THE NEW YORK TIMES - A história das redes sociais está repleta de aplicativos que tiveram seu momento antes de desaparecerem.
O BeReal, queridinho de 2022, que exigia que os usuários publicassem apenas uma vez por dia em um horário aleatório, perdeu força, de acordo com a geração Z. O Dispo, plataforma de compartilhamento de fotos inspirada em câmeras descartáveis, ganhou as manchetes por um breve período em 2021. E em 2015 surgiu o Beme, que foi comercializado como um espaço online para compartilhar a vida cotidiana como ela realmente é.
Agora há um novo concorrente: Lapse, um aplicativo de fotos com o slogan “amigos, não seguidores”. Ele foi lançado em 2021, mas, após um relançamento, alcançou a segunda posição nos EUA na lista de aplicativos gratuitos da loja de apps da Apple. O app ainda está indisponível no Brasil.
Assim como o Dispo, o Lapse incentiva as pessoas a tirar fotos da mesma forma que faziam nos dias analógicos, quando as câmeras descartáveis estavam na moda. Os usuários tiram fotos e as “revelam” no aplicativo. Quando as fotos ficam prontas, várias horas depois, quem as tirou pode decidir se deseja publicá-las para seus amigos do Lapse ou arquivá-las para visualização particular.
Todas as fotos publicadas no Lapse devem ser tiradas no aplicativo e não podem ser alteradas de forma alguma. Não há contagem visível de “curtidas”. Em vez disso, os amigos podem reagir com emojis.
O Lapse foi criado por Dan e Ben Silvertown, com financiamento da GV (antiga Google Ventures). Seu objetivo é criar uma experiência de mídia social sem a ansiedade associada à tentativa de obter a aprovação de estranhos. O aplicativo fica em algum lugar entre uma grande plataforma, como o TikTok, e a privacidade de um bate-papo em grupo.
“Vemos isso como um grande espaço no meio, que costumava ser preenchido por outras redes sociais e que agora está sendo deixado totalmente aberto”, disse Dan Silvertown.
Maria Rendon, recepcionista de 21 anos de Virgínia, EUA, disse que começou a usar o Lapse recentemente. “Acho que muitos dos novos aplicativos querem de volta aquela sensação de que as pessoas simplesmente publicam e não se preocupam com seguidores, curtidas ou algo do gênero”, disse ela.
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Rendon se descreveu como uma usuária frequente do Instagram que experimentou o BeReal no ano passado, mas desistiu dele rapidamente. Ela disse que gostou da maneira como o Lapse deu às suas fotos uma aparência de filme. A nostalgia, segundo ela, é o que atrai.
“Quando o Instagram foi lançado, era um aplicativo baseado em imagens”, disse ela. “Era só isso que ele era. Agora ele se tornou muitas outras coisas.”
Outra usuária do Lapse, Ann-Abele Blassingame, 22 anos, mencionou a nostalgia como parte do apelo do aplicativo. Estudante de pós-graduação, ela usa o Instagram como uma “ferramenta de marketing” para suas obras de arte e vê o Lapse como um lugar para compartilhar fotos de forma mais casual.
Maria Rendon, usuária do Lapse
O Lapse está disponível apenas por convite e exige que os novatos convidem cinco pessoas para participar antes de poderem começar a postar. Algumas pessoas foram desencorajadas por essa tática de crescimento. Andrew Lee, universitário de 20 anos, disse que estava preocupado com a forma como os números de telefone dos usuários poderiam ser usados. O site da Lapse diz que a empresa não vende dados de usuários.
Seu aumento no gráfico de aplicativos da Apple sugere que a estratégia está funcionando. A grande questão é se ela conseguirá se manter em alta. Nem Rendon nem Blassingame tinham certeza se continuariam com ela a longo prazo.
Blassingame disse que eles tiveram alguns problemas técnicos com o aplicativo, que já foram corrigidos. Eles reclamaram comentando na conta do Instagram do Lapse. / TRADUÇÃO POR ALICE LABATE