Poucas áreas avançam tão rapidamente quanto a ciência e tecnologia. Acompanhar as novidades não é uma tarefa fácil, principalmente considerando-se que cerca de 2 mil artigos científicos são publicados todos os dias.
Uma estratégia para filtrar tanta informação é pelo uso de plataformas digitais e redes sociais voltadas para a disseminação de conhecimento, como o X (antigo Twitter). Essas plataformas possibilitam que pesquisadores, estudantes e profissionais sigam os principais cientistas da sua área e identifiquem, quase em tempo real, os resultados mais recentes e relevantes.
Por meio dessas redes, é também possível acessar discussões científicas, participar de webinars, e se engajar em debates que moldam o futuro da pesquisa. Na ausência de uma rede social específica para cientistas, os pesquisadores têm utilizado o X em grande número. Segundo uma pesquisa da revista Nature, cerca de 50% dos cientistas estão no X.
Leia Também:
Bloquear o X neste momento representa uma barreira significativa ao progresso científico do país. Os cientistas brasileiros, já enfrentando desafios como restrições orçamentárias e falta de infraestrutura adequada, verão suas oportunidades de interação com a comunidade científica global significativamente reduzidas.
O atual bloqueio é especialmente problemático em áreas dinâmicas como machine learning e inteligência artificial (IA), onde novas técnicas e descobertas são constantemente compartilhadas. A desconexão dessas redes prejudicará a aplicação de novas tecnologias e metodologias no Brasil, comprometendo a competitividade do país em um cenário internacional cada vez mais baseado em inovação e tecnologia.
O combate rigoroso a novas tentativas de golpe de estado é necessário e inegociável. No entanto, é difícil justificar a imposição de restrições ao acesso ao conhecimento enquanto os principais líderes da tentativa de golpe seguem circulando livremente pelo País. Essa situação não apenas enfraquece a ciência e o desenvolvimento intelectual do país, mas também revela uma postura contraditória: em vez de fortalecer as instituições democráticas, sacrifica-se o progresso e o acesso ao conhecimento.
Quanto mais a população tem acesso a ciência e inovação, menor é a chance de que se tornem vulneráveis a discursos golpistas e de ódio. Restringir essas fontes de conhecimento não só prejudica o avanço tecnológico, mas também perpetua a desinformação, enfraquecendo a democracia e o futuro do País.