Nos últimos dois dias, o telescópio espacial James Webb vem arrancando suspiros com o seu primeiro conjunto de imagens de galáxias distantes. Segundo especialistas, o equipamento inaugura uma nova era na astronomia e permitirá responder questões sobre a formação, evolução e funcionamento do universo.
Por trás do trabalho de cientistas e pesquisadores de entender o material gerado pelo telescópio, há também a ajuda de algoritmos de inteligência artificial (IA).Um dos modelos, batizado de Morpheus, detecta e classifica galáxias nas imagens geradas pelo telescópio - o objetivo é mapear as estruturas originárias do universo.
Como acontece com outros algoritmos de análise de imagem, a tecnologia é capaz de estudar pixels e classificar objetos indecifráveis ao olho humano no material obtido pelo James Webb. Assim, a IA reconhece se as estruturas são galáxias ou não - e, em caso positivo, consegue classificar de qual tipo. Um dos desenvolvedores da tecnologia é o astrofísico da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, Brant Robertson.
Ele comanda uma equipe de 50 pesquisadores com a missão de investigar meio milhão de galáxias em busca das mais antigas e evoluídas. Esse estudo permite avaliar a evolução da matéria escura e, por meio do software, automatizar o processo.
A ajuda é muito bem-vinda, afinal o James Webb gera um volume gigante de informações. O equipamento é capaz de enviar a um terminal na Terra pelo menos 57,2 gigabytes de registros científicos por dia e até 28 megabits de dados por segundo.
“Você pode treinar um modelo para tomar essas decisões para você de uma maneira menos prática e mais baseada em um conjunto de métricas que você define”, disse Robertson ao blog da empresa de tecnologia Nvidia. Os processadores da multinacional, especialista em chips dedicados à IA, ajudam a acelerar o procedimento.
Em entrevista ao site The Register, Robertson afirma que a tecnologia tem potencial para descobrir novos elementos que contribuem para entender a origem dos astros há 13,7 bilhões de anos.
“Os dados do Telescópio Espacial James Webb são empolgantes porque nos dão uma janela sem precedentes no universo infravermelho, com uma resolução com a qual apenas sonhamos até agora”.
O Morpheus foi usado pela primeira vez entre 2003 e 2012 para analisar 7,6 mil imagens capturadas pelo telescópio Hubble. A ferramenta foi atualizada para atender a demanda do James Webb, que fornece uma visão mais ampla e profunda do universo. O programa, por exemplo, consegue agora descombinar elementos que parecem sobrepostas no céu. Ou seja, se nas imagens uma galáxia encobre outra, a IA consegue separá-las para que possam ser analisadas individualmente.