Amazônia IA: Chatbot de inteligência artificial nacional quer atrair usuários com ‘brasilidade’


Embora não tenha mais respostas que o ChatGPT, alguns temas podem ser mais aprofundados na IA do Brasil

Por Sabrina Brito

“Nenhum LLM sabe mais sobre o Brasil.” É assim que se apresenta o Amazônia IA, modelo de inteligência artificial (IA) criado especificamente para focar na cultura brasileira, lançado no final de julho. Com um chatbot que lembra o de empresas já conhecidas no mercado, como OpenAI e Anthropic, a WideLabs, empresa que desenvolveu o robô, quer ocupar o lugar de estrangeiras com a proposta de uma IA imersa na brasilidade.

Com uma interface semelhante à do ChatGPT, o Amazônia IA é um robô de conversação com um modelo amplo de linguagem (LLM) desenvolvido especialmente para o português, e apresenta-se dividida em quatro categorias: cultura brasileira, criação, literatura e negócios. Por meio de cada uma delas, o usuário pode obter respostas mais aprofundadas sobre cada tema.

O Amazônia IA é semelhante ao ChatGPT, mas pode oferecer retornos mais aprofundados sobre alguns temas, explica o CEO Foto: Reprodução/Amazônia IA
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“É um modelo criado por brasileiros com grande volume de conteúdo, que conhece o Brasil mais do que outros modelos”, afirma Nelson Leoni, CEO da WideLabs. “Toda a infraestrutura de máquinas e data centers está no Brasil, com total capacidade de atender a demanda aqui. Nenhum dado que trafega dentro do modelo sairá da fronteira brasileira.”

O Amazônia IA foi oficialmente lançado no dia 30 de julho pela empresa brasileira WideLabs na 5ª Conferência Nacional de CT&I, que ocorreu até o dia 1º de agosto em Brasília. A ferramenta tem janela de contexto de 64k e é atualizada até março de 2024 — o ChatGPT por exemplo, tem janela de contexto de 280k, o que permite que tenha mais capacidade de “memória” para informações.

“Tudo começou porque vimos que, no ChatGPT, a resposta para ‘quem inventou a aviação?’ era os irmãos Wright. Nem mencionava o Santos Dumont”, conta Leoni. “Também queríamos incluir, por exemplo, fatores como receitas regionais, com um conhecimento mais completo.”

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Para o CEO, o modelo ajuda a democratizar o acesso à informação e à tecnologia no Brasil, que costuma ser muito nichado. Além disso, de acordo com Leoni, dificilmente uma empresa de outro país vai ter por objetivo se aprofundar no Brasil.

Desenvolvimento

Para construir e pôr em prática o modelo de inteligência artificial, a WideLabs foi apoiada por duas grandes empresas do ramo da tecnologia: a Oracle e a Nvidia. De acordo com Leoni, esses parceiros foram essenciais para as áreas de recursos humanos e infraestrutura dentro da construção da IA.

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Esse foi um processo bastante complexo. “Para criar um modelo que represente o Brasil, fale português e entenda da nossa cultura, o primeiro passo foi levantar muito conteúdo em português – tanto o que estava disponível na nossa língua, de forma pública, quanto o que não estava”, explica Leoni.

“Quando levantamos esse conteúdo, usamos o processamento de máquinas desenvolvido desde o início do ano passado. Depois, treinamos o modelo – algo que continua acontecendo até hoje.” Para ele, a ideia era fazer com que a IA tivesse mais “cara de Brasil” do que seus concorrentes.

O mais conhecido desses rivais é o ChatGPT, da empresa OpenAI. Na comparação direta, o Amazônia IA não responde a um número maior de perguntas do que o robô de Sam Altman, mas talvez possa fazê-lo de forma mais aprofundada. Isso é especialmente verdade quando o comando tem a ver com Brasil.

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Nelson Leoni é CEO da WideLabs, que desenvolveu o Amazônia IA Foto: Rodrigo Nunes

Funções

Dentro de cada categoria, o Amazônia IA pode fornecer um contexto mais específico sobre as dúvidas e sobre o tema do comando do usuário. Em “cultura brasileira”, por exemplo, é possível fazer à inteligência artificial perguntas como “qual a composição étnica do Brasil” e “qual o ponto mais a leste do território brasileiro”. Além disso, o usuário pode obter dicas como receitas usando ingredientes típicos de cada região do País.

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No tema “criação”, dá para oferecer comandos como “como tornar um conteúdo atraente para a faixa etária de 18 a 24 anos”, ao que se receberá respostas envolvendo dicas sobre o tópico.

Já em “literatura”, sem prompt algum, o usuário receberá a informação de que “a literatura brasileira é dividida em várias épocas, cada uma com suas características e grandes nomes”, com uma divisão cronológica da literatura brasileira que vai do quinhentismo à contemporânea.

Por fim, a seção de “negócios” pode ajudar, por exemplo, quem quer dicas sobre como expandir a sua empresa do Brasil para os Estados Unidos. Como resultado, o Amazônia IA oferecerá dados sobre a necessidade de pensar sobre a estrutura legal, o registro da empresa e impostos.

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A versão básica da inteligência artificial é grátis. Para acessá-la, basta entrar no site e fazer um breve cadastro com nome, e-mail e data de nascimento. Ainda existe a opção para pessoas jurídicas entrarem na lista de espera para desenvolver ferramentas usando o modelo de linguagem como base.

O executivo acrescenta ainda que 100% das máquinas usadas pela IA funcionam à base de energia limpa e renovável. A medida visa escapar de um grande problema que envolve as inteligências artificiais. Frequentemente, com o grande gasto de energia que esses modelos exigem, gera-se uma pesada pegada ambiental, no uso de água e energia para manter as máquinas e processadores funcionando de forma adequada.

Mesmo com uma entrada recente no mercado de IA, o Brasil ainda pode recuperar esforços e investimentos para avançar na tecnologia, acredita Leoni. Um dos exemplos da discussão do tema no País foi a apresentação de um Plano para IA, que prevê cerca de R$ 26 bilhões de investimento em IA nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Ainda, o Marco da IA, discutido no Senado, é uma tentativa de regulação do tema avançada, em comparação a outros países.

“O Brasil perdeu a corrida da internet; aqui, faz pouco tempo que ela chegou para todos. Isso gerou um gap de aprendizado em comparação a países de primeiro mundo”, constata. “Mas estamos, agora, passando pelo marco de inovação da inteligência artificial, e temos a oportunidade de largar junto com essas outras nações. O Brasil está junto e liderando essa corrida da IA. Estamos entre os primeiros países a ter seu próprio LLM”, aponta Leoni.

“Nenhum LLM sabe mais sobre o Brasil.” É assim que se apresenta o Amazônia IA, modelo de inteligência artificial (IA) criado especificamente para focar na cultura brasileira, lançado no final de julho. Com um chatbot que lembra o de empresas já conhecidas no mercado, como OpenAI e Anthropic, a WideLabs, empresa que desenvolveu o robô, quer ocupar o lugar de estrangeiras com a proposta de uma IA imersa na brasilidade.

Com uma interface semelhante à do ChatGPT, o Amazônia IA é um robô de conversação com um modelo amplo de linguagem (LLM) desenvolvido especialmente para o português, e apresenta-se dividida em quatro categorias: cultura brasileira, criação, literatura e negócios. Por meio de cada uma delas, o usuário pode obter respostas mais aprofundadas sobre cada tema.

O Amazônia IA é semelhante ao ChatGPT, mas pode oferecer retornos mais aprofundados sobre alguns temas, explica o CEO Foto: Reprodução/Amazônia IA

“É um modelo criado por brasileiros com grande volume de conteúdo, que conhece o Brasil mais do que outros modelos”, afirma Nelson Leoni, CEO da WideLabs. “Toda a infraestrutura de máquinas e data centers está no Brasil, com total capacidade de atender a demanda aqui. Nenhum dado que trafega dentro do modelo sairá da fronteira brasileira.”

O Amazônia IA foi oficialmente lançado no dia 30 de julho pela empresa brasileira WideLabs na 5ª Conferência Nacional de CT&I, que ocorreu até o dia 1º de agosto em Brasília. A ferramenta tem janela de contexto de 64k e é atualizada até março de 2024 — o ChatGPT por exemplo, tem janela de contexto de 280k, o que permite que tenha mais capacidade de “memória” para informações.

“Tudo começou porque vimos que, no ChatGPT, a resposta para ‘quem inventou a aviação?’ era os irmãos Wright. Nem mencionava o Santos Dumont”, conta Leoni. “Também queríamos incluir, por exemplo, fatores como receitas regionais, com um conhecimento mais completo.”

Para o CEO, o modelo ajuda a democratizar o acesso à informação e à tecnologia no Brasil, que costuma ser muito nichado. Além disso, de acordo com Leoni, dificilmente uma empresa de outro país vai ter por objetivo se aprofundar no Brasil.

Desenvolvimento

Para construir e pôr em prática o modelo de inteligência artificial, a WideLabs foi apoiada por duas grandes empresas do ramo da tecnologia: a Oracle e a Nvidia. De acordo com Leoni, esses parceiros foram essenciais para as áreas de recursos humanos e infraestrutura dentro da construção da IA.

Esse foi um processo bastante complexo. “Para criar um modelo que represente o Brasil, fale português e entenda da nossa cultura, o primeiro passo foi levantar muito conteúdo em português – tanto o que estava disponível na nossa língua, de forma pública, quanto o que não estava”, explica Leoni.

“Quando levantamos esse conteúdo, usamos o processamento de máquinas desenvolvido desde o início do ano passado. Depois, treinamos o modelo – algo que continua acontecendo até hoje.” Para ele, a ideia era fazer com que a IA tivesse mais “cara de Brasil” do que seus concorrentes.

O mais conhecido desses rivais é o ChatGPT, da empresa OpenAI. Na comparação direta, o Amazônia IA não responde a um número maior de perguntas do que o robô de Sam Altman, mas talvez possa fazê-lo de forma mais aprofundada. Isso é especialmente verdade quando o comando tem a ver com Brasil.

Nelson Leoni é CEO da WideLabs, que desenvolveu o Amazônia IA Foto: Rodrigo Nunes

Funções

Dentro de cada categoria, o Amazônia IA pode fornecer um contexto mais específico sobre as dúvidas e sobre o tema do comando do usuário. Em “cultura brasileira”, por exemplo, é possível fazer à inteligência artificial perguntas como “qual a composição étnica do Brasil” e “qual o ponto mais a leste do território brasileiro”. Além disso, o usuário pode obter dicas como receitas usando ingredientes típicos de cada região do País.

No tema “criação”, dá para oferecer comandos como “como tornar um conteúdo atraente para a faixa etária de 18 a 24 anos”, ao que se receberá respostas envolvendo dicas sobre o tópico.

Já em “literatura”, sem prompt algum, o usuário receberá a informação de que “a literatura brasileira é dividida em várias épocas, cada uma com suas características e grandes nomes”, com uma divisão cronológica da literatura brasileira que vai do quinhentismo à contemporânea.

Por fim, a seção de “negócios” pode ajudar, por exemplo, quem quer dicas sobre como expandir a sua empresa do Brasil para os Estados Unidos. Como resultado, o Amazônia IA oferecerá dados sobre a necessidade de pensar sobre a estrutura legal, o registro da empresa e impostos.

A versão básica da inteligência artificial é grátis. Para acessá-la, basta entrar no site e fazer um breve cadastro com nome, e-mail e data de nascimento. Ainda existe a opção para pessoas jurídicas entrarem na lista de espera para desenvolver ferramentas usando o modelo de linguagem como base.

O executivo acrescenta ainda que 100% das máquinas usadas pela IA funcionam à base de energia limpa e renovável. A medida visa escapar de um grande problema que envolve as inteligências artificiais. Frequentemente, com o grande gasto de energia que esses modelos exigem, gera-se uma pesada pegada ambiental, no uso de água e energia para manter as máquinas e processadores funcionando de forma adequada.

Mesmo com uma entrada recente no mercado de IA, o Brasil ainda pode recuperar esforços e investimentos para avançar na tecnologia, acredita Leoni. Um dos exemplos da discussão do tema no País foi a apresentação de um Plano para IA, que prevê cerca de R$ 26 bilhões de investimento em IA nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Ainda, o Marco da IA, discutido no Senado, é uma tentativa de regulação do tema avançada, em comparação a outros países.

“O Brasil perdeu a corrida da internet; aqui, faz pouco tempo que ela chegou para todos. Isso gerou um gap de aprendizado em comparação a países de primeiro mundo”, constata. “Mas estamos, agora, passando pelo marco de inovação da inteligência artificial, e temos a oportunidade de largar junto com essas outras nações. O Brasil está junto e liderando essa corrida da IA. Estamos entre os primeiros países a ter seu próprio LLM”, aponta Leoni.

“Nenhum LLM sabe mais sobre o Brasil.” É assim que se apresenta o Amazônia IA, modelo de inteligência artificial (IA) criado especificamente para focar na cultura brasileira, lançado no final de julho. Com um chatbot que lembra o de empresas já conhecidas no mercado, como OpenAI e Anthropic, a WideLabs, empresa que desenvolveu o robô, quer ocupar o lugar de estrangeiras com a proposta de uma IA imersa na brasilidade.

Com uma interface semelhante à do ChatGPT, o Amazônia IA é um robô de conversação com um modelo amplo de linguagem (LLM) desenvolvido especialmente para o português, e apresenta-se dividida em quatro categorias: cultura brasileira, criação, literatura e negócios. Por meio de cada uma delas, o usuário pode obter respostas mais aprofundadas sobre cada tema.

O Amazônia IA é semelhante ao ChatGPT, mas pode oferecer retornos mais aprofundados sobre alguns temas, explica o CEO Foto: Reprodução/Amazônia IA

“É um modelo criado por brasileiros com grande volume de conteúdo, que conhece o Brasil mais do que outros modelos”, afirma Nelson Leoni, CEO da WideLabs. “Toda a infraestrutura de máquinas e data centers está no Brasil, com total capacidade de atender a demanda aqui. Nenhum dado que trafega dentro do modelo sairá da fronteira brasileira.”

O Amazônia IA foi oficialmente lançado no dia 30 de julho pela empresa brasileira WideLabs na 5ª Conferência Nacional de CT&I, que ocorreu até o dia 1º de agosto em Brasília. A ferramenta tem janela de contexto de 64k e é atualizada até março de 2024 — o ChatGPT por exemplo, tem janela de contexto de 280k, o que permite que tenha mais capacidade de “memória” para informações.

“Tudo começou porque vimos que, no ChatGPT, a resposta para ‘quem inventou a aviação?’ era os irmãos Wright. Nem mencionava o Santos Dumont”, conta Leoni. “Também queríamos incluir, por exemplo, fatores como receitas regionais, com um conhecimento mais completo.”

Para o CEO, o modelo ajuda a democratizar o acesso à informação e à tecnologia no Brasil, que costuma ser muito nichado. Além disso, de acordo com Leoni, dificilmente uma empresa de outro país vai ter por objetivo se aprofundar no Brasil.

Desenvolvimento

Para construir e pôr em prática o modelo de inteligência artificial, a WideLabs foi apoiada por duas grandes empresas do ramo da tecnologia: a Oracle e a Nvidia. De acordo com Leoni, esses parceiros foram essenciais para as áreas de recursos humanos e infraestrutura dentro da construção da IA.

Esse foi um processo bastante complexo. “Para criar um modelo que represente o Brasil, fale português e entenda da nossa cultura, o primeiro passo foi levantar muito conteúdo em português – tanto o que estava disponível na nossa língua, de forma pública, quanto o que não estava”, explica Leoni.

“Quando levantamos esse conteúdo, usamos o processamento de máquinas desenvolvido desde o início do ano passado. Depois, treinamos o modelo – algo que continua acontecendo até hoje.” Para ele, a ideia era fazer com que a IA tivesse mais “cara de Brasil” do que seus concorrentes.

O mais conhecido desses rivais é o ChatGPT, da empresa OpenAI. Na comparação direta, o Amazônia IA não responde a um número maior de perguntas do que o robô de Sam Altman, mas talvez possa fazê-lo de forma mais aprofundada. Isso é especialmente verdade quando o comando tem a ver com Brasil.

Nelson Leoni é CEO da WideLabs, que desenvolveu o Amazônia IA Foto: Rodrigo Nunes

Funções

Dentro de cada categoria, o Amazônia IA pode fornecer um contexto mais específico sobre as dúvidas e sobre o tema do comando do usuário. Em “cultura brasileira”, por exemplo, é possível fazer à inteligência artificial perguntas como “qual a composição étnica do Brasil” e “qual o ponto mais a leste do território brasileiro”. Além disso, o usuário pode obter dicas como receitas usando ingredientes típicos de cada região do País.

No tema “criação”, dá para oferecer comandos como “como tornar um conteúdo atraente para a faixa etária de 18 a 24 anos”, ao que se receberá respostas envolvendo dicas sobre o tópico.

Já em “literatura”, sem prompt algum, o usuário receberá a informação de que “a literatura brasileira é dividida em várias épocas, cada uma com suas características e grandes nomes”, com uma divisão cronológica da literatura brasileira que vai do quinhentismo à contemporânea.

Por fim, a seção de “negócios” pode ajudar, por exemplo, quem quer dicas sobre como expandir a sua empresa do Brasil para os Estados Unidos. Como resultado, o Amazônia IA oferecerá dados sobre a necessidade de pensar sobre a estrutura legal, o registro da empresa e impostos.

A versão básica da inteligência artificial é grátis. Para acessá-la, basta entrar no site e fazer um breve cadastro com nome, e-mail e data de nascimento. Ainda existe a opção para pessoas jurídicas entrarem na lista de espera para desenvolver ferramentas usando o modelo de linguagem como base.

O executivo acrescenta ainda que 100% das máquinas usadas pela IA funcionam à base de energia limpa e renovável. A medida visa escapar de um grande problema que envolve as inteligências artificiais. Frequentemente, com o grande gasto de energia que esses modelos exigem, gera-se uma pesada pegada ambiental, no uso de água e energia para manter as máquinas e processadores funcionando de forma adequada.

Mesmo com uma entrada recente no mercado de IA, o Brasil ainda pode recuperar esforços e investimentos para avançar na tecnologia, acredita Leoni. Um dos exemplos da discussão do tema no País foi a apresentação de um Plano para IA, que prevê cerca de R$ 26 bilhões de investimento em IA nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Ainda, o Marco da IA, discutido no Senado, é uma tentativa de regulação do tema avançada, em comparação a outros países.

“O Brasil perdeu a corrida da internet; aqui, faz pouco tempo que ela chegou para todos. Isso gerou um gap de aprendizado em comparação a países de primeiro mundo”, constata. “Mas estamos, agora, passando pelo marco de inovação da inteligência artificial, e temos a oportunidade de largar junto com essas outras nações. O Brasil está junto e liderando essa corrida da IA. Estamos entre os primeiros países a ter seu próprio LLM”, aponta Leoni.

“Nenhum LLM sabe mais sobre o Brasil.” É assim que se apresenta o Amazônia IA, modelo de inteligência artificial (IA) criado especificamente para focar na cultura brasileira, lançado no final de julho. Com um chatbot que lembra o de empresas já conhecidas no mercado, como OpenAI e Anthropic, a WideLabs, empresa que desenvolveu o robô, quer ocupar o lugar de estrangeiras com a proposta de uma IA imersa na brasilidade.

Com uma interface semelhante à do ChatGPT, o Amazônia IA é um robô de conversação com um modelo amplo de linguagem (LLM) desenvolvido especialmente para o português, e apresenta-se dividida em quatro categorias: cultura brasileira, criação, literatura e negócios. Por meio de cada uma delas, o usuário pode obter respostas mais aprofundadas sobre cada tema.

O Amazônia IA é semelhante ao ChatGPT, mas pode oferecer retornos mais aprofundados sobre alguns temas, explica o CEO Foto: Reprodução/Amazônia IA

“É um modelo criado por brasileiros com grande volume de conteúdo, que conhece o Brasil mais do que outros modelos”, afirma Nelson Leoni, CEO da WideLabs. “Toda a infraestrutura de máquinas e data centers está no Brasil, com total capacidade de atender a demanda aqui. Nenhum dado que trafega dentro do modelo sairá da fronteira brasileira.”

O Amazônia IA foi oficialmente lançado no dia 30 de julho pela empresa brasileira WideLabs na 5ª Conferência Nacional de CT&I, que ocorreu até o dia 1º de agosto em Brasília. A ferramenta tem janela de contexto de 64k e é atualizada até março de 2024 — o ChatGPT por exemplo, tem janela de contexto de 280k, o que permite que tenha mais capacidade de “memória” para informações.

“Tudo começou porque vimos que, no ChatGPT, a resposta para ‘quem inventou a aviação?’ era os irmãos Wright. Nem mencionava o Santos Dumont”, conta Leoni. “Também queríamos incluir, por exemplo, fatores como receitas regionais, com um conhecimento mais completo.”

Para o CEO, o modelo ajuda a democratizar o acesso à informação e à tecnologia no Brasil, que costuma ser muito nichado. Além disso, de acordo com Leoni, dificilmente uma empresa de outro país vai ter por objetivo se aprofundar no Brasil.

Desenvolvimento

Para construir e pôr em prática o modelo de inteligência artificial, a WideLabs foi apoiada por duas grandes empresas do ramo da tecnologia: a Oracle e a Nvidia. De acordo com Leoni, esses parceiros foram essenciais para as áreas de recursos humanos e infraestrutura dentro da construção da IA.

Esse foi um processo bastante complexo. “Para criar um modelo que represente o Brasil, fale português e entenda da nossa cultura, o primeiro passo foi levantar muito conteúdo em português – tanto o que estava disponível na nossa língua, de forma pública, quanto o que não estava”, explica Leoni.

“Quando levantamos esse conteúdo, usamos o processamento de máquinas desenvolvido desde o início do ano passado. Depois, treinamos o modelo – algo que continua acontecendo até hoje.” Para ele, a ideia era fazer com que a IA tivesse mais “cara de Brasil” do que seus concorrentes.

O mais conhecido desses rivais é o ChatGPT, da empresa OpenAI. Na comparação direta, o Amazônia IA não responde a um número maior de perguntas do que o robô de Sam Altman, mas talvez possa fazê-lo de forma mais aprofundada. Isso é especialmente verdade quando o comando tem a ver com Brasil.

Nelson Leoni é CEO da WideLabs, que desenvolveu o Amazônia IA Foto: Rodrigo Nunes

Funções

Dentro de cada categoria, o Amazônia IA pode fornecer um contexto mais específico sobre as dúvidas e sobre o tema do comando do usuário. Em “cultura brasileira”, por exemplo, é possível fazer à inteligência artificial perguntas como “qual a composição étnica do Brasil” e “qual o ponto mais a leste do território brasileiro”. Além disso, o usuário pode obter dicas como receitas usando ingredientes típicos de cada região do País.

No tema “criação”, dá para oferecer comandos como “como tornar um conteúdo atraente para a faixa etária de 18 a 24 anos”, ao que se receberá respostas envolvendo dicas sobre o tópico.

Já em “literatura”, sem prompt algum, o usuário receberá a informação de que “a literatura brasileira é dividida em várias épocas, cada uma com suas características e grandes nomes”, com uma divisão cronológica da literatura brasileira que vai do quinhentismo à contemporânea.

Por fim, a seção de “negócios” pode ajudar, por exemplo, quem quer dicas sobre como expandir a sua empresa do Brasil para os Estados Unidos. Como resultado, o Amazônia IA oferecerá dados sobre a necessidade de pensar sobre a estrutura legal, o registro da empresa e impostos.

A versão básica da inteligência artificial é grátis. Para acessá-la, basta entrar no site e fazer um breve cadastro com nome, e-mail e data de nascimento. Ainda existe a opção para pessoas jurídicas entrarem na lista de espera para desenvolver ferramentas usando o modelo de linguagem como base.

O executivo acrescenta ainda que 100% das máquinas usadas pela IA funcionam à base de energia limpa e renovável. A medida visa escapar de um grande problema que envolve as inteligências artificiais. Frequentemente, com o grande gasto de energia que esses modelos exigem, gera-se uma pesada pegada ambiental, no uso de água e energia para manter as máquinas e processadores funcionando de forma adequada.

Mesmo com uma entrada recente no mercado de IA, o Brasil ainda pode recuperar esforços e investimentos para avançar na tecnologia, acredita Leoni. Um dos exemplos da discussão do tema no País foi a apresentação de um Plano para IA, que prevê cerca de R$ 26 bilhões de investimento em IA nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. Ainda, o Marco da IA, discutido no Senado, é uma tentativa de regulação do tema avançada, em comparação a outros países.

“O Brasil perdeu a corrida da internet; aqui, faz pouco tempo que ela chegou para todos. Isso gerou um gap de aprendizado em comparação a países de primeiro mundo”, constata. “Mas estamos, agora, passando pelo marco de inovação da inteligência artificial, e temos a oportunidade de largar junto com essas outras nações. O Brasil está junto e liderando essa corrida da IA. Estamos entre os primeiros países a ter seu próprio LLM”, aponta Leoni.

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