A roupa de Steve Jobs e o que ela diz sobre ele
A escolha foi feita em 1998 e mantida até a última apresentação de produto, em junho de 2011. Calça jeans, blusa de gola rolê preta e tênis. Como tudo o que está relacionado a Steve Jobs, seu vestuário virou símbolo – e a procura pelos suéteres pretos da marca escolhida por ele dobrou de quarta-feira para cá.
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O traje repetido facilita a criação do ícone. Jobs não deixou para os editores de foto a escolha da roupa com a qual sua figura seria imortalizada. Ao mesmo tempo, a repetição permitiu que o mundo acompanhasse, ano a ano, o avanço de seu abatimento.
A dupla calça jeans e blusa preta segue a lógica de tudo que Steve Jobs lançou. É o mínimo, é rigorosamente normal e, ao mesmo tempo, é único. Tudo que está relacionado a Jobs tem essa cara de algo muito óbvio, “como ninguém pensou nisso antes”, mas, é isso, ninguém tinha pensado mesmo.
No livro Adorned in Dreams (Enfeitada de Sonhos, inédito no Brasil, com edição em português pela Edições 70), Elizabeth Wilson diz o seguinte: “Vestir à moda implica uma pessoa destacar-se e, simultaneamente, fundir-se na multidão, reivindicar o exclusivo e seguir o rebanho”.
Poucas pessoas entenderam essa linha que une o exclusivo e a massa como Jobs. E poucos souberam costurar tantas coisas usando essa linha. Ela está em todos esses aparelhos que todo mundo tem, mas que, mesmo assim, fazem que seus donos sintam-se especiais. Está na marca da Apple: é só uma maçã, que está por aí desde Adão e Eva, passando pela Branca de Neve e pelos Beatles. E está na calça jeans – nem skinny nem boca-de-sino, apenas uma calça jeans. Na blusa preta de gola rolê. No tênis de corrida, no óculos de armação redonda e aro fino.
Tudo que qualquer pessoa pode ter. Tudo que ninguém nunca mais vai ter. Muito simples, quase essencial. Absolutamente exclusivo e totalmente de rebanho.
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