THE NEW YORK TIMES - Uma luz azul-marinho apareceu em minha palma estendida, mostrando um menu. Lentamente, circulei meu pulso para rolar a tela, pressionando o dedo indicador e o polegar juntos em um movimento de pinça para selecionar um item. Eu queria enviar uma mensagem de texto. O dispositivo em meu suéter, um alfinete magnético quadrado de duas polegadas de uma startup chamada Humane, emitiu um suave “click”.
Falei, e as palavras que saíram de minha boca se projetaram instantaneamente em minha mão. Ao apertar o punho, a mensagem foi enviada com um som de “whoosh”.
O gadget, chamado AI Pin, é uma nova versão de dispositivos vestíveis que tem como objetivo superar, ou pelo menos nos ajudar a abandonar, nosso vício em telas. Seus recursos incluem responder a perguntas, fazer chamadas, enviar mensagens de texto, tocar música e tirar fotos. Ele custa US$ 699 e uma assinatura mensal de US$ 24, e estará disponível para pré-venda em 16 de novembro. A empresa espera enviar os dispositivos até o início de 2024.
Como toda nova tecnologia, o AI Pin foi igualmente inovador e incômodo. Foram necessários alguns segundos agitando minha mão na frente do peito para encontrar o menu do laser. O movimento circular do pulso também leva um segundo para ser assimilado. Em 10 minutos de uso do dispositivo nos escritórios da empresa, aprendi gradualmente como segurar a luz e manipulá-la.
O mais divertido, na minha opinião, foi o movimento de beliscar (pinça). Beliscar: Tocar uma nova música. Beliscar: Escrever uma nova mensagem. Beliscar: Voltar ao menu. A empresa se refere a esse movimento como “pegar”, disse Imran Chaudhri, cofundador da Humane. “Beliscar dói”, disse ele.
Rapidamente, fiquei sem coisas para beliscar, porque, ao contrário do meu smartphone, que oferece uma enxurrada constante de dopamina na forma de e-mails, mensagens de texto, curtidas, alertas de notícias, fotos de cachorros fofos e outras notificações, o AI Pin da Humane foi criado para ficar em segundo plano na vida cotidiana. Eu disse a Ken Kocienda, chefe de engenharia de produtos da Humane, que o dispositivo parecia fazer com que você o utilize rapidamente. Ele não está implorando para que eu perca mais 45 minutos no TikTok.
“É mais uma forma de puxar do que de empurrar o conteúdo para você, como faze o iPhone”, disse ele. Deixei minha mão cair e a luz desapareceu.
Para fazer uma pergunta, toquei na tela sensível ao toque do broche. Para tirar uma foto, dei um toque duplo. Mas para realmente ver a foto, eu precisaria de uma tela. Os clientes da Humane terão acesso a um hub online com 32 GB de armazenamento.
Ken Kocienda, chefe de engenharia de produtos da Humane
Os “alto-falantes pessoais” do dispositivo tocam música por meio do serviço de streaming Tidal, os primeiros clientes receberão uma assinatura teste. Aprendi rapidamente que era muito mais rápido usar comandos de voz para mudar de música, da mesma forma que faria em um alto-falante doméstico com Alexa, Siri ou Google. Parecia um pouco como se eu tivesse contrabandeado a Alexa para fora de casa e a estivesse usando no meu suéter.
A tecnologia subjacente do AI Pin difere de outros assistentes inteligentes, pois não está “sempre ligado” - os usuários precisam tocar no dispositivo para ativá-lo. Além disso, seu assistente usa tecnologia de inteligência artificial (IA) para fornecer informações de forma conversacional. Ele pode se lembrar de consultas anteriores e notas para si mesmo (o recurso de anotações para si mesmo travou em uma demonstração).
Kocienda demonstrou isso fazendo uma série de perguntas históricas sobre o jornal The New York Times que se baseavam umas nas outras, as quais o broche respondeu em aproximadamente o mesmo tempo que levaria para pesquisar na Wikipedia em meu celular. A questão, disse ele, é que não precisamos sumir com nossas telas.
“Estamos olhando uns para os outros enquanto tudo isso está acontecendo”, disse Kocienda. “Não estamos nos distraindo.” / TRADUÇÃO POR ALICE LABATE