Biocomputador e deep fake de guerra: as 7 previsões para a tecnologia, segundo esta futurologista


Para as próximas décadas, Amy Webb projeta que inteligência artificial e biotecnologia devem se unir e transformar a Humanidade

Por Guilherme Guerra
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A AUSTIN (EUA) — Se hoje a inteligência artificial (IA) é capaz de gerar textos e imagens, no futuro essa tecnologia vai ser capaz de desenvolver novos materiais orgânicos que vão processar informações e substituir o silício utilizado nos processadores de hoje em dia.

Esse cenário é projetado pela futurologista Amy Webb, fundadora e presidente executiva do Future Today Institute, voz conhecida por apontar previsões estratégicas para executivos e tendências de longo prazo do mercado de tecnologia. Neste sábado, 9, ela subiu ao palco do South by Southwest (SXSW) 2024, festival de inovação, cinema e música que ocorre entre 8 e 16 de março em Austin, nos Estados Unidos, para falar sobre como devem ser nossas vidas nas próximas décadas.

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Webb aproveitou a ocasião para lançar o relatório Tendências da Tecnologia 2024, cuja 17ª edição dedica-se a esmiuçar o impacto da inteligência artificial em nossas vidas. Com 979 páginas, o documento pinça 695 tendências em 16 áreas, que incluem biotecnologia, metaverso, robótica, computação quântica e mudanças climáticas.

Segundo a futurologista, presenciamos hoje um “superciclo de inovação” que deve mudar para sempre a Humanidade. Ao contrário de outras revoluções, como a industrial ou elétrica, esta nova onda é turbinada por três tecnologias: inteligência artificial, aparelhos conectados e biotecnologia.

“Isso vai literalmente transformar a existência humana”, diz Webb no palco do SXSW 2024.

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Futurologista Amy Webb é a presidente executiva do Future Today Institute Foto: Holly Jee/SXSW 2023

Abaixo, leia sete previsões cravadas por Amy Webb para os próximos anos.

Responsabilidade da IA

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Nos próximos 12 a 18 meses, empresas de tecnologia como OpenAI, Google e Anthropic vão desacelerar os investimentos em inteligências artificiais para corrigir erros de vieses nessas ferramentas e conter eventuais danos.

Webb aponta que, mais de um ano após a popularização dos geradores de imagem como Midjourney e DALL-E 2, esses modelos ainda apresentam vieses considerados pouco diversos, com superrepresentação de pessoas brancas. Na outra ponta, alguns modelos, como o Gemini, do Google, trazem contradições históricas.

“Consertar esse problema é desafiador, porque os incentivos dessas empresas, hoje, estão em dar velocidade e escala a esses modelos de IA”, diz a futurologista. Para ela, as equipes de ética vão se debruçar em tentar consertar esses erros, ao mesmo tempo em que a corrida da IA acelera.

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Imagem gerada pelo Gemini AI, do Google, mostra uma mulher negra como um dos "pais" fundadores dos EUA Foto: Twitter/Reprodução/@EndWokeness

Se medidas não forem tomadas, um “evento de deep fake” pode surgir, afirma Webb. Isso significaria que ferramentas de IA, turbinadas por robôs em redes sociais, poderiam criar fotografias e vídeos irreais, causando pânico social com informações falsas.

Em exemplo dado pela futurologista, a guerra em Gaza poderia ser alvo desse tipo fenômeno — e a sociedade não está preparada para esse tipo de situação.

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Adeus, LLM

Os modelos amplos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) são a tecnologia por trás de ferramentas como ChatGPT e Midjourney. Trata-se de um conjunto de texto e imagens da internet que ensinam essas IAs a receber e entender comandos, bem como gerar conteúdo.

Em breve, porém, os LLM devem ser substituídos por uma versão mais completa e turbinada: os modelos amplos de ação (LAM). Esses sistemas devem trazer não só texto e imagens da web, mas informações sensoriais com o objetivo de predizer o que deve ser feito em seguida.

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A vantagem do LAM sobre o LLM é que o primeiro é mais eficiente em se antecipar a ações do usuário, o que pode se tornar mais útil para tarefas do dia a dia. Esses modelos de ações devem ser o que vai dominar os dispositivos de IA que já começam a chegar ao mercado, como o R1 e o Ai Pin, da Humane.

“Esses dispositivos mostram que o futuro vai ser muito diferente do que é hoje”, diz ela.

Computador facial

Os “computadores de rosto”, como diz Amy Webb, já estão aí: o Vision Pro, da Apple, é o maior exemplo disso.

“Nós amamos odiar esse aparelho. Mas imagine um Vision Pro daqui a 18 edições. Vai ser um computador em seu rosto”, diz Webb, citando que o primeiro iPhone, de 2007, é bastante diferente do produto que se usa hoje.

Vision Pro é lançado pela Apple nos Estados Unidos por US$ 3,5 mil Foto: Divulgação/Apple

A futurologista aponta que esses dispositivos vão dominar nossas vidas e serão usados no dia a dia, turbinados por dezenas de sensores e inteligência artificial. Isso vai permitir que leiam nosso corpo e nossas intenções, antes mesmo de sabermos.

Num futuro distópico, Webb aponta que a tecnologia pode levar a um social scoring, com indivíduos ranqueados a partir de pontuações sociais. “Essa é a próxima etapa do capitalismo”, critica ela.

Biologia generativa

Os avanços em inteligência artificial vão permitir que a máquina consiga fabricas substâncias orgânicas. Isso vai tornar a IA eficiente na criação de moléculas, proteínas, remédios e a até tecidos.

Para Webb, a revolução na medicina e biotecnologia já começou. Ela cita o Evo, modelo biológico de fundação lançado na semana passada pela empresa de biotecnologia Together AI. O sistema usa DNA, RNA e proteínas para ajudar na criação de substâncias orgânicas.

Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas

Amy Webb, CEO do Future Today Institute

Outro exemplo é a DeepMind, startup de IA do Google que anunciou a descoberta de 2,2 milhões de novos cristais graças ao projeto GNoME.

“Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas”, diz a futurologista do Future Today Institute.

Organoide inteligente

O avanço da biologia generativa vai permitir que a inteligência artificial crie tecidos orgânicos que, em última instância, vão substituir os componentes de silício necessários para abastecer os chips e processadores de dispositivos eletrônicos.

Segundo Webb, esses organoides inteligentes vão replicar tecidos orgânicos e vão conseguir transmitir informações. Isso vai permitir a popularização da biocomputação com células humanas.

“Vai demorar um pouco, mas eventualmente esses sistemas vão superar a computação tradicional”, diz Webb.

Superciclo de inovação

O superciclo de inovação apontado por Amy Webb já começou. Turbinado pela inteligência artificial (que é a ferramenta-base dessa revolução, diz ela), o movimento vai alterar a dinâmica da economia mundial e como as sociedades se organizam.

Ecossistemas de dispositivos conectados, que vão de smartphones a eletrodomésticos cada vez mais inteligentes, vão gerar dados para alimentar essas inteligências artificiais, que vão se tornar cada vez mais eficientes para uma série de tarefas.

“No passado, os superciclos eram definidos por uma tecnologia. Isso não acontece mais”, diz Webb, citando a chegada da internet, a industrialização e a eletricidade. Agora, são três saltos de uma vez. “Isso vai literalmente transformar a existência humana”.

Geração T, a geração de transição

Webb aponta que, ao fim desse superciclo, uma nova geração de pessoas vai nascer. Até lá, no entanto, somos todos parte da “geração T”, a geração de transição. Com um escopo maior, fazem parte dela as pessoas que hoje chamamos de boomers, milennialls, geração Z e alfa.

“Todos que estão vivos hoje fazem parte dessa grande transição. Nossa sociedade vai ser muito diferente depois que esse ciclo tiver terminado”, aponta Webb.

*O repórter viajou a convite do Itaú

ENVIADO ESPECIAL A AUSTIN (EUA) — Se hoje a inteligência artificial (IA) é capaz de gerar textos e imagens, no futuro essa tecnologia vai ser capaz de desenvolver novos materiais orgânicos que vão processar informações e substituir o silício utilizado nos processadores de hoje em dia.

Esse cenário é projetado pela futurologista Amy Webb, fundadora e presidente executiva do Future Today Institute, voz conhecida por apontar previsões estratégicas para executivos e tendências de longo prazo do mercado de tecnologia. Neste sábado, 9, ela subiu ao palco do South by Southwest (SXSW) 2024, festival de inovação, cinema e música que ocorre entre 8 e 16 de março em Austin, nos Estados Unidos, para falar sobre como devem ser nossas vidas nas próximas décadas.

Webb aproveitou a ocasião para lançar o relatório Tendências da Tecnologia 2024, cuja 17ª edição dedica-se a esmiuçar o impacto da inteligência artificial em nossas vidas. Com 979 páginas, o documento pinça 695 tendências em 16 áreas, que incluem biotecnologia, metaverso, robótica, computação quântica e mudanças climáticas.

Segundo a futurologista, presenciamos hoje um “superciclo de inovação” que deve mudar para sempre a Humanidade. Ao contrário de outras revoluções, como a industrial ou elétrica, esta nova onda é turbinada por três tecnologias: inteligência artificial, aparelhos conectados e biotecnologia.

“Isso vai literalmente transformar a existência humana”, diz Webb no palco do SXSW 2024.

Futurologista Amy Webb é a presidente executiva do Future Today Institute Foto: Holly Jee/SXSW 2023

Abaixo, leia sete previsões cravadas por Amy Webb para os próximos anos.

Responsabilidade da IA

Nos próximos 12 a 18 meses, empresas de tecnologia como OpenAI, Google e Anthropic vão desacelerar os investimentos em inteligências artificiais para corrigir erros de vieses nessas ferramentas e conter eventuais danos.

Webb aponta que, mais de um ano após a popularização dos geradores de imagem como Midjourney e DALL-E 2, esses modelos ainda apresentam vieses considerados pouco diversos, com superrepresentação de pessoas brancas. Na outra ponta, alguns modelos, como o Gemini, do Google, trazem contradições históricas.

“Consertar esse problema é desafiador, porque os incentivos dessas empresas, hoje, estão em dar velocidade e escala a esses modelos de IA”, diz a futurologista. Para ela, as equipes de ética vão se debruçar em tentar consertar esses erros, ao mesmo tempo em que a corrida da IA acelera.

Imagem gerada pelo Gemini AI, do Google, mostra uma mulher negra como um dos "pais" fundadores dos EUA Foto: Twitter/Reprodução/@EndWokeness

Se medidas não forem tomadas, um “evento de deep fake” pode surgir, afirma Webb. Isso significaria que ferramentas de IA, turbinadas por robôs em redes sociais, poderiam criar fotografias e vídeos irreais, causando pânico social com informações falsas.

Em exemplo dado pela futurologista, a guerra em Gaza poderia ser alvo desse tipo fenômeno — e a sociedade não está preparada para esse tipo de situação.

Adeus, LLM

Os modelos amplos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) são a tecnologia por trás de ferramentas como ChatGPT e Midjourney. Trata-se de um conjunto de texto e imagens da internet que ensinam essas IAs a receber e entender comandos, bem como gerar conteúdo.

Em breve, porém, os LLM devem ser substituídos por uma versão mais completa e turbinada: os modelos amplos de ação (LAM). Esses sistemas devem trazer não só texto e imagens da web, mas informações sensoriais com o objetivo de predizer o que deve ser feito em seguida.

A vantagem do LAM sobre o LLM é que o primeiro é mais eficiente em se antecipar a ações do usuário, o que pode se tornar mais útil para tarefas do dia a dia. Esses modelos de ações devem ser o que vai dominar os dispositivos de IA que já começam a chegar ao mercado, como o R1 e o Ai Pin, da Humane.

“Esses dispositivos mostram que o futuro vai ser muito diferente do que é hoje”, diz ela.

Computador facial

Os “computadores de rosto”, como diz Amy Webb, já estão aí: o Vision Pro, da Apple, é o maior exemplo disso.

“Nós amamos odiar esse aparelho. Mas imagine um Vision Pro daqui a 18 edições. Vai ser um computador em seu rosto”, diz Webb, citando que o primeiro iPhone, de 2007, é bastante diferente do produto que se usa hoje.

Vision Pro é lançado pela Apple nos Estados Unidos por US$ 3,5 mil Foto: Divulgação/Apple

A futurologista aponta que esses dispositivos vão dominar nossas vidas e serão usados no dia a dia, turbinados por dezenas de sensores e inteligência artificial. Isso vai permitir que leiam nosso corpo e nossas intenções, antes mesmo de sabermos.

Num futuro distópico, Webb aponta que a tecnologia pode levar a um social scoring, com indivíduos ranqueados a partir de pontuações sociais. “Essa é a próxima etapa do capitalismo”, critica ela.

Biologia generativa

Os avanços em inteligência artificial vão permitir que a máquina consiga fabricas substâncias orgânicas. Isso vai tornar a IA eficiente na criação de moléculas, proteínas, remédios e a até tecidos.

Para Webb, a revolução na medicina e biotecnologia já começou. Ela cita o Evo, modelo biológico de fundação lançado na semana passada pela empresa de biotecnologia Together AI. O sistema usa DNA, RNA e proteínas para ajudar na criação de substâncias orgânicas.

Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas

Amy Webb, CEO do Future Today Institute

Outro exemplo é a DeepMind, startup de IA do Google que anunciou a descoberta de 2,2 milhões de novos cristais graças ao projeto GNoME.

“Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas”, diz a futurologista do Future Today Institute.

Organoide inteligente

O avanço da biologia generativa vai permitir que a inteligência artificial crie tecidos orgânicos que, em última instância, vão substituir os componentes de silício necessários para abastecer os chips e processadores de dispositivos eletrônicos.

Segundo Webb, esses organoides inteligentes vão replicar tecidos orgânicos e vão conseguir transmitir informações. Isso vai permitir a popularização da biocomputação com células humanas.

“Vai demorar um pouco, mas eventualmente esses sistemas vão superar a computação tradicional”, diz Webb.

Superciclo de inovação

O superciclo de inovação apontado por Amy Webb já começou. Turbinado pela inteligência artificial (que é a ferramenta-base dessa revolução, diz ela), o movimento vai alterar a dinâmica da economia mundial e como as sociedades se organizam.

Ecossistemas de dispositivos conectados, que vão de smartphones a eletrodomésticos cada vez mais inteligentes, vão gerar dados para alimentar essas inteligências artificiais, que vão se tornar cada vez mais eficientes para uma série de tarefas.

“No passado, os superciclos eram definidos por uma tecnologia. Isso não acontece mais”, diz Webb, citando a chegada da internet, a industrialização e a eletricidade. Agora, são três saltos de uma vez. “Isso vai literalmente transformar a existência humana”.

Geração T, a geração de transição

Webb aponta que, ao fim desse superciclo, uma nova geração de pessoas vai nascer. Até lá, no entanto, somos todos parte da “geração T”, a geração de transição. Com um escopo maior, fazem parte dela as pessoas que hoje chamamos de boomers, milennialls, geração Z e alfa.

“Todos que estão vivos hoje fazem parte dessa grande transição. Nossa sociedade vai ser muito diferente depois que esse ciclo tiver terminado”, aponta Webb.

*O repórter viajou a convite do Itaú

ENVIADO ESPECIAL A AUSTIN (EUA) — Se hoje a inteligência artificial (IA) é capaz de gerar textos e imagens, no futuro essa tecnologia vai ser capaz de desenvolver novos materiais orgânicos que vão processar informações e substituir o silício utilizado nos processadores de hoje em dia.

Esse cenário é projetado pela futurologista Amy Webb, fundadora e presidente executiva do Future Today Institute, voz conhecida por apontar previsões estratégicas para executivos e tendências de longo prazo do mercado de tecnologia. Neste sábado, 9, ela subiu ao palco do South by Southwest (SXSW) 2024, festival de inovação, cinema e música que ocorre entre 8 e 16 de março em Austin, nos Estados Unidos, para falar sobre como devem ser nossas vidas nas próximas décadas.

Webb aproveitou a ocasião para lançar o relatório Tendências da Tecnologia 2024, cuja 17ª edição dedica-se a esmiuçar o impacto da inteligência artificial em nossas vidas. Com 979 páginas, o documento pinça 695 tendências em 16 áreas, que incluem biotecnologia, metaverso, robótica, computação quântica e mudanças climáticas.

Segundo a futurologista, presenciamos hoje um “superciclo de inovação” que deve mudar para sempre a Humanidade. Ao contrário de outras revoluções, como a industrial ou elétrica, esta nova onda é turbinada por três tecnologias: inteligência artificial, aparelhos conectados e biotecnologia.

“Isso vai literalmente transformar a existência humana”, diz Webb no palco do SXSW 2024.

Futurologista Amy Webb é a presidente executiva do Future Today Institute Foto: Holly Jee/SXSW 2023

Abaixo, leia sete previsões cravadas por Amy Webb para os próximos anos.

Responsabilidade da IA

Nos próximos 12 a 18 meses, empresas de tecnologia como OpenAI, Google e Anthropic vão desacelerar os investimentos em inteligências artificiais para corrigir erros de vieses nessas ferramentas e conter eventuais danos.

Webb aponta que, mais de um ano após a popularização dos geradores de imagem como Midjourney e DALL-E 2, esses modelos ainda apresentam vieses considerados pouco diversos, com superrepresentação de pessoas brancas. Na outra ponta, alguns modelos, como o Gemini, do Google, trazem contradições históricas.

“Consertar esse problema é desafiador, porque os incentivos dessas empresas, hoje, estão em dar velocidade e escala a esses modelos de IA”, diz a futurologista. Para ela, as equipes de ética vão se debruçar em tentar consertar esses erros, ao mesmo tempo em que a corrida da IA acelera.

Imagem gerada pelo Gemini AI, do Google, mostra uma mulher negra como um dos "pais" fundadores dos EUA Foto: Twitter/Reprodução/@EndWokeness

Se medidas não forem tomadas, um “evento de deep fake” pode surgir, afirma Webb. Isso significaria que ferramentas de IA, turbinadas por robôs em redes sociais, poderiam criar fotografias e vídeos irreais, causando pânico social com informações falsas.

Em exemplo dado pela futurologista, a guerra em Gaza poderia ser alvo desse tipo fenômeno — e a sociedade não está preparada para esse tipo de situação.

Adeus, LLM

Os modelos amplos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) são a tecnologia por trás de ferramentas como ChatGPT e Midjourney. Trata-se de um conjunto de texto e imagens da internet que ensinam essas IAs a receber e entender comandos, bem como gerar conteúdo.

Em breve, porém, os LLM devem ser substituídos por uma versão mais completa e turbinada: os modelos amplos de ação (LAM). Esses sistemas devem trazer não só texto e imagens da web, mas informações sensoriais com o objetivo de predizer o que deve ser feito em seguida.

A vantagem do LAM sobre o LLM é que o primeiro é mais eficiente em se antecipar a ações do usuário, o que pode se tornar mais útil para tarefas do dia a dia. Esses modelos de ações devem ser o que vai dominar os dispositivos de IA que já começam a chegar ao mercado, como o R1 e o Ai Pin, da Humane.

“Esses dispositivos mostram que o futuro vai ser muito diferente do que é hoje”, diz ela.

Computador facial

Os “computadores de rosto”, como diz Amy Webb, já estão aí: o Vision Pro, da Apple, é o maior exemplo disso.

“Nós amamos odiar esse aparelho. Mas imagine um Vision Pro daqui a 18 edições. Vai ser um computador em seu rosto”, diz Webb, citando que o primeiro iPhone, de 2007, é bastante diferente do produto que se usa hoje.

Vision Pro é lançado pela Apple nos Estados Unidos por US$ 3,5 mil Foto: Divulgação/Apple

A futurologista aponta que esses dispositivos vão dominar nossas vidas e serão usados no dia a dia, turbinados por dezenas de sensores e inteligência artificial. Isso vai permitir que leiam nosso corpo e nossas intenções, antes mesmo de sabermos.

Num futuro distópico, Webb aponta que a tecnologia pode levar a um social scoring, com indivíduos ranqueados a partir de pontuações sociais. “Essa é a próxima etapa do capitalismo”, critica ela.

Biologia generativa

Os avanços em inteligência artificial vão permitir que a máquina consiga fabricas substâncias orgânicas. Isso vai tornar a IA eficiente na criação de moléculas, proteínas, remédios e a até tecidos.

Para Webb, a revolução na medicina e biotecnologia já começou. Ela cita o Evo, modelo biológico de fundação lançado na semana passada pela empresa de biotecnologia Together AI. O sistema usa DNA, RNA e proteínas para ajudar na criação de substâncias orgânicas.

Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas

Amy Webb, CEO do Future Today Institute

Outro exemplo é a DeepMind, startup de IA do Google que anunciou a descoberta de 2,2 milhões de novos cristais graças ao projeto GNoME.

“Vamos poder gerar nova biologia. E isso pode significar novas terapias, novas formas de combater as mudanças climáticas”, diz a futurologista do Future Today Institute.

Organoide inteligente

O avanço da biologia generativa vai permitir que a inteligência artificial crie tecidos orgânicos que, em última instância, vão substituir os componentes de silício necessários para abastecer os chips e processadores de dispositivos eletrônicos.

Segundo Webb, esses organoides inteligentes vão replicar tecidos orgânicos e vão conseguir transmitir informações. Isso vai permitir a popularização da biocomputação com células humanas.

“Vai demorar um pouco, mas eventualmente esses sistemas vão superar a computação tradicional”, diz Webb.

Superciclo de inovação

O superciclo de inovação apontado por Amy Webb já começou. Turbinado pela inteligência artificial (que é a ferramenta-base dessa revolução, diz ela), o movimento vai alterar a dinâmica da economia mundial e como as sociedades se organizam.

Ecossistemas de dispositivos conectados, que vão de smartphones a eletrodomésticos cada vez mais inteligentes, vão gerar dados para alimentar essas inteligências artificiais, que vão se tornar cada vez mais eficientes para uma série de tarefas.

“No passado, os superciclos eram definidos por uma tecnologia. Isso não acontece mais”, diz Webb, citando a chegada da internet, a industrialização e a eletricidade. Agora, são três saltos de uma vez. “Isso vai literalmente transformar a existência humana”.

Geração T, a geração de transição

Webb aponta que, ao fim desse superciclo, uma nova geração de pessoas vai nascer. Até lá, no entanto, somos todos parte da “geração T”, a geração de transição. Com um escopo maior, fazem parte dela as pessoas que hoje chamamos de boomers, milennialls, geração Z e alfa.

“Todos que estão vivos hoje fazem parte dessa grande transição. Nossa sociedade vai ser muito diferente depois que esse ciclo tiver terminado”, aponta Webb.

*O repórter viajou a convite do Itaú

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