A nova face de Mark Zuckerberg: fundador da Meta chega aos 40 com virada na imagem


De gênio precoce a vilão das redes sociais, o criador do Facebook completa 40 anos, dos quais 20 foram na liderança de uma das empresas mais valiosas do mundo

Por Bruna Arimathea

No mundo da tecnologia, não existe nenhum CEO que seja vilão ou mocinho o tempo todo. Mark Zuckerberg, criador do Facebook e presidente da Meta, já esteve dos dois lados da história. Prestes a completar 40 anos nesta semana, ele foi de gênio precoce a uma das figuras mais odiadas do mundo. Agora, o americano parece estar em uma mudança para uma personalidade mais jovial, que acompanha o retorno da Meta aos bons ventos e a volta do próprio bilionário ao topo das pessoas mais ricas do mundo.

Nos últimos meses, o CEO da Meta tem aparecido de uma forma mais descontraída do que nos anos que o consagraram como o rosto do Facebook: cabelos mais compridos, roupas mais descoladas e uma corrente no pescoço agora fazem parte do look do bilionário. Tudo parece ser uma espécie de banho de loja na marca do executivo, que passou os últimos anos quase sempre dentro de ternos e respondendo a longas perguntas do judiciário americano.

“Ele estrategicamente, com a ajuda de outros, tentou mudar sua marca ou, certamente, evoluiu como personagem e como pessoa, passando por muitas coisas pelas quais a empresa passou”, explica o analista de redes sociais Matt Navarra em entrevista ao Estadão.

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Perto dos 40, Zuckerberg é o quarto homem mais rico do mundo com o império que construiu com o Facebook Foto: Sean M. Haffey/AFP

Mas não é apenas a aparência de Zuckerberg que se renovou em 2024: em 14 de maio, próxima terça-feira, o executivo completa 40 anos, sendo 20 deles à frente de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. E, agora, ele parece não precisar mais se explicar qual o seu papel no meio dos magnatas do Vale do Silício.

“Ele não tem mais que provar algo sobre ser um cara mais jovem que dirige uma empresa de rede social. Ele pode aparecer diante do Congresso e não parecer que tem metade ou um terço da idade deles”, afirma o professor Andrew Przybylski, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao Estadão.

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O momento também reflete os bons números da Meta, que voltou a crescer depois de um dos períodos mais difíceis de sua história. Em 2022, a empresa perdeu usuários pela primeira vez, acompanhada de uma queda de US$ 730 bilhões em valor de mercado em apenas 13 meses. Na época, Zuckerberg perdeu mais de US$ 71 bilhões dias após a divulgação do balanço financeiro que revelou o mau momento do Facebook.

É um capítulo que também ficou no passado. A gigante retomou o crescimento e aumentou sua receita em mais de 110% em relação ao ano passado, segundo o relatório financeiro divulgado pela companhia em abril deste ano. Na mesma esteira, a fortuna pessoal de Zuckerberg passou de pouco mais de US$ 35 bilhões, valor resultante da queda das ações da Meta em 2022, para US$166,8 bilhões, de acordo com a revista Forbes. O montante o coloca como o quarto homem mais rico do mundo.

Além dos resultados financeiros e do banho de loja, a entrada de Elon Musk como um CEO de uma empresa de rede social também ajudou a suavizar a imagem de Zuckerberg. Enquanto o dono do Twitter arrebatou a atenção da mídia com demissões, mudanças de nome, controvérsias e ativismo político, Zuckerberg se retirou da cena pública e se colocou em uma posição em que acatar decisões e não fazer alarde era a melhor estratégia.

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Na internet, após os dois bilionários se desafiarem para um duelo de luta livre, memes sobre como o dono do Facebook se tornou o “salvador da pátria” estouraram, mostrando um lado surpreendentemente popular de Zuckerberg.

Mocinho de filme

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A história conhecida de que Zuck fundou o Facebook em seu dormitório em Harvard, em 2004, virou a ideia central do filme “A Rede Social”, estrelado por Jesse Eisenberg. A trama de um jovem - quase adolescente - criar uma plataforma que em poucos anos valeria milhões era o enredo perfeito para uma ficção.

Nos anos seguintes, com a abertura do Facebook para a comunidade fora de Harvard, a rede social cresceu rapidamente em número de investidores e usuários e, na época em que o filme foi lançado, em 2010, a plataforma já contava com 500 milhões de usuários e investimentos de Peter Thiel, Kevin Efrusy e até da Microsoft.

“Ele começou a empresa em seu dormitório no início dos anos 2000 que se tornou rapidamente uma plataforma multibilionária, com bilhões de usuários em todo o mundo, e que hoje é a rede social mais dominante, mais popular, mais usada e mais lucrativa do mercado”, aponta Navarra.

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Mas o Facebook, assim como o seu jovem fundador, cresceu nos anos seguintes e se tornou mais ambicioso em seus objetivos. Para Paul Barrett, professor da Universidade de Nova York (NYU), um dos principais erros de Zuckerberg no período foi manter o controle da companhia mesmo com certa inexperiência para os negócios - o que trouxe consequências para o próprio executivo nos anos seguintes.

“Ele teve uma grande ideia que acabou se tornando altamente lucrativa. Mas, em vez de passar as rédeas para um gerente mais competente quando sua empresa cresceu em proporções enormes, ele manteve o controle. Ele demonstrou não perceber que a invenção que ele tanto valoriza teve sérios efeitos colaterais deletérios para os usuários e para a sociedade em geral”, afirma Barrett ao Estadão.

A segunda parte da história da Meta, na qual Zuckerberg simboliza a deterioração da sociedade por meio da tecnologia, também pode virar filme.

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Em abril deste ano, o roteirista e diretor Aaron Sorkin afirmou que “A Rede Social” pode ter continuação. Segundo ele, a ideia é mostrar como o Facebook influenciou a invasão do Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por membros da extrema direita dos EUA. “Sim. Eu estou escrevendo sobre isso. E eu culpo o Facebook pelo que aconteceu em 6 de janeiro”, declarou em entrevista ao podcast The Town.

Vilão da tecnologia

O caso americano é apenas um de uma série de episódios que colocaram Zuckerberg como o maior vilão da tecnologia nos últimos anos. Resultado: o CEO inaugurou também a era das sabatinas com gigantes de tecnologia na justiça americana.

Em 2018, o bilionário participou de uma audiência no Congresso americano que durou mais de 10 horas, respondendo perguntas sobre o caso Cambridge Analytica, quando dados de 87 milhões de usuários do Facebook foram repassados para uma empresa britânica a serviço da campanha de Donald Trump em 2016.

A partir de então, executivos como Sundar Pichai, do Google, Jack Dorsey, antigo dono do Twitter, e Adam Mosseri, presidente do Instagram, entraram na mira da justiça americana e participaram de audiências convocadas pelo Senado ou pelo Congresso.

Mark Zuckerberg testemunhou, no final de janeiro, em uma audiência no Senado sobre a crise envolvendo Big Techs e exploração sexual infantil online  Foto: Brendan SMIALOWSKI/AFP

Ninguém foi tão requisitado, porém, quanto Zuckerberg. “Ele esteve no controle em um momento de atenção muito positiva e muito negativa para as Big Techs. Para muitas pessoas, ele é o primeiro a representar nossas esperanças e ansiedades em relação à tecnologia”, explica Przybylski.

“Eu diria que os muitos escândalos ocorridos sob a liderança de Zuckerberg não afetaram sua abordagem à liderança da Meta. Ele e sua equipe tratam esses eventos como incêndios de relações públicas que precisam ser apagados, dizendo as coisas certas em público e prometendo fazer melhor. Depois, eles voltam a fazer as coisas como sempre fizeram, priorizando o crescimento, a receita e os lucros em vez de promover a segurança, mitigar os danos e proteger a sociedade em geral”, afirma Barrett.

Um dos últimos “delírios” de Zuckerberg com a tecnologia foi o metaverso, conceito que fez o bilionário trocar o nome da empresa para Meta. Sob a nova alcunha desde 2021, a Meta tem usado o empenho pessoal de Zuckerberg para alavancar um universo de realidade mista no metaverso, onde o CEO já apareceu surfando, lutando esgrima e fazendo reuniões.

A divisão, porém, não tem dado lucros para a empresa. Pelo contrário: o setor já perdeu mais de US$ 45 bilhões desde que começou a prestar contas no relatório financeiro da Meta, no final de 2020. E isso afetou a credibilidade do executivo como visionário da tecnologia.

“Zuckerberg se preocupa muito em transformar a tecnologia imersiva 3D em um negócio lucrativo. É por isso que ele mudou o nome de sua empresa e investiu bilhões no desenvolvimento do metaverso. A imersão em 3D não se mostrou um sucesso financeiro para a Meta. Mas duvido que Zuckerberg tenha desistido da ideia. Por um lado, a popularidade dos jogos online, um setor enorme por si só, mostra que a tecnologia imersiva em 3D pode ser atraente”, afirma Barrett.

Com a nova reforma da imagem, Zuckerberg não apenas tenta deixar para trás a era do vilão da tecnologia como também surge como um dos líderes em IA, área que ajudou a impulsionar os resultados recentes da Meta.

Nova imagem não esconde velhos problemas

Os problemas da Meta, porém, não acabaram. Apesar da fase mais “good vibes” de Zuckerberg, a empresa ainda enfrenta investigações na Justiça americana e da União Europeia por conta de suas plataformas, principalmente com o Instagram. A rede social de fotos é considerada nociva para crianças e adolescentes e os expõem a condições de baixa autoestima, bullying e abusos, prejudicando a saúde mental dos usuários menores de idade.

No final de janeiro deste ano, o Senado americano acusou Zuckerberg de não agir em defesa de adolescentes nas plataformas, acrescentando que “seu produto está matando pessoas”.

O bilionário foi pressionado a pedir desculpas para os familiares de vítimas de abuso infantil online que estavam assistindo a audiencia do Comitê Judiciário sobre segurança infantil. Parentes das crianças mortas seguravam cartazes com fotos de seus entes queridos.

“Sinto muito por tudo o que vocês passaram”, disse Zuckerberg, virando-se de costas para o painel bipartidário de senadores. “Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram”.

Para alguns especialistas, a atitude de Zuckerberg ainda reflete os interesses de um executivo que quer levar sua empresa ao máximo da lucratividade no mercado de tecnologia.

“Como presidente do conselho, CEO e efetivamente o acionista controlador, ele prioriza o crescimento, a receita e o lucro da Meta. Quando esses valores entram em conflito com propostas para atenuar os efeitos colaterais prejudiciais dos serviços da empresa, ele os protege”, aponta Barrett.

IA vira ponto de retomada para Zuckerberg

Apesar da cena no Senado americano, o ano de 2024 tem sido marcado como um ponto de virada para Zuck. Somente no último trimestre, o crescimento da sua fortuna, os eventos públicos e os investimentos em IA ajudaram a dar um salto na imagem - e na tranquilidade - do bilionário.

O esforço no desenvolvimento de inteligência artificial surgiu para colocar a Meta na concorrência pelo mercado da tecnologia e para deixar o CEO com melhores alternativas ao metaverso. A companhia está unificando dois laboratórios de inteligência artificial da empresa para acelerar as pesquisas no campo de IA: o Fundamental AI Research (FAIR, na sigla) e o GenAI, criado no final do ano passado para desenvolver produtos para os serviços da empresa.

Fã de luta, Zuckerberg agora treina jiu jitsu e faz aparições nos octógonos para assistir lutadores famosos - alguns dos quais se tornaram seus amigos e, em parte, treinadores. Um dos últimos eventos em que o bilionário marcou presença foi uma noite de lutas de UFC, em que posou ao lado de Dana White, presidente da liga, e do lutador brasileiro Alex Pereira.

“Ele está interessado em lutas de MMA, ele está interessado em surfe e outras coisas. Ele mostra que ele não é apenas o Facebook, há mais em quem ele é do que apenas a empresa e a marca”, aponta Navarra.

No Havaí, onde mora com a esposa Priscilla Chan e as três filhas, August, Max e a recém-nascida Aurelia, o bilionário está construindo uma mansão que promete ser autossuficiente em energia e alimentos, com 30 banheiros, portas anti-explosão e um bunker. O empreendimento tem tamanho de 5,6 km² (equivalente a 30 Maracanãs) e preço de US$ 270 milhões, de acordo com a revista Wired.

Ainda no Havaí, o empresário está trabalhando na criação de gado — o Wagyu, conhecido por ter a carne mais cara do mundo. A ideia do bilionário é fazer toda a criação em sua fazenda, contando inclusive com ajuda de suas filhas.

“Comecei a criar gado no Ko’olau Ranch, em Kauai, e meu objetivo é criar uma carne bovina da mais alta qualidade do mundo. O gado é wagyu e angus, e eles crescerão comendo farinha de macadâmia e bebendo cerveja que cultivamos e produzimos aqui no rancho”, explicou o criador do Facebook pelo Instagram.

De um jeito ou de outro, Mark Zuckerberg inaugura seus 40 anos vivendo o que há de melhor e de pior no mundo da tecnologia dos últimos anos - e não há sinais de que isso deva mudar mesmo com um novo ciclo se aproximando.

“Acho que ele se tornou muito mais pessoal, acessível, mais próximo do homem comum - para uma pessoa que é um dos homens mais ricos do mundo. E em termos de relacionamento isso só pode ser uma coisa boa para ele, seja falando em um Congresso tendo as pessoas mais ao seu lado do que ele faz”, afirma Navarra.

No mundo da tecnologia, não existe nenhum CEO que seja vilão ou mocinho o tempo todo. Mark Zuckerberg, criador do Facebook e presidente da Meta, já esteve dos dois lados da história. Prestes a completar 40 anos nesta semana, ele foi de gênio precoce a uma das figuras mais odiadas do mundo. Agora, o americano parece estar em uma mudança para uma personalidade mais jovial, que acompanha o retorno da Meta aos bons ventos e a volta do próprio bilionário ao topo das pessoas mais ricas do mundo.

Nos últimos meses, o CEO da Meta tem aparecido de uma forma mais descontraída do que nos anos que o consagraram como o rosto do Facebook: cabelos mais compridos, roupas mais descoladas e uma corrente no pescoço agora fazem parte do look do bilionário. Tudo parece ser uma espécie de banho de loja na marca do executivo, que passou os últimos anos quase sempre dentro de ternos e respondendo a longas perguntas do judiciário americano.

“Ele estrategicamente, com a ajuda de outros, tentou mudar sua marca ou, certamente, evoluiu como personagem e como pessoa, passando por muitas coisas pelas quais a empresa passou”, explica o analista de redes sociais Matt Navarra em entrevista ao Estadão.

Perto dos 40, Zuckerberg é o quarto homem mais rico do mundo com o império que construiu com o Facebook Foto: Sean M. Haffey/AFP

Mas não é apenas a aparência de Zuckerberg que se renovou em 2024: em 14 de maio, próxima terça-feira, o executivo completa 40 anos, sendo 20 deles à frente de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. E, agora, ele parece não precisar mais se explicar qual o seu papel no meio dos magnatas do Vale do Silício.

“Ele não tem mais que provar algo sobre ser um cara mais jovem que dirige uma empresa de rede social. Ele pode aparecer diante do Congresso e não parecer que tem metade ou um terço da idade deles”, afirma o professor Andrew Przybylski, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao Estadão.

O momento também reflete os bons números da Meta, que voltou a crescer depois de um dos períodos mais difíceis de sua história. Em 2022, a empresa perdeu usuários pela primeira vez, acompanhada de uma queda de US$ 730 bilhões em valor de mercado em apenas 13 meses. Na época, Zuckerberg perdeu mais de US$ 71 bilhões dias após a divulgação do balanço financeiro que revelou o mau momento do Facebook.

É um capítulo que também ficou no passado. A gigante retomou o crescimento e aumentou sua receita em mais de 110% em relação ao ano passado, segundo o relatório financeiro divulgado pela companhia em abril deste ano. Na mesma esteira, a fortuna pessoal de Zuckerberg passou de pouco mais de US$ 35 bilhões, valor resultante da queda das ações da Meta em 2022, para US$166,8 bilhões, de acordo com a revista Forbes. O montante o coloca como o quarto homem mais rico do mundo.

Além dos resultados financeiros e do banho de loja, a entrada de Elon Musk como um CEO de uma empresa de rede social também ajudou a suavizar a imagem de Zuckerberg. Enquanto o dono do Twitter arrebatou a atenção da mídia com demissões, mudanças de nome, controvérsias e ativismo político, Zuckerberg se retirou da cena pública e se colocou em uma posição em que acatar decisões e não fazer alarde era a melhor estratégia.

Na internet, após os dois bilionários se desafiarem para um duelo de luta livre, memes sobre como o dono do Facebook se tornou o “salvador da pátria” estouraram, mostrando um lado surpreendentemente popular de Zuckerberg.

Mocinho de filme

A história conhecida de que Zuck fundou o Facebook em seu dormitório em Harvard, em 2004, virou a ideia central do filme “A Rede Social”, estrelado por Jesse Eisenberg. A trama de um jovem - quase adolescente - criar uma plataforma que em poucos anos valeria milhões era o enredo perfeito para uma ficção.

Nos anos seguintes, com a abertura do Facebook para a comunidade fora de Harvard, a rede social cresceu rapidamente em número de investidores e usuários e, na época em que o filme foi lançado, em 2010, a plataforma já contava com 500 milhões de usuários e investimentos de Peter Thiel, Kevin Efrusy e até da Microsoft.

“Ele começou a empresa em seu dormitório no início dos anos 2000 que se tornou rapidamente uma plataforma multibilionária, com bilhões de usuários em todo o mundo, e que hoje é a rede social mais dominante, mais popular, mais usada e mais lucrativa do mercado”, aponta Navarra.

Mas o Facebook, assim como o seu jovem fundador, cresceu nos anos seguintes e se tornou mais ambicioso em seus objetivos. Para Paul Barrett, professor da Universidade de Nova York (NYU), um dos principais erros de Zuckerberg no período foi manter o controle da companhia mesmo com certa inexperiência para os negócios - o que trouxe consequências para o próprio executivo nos anos seguintes.

“Ele teve uma grande ideia que acabou se tornando altamente lucrativa. Mas, em vez de passar as rédeas para um gerente mais competente quando sua empresa cresceu em proporções enormes, ele manteve o controle. Ele demonstrou não perceber que a invenção que ele tanto valoriza teve sérios efeitos colaterais deletérios para os usuários e para a sociedade em geral”, afirma Barrett ao Estadão.

A segunda parte da história da Meta, na qual Zuckerberg simboliza a deterioração da sociedade por meio da tecnologia, também pode virar filme.

Em abril deste ano, o roteirista e diretor Aaron Sorkin afirmou que “A Rede Social” pode ter continuação. Segundo ele, a ideia é mostrar como o Facebook influenciou a invasão do Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por membros da extrema direita dos EUA. “Sim. Eu estou escrevendo sobre isso. E eu culpo o Facebook pelo que aconteceu em 6 de janeiro”, declarou em entrevista ao podcast The Town.

Vilão da tecnologia

O caso americano é apenas um de uma série de episódios que colocaram Zuckerberg como o maior vilão da tecnologia nos últimos anos. Resultado: o CEO inaugurou também a era das sabatinas com gigantes de tecnologia na justiça americana.

Em 2018, o bilionário participou de uma audiência no Congresso americano que durou mais de 10 horas, respondendo perguntas sobre o caso Cambridge Analytica, quando dados de 87 milhões de usuários do Facebook foram repassados para uma empresa britânica a serviço da campanha de Donald Trump em 2016.

A partir de então, executivos como Sundar Pichai, do Google, Jack Dorsey, antigo dono do Twitter, e Adam Mosseri, presidente do Instagram, entraram na mira da justiça americana e participaram de audiências convocadas pelo Senado ou pelo Congresso.

Mark Zuckerberg testemunhou, no final de janeiro, em uma audiência no Senado sobre a crise envolvendo Big Techs e exploração sexual infantil online  Foto: Brendan SMIALOWSKI/AFP

Ninguém foi tão requisitado, porém, quanto Zuckerberg. “Ele esteve no controle em um momento de atenção muito positiva e muito negativa para as Big Techs. Para muitas pessoas, ele é o primeiro a representar nossas esperanças e ansiedades em relação à tecnologia”, explica Przybylski.

“Eu diria que os muitos escândalos ocorridos sob a liderança de Zuckerberg não afetaram sua abordagem à liderança da Meta. Ele e sua equipe tratam esses eventos como incêndios de relações públicas que precisam ser apagados, dizendo as coisas certas em público e prometendo fazer melhor. Depois, eles voltam a fazer as coisas como sempre fizeram, priorizando o crescimento, a receita e os lucros em vez de promover a segurança, mitigar os danos e proteger a sociedade em geral”, afirma Barrett.

Um dos últimos “delírios” de Zuckerberg com a tecnologia foi o metaverso, conceito que fez o bilionário trocar o nome da empresa para Meta. Sob a nova alcunha desde 2021, a Meta tem usado o empenho pessoal de Zuckerberg para alavancar um universo de realidade mista no metaverso, onde o CEO já apareceu surfando, lutando esgrima e fazendo reuniões.

A divisão, porém, não tem dado lucros para a empresa. Pelo contrário: o setor já perdeu mais de US$ 45 bilhões desde que começou a prestar contas no relatório financeiro da Meta, no final de 2020. E isso afetou a credibilidade do executivo como visionário da tecnologia.

“Zuckerberg se preocupa muito em transformar a tecnologia imersiva 3D em um negócio lucrativo. É por isso que ele mudou o nome de sua empresa e investiu bilhões no desenvolvimento do metaverso. A imersão em 3D não se mostrou um sucesso financeiro para a Meta. Mas duvido que Zuckerberg tenha desistido da ideia. Por um lado, a popularidade dos jogos online, um setor enorme por si só, mostra que a tecnologia imersiva em 3D pode ser atraente”, afirma Barrett.

Com a nova reforma da imagem, Zuckerberg não apenas tenta deixar para trás a era do vilão da tecnologia como também surge como um dos líderes em IA, área que ajudou a impulsionar os resultados recentes da Meta.

Nova imagem não esconde velhos problemas

Os problemas da Meta, porém, não acabaram. Apesar da fase mais “good vibes” de Zuckerberg, a empresa ainda enfrenta investigações na Justiça americana e da União Europeia por conta de suas plataformas, principalmente com o Instagram. A rede social de fotos é considerada nociva para crianças e adolescentes e os expõem a condições de baixa autoestima, bullying e abusos, prejudicando a saúde mental dos usuários menores de idade.

No final de janeiro deste ano, o Senado americano acusou Zuckerberg de não agir em defesa de adolescentes nas plataformas, acrescentando que “seu produto está matando pessoas”.

O bilionário foi pressionado a pedir desculpas para os familiares de vítimas de abuso infantil online que estavam assistindo a audiencia do Comitê Judiciário sobre segurança infantil. Parentes das crianças mortas seguravam cartazes com fotos de seus entes queridos.

“Sinto muito por tudo o que vocês passaram”, disse Zuckerberg, virando-se de costas para o painel bipartidário de senadores. “Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram”.

Para alguns especialistas, a atitude de Zuckerberg ainda reflete os interesses de um executivo que quer levar sua empresa ao máximo da lucratividade no mercado de tecnologia.

“Como presidente do conselho, CEO e efetivamente o acionista controlador, ele prioriza o crescimento, a receita e o lucro da Meta. Quando esses valores entram em conflito com propostas para atenuar os efeitos colaterais prejudiciais dos serviços da empresa, ele os protege”, aponta Barrett.

IA vira ponto de retomada para Zuckerberg

Apesar da cena no Senado americano, o ano de 2024 tem sido marcado como um ponto de virada para Zuck. Somente no último trimestre, o crescimento da sua fortuna, os eventos públicos e os investimentos em IA ajudaram a dar um salto na imagem - e na tranquilidade - do bilionário.

O esforço no desenvolvimento de inteligência artificial surgiu para colocar a Meta na concorrência pelo mercado da tecnologia e para deixar o CEO com melhores alternativas ao metaverso. A companhia está unificando dois laboratórios de inteligência artificial da empresa para acelerar as pesquisas no campo de IA: o Fundamental AI Research (FAIR, na sigla) e o GenAI, criado no final do ano passado para desenvolver produtos para os serviços da empresa.

Fã de luta, Zuckerberg agora treina jiu jitsu e faz aparições nos octógonos para assistir lutadores famosos - alguns dos quais se tornaram seus amigos e, em parte, treinadores. Um dos últimos eventos em que o bilionário marcou presença foi uma noite de lutas de UFC, em que posou ao lado de Dana White, presidente da liga, e do lutador brasileiro Alex Pereira.

“Ele está interessado em lutas de MMA, ele está interessado em surfe e outras coisas. Ele mostra que ele não é apenas o Facebook, há mais em quem ele é do que apenas a empresa e a marca”, aponta Navarra.

No Havaí, onde mora com a esposa Priscilla Chan e as três filhas, August, Max e a recém-nascida Aurelia, o bilionário está construindo uma mansão que promete ser autossuficiente em energia e alimentos, com 30 banheiros, portas anti-explosão e um bunker. O empreendimento tem tamanho de 5,6 km² (equivalente a 30 Maracanãs) e preço de US$ 270 milhões, de acordo com a revista Wired.

Ainda no Havaí, o empresário está trabalhando na criação de gado — o Wagyu, conhecido por ter a carne mais cara do mundo. A ideia do bilionário é fazer toda a criação em sua fazenda, contando inclusive com ajuda de suas filhas.

“Comecei a criar gado no Ko’olau Ranch, em Kauai, e meu objetivo é criar uma carne bovina da mais alta qualidade do mundo. O gado é wagyu e angus, e eles crescerão comendo farinha de macadâmia e bebendo cerveja que cultivamos e produzimos aqui no rancho”, explicou o criador do Facebook pelo Instagram.

De um jeito ou de outro, Mark Zuckerberg inaugura seus 40 anos vivendo o que há de melhor e de pior no mundo da tecnologia dos últimos anos - e não há sinais de que isso deva mudar mesmo com um novo ciclo se aproximando.

“Acho que ele se tornou muito mais pessoal, acessível, mais próximo do homem comum - para uma pessoa que é um dos homens mais ricos do mundo. E em termos de relacionamento isso só pode ser uma coisa boa para ele, seja falando em um Congresso tendo as pessoas mais ao seu lado do que ele faz”, afirma Navarra.

No mundo da tecnologia, não existe nenhum CEO que seja vilão ou mocinho o tempo todo. Mark Zuckerberg, criador do Facebook e presidente da Meta, já esteve dos dois lados da história. Prestes a completar 40 anos nesta semana, ele foi de gênio precoce a uma das figuras mais odiadas do mundo. Agora, o americano parece estar em uma mudança para uma personalidade mais jovial, que acompanha o retorno da Meta aos bons ventos e a volta do próprio bilionário ao topo das pessoas mais ricas do mundo.

Nos últimos meses, o CEO da Meta tem aparecido de uma forma mais descontraída do que nos anos que o consagraram como o rosto do Facebook: cabelos mais compridos, roupas mais descoladas e uma corrente no pescoço agora fazem parte do look do bilionário. Tudo parece ser uma espécie de banho de loja na marca do executivo, que passou os últimos anos quase sempre dentro de ternos e respondendo a longas perguntas do judiciário americano.

“Ele estrategicamente, com a ajuda de outros, tentou mudar sua marca ou, certamente, evoluiu como personagem e como pessoa, passando por muitas coisas pelas quais a empresa passou”, explica o analista de redes sociais Matt Navarra em entrevista ao Estadão.

Perto dos 40, Zuckerberg é o quarto homem mais rico do mundo com o império que construiu com o Facebook Foto: Sean M. Haffey/AFP

Mas não é apenas a aparência de Zuckerberg que se renovou em 2024: em 14 de maio, próxima terça-feira, o executivo completa 40 anos, sendo 20 deles à frente de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. E, agora, ele parece não precisar mais se explicar qual o seu papel no meio dos magnatas do Vale do Silício.

“Ele não tem mais que provar algo sobre ser um cara mais jovem que dirige uma empresa de rede social. Ele pode aparecer diante do Congresso e não parecer que tem metade ou um terço da idade deles”, afirma o professor Andrew Przybylski, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao Estadão.

O momento também reflete os bons números da Meta, que voltou a crescer depois de um dos períodos mais difíceis de sua história. Em 2022, a empresa perdeu usuários pela primeira vez, acompanhada de uma queda de US$ 730 bilhões em valor de mercado em apenas 13 meses. Na época, Zuckerberg perdeu mais de US$ 71 bilhões dias após a divulgação do balanço financeiro que revelou o mau momento do Facebook.

É um capítulo que também ficou no passado. A gigante retomou o crescimento e aumentou sua receita em mais de 110% em relação ao ano passado, segundo o relatório financeiro divulgado pela companhia em abril deste ano. Na mesma esteira, a fortuna pessoal de Zuckerberg passou de pouco mais de US$ 35 bilhões, valor resultante da queda das ações da Meta em 2022, para US$166,8 bilhões, de acordo com a revista Forbes. O montante o coloca como o quarto homem mais rico do mundo.

Além dos resultados financeiros e do banho de loja, a entrada de Elon Musk como um CEO de uma empresa de rede social também ajudou a suavizar a imagem de Zuckerberg. Enquanto o dono do Twitter arrebatou a atenção da mídia com demissões, mudanças de nome, controvérsias e ativismo político, Zuckerberg se retirou da cena pública e se colocou em uma posição em que acatar decisões e não fazer alarde era a melhor estratégia.

Na internet, após os dois bilionários se desafiarem para um duelo de luta livre, memes sobre como o dono do Facebook se tornou o “salvador da pátria” estouraram, mostrando um lado surpreendentemente popular de Zuckerberg.

Mocinho de filme

A história conhecida de que Zuck fundou o Facebook em seu dormitório em Harvard, em 2004, virou a ideia central do filme “A Rede Social”, estrelado por Jesse Eisenberg. A trama de um jovem - quase adolescente - criar uma plataforma que em poucos anos valeria milhões era o enredo perfeito para uma ficção.

Nos anos seguintes, com a abertura do Facebook para a comunidade fora de Harvard, a rede social cresceu rapidamente em número de investidores e usuários e, na época em que o filme foi lançado, em 2010, a plataforma já contava com 500 milhões de usuários e investimentos de Peter Thiel, Kevin Efrusy e até da Microsoft.

“Ele começou a empresa em seu dormitório no início dos anos 2000 que se tornou rapidamente uma plataforma multibilionária, com bilhões de usuários em todo o mundo, e que hoje é a rede social mais dominante, mais popular, mais usada e mais lucrativa do mercado”, aponta Navarra.

Mas o Facebook, assim como o seu jovem fundador, cresceu nos anos seguintes e se tornou mais ambicioso em seus objetivos. Para Paul Barrett, professor da Universidade de Nova York (NYU), um dos principais erros de Zuckerberg no período foi manter o controle da companhia mesmo com certa inexperiência para os negócios - o que trouxe consequências para o próprio executivo nos anos seguintes.

“Ele teve uma grande ideia que acabou se tornando altamente lucrativa. Mas, em vez de passar as rédeas para um gerente mais competente quando sua empresa cresceu em proporções enormes, ele manteve o controle. Ele demonstrou não perceber que a invenção que ele tanto valoriza teve sérios efeitos colaterais deletérios para os usuários e para a sociedade em geral”, afirma Barrett ao Estadão.

A segunda parte da história da Meta, na qual Zuckerberg simboliza a deterioração da sociedade por meio da tecnologia, também pode virar filme.

Em abril deste ano, o roteirista e diretor Aaron Sorkin afirmou que “A Rede Social” pode ter continuação. Segundo ele, a ideia é mostrar como o Facebook influenciou a invasão do Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por membros da extrema direita dos EUA. “Sim. Eu estou escrevendo sobre isso. E eu culpo o Facebook pelo que aconteceu em 6 de janeiro”, declarou em entrevista ao podcast The Town.

Vilão da tecnologia

O caso americano é apenas um de uma série de episódios que colocaram Zuckerberg como o maior vilão da tecnologia nos últimos anos. Resultado: o CEO inaugurou também a era das sabatinas com gigantes de tecnologia na justiça americana.

Em 2018, o bilionário participou de uma audiência no Congresso americano que durou mais de 10 horas, respondendo perguntas sobre o caso Cambridge Analytica, quando dados de 87 milhões de usuários do Facebook foram repassados para uma empresa britânica a serviço da campanha de Donald Trump em 2016.

A partir de então, executivos como Sundar Pichai, do Google, Jack Dorsey, antigo dono do Twitter, e Adam Mosseri, presidente do Instagram, entraram na mira da justiça americana e participaram de audiências convocadas pelo Senado ou pelo Congresso.

Mark Zuckerberg testemunhou, no final de janeiro, em uma audiência no Senado sobre a crise envolvendo Big Techs e exploração sexual infantil online  Foto: Brendan SMIALOWSKI/AFP

Ninguém foi tão requisitado, porém, quanto Zuckerberg. “Ele esteve no controle em um momento de atenção muito positiva e muito negativa para as Big Techs. Para muitas pessoas, ele é o primeiro a representar nossas esperanças e ansiedades em relação à tecnologia”, explica Przybylski.

“Eu diria que os muitos escândalos ocorridos sob a liderança de Zuckerberg não afetaram sua abordagem à liderança da Meta. Ele e sua equipe tratam esses eventos como incêndios de relações públicas que precisam ser apagados, dizendo as coisas certas em público e prometendo fazer melhor. Depois, eles voltam a fazer as coisas como sempre fizeram, priorizando o crescimento, a receita e os lucros em vez de promover a segurança, mitigar os danos e proteger a sociedade em geral”, afirma Barrett.

Um dos últimos “delírios” de Zuckerberg com a tecnologia foi o metaverso, conceito que fez o bilionário trocar o nome da empresa para Meta. Sob a nova alcunha desde 2021, a Meta tem usado o empenho pessoal de Zuckerberg para alavancar um universo de realidade mista no metaverso, onde o CEO já apareceu surfando, lutando esgrima e fazendo reuniões.

A divisão, porém, não tem dado lucros para a empresa. Pelo contrário: o setor já perdeu mais de US$ 45 bilhões desde que começou a prestar contas no relatório financeiro da Meta, no final de 2020. E isso afetou a credibilidade do executivo como visionário da tecnologia.

“Zuckerberg se preocupa muito em transformar a tecnologia imersiva 3D em um negócio lucrativo. É por isso que ele mudou o nome de sua empresa e investiu bilhões no desenvolvimento do metaverso. A imersão em 3D não se mostrou um sucesso financeiro para a Meta. Mas duvido que Zuckerberg tenha desistido da ideia. Por um lado, a popularidade dos jogos online, um setor enorme por si só, mostra que a tecnologia imersiva em 3D pode ser atraente”, afirma Barrett.

Com a nova reforma da imagem, Zuckerberg não apenas tenta deixar para trás a era do vilão da tecnologia como também surge como um dos líderes em IA, área que ajudou a impulsionar os resultados recentes da Meta.

Nova imagem não esconde velhos problemas

Os problemas da Meta, porém, não acabaram. Apesar da fase mais “good vibes” de Zuckerberg, a empresa ainda enfrenta investigações na Justiça americana e da União Europeia por conta de suas plataformas, principalmente com o Instagram. A rede social de fotos é considerada nociva para crianças e adolescentes e os expõem a condições de baixa autoestima, bullying e abusos, prejudicando a saúde mental dos usuários menores de idade.

No final de janeiro deste ano, o Senado americano acusou Zuckerberg de não agir em defesa de adolescentes nas plataformas, acrescentando que “seu produto está matando pessoas”.

O bilionário foi pressionado a pedir desculpas para os familiares de vítimas de abuso infantil online que estavam assistindo a audiencia do Comitê Judiciário sobre segurança infantil. Parentes das crianças mortas seguravam cartazes com fotos de seus entes queridos.

“Sinto muito por tudo o que vocês passaram”, disse Zuckerberg, virando-se de costas para o painel bipartidário de senadores. “Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram”.

Para alguns especialistas, a atitude de Zuckerberg ainda reflete os interesses de um executivo que quer levar sua empresa ao máximo da lucratividade no mercado de tecnologia.

“Como presidente do conselho, CEO e efetivamente o acionista controlador, ele prioriza o crescimento, a receita e o lucro da Meta. Quando esses valores entram em conflito com propostas para atenuar os efeitos colaterais prejudiciais dos serviços da empresa, ele os protege”, aponta Barrett.

IA vira ponto de retomada para Zuckerberg

Apesar da cena no Senado americano, o ano de 2024 tem sido marcado como um ponto de virada para Zuck. Somente no último trimestre, o crescimento da sua fortuna, os eventos públicos e os investimentos em IA ajudaram a dar um salto na imagem - e na tranquilidade - do bilionário.

O esforço no desenvolvimento de inteligência artificial surgiu para colocar a Meta na concorrência pelo mercado da tecnologia e para deixar o CEO com melhores alternativas ao metaverso. A companhia está unificando dois laboratórios de inteligência artificial da empresa para acelerar as pesquisas no campo de IA: o Fundamental AI Research (FAIR, na sigla) e o GenAI, criado no final do ano passado para desenvolver produtos para os serviços da empresa.

Fã de luta, Zuckerberg agora treina jiu jitsu e faz aparições nos octógonos para assistir lutadores famosos - alguns dos quais se tornaram seus amigos e, em parte, treinadores. Um dos últimos eventos em que o bilionário marcou presença foi uma noite de lutas de UFC, em que posou ao lado de Dana White, presidente da liga, e do lutador brasileiro Alex Pereira.

“Ele está interessado em lutas de MMA, ele está interessado em surfe e outras coisas. Ele mostra que ele não é apenas o Facebook, há mais em quem ele é do que apenas a empresa e a marca”, aponta Navarra.

No Havaí, onde mora com a esposa Priscilla Chan e as três filhas, August, Max e a recém-nascida Aurelia, o bilionário está construindo uma mansão que promete ser autossuficiente em energia e alimentos, com 30 banheiros, portas anti-explosão e um bunker. O empreendimento tem tamanho de 5,6 km² (equivalente a 30 Maracanãs) e preço de US$ 270 milhões, de acordo com a revista Wired.

Ainda no Havaí, o empresário está trabalhando na criação de gado — o Wagyu, conhecido por ter a carne mais cara do mundo. A ideia do bilionário é fazer toda a criação em sua fazenda, contando inclusive com ajuda de suas filhas.

“Comecei a criar gado no Ko’olau Ranch, em Kauai, e meu objetivo é criar uma carne bovina da mais alta qualidade do mundo. O gado é wagyu e angus, e eles crescerão comendo farinha de macadâmia e bebendo cerveja que cultivamos e produzimos aqui no rancho”, explicou o criador do Facebook pelo Instagram.

De um jeito ou de outro, Mark Zuckerberg inaugura seus 40 anos vivendo o que há de melhor e de pior no mundo da tecnologia dos últimos anos - e não há sinais de que isso deva mudar mesmo com um novo ciclo se aproximando.

“Acho que ele se tornou muito mais pessoal, acessível, mais próximo do homem comum - para uma pessoa que é um dos homens mais ricos do mundo. E em termos de relacionamento isso só pode ser uma coisa boa para ele, seja falando em um Congresso tendo as pessoas mais ao seu lado do que ele faz”, afirma Navarra.

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