Brasil rumo ao espaço? Conheça o novo projeto de foguete brasileiro e quando ele será lançado


Veículo lançador de microssatélites, VLM é aposta para colocar equipamento nacional em órbita 20 anos após desastre de Alcântara, que teve 21 mortos; podcast do ‘Estadão’ conta a história

Por Bruna Arimathea e Caio Possati
Atualização:

ALCÂNTARA (MA) E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - A Índia celebra nesta quarta-feira, 23, o pouso de uma espaçonave na Lua. A Rússia fracassou na mesma tentativa este mês, mas a missão espacial, a maior organizada por Moscou em 47 anos, revela uma ambição não vista desde a União Soviética. A China, por sua vez, é ainda mais ousada: prevê ter astronautas em solo lunar até 2030.

O Brasil não está tão avançado quanto os colegas emergentes na exploração do espaço, mas planeja novidades em breve: colocar um foguete nacional em órbita. Há exatos 20 anos, o País já previa isso com o Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Mas o equipamento pegou fogo três dias antes do lançamento, como o Estadão mostra em seu podcast: Alcântara: O desastre espacial brasileiro.

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Aquela já era a terceira tentativa de enviar o VLS para fora da Terra — as outras foram em 1997 e em 1999. Mas nenhuma teve saldo tão trágico quanto a de 2003, quando 21 técnicos e engenheiros morreram. Além das vidas perdidas, o revés freou as ambições do programa espacial brasileiro. A promessa do VLS foi adiada sucessivas vezes, até o projeto ser oficialmente encerrado em 2016.

“Perdemos mentes brilhantes. Quem sabia construir foguetes naquela época era essa turma que nos deixou em 2003″, afirma o diretor do Centro de Lançamentos de Alcântara, Coronel Fernando Benitez, “Tivemos de formar uma nova geração, que pudesse substituí-los, no sentido técnico.”

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Após esse hiato para reconstrução, a nova aposta do Brasil na área envolve uma letra diferente na sigla, que envolve mudanças significativas no projeto. O nome agora é VLM, veículo lançador de microssatélites.

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O que mudou no projeto após o desastre de Alcântara, em 2003?

Os dois foguetes têm o mesmo tamanho (19,4 metros). A nova versão terá capacidade de levar cargas úteis de até 100 quilos, ante 350 quilos do VLS, e atingir uma altura de 300 quilômetros. No projeto anterior, a altitude prevista era de 750 quilômetros.

Segundo o Coronel Benitez, a mudança deriva de uma atualização da tecnologia. “O VLS era uma categoria de satélites de 150 quilos e agora a tendência mundial é de lançamentos de satélites menores. Houve uma evolução desde a época do lançamento em relação às tecnologias usadas.”

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Para se ter uma ideia, microssatélite é o tipo de equipamento da Starlink, serviço de internet global do bilionário Elon Musk, que emprega dispositivos em órbita baixa para oferecer internet. Em um só dia, Musk consegue colocar mais de 40 satélites em órbita baixa, uma altitude que começa a partir dos 500 quilômetros.

Teste do motor VS-50, que fará parte do foguete brasileiro VLM Foto: FAB/Divulgação

O VLM é uma parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), responsável pelo desenvolvimento de parte dos sistemas do foguete. Já o lado brasileiro ficou com as tarefas de desenvolver o motor e sistemas de navegação reservas, além de preparar toda a estrutura de voo, que vai ser feito em Alcântara.

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O engenheiro José Bezerra trabalhou no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão militar responsável pelos projetos do VLS. Ele, que atuou nas três operações de desenvolvimento do foguete até 2003, vê com pessimismo o momento do programa espacial. “Nossas atividades são quase nulas. Existem mais em apresentações power point do que em termos reais”, critica.

Mas se o Brasil tem tantas demandas, por que investir na exploração espacial? “Não tem como fugir da atividade espacial considerando o tamanho do país. Você não faria monitoramento de desmatamento na Amazônia, cinco milhões de km², sem apoio espacial. Não faz monitoramento de oceanos sem monitoramento espacial”, diz Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. “O espaço é absolutamente necessário para nós, por causa das nossas riquezas.”

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Novo voo é previsto para 2027

O projeto do VLM começou em 2016. Até agora, só um motor, chamado S-50 foi testado. Foi uma simulação em que o equipamento fica deitado e preso em uma espécie de grade. Ainda é necessário mais um teste desse tipo para que ele possa passar por uma simulação de voo.

O lançamento do veículo de microssatélites é previsto para 2027. O equipamento partirá da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, considerada um dos melhores pontos para lançar foguetes no mundo, dada a proximidade com a linha do Equador. A unidade militar passou por adaptações, sobretudo de segurança, após 2003.

O brigadeiro Frederico Casarino, diretor do IAE, destaca que a segurança é uma prioridade, mas o sucesso do voo não é tarefa simples, do ponto de vista técnico. “A área espacial é de altíssimo risco. Os próprios engenheiros me ensinam que, mundialmente, a média é que de cada cinco tentativas, só tem sucesso em uma. Não adianta, às vezes, pensar que terá sucesso em todos os lançamentos”, afirma.

O Coronel Benitez, por sua vez, tem um tom mais confiante. “Tenho plena certeza que o programa do VLM vai ter sucesso. E todo mundo vai honrar o nome deles ali. Os 21 que têm naquela plaquinha lá vão ser honrados. No dia que lançarmos o VLM, todos estaremos pensando neles.”

ALCÂNTARA (MA) E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - A Índia celebra nesta quarta-feira, 23, o pouso de uma espaçonave na Lua. A Rússia fracassou na mesma tentativa este mês, mas a missão espacial, a maior organizada por Moscou em 47 anos, revela uma ambição não vista desde a União Soviética. A China, por sua vez, é ainda mais ousada: prevê ter astronautas em solo lunar até 2030.

O Brasil não está tão avançado quanto os colegas emergentes na exploração do espaço, mas planeja novidades em breve: colocar um foguete nacional em órbita. Há exatos 20 anos, o País já previa isso com o Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Mas o equipamento pegou fogo três dias antes do lançamento, como o Estadão mostra em seu podcast: Alcântara: O desastre espacial brasileiro.

Aquela já era a terceira tentativa de enviar o VLS para fora da Terra — as outras foram em 1997 e em 1999. Mas nenhuma teve saldo tão trágico quanto a de 2003, quando 21 técnicos e engenheiros morreram. Além das vidas perdidas, o revés freou as ambições do programa espacial brasileiro. A promessa do VLS foi adiada sucessivas vezes, até o projeto ser oficialmente encerrado em 2016.

“Perdemos mentes brilhantes. Quem sabia construir foguetes naquela época era essa turma que nos deixou em 2003″, afirma o diretor do Centro de Lançamentos de Alcântara, Coronel Fernando Benitez, “Tivemos de formar uma nova geração, que pudesse substituí-los, no sentido técnico.”

Após esse hiato para reconstrução, a nova aposta do Brasil na área envolve uma letra diferente na sigla, que envolve mudanças significativas no projeto. O nome agora é VLM, veículo lançador de microssatélites.

O que mudou no projeto após o desastre de Alcântara, em 2003?

Os dois foguetes têm o mesmo tamanho (19,4 metros). A nova versão terá capacidade de levar cargas úteis de até 100 quilos, ante 350 quilos do VLS, e atingir uma altura de 300 quilômetros. No projeto anterior, a altitude prevista era de 750 quilômetros.

Segundo o Coronel Benitez, a mudança deriva de uma atualização da tecnologia. “O VLS era uma categoria de satélites de 150 quilos e agora a tendência mundial é de lançamentos de satélites menores. Houve uma evolução desde a época do lançamento em relação às tecnologias usadas.”

Para se ter uma ideia, microssatélite é o tipo de equipamento da Starlink, serviço de internet global do bilionário Elon Musk, que emprega dispositivos em órbita baixa para oferecer internet. Em um só dia, Musk consegue colocar mais de 40 satélites em órbita baixa, uma altitude que começa a partir dos 500 quilômetros.

Teste do motor VS-50, que fará parte do foguete brasileiro VLM Foto: FAB/Divulgação

O VLM é uma parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), responsável pelo desenvolvimento de parte dos sistemas do foguete. Já o lado brasileiro ficou com as tarefas de desenvolver o motor e sistemas de navegação reservas, além de preparar toda a estrutura de voo, que vai ser feito em Alcântara.

O engenheiro José Bezerra trabalhou no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão militar responsável pelos projetos do VLS. Ele, que atuou nas três operações de desenvolvimento do foguete até 2003, vê com pessimismo o momento do programa espacial. “Nossas atividades são quase nulas. Existem mais em apresentações power point do que em termos reais”, critica.

Mas se o Brasil tem tantas demandas, por que investir na exploração espacial? “Não tem como fugir da atividade espacial considerando o tamanho do país. Você não faria monitoramento de desmatamento na Amazônia, cinco milhões de km², sem apoio espacial. Não faz monitoramento de oceanos sem monitoramento espacial”, diz Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. “O espaço é absolutamente necessário para nós, por causa das nossas riquezas.”

Novo voo é previsto para 2027

O projeto do VLM começou em 2016. Até agora, só um motor, chamado S-50 foi testado. Foi uma simulação em que o equipamento fica deitado e preso em uma espécie de grade. Ainda é necessário mais um teste desse tipo para que ele possa passar por uma simulação de voo.

O lançamento do veículo de microssatélites é previsto para 2027. O equipamento partirá da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, considerada um dos melhores pontos para lançar foguetes no mundo, dada a proximidade com a linha do Equador. A unidade militar passou por adaptações, sobretudo de segurança, após 2003.

O brigadeiro Frederico Casarino, diretor do IAE, destaca que a segurança é uma prioridade, mas o sucesso do voo não é tarefa simples, do ponto de vista técnico. “A área espacial é de altíssimo risco. Os próprios engenheiros me ensinam que, mundialmente, a média é que de cada cinco tentativas, só tem sucesso em uma. Não adianta, às vezes, pensar que terá sucesso em todos os lançamentos”, afirma.

O Coronel Benitez, por sua vez, tem um tom mais confiante. “Tenho plena certeza que o programa do VLM vai ter sucesso. E todo mundo vai honrar o nome deles ali. Os 21 que têm naquela plaquinha lá vão ser honrados. No dia que lançarmos o VLM, todos estaremos pensando neles.”

ALCÂNTARA (MA) E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - A Índia celebra nesta quarta-feira, 23, o pouso de uma espaçonave na Lua. A Rússia fracassou na mesma tentativa este mês, mas a missão espacial, a maior organizada por Moscou em 47 anos, revela uma ambição não vista desde a União Soviética. A China, por sua vez, é ainda mais ousada: prevê ter astronautas em solo lunar até 2030.

O Brasil não está tão avançado quanto os colegas emergentes na exploração do espaço, mas planeja novidades em breve: colocar um foguete nacional em órbita. Há exatos 20 anos, o País já previa isso com o Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Mas o equipamento pegou fogo três dias antes do lançamento, como o Estadão mostra em seu podcast: Alcântara: O desastre espacial brasileiro.

Aquela já era a terceira tentativa de enviar o VLS para fora da Terra — as outras foram em 1997 e em 1999. Mas nenhuma teve saldo tão trágico quanto a de 2003, quando 21 técnicos e engenheiros morreram. Além das vidas perdidas, o revés freou as ambições do programa espacial brasileiro. A promessa do VLS foi adiada sucessivas vezes, até o projeto ser oficialmente encerrado em 2016.

“Perdemos mentes brilhantes. Quem sabia construir foguetes naquela época era essa turma que nos deixou em 2003″, afirma o diretor do Centro de Lançamentos de Alcântara, Coronel Fernando Benitez, “Tivemos de formar uma nova geração, que pudesse substituí-los, no sentido técnico.”

Após esse hiato para reconstrução, a nova aposta do Brasil na área envolve uma letra diferente na sigla, que envolve mudanças significativas no projeto. O nome agora é VLM, veículo lançador de microssatélites.

O que mudou no projeto após o desastre de Alcântara, em 2003?

Os dois foguetes têm o mesmo tamanho (19,4 metros). A nova versão terá capacidade de levar cargas úteis de até 100 quilos, ante 350 quilos do VLS, e atingir uma altura de 300 quilômetros. No projeto anterior, a altitude prevista era de 750 quilômetros.

Segundo o Coronel Benitez, a mudança deriva de uma atualização da tecnologia. “O VLS era uma categoria de satélites de 150 quilos e agora a tendência mundial é de lançamentos de satélites menores. Houve uma evolução desde a época do lançamento em relação às tecnologias usadas.”

Para se ter uma ideia, microssatélite é o tipo de equipamento da Starlink, serviço de internet global do bilionário Elon Musk, que emprega dispositivos em órbita baixa para oferecer internet. Em um só dia, Musk consegue colocar mais de 40 satélites em órbita baixa, uma altitude que começa a partir dos 500 quilômetros.

Teste do motor VS-50, que fará parte do foguete brasileiro VLM Foto: FAB/Divulgação

O VLM é uma parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), responsável pelo desenvolvimento de parte dos sistemas do foguete. Já o lado brasileiro ficou com as tarefas de desenvolver o motor e sistemas de navegação reservas, além de preparar toda a estrutura de voo, que vai ser feito em Alcântara.

O engenheiro José Bezerra trabalhou no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão militar responsável pelos projetos do VLS. Ele, que atuou nas três operações de desenvolvimento do foguete até 2003, vê com pessimismo o momento do programa espacial. “Nossas atividades são quase nulas. Existem mais em apresentações power point do que em termos reais”, critica.

Mas se o Brasil tem tantas demandas, por que investir na exploração espacial? “Não tem como fugir da atividade espacial considerando o tamanho do país. Você não faria monitoramento de desmatamento na Amazônia, cinco milhões de km², sem apoio espacial. Não faz monitoramento de oceanos sem monitoramento espacial”, diz Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. “O espaço é absolutamente necessário para nós, por causa das nossas riquezas.”

Novo voo é previsto para 2027

O projeto do VLM começou em 2016. Até agora, só um motor, chamado S-50 foi testado. Foi uma simulação em que o equipamento fica deitado e preso em uma espécie de grade. Ainda é necessário mais um teste desse tipo para que ele possa passar por uma simulação de voo.

O lançamento do veículo de microssatélites é previsto para 2027. O equipamento partirá da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, considerada um dos melhores pontos para lançar foguetes no mundo, dada a proximidade com a linha do Equador. A unidade militar passou por adaptações, sobretudo de segurança, após 2003.

O brigadeiro Frederico Casarino, diretor do IAE, destaca que a segurança é uma prioridade, mas o sucesso do voo não é tarefa simples, do ponto de vista técnico. “A área espacial é de altíssimo risco. Os próprios engenheiros me ensinam que, mundialmente, a média é que de cada cinco tentativas, só tem sucesso em uma. Não adianta, às vezes, pensar que terá sucesso em todos os lançamentos”, afirma.

O Coronel Benitez, por sua vez, tem um tom mais confiante. “Tenho plena certeza que o programa do VLM vai ter sucesso. E todo mundo vai honrar o nome deles ali. Os 21 que têm naquela plaquinha lá vão ser honrados. No dia que lançarmos o VLM, todos estaremos pensando neles.”

ALCÂNTARA (MA) E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - A Índia celebra nesta quarta-feira, 23, o pouso de uma espaçonave na Lua. A Rússia fracassou na mesma tentativa este mês, mas a missão espacial, a maior organizada por Moscou em 47 anos, revela uma ambição não vista desde a União Soviética. A China, por sua vez, é ainda mais ousada: prevê ter astronautas em solo lunar até 2030.

O Brasil não está tão avançado quanto os colegas emergentes na exploração do espaço, mas planeja novidades em breve: colocar um foguete nacional em órbita. Há exatos 20 anos, o País já previa isso com o Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Mas o equipamento pegou fogo três dias antes do lançamento, como o Estadão mostra em seu podcast: Alcântara: O desastre espacial brasileiro.

Aquela já era a terceira tentativa de enviar o VLS para fora da Terra — as outras foram em 1997 e em 1999. Mas nenhuma teve saldo tão trágico quanto a de 2003, quando 21 técnicos e engenheiros morreram. Além das vidas perdidas, o revés freou as ambições do programa espacial brasileiro. A promessa do VLS foi adiada sucessivas vezes, até o projeto ser oficialmente encerrado em 2016.

“Perdemos mentes brilhantes. Quem sabia construir foguetes naquela época era essa turma que nos deixou em 2003″, afirma o diretor do Centro de Lançamentos de Alcântara, Coronel Fernando Benitez, “Tivemos de formar uma nova geração, que pudesse substituí-los, no sentido técnico.”

Após esse hiato para reconstrução, a nova aposta do Brasil na área envolve uma letra diferente na sigla, que envolve mudanças significativas no projeto. O nome agora é VLM, veículo lançador de microssatélites.

O que mudou no projeto após o desastre de Alcântara, em 2003?

Os dois foguetes têm o mesmo tamanho (19,4 metros). A nova versão terá capacidade de levar cargas úteis de até 100 quilos, ante 350 quilos do VLS, e atingir uma altura de 300 quilômetros. No projeto anterior, a altitude prevista era de 750 quilômetros.

Segundo o Coronel Benitez, a mudança deriva de uma atualização da tecnologia. “O VLS era uma categoria de satélites de 150 quilos e agora a tendência mundial é de lançamentos de satélites menores. Houve uma evolução desde a época do lançamento em relação às tecnologias usadas.”

Para se ter uma ideia, microssatélite é o tipo de equipamento da Starlink, serviço de internet global do bilionário Elon Musk, que emprega dispositivos em órbita baixa para oferecer internet. Em um só dia, Musk consegue colocar mais de 40 satélites em órbita baixa, uma altitude que começa a partir dos 500 quilômetros.

Teste do motor VS-50, que fará parte do foguete brasileiro VLM Foto: FAB/Divulgação

O VLM é uma parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), responsável pelo desenvolvimento de parte dos sistemas do foguete. Já o lado brasileiro ficou com as tarefas de desenvolver o motor e sistemas de navegação reservas, além de preparar toda a estrutura de voo, que vai ser feito em Alcântara.

O engenheiro José Bezerra trabalhou no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão militar responsável pelos projetos do VLS. Ele, que atuou nas três operações de desenvolvimento do foguete até 2003, vê com pessimismo o momento do programa espacial. “Nossas atividades são quase nulas. Existem mais em apresentações power point do que em termos reais”, critica.

Mas se o Brasil tem tantas demandas, por que investir na exploração espacial? “Não tem como fugir da atividade espacial considerando o tamanho do país. Você não faria monitoramento de desmatamento na Amazônia, cinco milhões de km², sem apoio espacial. Não faz monitoramento de oceanos sem monitoramento espacial”, diz Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. “O espaço é absolutamente necessário para nós, por causa das nossas riquezas.”

Novo voo é previsto para 2027

O projeto do VLM começou em 2016. Até agora, só um motor, chamado S-50 foi testado. Foi uma simulação em que o equipamento fica deitado e preso em uma espécie de grade. Ainda é necessário mais um teste desse tipo para que ele possa passar por uma simulação de voo.

O lançamento do veículo de microssatélites é previsto para 2027. O equipamento partirá da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, considerada um dos melhores pontos para lançar foguetes no mundo, dada a proximidade com a linha do Equador. A unidade militar passou por adaptações, sobretudo de segurança, após 2003.

O brigadeiro Frederico Casarino, diretor do IAE, destaca que a segurança é uma prioridade, mas o sucesso do voo não é tarefa simples, do ponto de vista técnico. “A área espacial é de altíssimo risco. Os próprios engenheiros me ensinam que, mundialmente, a média é que de cada cinco tentativas, só tem sucesso em uma. Não adianta, às vezes, pensar que terá sucesso em todos os lançamentos”, afirma.

O Coronel Benitez, por sua vez, tem um tom mais confiante. “Tenho plena certeza que o programa do VLM vai ter sucesso. E todo mundo vai honrar o nome deles ali. Os 21 que têm naquela plaquinha lá vão ser honrados. No dia que lançarmos o VLM, todos estaremos pensando neles.”

ALCÂNTARA (MA) E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) - A Índia celebra nesta quarta-feira, 23, o pouso de uma espaçonave na Lua. A Rússia fracassou na mesma tentativa este mês, mas a missão espacial, a maior organizada por Moscou em 47 anos, revela uma ambição não vista desde a União Soviética. A China, por sua vez, é ainda mais ousada: prevê ter astronautas em solo lunar até 2030.

O Brasil não está tão avançado quanto os colegas emergentes na exploração do espaço, mas planeja novidades em breve: colocar um foguete nacional em órbita. Há exatos 20 anos, o País já previa isso com o Veículo Lançador de Satélites, o VLS. Mas o equipamento pegou fogo três dias antes do lançamento, como o Estadão mostra em seu podcast: Alcântara: O desastre espacial brasileiro.

Aquela já era a terceira tentativa de enviar o VLS para fora da Terra — as outras foram em 1997 e em 1999. Mas nenhuma teve saldo tão trágico quanto a de 2003, quando 21 técnicos e engenheiros morreram. Além das vidas perdidas, o revés freou as ambições do programa espacial brasileiro. A promessa do VLS foi adiada sucessivas vezes, até o projeto ser oficialmente encerrado em 2016.

“Perdemos mentes brilhantes. Quem sabia construir foguetes naquela época era essa turma que nos deixou em 2003″, afirma o diretor do Centro de Lançamentos de Alcântara, Coronel Fernando Benitez, “Tivemos de formar uma nova geração, que pudesse substituí-los, no sentido técnico.”

Após esse hiato para reconstrução, a nova aposta do Brasil na área envolve uma letra diferente na sigla, que envolve mudanças significativas no projeto. O nome agora é VLM, veículo lançador de microssatélites.

O que mudou no projeto após o desastre de Alcântara, em 2003?

Os dois foguetes têm o mesmo tamanho (19,4 metros). A nova versão terá capacidade de levar cargas úteis de até 100 quilos, ante 350 quilos do VLS, e atingir uma altura de 300 quilômetros. No projeto anterior, a altitude prevista era de 750 quilômetros.

Segundo o Coronel Benitez, a mudança deriva de uma atualização da tecnologia. “O VLS era uma categoria de satélites de 150 quilos e agora a tendência mundial é de lançamentos de satélites menores. Houve uma evolução desde a época do lançamento em relação às tecnologias usadas.”

Para se ter uma ideia, microssatélite é o tipo de equipamento da Starlink, serviço de internet global do bilionário Elon Musk, que emprega dispositivos em órbita baixa para oferecer internet. Em um só dia, Musk consegue colocar mais de 40 satélites em órbita baixa, uma altitude que começa a partir dos 500 quilômetros.

Teste do motor VS-50, que fará parte do foguete brasileiro VLM Foto: FAB/Divulgação

O VLM é uma parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, na sigla em alemão), responsável pelo desenvolvimento de parte dos sistemas do foguete. Já o lado brasileiro ficou com as tarefas de desenvolver o motor e sistemas de navegação reservas, além de preparar toda a estrutura de voo, que vai ser feito em Alcântara.

O engenheiro José Bezerra trabalhou no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), órgão militar responsável pelos projetos do VLS. Ele, que atuou nas três operações de desenvolvimento do foguete até 2003, vê com pessimismo o momento do programa espacial. “Nossas atividades são quase nulas. Existem mais em apresentações power point do que em termos reais”, critica.

Mas se o Brasil tem tantas demandas, por que investir na exploração espacial? “Não tem como fugir da atividade espacial considerando o tamanho do país. Você não faria monitoramento de desmatamento na Amazônia, cinco milhões de km², sem apoio espacial. Não faz monitoramento de oceanos sem monitoramento espacial”, diz Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira. “O espaço é absolutamente necessário para nós, por causa das nossas riquezas.”

Novo voo é previsto para 2027

O projeto do VLM começou em 2016. Até agora, só um motor, chamado S-50 foi testado. Foi uma simulação em que o equipamento fica deitado e preso em uma espécie de grade. Ainda é necessário mais um teste desse tipo para que ele possa passar por uma simulação de voo.

O lançamento do veículo de microssatélites é previsto para 2027. O equipamento partirá da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, considerada um dos melhores pontos para lançar foguetes no mundo, dada a proximidade com a linha do Equador. A unidade militar passou por adaptações, sobretudo de segurança, após 2003.

O brigadeiro Frederico Casarino, diretor do IAE, destaca que a segurança é uma prioridade, mas o sucesso do voo não é tarefa simples, do ponto de vista técnico. “A área espacial é de altíssimo risco. Os próprios engenheiros me ensinam que, mundialmente, a média é que de cada cinco tentativas, só tem sucesso em uma. Não adianta, às vezes, pensar que terá sucesso em todos os lançamentos”, afirma.

O Coronel Benitez, por sua vez, tem um tom mais confiante. “Tenho plena certeza que o programa do VLM vai ter sucesso. E todo mundo vai honrar o nome deles ali. Os 21 que têm naquela plaquinha lá vão ser honrados. No dia que lançarmos o VLM, todos estaremos pensando neles.”

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