trazer seus celulares ou no caso de equipes esportivas cujos atletas passam algum tempo juntos.

No primeiro semestre, quando a infecção do coronavírus começou a aumentar, muitas equipes de futebol e basquete profissionais nos Estados Unidos já estavam usando a tecnologia de monitoramento de desempenho esportivo da Kinexon, empresa de Munique cujos sensores vestíveis rastreiam dados como velocidade e distância de um atleta. A companhia rapidamente adaptou seus aparelhos para a pandemia, lançando o SafeZone, um sistema que identifica contatos próximos entre jogadores e técnicos e emite uma luz de alerta se estão distantes a menos 1,8 metro. A NFL começou a exigir que jogadores, técnicos e funcionários utilizem esses rastreadores em setembro.

Os dados ajudaram a rastrear os contatos de 140 jogadores e pessoal da NFL que testaram positivo desde setembro, incluindo um surto no Tennessee Titans, disse o Dr. Thom Mayer, diretor médico da NFL Players Association. O sistema é particularmente útil para descartar pessoas que passaram menos de 15 minutos próximas de colegas infectados, disse ele.

Equipes de futebol universitário na Southeastern Conference também usam os monitores Kinexon. O Dr. Chris Klenck, que chefia a equipe médica na universidade do Tennessee, disse que os dados de proximidade ajudam as equipes a saber quando os atletas passam mais de 15 minutos reunidos. E descobriram que isto é raro no campo durante os jogos, mas frequente à margem do jogo.

“Conseguimos tabular os dados e a partir das informações pudemos identificar as pessoas que tiveram contato próximo com alguém positivo”, disse Klenck.

Especialistas em direitos civis e privacidade alertam que a difusão desses dispositivos vestíveis de monitoramento contínuo leva a novas formas de vigilância que sobreviverão à pandemia - e podem se introduzir no mundo real, similarmente ao monitoramento extensivo que empresas como Facebook e Google instituíram on-line. E alertam que alguns sensores vestíveis permitem que empregadores, universidades ou agências de polícia monitorem a localização das pessoas ou suas redes sociais, arrefecendo sua capacidade de se reunir e falar livremente. E dizem que os riscos dessa mineração de dados podem ser maiores no caso de certos trabalhadores ou estudantes, como imigrantes que vivem ilegalmente no país ou ativistas políticos.

“É assustadora a possibilidade desses dispositivos não comprovados e invasivos se tornarem uma condição para mantermos nossos empregos, para frequentarmos a escola ou participarmos da vida pública”, afirmou Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, grupo sem fins lucrativos de Manhattan. “E pior, nada impede que a polícia ou o ICE exijam que as escolas e empresas entreguem esses dados”.

Os executivos da Kinexon e outras empresas que comercializam os rastreadores vestíveis disseram em entrevistas que refletiram muito sobre os novos riscos de mineração de dados e que adotaram medidas para atenuá-los.

Os aparelhos da Microshare, empresa de analítica que produz sensores de detecção de proximidade, usam tecnologia Bluetooth para detectar e registrar pessoas que usaram os rastreadores e mantiveram um contato estreito com outra por mais de 10 ou 15 minutos. Mas o sistema não monitora constantemente a localização de um usuário, afirmou Ron Rock, diretor executivo da Microshare. E ela usa códigos ID, não os nomes reais do empregado para registrar os contatos próximos.

Ele acrescentou que o sistema foi projetado para gerentes de recursos humanos ou funcionários de segurança em empresas clientes usarem para identificar e alertar os empregados que passam um tempo perto de uma pessoa infectada, e não para mapear os contatos sociais do indivíduo.

A Oakland University, perto de Detroit, está na vanguarda das escolas e empresas se preparando para dar o salto para o BioButton, um sensor novo do tamanho de uma moeda que fica fixado na pele 24 horas, sete dias por semana e utiliza algoritmos para detectar possíveis sinais da covid-19.

Se essa vigilância contínua de estudantes, uma população jovem e saudável, é benéfica, isto não está claro. Os pesquisadores estão somente nas fases iniciais de estudo para saber se a tecnologia vestível ajudará a sinalizar sinais da doença.

David A. Stone, vice-presidente de pesquisa na Oakland University disse que a direção examinou cuidadosamente o BioButton e concluiu que é um dispositivo de baixo risco que, junto com o distanciamento social e o uso de máscaras, ajudará a impedir a propagação do vírus. A tecnologia emitirá sinal de alerta para o serviço de saúde do campus no caso de alunos com possíveis sintomas do vírus, mas não receberá dados específicos como leituras de temperatura.

“Num mundo ideal, gostaríamos de esperar até ter um diagnóstico e aprovação da FDA”, disse Stone.” Mas nada nesta pandemia tem a ver com um mundo ideal”, acrescentou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Em Rochester, Michigan, a universidade de Oakland está se preparando para lançar aparelhos vestíveis, para os estudantes, que informam a temperatura da pele a cada minuto - ou mais de 1.400 vezes por dia - esperando com isto localizar os primeiros sinais do coronavírus.

Em Plano, no Texas, funcionários da Rent-A-Center recentemente começaram a usar detectores de proximidade que registram seus contatos mais próximos com outra pessoa e servem para alertá-los para uma possível exposição ao vírus.

Aparelho do BioButton usa algoritmos para tentar detectar os primeiros sinais de covid-19. Foto: BioIntelliSense, Inc. via The New York Times

E em Knoxville, os alunos que participam da equipe de futebol da Universidade do Tennessee usam rastreadores de proximidade nas ombreiras durante os jogos - o que permite que o médico do time monitore aqueles jogadores que ficaram mais de 15 minutos perto de um colega de equipe ou um membro do time rival.

Os novos e poderosos sistema de vigilância, dispositivos vestíveis que monitoram continuamente seu usuário, são os mais recentes gadgets de alta tecnologia na batalha para interceptar o coronavírus. Algumas ligas esportivas, fábricas e berçários já os usam. Os resorts se apressam para adotá-los. Algumas escolas começaram a experimentá-los. E o setor de conferências está de olho neles como uma ferramenta potencial que ajudaria a reabrir seus centros de convenção.

“Todos estão nos primeiros estágios disto”, disse Laura Becker, gerente de pesquisa focada na experiência do trabalhador na empresa de pesquisa de mercado Data Corp. “Se funcionar, o mercado poderá ser enorme porque todos desejam voltar a uma vida que pareça normal”.

Empresas e analistas do setor afirmam que os rastreadores vestíveis suprem uma lacuna importante na segurança na pandemia. Muitos empregadores e faculdades adotaram instrumentos de triagem como aplicativos de checagem de sintomas e câmeras de análise de temperatura. Mas eles não foram projetados para rastrear aqueles que podem nunca desenvolver sintomas como febre, que são estimados em 40% dos infectados.

Alguns escritórios também adotaram aplicativos de monitoramento de vírus que detectam a proximidade dos usuários. Mas os novos recursos vestíveis atendem um público diferente, em ambientes de trabalho como fábricas onde os trabalhadores não podem trazer seus celulares ou no caso de equipes esportivas cujos atletas passam algum tempo juntos.

No primeiro semestre, quando a infecção do coronavírus começou a aumentar, muitas equipes de futebol e basquete profissionais nos Estados Unidos já estavam usando a tecnologia de monitoramento de desempenho esportivo da Kinexon, empresa de Munique cujos sensores vestíveis rastreiam dados como velocidade e distância de um atleta. A companhia rapidamente adaptou seus aparelhos para a pandemia, lançando o SafeZone, um sistema que identifica contatos próximos entre jogadores e técnicos e emite uma luz de alerta se estão distantes a menos 1,8 metro. A NFL começou a exigir que jogadores, técnicos e funcionários utilizem esses rastreadores em setembro.

Os dados ajudaram a rastrear os contatos de 140 jogadores e pessoal da NFL que testaram positivo desde setembro, incluindo um surto no Tennessee Titans, disse o Dr. Thom Mayer, diretor médico da NFL Players Association. O sistema é particularmente útil para descartar pessoas que passaram menos de 15 minutos próximas de colegas infectados, disse ele.

Equipes de futebol universitário na Southeastern Conference também usam os monitores Kinexon. O Dr. Chris Klenck, que chefia a equipe médica na universidade do Tennessee, disse que os dados de proximidade ajudam as equipes a saber quando os atletas passam mais de 15 minutos reunidos. E descobriram que isto é raro no campo durante os jogos, mas frequente à margem do jogo.

“Conseguimos tabular os dados e a partir das informações pudemos identificar as pessoas que tiveram contato próximo com alguém positivo”, disse Klenck.

Especialistas em direitos civis e privacidade alertam que a difusão desses dispositivos vestíveis de monitoramento contínuo leva a novas formas de vigilância que sobreviverão à pandemia - e podem se introduzir no mundo real, similarmente ao monitoramento extensivo que empresas como Facebook e Google instituíram on-line. E alertam que alguns sensores vestíveis permitem que empregadores, universidades ou agências de polícia monitorem a localização das pessoas ou suas redes sociais, arrefecendo sua capacidade de se reunir e falar livremente. E dizem que os riscos dessa mineração de dados podem ser maiores no caso de certos trabalhadores ou estudantes, como imigrantes que vivem ilegalmente no país ou ativistas políticos.

“É assustadora a possibilidade desses dispositivos não comprovados e invasivos se tornarem uma condição para mantermos nossos empregos, para frequentarmos a escola ou participarmos da vida pública”, afirmou Albert Fox Cahn, diretor executivo do Surveillance Technology Oversight Project, grupo sem fins lucrativos de Manhattan. “E pior, nada impede que a polícia ou o ICE exijam que as escolas e empresas entreguem esses dados”.

Os executivos da Kinexon e outras empresas que comercializam os rastreadores vestíveis disseram em entrevistas que refletiram muito sobre os novos riscos de mineração de dados e que adotaram medidas para atenuá-los.

Os aparelhos da Microshare, empresa de analítica que produz sensores de detecção de proximidade, usam tecnologia Bluetooth para detectar e registrar pessoas que usaram os rastreadores e mantiveram um contato estreito com outra por mais de 10 ou 15 minutos. Mas o sistema não monitora constantemente a localização de um usuário, afirmou Ron Rock, diretor executivo da Microshare. E ela usa códigos ID, não os nomes reais do empregado para registrar os contatos próximos.

Ele acrescentou que o sistema foi projetado para gerentes de recursos humanos ou funcionários de segurança em empresas clientes usarem para identificar e alertar os empregados que passam um tempo perto de uma pessoa infectada, e não para mapear os contatos sociais do indivíduo.

A Oakland University, perto de Detroit, está na vanguarda das escolas e empresas se preparando para dar o salto para o BioButton, um sensor novo do tamanho de uma moeda que fica fixado na pele 24 horas, sete dias por semana e utiliza algoritmos para detectar possíveis sinais da covid-19.

Se essa vigilância contínua de estudantes, uma população jovem e saudável, é benéfica, isto não está claro. Os pesquisadores estão somente nas fases iniciais de estudo para saber se a tecnologia vestível ajudará a sinalizar sinais da doença.

David A. Stone, vice-presidente de pesquisa na Oakland University disse que a direção examinou cuidadosamente o BioButton e concluiu que é um dispositivo de baixo risco que, junto com o distanciamento social e o uso de máscaras, ajudará a impedir a propagação do vírus. A tecnologia emitirá sinal de alerta para o serviço de saúde do campus no caso de alunos com possíveis sintomas do vírus, mas não receberá dados específicos como leituras de temperatura.

“Num mundo ideal, gostaríamos de esperar até ter um diagnóstico e aprovação da FDA”, disse Stone.” Mas nada nesta pandemia tem a ver com um mundo ideal”, acrescentou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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