Fui vítima de um fake, e agora? Aprenda a identificar e denunciar perfis falsos em apps de namoro


Aplicativos de encontros estão cheios de contas falsas mas há maneiras eficientes de se proteger

Por Henrique Sampaio
Atualização:

Plataformas digitais, especialmente as sociais, se baseiam na declaração de boa-fé dos usuários, com pouca ou nenhuma verificação de legitimidade na criação de novas contas. Com o surgimento de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa, e sem as devidas regulamentações para as plataformas digitais, é cada vez mais fácil ser enganado por pessoas mal intencionadas na internet, inclusive com a aplicação de golpes e extorsão. E um dos ambientes digitais mais comuns para isso são os aplicativos de encontro como Tinder, Grindr, Happn e Inner Circle.

Mesmo que você não perceba à primeira vista, é corriqueiro lidar com perfis falsos nestas plataformas. Na busca por interações sociais, românticas ou sexuais, muitas pessoas se passam por outros indivíduos, reais ou fictícios, em vez de assumir sua própria identidade - também conhecido como “catfish”. Os motivos podem ser os mais variados possíveis, da vergonha pela própria aparência a um desejo de se passar por outro. E, naturalmente, há nesse bolo os que estão dispostos a aplicar golpes por dinheiro.

É importante ficar atento para não cair em imagens falsas nos apps de relacionamento Foto: Akhtar Soomro/Reuters
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De acordo com a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), só em 2023 foram mais de 64 mil casos de golpes românticos reportados nos EUA, que resultaram em perdas de mais de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões). Em São Paulo, aproximadamente 90% de todos os 115 casos de sequestro que aconteceram em 2022 ocorreram por meio de aplicativos de namoro, segundo dados da Divisão Antissequestro de São Paulo. Há registros, também, de casos mais graves, como assaltos com uso de violência, alguns seguidos de assassinato.

Pesquisam indicam que golpistas são mestres do disfarce. “Eles criam perfis online falsos com fotos atraentes retiradas da web”, diz o FTC. “Às vezes, até assumem as identidades de pessoas reais. Eles podem estudar informações que as pessoas compartilham online e, em seguida, fingir ter interesses comuns. E os detalhes que eles compartilham sobre si mesmos sempre incluirão desculpas embutidas para não se encontrarem pessoalmente.”

Manter um perfil falso em plataformas de relacionamento não constitui crime, mas é claramente uma infração aos termos e condições impostas pelos sites e aplicativos. Embora as empresas aleguem um esforço para limitar os fakes e tornar seus espaços mais seguros, a verdade é que mesmo quando denunciados por meio de suas próprias ferramentas, é comum que os usuários por trás delas continuem ativos e impunes.

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Contudo, o uso não autorizado de imagens de terceiros para divulgar conteúdos que atacam a honra, expondo pessoas ao ridículo, podem ser punidos pela legislação brasileira.

De acordo com Chiara Spadaccini de Teffé, doutora e mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), “o crime de falsa identidade é considerado um delito de menor gravidade em relação a outros crimes previstos no Código Penal e por isso, a pena prevista é de detenção de três meses a um ano, ou multa.” A especialista ressalta, contudo, que apesar do menor potencial ofensivo, o crime pode trazer consequências graves para as vítimas envolvidas. “Se uma pessoa usa uma identidade falsa para obter crédito em nome de outra pessoa, essa pessoa pode ser responsabilizada pelos prejuízos financeiros causados à vítima.”

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A cultura de exposição nas redes sociais também facilita a criação e manutenção de perfis falsos nestas plataformas. Se você costuma postar muitos “biscoitos” (imagens que buscam curtidas e comentários por causa da aparência física), fotos de rosto e com amigos ou família, saiba que você corre o risco de alguém usar essas fotos para alimentar um perfil falso em algum lugar da internet. E mesmo que alguns considerem uma espécie de “elogio” ter suas fotos usadas em perfis falsos, essa prática pode resultar em dor de cabeça não só para quem é enganado mas também para quem tem sua identidade roubada.

Fui vítima de um fake, e agora?

Se você se apaixonou ou trocou nudes e confidências com um fake, saiba que há meios de se proteger. Da mesma forma, é possível buscar seus direitos se sua imagem estiver sendo usada sem seu consentimento por desconhecidos.

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O primeiro passo é denunciar o perfil falso à plataforma onde essa conta se encontra. Caso a solicitação não seja eficiente, é possível ingressar com uma ação judicial solicitando a exclusão e identificação do usuário. “Por vezes é um pouco mais fácil demandar à plataforma porque nem sempre a gente sabe quem é o real ofensor, quem é a pessoa que de fato criou o perfil falso”, diz Spadaccini. “Muitas vezes as pessoas buscam se esconder, buscam ser anônimas, mas há mecanismos de encontrá-las.”

“O juiz vai oficiar o provedor de aplicações, que é a plataforma em questão, pedindo os dados sobre esse usuário que criou o perfil falso, e com esses dados você também pode oficiar o provedor de conexão à internet que foi usado por esse usuário, para você obter ainda mais informações”, explica a advogada.

O caminho judicial pode não ser o mais simples, contudo. Felizmente, há outras formas de identificar a pessoa por trás de um perfil falso, com métodos legais que podem facilitar essa investigação, bem como dicas para evitar aborrecimentos em seus encontros realizados por meio de aplicativos. Recomendamos que você siga todos os passos para se certificar de que não está caindo em um perfil falso.

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Siga o passo a passo para denunciar perfis com imagens falsas e criadas por IA. As meninas das fotos são modelos e influenciadoras digitais criadas por IA. Foto: Reprodução/Instagram/@fit_aitana/@limaiaaa

Peça por pelo menos uma rede social do pretendente

Mais do que mera curiosidade, investigar as redes sociais do pretendente pode contribuir para a validação de sua identidade. Embora apenas essa etapa não seja suficiente para identificar um fake, uma vez que o esforço do indivíduo em se passar por uma pessoa pode se estender para outras plataformas, é possível ter algumas pistas.

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  • Desconfie se a pessoa se negar a enviar suas redes sociais. Existem pessoas low-profile que não possuem redes sociais e nem gostam de se expor, mas mesmo estas muitas vezes possuem um perfil ativo no Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), LinkedIn, YouTube etc;
  • Repare nos comentários, números de seguidores e tempo de atividade. Usuários comuns geralmente possuem algumas interações e tempo de atividade.
  • Caso você encontre um perfil de alguém conhecido em uma plataforma de encontros, antes de iniciar uma paquera, confirme com a pessoa real de que se trata dela mesma. É comum que pessoas mal intencionadas criem fakes que se passam por indivíduos reais com algum grau de exposição nas redes e enganem seguidores, colegas ou amigos de longa data.

Desconfie das fotos

  • Contas fake podem conter fotos de mais de uma pessoa: um conjunto de imagens que incluem rostos e um segundo conjunto de nudes, em que o rosto não é visível, criando assim um individuo “ideal”. Ao receber nudes, olhe atentamente aos detalhes do corpo da pessoa para se certificar de que se trata do mesmo indivíduo em todas as imagens. Tatuagens, pintas, manchas, cicatrizes, curvas, músculos, dobras, estrias e pêlos: tudo serve de referência para você se certificar de não está sendo enganado com fotos de múltiplas pessoas;
  • Desconfie de fotos muito bonitas, com produção impecável: elas podem ser de modelos profissionais e extraídas de um banco de imagens, como o Shutterstock ou até mesmo geradas por IA;
  • Cheque a consistência das fotos. Se as imagens tiverem uma diferença de qualidade e compressão muito grande entre elas, suspeite. A pessoa pode ter reunido imagens de origens distintas em vez de tê-las tirado com seu próprio celular. Pior: pode tê-las manipulado;
  • Procure por sinais de manipulação na imagem. Atualmente não é preciso mais um conhecimento avançado em Photoshop para conseguir inserir um rosto em outro corpo, por exemplo. Há inúmeras opções de IAs generativas acessíveis que fazem modificações realistas em fotos. Apesar dos avanços, há sempre algum resíduo que permite identificar imagens manipuladas, a exemplo da infame foto da Kate Middleton.

Use o Google Imagens para checar a procedência das fotos

  • Uma das formas mais eficientes de se certificar de que o contatinho é legítimo é jogar uma foto dele ou dela (de preferência contendo o rosto) no Google Imagens e identificar sua origem. Essa etapa pode ser feita tanto através do desktop, arrastando a imagem a ser analisada para dentro da aba de pesquisa, ou celular, pelo Google Lens, que pode ser acessado via app ou tocando no ícone de câmera fotográfica na barra do Google, em aparelhos Android;
  • Nos resultados, se você se deparar com a imagem disponível em sites, banco de imagens ou perfis em redes sociais sem qualquer relação com o perfil que está te xavecando, já se prepare para denunciá-lo à plataforma;
  • Se possível, também entre em contato com a pessoa real por trás da foto, avise-a sobre o uso de sua imagem e compartilhe o que sabe sobre o fake com ela.

Faça o teste do Pix

  • Não é porque a pessoa te mandou um número de telefone e vem se comunicando com você pelo WhatsApp ou Telegram que isso torna seu perfil legítimo. Contas falsas nos mensageiros são tão comuns quanto em redes sociais – inclusive, golpes são facilmente aplicados por meio de mentiras no WhatsApp. Uma forma de se certificar de que o número de telefone é mesmo de quem diz ser seu dono é testá-lo na transferência via Pix de seu banco;
  • Se o número estiver registrado no Pix, você poderá simular uma transferência de um valor ínfimo, como R$ 0,01, apenas para checar o nome associado ao telefone, sem a necessidade de confirmação da operação. Caso apareça um nome diferente daquele que foi informado para você, talvez haja motivos para desconfiar.

Compartilhe informações com conhecidos

Realizou as etapas anteriores, está certo de que seu pretendente é real e resolveu marcar um encontro? É hora de compartilhar algumas algumas informações com uma pessoa próxima de confiança, como um amigo ou alguém da família, para garantir sua segurança.

  • Envie informações da pessoa com quem você irá encontrar, como o número de telefone e WhatsApp ou perfil em rede social;
  • Compartilhe sua localização em tempo real pelo tempo que pretende passar fora e a atualize sobre eventuais mudanças de planos – como sair de um café para um outro lugar.

Marque seu encontros em locais públicos

  • Evite marcar um encontro em sua casa ou na casa de um desconhecido. Prefira inicialmente conhecer a pessoa em um local público, como um café, para garantir de que se trata da pessoa com quem de fato você vinha conversando.

Caso as plataformas não derrubem os perfis falsos, reúna o máximo de informações que conseguir, incluindo prints do fake, de conversas e outras informações, como número de telefone, e faça uma denúncia nos órgãos competentes:

  • Faça um boletim de ocorrência online (BO);
  • Faça uma denúncia online no Ministério Público do seu estado;
  • Entre em contato com a plataforma informando a abertura de BO e ação no Ministério Público e exija o banimento do usuário da plataforma e a preservação dos dados, caso você queria entrar com uma ação juntamente com advogados para identificar o perfil.

Para entrar em contato direto com as plataformas, use os seguintes emails:

legaldept@gotinder.com

legal@grindr.com

contact@happn.fr

support@theinnercircle.co

Plataformas digitais, especialmente as sociais, se baseiam na declaração de boa-fé dos usuários, com pouca ou nenhuma verificação de legitimidade na criação de novas contas. Com o surgimento de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa, e sem as devidas regulamentações para as plataformas digitais, é cada vez mais fácil ser enganado por pessoas mal intencionadas na internet, inclusive com a aplicação de golpes e extorsão. E um dos ambientes digitais mais comuns para isso são os aplicativos de encontro como Tinder, Grindr, Happn e Inner Circle.

Mesmo que você não perceba à primeira vista, é corriqueiro lidar com perfis falsos nestas plataformas. Na busca por interações sociais, românticas ou sexuais, muitas pessoas se passam por outros indivíduos, reais ou fictícios, em vez de assumir sua própria identidade - também conhecido como “catfish”. Os motivos podem ser os mais variados possíveis, da vergonha pela própria aparência a um desejo de se passar por outro. E, naturalmente, há nesse bolo os que estão dispostos a aplicar golpes por dinheiro.

É importante ficar atento para não cair em imagens falsas nos apps de relacionamento Foto: Akhtar Soomro/Reuters

De acordo com a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), só em 2023 foram mais de 64 mil casos de golpes românticos reportados nos EUA, que resultaram em perdas de mais de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões). Em São Paulo, aproximadamente 90% de todos os 115 casos de sequestro que aconteceram em 2022 ocorreram por meio de aplicativos de namoro, segundo dados da Divisão Antissequestro de São Paulo. Há registros, também, de casos mais graves, como assaltos com uso de violência, alguns seguidos de assassinato.

Pesquisam indicam que golpistas são mestres do disfarce. “Eles criam perfis online falsos com fotos atraentes retiradas da web”, diz o FTC. “Às vezes, até assumem as identidades de pessoas reais. Eles podem estudar informações que as pessoas compartilham online e, em seguida, fingir ter interesses comuns. E os detalhes que eles compartilham sobre si mesmos sempre incluirão desculpas embutidas para não se encontrarem pessoalmente.”

Manter um perfil falso em plataformas de relacionamento não constitui crime, mas é claramente uma infração aos termos e condições impostas pelos sites e aplicativos. Embora as empresas aleguem um esforço para limitar os fakes e tornar seus espaços mais seguros, a verdade é que mesmo quando denunciados por meio de suas próprias ferramentas, é comum que os usuários por trás delas continuem ativos e impunes.

Contudo, o uso não autorizado de imagens de terceiros para divulgar conteúdos que atacam a honra, expondo pessoas ao ridículo, podem ser punidos pela legislação brasileira.

De acordo com Chiara Spadaccini de Teffé, doutora e mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), “o crime de falsa identidade é considerado um delito de menor gravidade em relação a outros crimes previstos no Código Penal e por isso, a pena prevista é de detenção de três meses a um ano, ou multa.” A especialista ressalta, contudo, que apesar do menor potencial ofensivo, o crime pode trazer consequências graves para as vítimas envolvidas. “Se uma pessoa usa uma identidade falsa para obter crédito em nome de outra pessoa, essa pessoa pode ser responsabilizada pelos prejuízos financeiros causados à vítima.”

A cultura de exposição nas redes sociais também facilita a criação e manutenção de perfis falsos nestas plataformas. Se você costuma postar muitos “biscoitos” (imagens que buscam curtidas e comentários por causa da aparência física), fotos de rosto e com amigos ou família, saiba que você corre o risco de alguém usar essas fotos para alimentar um perfil falso em algum lugar da internet. E mesmo que alguns considerem uma espécie de “elogio” ter suas fotos usadas em perfis falsos, essa prática pode resultar em dor de cabeça não só para quem é enganado mas também para quem tem sua identidade roubada.

Fui vítima de um fake, e agora?

Se você se apaixonou ou trocou nudes e confidências com um fake, saiba que há meios de se proteger. Da mesma forma, é possível buscar seus direitos se sua imagem estiver sendo usada sem seu consentimento por desconhecidos.

O primeiro passo é denunciar o perfil falso à plataforma onde essa conta se encontra. Caso a solicitação não seja eficiente, é possível ingressar com uma ação judicial solicitando a exclusão e identificação do usuário. “Por vezes é um pouco mais fácil demandar à plataforma porque nem sempre a gente sabe quem é o real ofensor, quem é a pessoa que de fato criou o perfil falso”, diz Spadaccini. “Muitas vezes as pessoas buscam se esconder, buscam ser anônimas, mas há mecanismos de encontrá-las.”

“O juiz vai oficiar o provedor de aplicações, que é a plataforma em questão, pedindo os dados sobre esse usuário que criou o perfil falso, e com esses dados você também pode oficiar o provedor de conexão à internet que foi usado por esse usuário, para você obter ainda mais informações”, explica a advogada.

O caminho judicial pode não ser o mais simples, contudo. Felizmente, há outras formas de identificar a pessoa por trás de um perfil falso, com métodos legais que podem facilitar essa investigação, bem como dicas para evitar aborrecimentos em seus encontros realizados por meio de aplicativos. Recomendamos que você siga todos os passos para se certificar de que não está caindo em um perfil falso.

Siga o passo a passo para denunciar perfis com imagens falsas e criadas por IA. As meninas das fotos são modelos e influenciadoras digitais criadas por IA. Foto: Reprodução/Instagram/@fit_aitana/@limaiaaa

Peça por pelo menos uma rede social do pretendente

Mais do que mera curiosidade, investigar as redes sociais do pretendente pode contribuir para a validação de sua identidade. Embora apenas essa etapa não seja suficiente para identificar um fake, uma vez que o esforço do indivíduo em se passar por uma pessoa pode se estender para outras plataformas, é possível ter algumas pistas.

  • Desconfie se a pessoa se negar a enviar suas redes sociais. Existem pessoas low-profile que não possuem redes sociais e nem gostam de se expor, mas mesmo estas muitas vezes possuem um perfil ativo no Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), LinkedIn, YouTube etc;
  • Repare nos comentários, números de seguidores e tempo de atividade. Usuários comuns geralmente possuem algumas interações e tempo de atividade.
  • Caso você encontre um perfil de alguém conhecido em uma plataforma de encontros, antes de iniciar uma paquera, confirme com a pessoa real de que se trata dela mesma. É comum que pessoas mal intencionadas criem fakes que se passam por indivíduos reais com algum grau de exposição nas redes e enganem seguidores, colegas ou amigos de longa data.

Desconfie das fotos

  • Contas fake podem conter fotos de mais de uma pessoa: um conjunto de imagens que incluem rostos e um segundo conjunto de nudes, em que o rosto não é visível, criando assim um individuo “ideal”. Ao receber nudes, olhe atentamente aos detalhes do corpo da pessoa para se certificar de que se trata do mesmo indivíduo em todas as imagens. Tatuagens, pintas, manchas, cicatrizes, curvas, músculos, dobras, estrias e pêlos: tudo serve de referência para você se certificar de não está sendo enganado com fotos de múltiplas pessoas;
  • Desconfie de fotos muito bonitas, com produção impecável: elas podem ser de modelos profissionais e extraídas de um banco de imagens, como o Shutterstock ou até mesmo geradas por IA;
  • Cheque a consistência das fotos. Se as imagens tiverem uma diferença de qualidade e compressão muito grande entre elas, suspeite. A pessoa pode ter reunido imagens de origens distintas em vez de tê-las tirado com seu próprio celular. Pior: pode tê-las manipulado;
  • Procure por sinais de manipulação na imagem. Atualmente não é preciso mais um conhecimento avançado em Photoshop para conseguir inserir um rosto em outro corpo, por exemplo. Há inúmeras opções de IAs generativas acessíveis que fazem modificações realistas em fotos. Apesar dos avanços, há sempre algum resíduo que permite identificar imagens manipuladas, a exemplo da infame foto da Kate Middleton.

Use o Google Imagens para checar a procedência das fotos

  • Uma das formas mais eficientes de se certificar de que o contatinho é legítimo é jogar uma foto dele ou dela (de preferência contendo o rosto) no Google Imagens e identificar sua origem. Essa etapa pode ser feita tanto através do desktop, arrastando a imagem a ser analisada para dentro da aba de pesquisa, ou celular, pelo Google Lens, que pode ser acessado via app ou tocando no ícone de câmera fotográfica na barra do Google, em aparelhos Android;
  • Nos resultados, se você se deparar com a imagem disponível em sites, banco de imagens ou perfis em redes sociais sem qualquer relação com o perfil que está te xavecando, já se prepare para denunciá-lo à plataforma;
  • Se possível, também entre em contato com a pessoa real por trás da foto, avise-a sobre o uso de sua imagem e compartilhe o que sabe sobre o fake com ela.

Faça o teste do Pix

  • Não é porque a pessoa te mandou um número de telefone e vem se comunicando com você pelo WhatsApp ou Telegram que isso torna seu perfil legítimo. Contas falsas nos mensageiros são tão comuns quanto em redes sociais – inclusive, golpes são facilmente aplicados por meio de mentiras no WhatsApp. Uma forma de se certificar de que o número de telefone é mesmo de quem diz ser seu dono é testá-lo na transferência via Pix de seu banco;
  • Se o número estiver registrado no Pix, você poderá simular uma transferência de um valor ínfimo, como R$ 0,01, apenas para checar o nome associado ao telefone, sem a necessidade de confirmação da operação. Caso apareça um nome diferente daquele que foi informado para você, talvez haja motivos para desconfiar.

Compartilhe informações com conhecidos

Realizou as etapas anteriores, está certo de que seu pretendente é real e resolveu marcar um encontro? É hora de compartilhar algumas algumas informações com uma pessoa próxima de confiança, como um amigo ou alguém da família, para garantir sua segurança.

  • Envie informações da pessoa com quem você irá encontrar, como o número de telefone e WhatsApp ou perfil em rede social;
  • Compartilhe sua localização em tempo real pelo tempo que pretende passar fora e a atualize sobre eventuais mudanças de planos – como sair de um café para um outro lugar.

Marque seu encontros em locais públicos

  • Evite marcar um encontro em sua casa ou na casa de um desconhecido. Prefira inicialmente conhecer a pessoa em um local público, como um café, para garantir de que se trata da pessoa com quem de fato você vinha conversando.

Caso as plataformas não derrubem os perfis falsos, reúna o máximo de informações que conseguir, incluindo prints do fake, de conversas e outras informações, como número de telefone, e faça uma denúncia nos órgãos competentes:

  • Faça um boletim de ocorrência online (BO);
  • Faça uma denúncia online no Ministério Público do seu estado;
  • Entre em contato com a plataforma informando a abertura de BO e ação no Ministério Público e exija o banimento do usuário da plataforma e a preservação dos dados, caso você queria entrar com uma ação juntamente com advogados para identificar o perfil.

Para entrar em contato direto com as plataformas, use os seguintes emails:

legaldept@gotinder.com

legal@grindr.com

contact@happn.fr

support@theinnercircle.co

Plataformas digitais, especialmente as sociais, se baseiam na declaração de boa-fé dos usuários, com pouca ou nenhuma verificação de legitimidade na criação de novas contas. Com o surgimento de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa, e sem as devidas regulamentações para as plataformas digitais, é cada vez mais fácil ser enganado por pessoas mal intencionadas na internet, inclusive com a aplicação de golpes e extorsão. E um dos ambientes digitais mais comuns para isso são os aplicativos de encontro como Tinder, Grindr, Happn e Inner Circle.

Mesmo que você não perceba à primeira vista, é corriqueiro lidar com perfis falsos nestas plataformas. Na busca por interações sociais, românticas ou sexuais, muitas pessoas se passam por outros indivíduos, reais ou fictícios, em vez de assumir sua própria identidade - também conhecido como “catfish”. Os motivos podem ser os mais variados possíveis, da vergonha pela própria aparência a um desejo de se passar por outro. E, naturalmente, há nesse bolo os que estão dispostos a aplicar golpes por dinheiro.

É importante ficar atento para não cair em imagens falsas nos apps de relacionamento Foto: Akhtar Soomro/Reuters

De acordo com a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), só em 2023 foram mais de 64 mil casos de golpes românticos reportados nos EUA, que resultaram em perdas de mais de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões). Em São Paulo, aproximadamente 90% de todos os 115 casos de sequestro que aconteceram em 2022 ocorreram por meio de aplicativos de namoro, segundo dados da Divisão Antissequestro de São Paulo. Há registros, também, de casos mais graves, como assaltos com uso de violência, alguns seguidos de assassinato.

Pesquisam indicam que golpistas são mestres do disfarce. “Eles criam perfis online falsos com fotos atraentes retiradas da web”, diz o FTC. “Às vezes, até assumem as identidades de pessoas reais. Eles podem estudar informações que as pessoas compartilham online e, em seguida, fingir ter interesses comuns. E os detalhes que eles compartilham sobre si mesmos sempre incluirão desculpas embutidas para não se encontrarem pessoalmente.”

Manter um perfil falso em plataformas de relacionamento não constitui crime, mas é claramente uma infração aos termos e condições impostas pelos sites e aplicativos. Embora as empresas aleguem um esforço para limitar os fakes e tornar seus espaços mais seguros, a verdade é que mesmo quando denunciados por meio de suas próprias ferramentas, é comum que os usuários por trás delas continuem ativos e impunes.

Contudo, o uso não autorizado de imagens de terceiros para divulgar conteúdos que atacam a honra, expondo pessoas ao ridículo, podem ser punidos pela legislação brasileira.

De acordo com Chiara Spadaccini de Teffé, doutora e mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), “o crime de falsa identidade é considerado um delito de menor gravidade em relação a outros crimes previstos no Código Penal e por isso, a pena prevista é de detenção de três meses a um ano, ou multa.” A especialista ressalta, contudo, que apesar do menor potencial ofensivo, o crime pode trazer consequências graves para as vítimas envolvidas. “Se uma pessoa usa uma identidade falsa para obter crédito em nome de outra pessoa, essa pessoa pode ser responsabilizada pelos prejuízos financeiros causados à vítima.”

A cultura de exposição nas redes sociais também facilita a criação e manutenção de perfis falsos nestas plataformas. Se você costuma postar muitos “biscoitos” (imagens que buscam curtidas e comentários por causa da aparência física), fotos de rosto e com amigos ou família, saiba que você corre o risco de alguém usar essas fotos para alimentar um perfil falso em algum lugar da internet. E mesmo que alguns considerem uma espécie de “elogio” ter suas fotos usadas em perfis falsos, essa prática pode resultar em dor de cabeça não só para quem é enganado mas também para quem tem sua identidade roubada.

Fui vítima de um fake, e agora?

Se você se apaixonou ou trocou nudes e confidências com um fake, saiba que há meios de se proteger. Da mesma forma, é possível buscar seus direitos se sua imagem estiver sendo usada sem seu consentimento por desconhecidos.

O primeiro passo é denunciar o perfil falso à plataforma onde essa conta se encontra. Caso a solicitação não seja eficiente, é possível ingressar com uma ação judicial solicitando a exclusão e identificação do usuário. “Por vezes é um pouco mais fácil demandar à plataforma porque nem sempre a gente sabe quem é o real ofensor, quem é a pessoa que de fato criou o perfil falso”, diz Spadaccini. “Muitas vezes as pessoas buscam se esconder, buscam ser anônimas, mas há mecanismos de encontrá-las.”

“O juiz vai oficiar o provedor de aplicações, que é a plataforma em questão, pedindo os dados sobre esse usuário que criou o perfil falso, e com esses dados você também pode oficiar o provedor de conexão à internet que foi usado por esse usuário, para você obter ainda mais informações”, explica a advogada.

O caminho judicial pode não ser o mais simples, contudo. Felizmente, há outras formas de identificar a pessoa por trás de um perfil falso, com métodos legais que podem facilitar essa investigação, bem como dicas para evitar aborrecimentos em seus encontros realizados por meio de aplicativos. Recomendamos que você siga todos os passos para se certificar de que não está caindo em um perfil falso.

Siga o passo a passo para denunciar perfis com imagens falsas e criadas por IA. As meninas das fotos são modelos e influenciadoras digitais criadas por IA. Foto: Reprodução/Instagram/@fit_aitana/@limaiaaa

Peça por pelo menos uma rede social do pretendente

Mais do que mera curiosidade, investigar as redes sociais do pretendente pode contribuir para a validação de sua identidade. Embora apenas essa etapa não seja suficiente para identificar um fake, uma vez que o esforço do indivíduo em se passar por uma pessoa pode se estender para outras plataformas, é possível ter algumas pistas.

  • Desconfie se a pessoa se negar a enviar suas redes sociais. Existem pessoas low-profile que não possuem redes sociais e nem gostam de se expor, mas mesmo estas muitas vezes possuem um perfil ativo no Instagram, Facebook, X (antigo Twitter), LinkedIn, YouTube etc;
  • Repare nos comentários, números de seguidores e tempo de atividade. Usuários comuns geralmente possuem algumas interações e tempo de atividade.
  • Caso você encontre um perfil de alguém conhecido em uma plataforma de encontros, antes de iniciar uma paquera, confirme com a pessoa real de que se trata dela mesma. É comum que pessoas mal intencionadas criem fakes que se passam por indivíduos reais com algum grau de exposição nas redes e enganem seguidores, colegas ou amigos de longa data.

Desconfie das fotos

  • Contas fake podem conter fotos de mais de uma pessoa: um conjunto de imagens que incluem rostos e um segundo conjunto de nudes, em que o rosto não é visível, criando assim um individuo “ideal”. Ao receber nudes, olhe atentamente aos detalhes do corpo da pessoa para se certificar de que se trata do mesmo indivíduo em todas as imagens. Tatuagens, pintas, manchas, cicatrizes, curvas, músculos, dobras, estrias e pêlos: tudo serve de referência para você se certificar de não está sendo enganado com fotos de múltiplas pessoas;
  • Desconfie de fotos muito bonitas, com produção impecável: elas podem ser de modelos profissionais e extraídas de um banco de imagens, como o Shutterstock ou até mesmo geradas por IA;
  • Cheque a consistência das fotos. Se as imagens tiverem uma diferença de qualidade e compressão muito grande entre elas, suspeite. A pessoa pode ter reunido imagens de origens distintas em vez de tê-las tirado com seu próprio celular. Pior: pode tê-las manipulado;
  • Procure por sinais de manipulação na imagem. Atualmente não é preciso mais um conhecimento avançado em Photoshop para conseguir inserir um rosto em outro corpo, por exemplo. Há inúmeras opções de IAs generativas acessíveis que fazem modificações realistas em fotos. Apesar dos avanços, há sempre algum resíduo que permite identificar imagens manipuladas, a exemplo da infame foto da Kate Middleton.

Use o Google Imagens para checar a procedência das fotos

  • Uma das formas mais eficientes de se certificar de que o contatinho é legítimo é jogar uma foto dele ou dela (de preferência contendo o rosto) no Google Imagens e identificar sua origem. Essa etapa pode ser feita tanto através do desktop, arrastando a imagem a ser analisada para dentro da aba de pesquisa, ou celular, pelo Google Lens, que pode ser acessado via app ou tocando no ícone de câmera fotográfica na barra do Google, em aparelhos Android;
  • Nos resultados, se você se deparar com a imagem disponível em sites, banco de imagens ou perfis em redes sociais sem qualquer relação com o perfil que está te xavecando, já se prepare para denunciá-lo à plataforma;
  • Se possível, também entre em contato com a pessoa real por trás da foto, avise-a sobre o uso de sua imagem e compartilhe o que sabe sobre o fake com ela.

Faça o teste do Pix

  • Não é porque a pessoa te mandou um número de telefone e vem se comunicando com você pelo WhatsApp ou Telegram que isso torna seu perfil legítimo. Contas falsas nos mensageiros são tão comuns quanto em redes sociais – inclusive, golpes são facilmente aplicados por meio de mentiras no WhatsApp. Uma forma de se certificar de que o número de telefone é mesmo de quem diz ser seu dono é testá-lo na transferência via Pix de seu banco;
  • Se o número estiver registrado no Pix, você poderá simular uma transferência de um valor ínfimo, como R$ 0,01, apenas para checar o nome associado ao telefone, sem a necessidade de confirmação da operação. Caso apareça um nome diferente daquele que foi informado para você, talvez haja motivos para desconfiar.

Compartilhe informações com conhecidos

Realizou as etapas anteriores, está certo de que seu pretendente é real e resolveu marcar um encontro? É hora de compartilhar algumas algumas informações com uma pessoa próxima de confiança, como um amigo ou alguém da família, para garantir sua segurança.

  • Envie informações da pessoa com quem você irá encontrar, como o número de telefone e WhatsApp ou perfil em rede social;
  • Compartilhe sua localização em tempo real pelo tempo que pretende passar fora e a atualize sobre eventuais mudanças de planos – como sair de um café para um outro lugar.

Marque seu encontros em locais públicos

  • Evite marcar um encontro em sua casa ou na casa de um desconhecido. Prefira inicialmente conhecer a pessoa em um local público, como um café, para garantir de que se trata da pessoa com quem de fato você vinha conversando.

Caso as plataformas não derrubem os perfis falsos, reúna o máximo de informações que conseguir, incluindo prints do fake, de conversas e outras informações, como número de telefone, e faça uma denúncia nos órgãos competentes:

  • Faça um boletim de ocorrência online (BO);
  • Faça uma denúncia online no Ministério Público do seu estado;
  • Entre em contato com a plataforma informando a abertura de BO e ação no Ministério Público e exija o banimento do usuário da plataforma e a preservação dos dados, caso você queria entrar com uma ação juntamente com advogados para identificar o perfil.

Para entrar em contato direto com as plataformas, use os seguintes emails:

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