Seis meses após o seu lançamento, o Bard, chatbot inteligente do Google, passa a funcionar também de maneira integrada a outros serviços da empresa, como o Gmail, o Google Drive, Docs, YouTube e Mapas. Os novos recursos foram anunciados em um pacotão de novidades que passam a valer a partir desta terça, 19.
A integração será possível a partir de “extensões” (ou plugins), pequenos programas que permitem ampliar a atuação do chatbot ao conectá-lo com serviços específicos - é um recurso já adotado pela OpenAI com a sua ferramenta. No entanto, assim como a companhia limita os plugins a usuários pagos do ChatGPT, o Google também terá inicialmente uma restrição nos plugins do Bard: embora já estejam disponíveis no Brasil, elas só funcionam com comandos em inglês, algo que deve mudar no futuro. Para usar os plugins, o usuário será notificado da mudança e poderá acessar uma página especial onde poderá escolher o que usar.
Com as extensões, por exemplo, será possível encontrar e pedir resumos de mensagens sobre assuntos - o mesmo valerá para arquivos no Drive e no Docs. Outra possibilidade é pedir para que duas extensões trabalhem juntas em uma mesma tarefa, como, por exemplo, pedir para mostrar nos Mapas localizações citadas nas mensagens de e-mail. Ou pedir para colocar em uma tabela informações em um arquivo de Docs.
Embora tenha mudado seus termos de uso para indicar que usará informações públicas dos usuários para treinar seus sistemas de IA, o Google afirma que as informações usadas na integração dos plugins com o Bard não serão utilizadas para aprimorar os sistemas - a companhia repete o que já havia afirmado ao Estadão sobre o uso de informações dos serviços da companhia para aprimorar sistemas de IA.
Bard agora entende fotos
No pacote de novos recursos, o Google confirmou que será possível ter respostas em texto a partir de comandos dados com imagens - em IA, a capacidade de um sistema saber lidar com diversos tipos de dados é um conceito conhecido como multimodalidade. Assim, é possível, por exemplo, pedir que o Bard crie legendas para imagens.
Novamente, é um recurso que havia sido anunciado em março para o ChatGPT. No entanto, a OpenAI nunca tornou ele público por temer respostas e alucinações do sistema - uma das preocupações é que a máquina dê respostas ofensivas em relação a grupos minoritários. Em 2015, um sistema de imagens do Google identificou gorilas como pessoas pretas, o que causou revolta e questionamentos sobre racismo nos algoritmos.
O Bard, no entanto, já tinha o recurso em inglês e agora passa a disponibiliza-lo em português. Patrick Kane, diretor global do Bard, disse ao Estadão que, para evitar situações como as de oito anos atrás, a companhia realiza “inúmeros testes rigorosos para garantir que as respostas respeitem as políticas da companhia”.
Mais novidades do Bard
Sem dar detalhes, a companhia anuncia que fez melhorias no PaLM 2, o modelo de IA que abastece o Bard, que supostamente será capaz de gerar respostas mais criativas. O aprimoramento teria sido feito a partir das interações dos usuários com o sistemas, que julgam as respostas com o “joinha”” para cima ou para baixo.
Para tentar contornar as alucinações, quando a IA dá respostas erradas ou que não fazem sentido, o Bard agora vai indicar quais partes de suas respostas aparecem em buscas na ferramenta de buscas e quais não são encontradas. Vai aparecer de forma sublinhada na resposta e visa complementar a atuação da Busca, que já podia ser acionada com um botão no pé da janela - inicialmente estará disponível apenas em inglês.
Antes disponível só em inglês, o Bard agora vai ter em português o recurso que permite ajustar respostas entre mais simples, mais longas, mais curtas, mais profissionais ou mais informais. Será possível também realizar conversas em idiomas diferentes. Por fim, será possível continuar uma conversa com o chatbot a partir de um link compartilhado publicamente, o que permite uso colaborativo da ferramenta, como se fosse um arquivo do Docs.