ENVIADA ESPECIAL A DAVOS - Cinco em cada dez economistas veem a inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT, tornando-se uma tecnologia “comercialmente disruptiva” neste ano, conforme pesquisa do Fórum Econômico Mundial, que acontece nesta semana em Davos, na Suíça. Benefícios às economias como, por exemplo, o aumento da eficiência da produção ou da inovação devem ser mais significativos nos próximos anos em países ricos do que naqueles de baixa renda, segundo o levantamento publicado nesta segunda-feira, 15.
“Os rápidos avanços no domínio da IA representam outra mudança potencialmente profunda na atividade econômica global”, afirmam os economistas na pesquisa.
Ainda que tenha múltiplas possibilidades de uso, desde a agricultura de precisão à indústria automóvel e logística, o lançamento de grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) e ferramentas como o ChatGPT, chatbot da OpenAI, e o concorrente Bard, do Google, abriram as portas para o público em geral, dizem os economistas.
Mas, apesar do maior otimismo com a IA generativa, a trajetória e a extensão da adoção dessa tecnologia pelas empresas dividem opiniões. Enquanto a proporção de economistas que a vê como uma ferramenta disruptiva comercial passou para 50% neste ano, de 42% em 2023, 37% dos entrevistados seguem incertos e outros 13% discordam, conforme o levantamento publicado no primeiro dia do Fórum de Davos.
O entusiasmo com a IA generativa repete as ondas anteriores de inovação, mas a implementação, bem como os seus benefícios econômicos, também devem levar algum tempo. E serão sentidos com mais intensidade nos países ricos. A maioria dos economistas (79%) projeta aumento na eficiência da produção nas economias de renda elevada, em comparação com apenas 38% nas de baixa renda.
Para os próximos cinco anos, 94% dos entrevistados esperam que os benefícios da IA generativa em termos de produtividade se tornem economicamente significativos no mundo desenvolvido, ante 53% nos emergentes. Já em relação ao emprego, um dos temores sobre a nova tecnologia, as projeções são mais pessimistas. Quase três quartos (73%) não preveem um impacto líquido positivo nas economias de baixo rendimento, enquanto 47% disseram o mesmo para aquelas de renda elevada.
A pesquisa Chief Economists Outlook ouviu 60 economistas-chefes de bancos e empresas do mundo todo, incluindo nomes como os dos brasileiros Mansueto Almeida, do BTG Pactual, Fernando Honorato Barbosa, do Bradesco, Mário Mesquita, do Itaú Unibanco, e ainda internacionais como Karin Kimbrough, do LinkedIn, Hal Varian, do Google, Paul Donovan, do UBS, e Pierre-Olivier Gourinchas, do Fundo Monetário Internacional (FMI). O levantamento foi feito entre os meses de novembro e dezembro de 2023.