Em meio ao boom da inteligência artificial (IA), a ilha britânica de Anguilla, no Caribe, descobriu um tesouro digital com o domínio “.ai”, cujo sufixo na internet é de sua responsabilidade há décadas. Nos últimos meses, muitas empresas, como startups, passaram a registrar sites no endereço, o que tem turbinado a arrecadação do território localizado no meio do Oceano Atlântico.
Assim como no “.br”, esse tipo de sufixo tem como objetivo indicar a territorialidade de algum site na web. Geralmente, é comercializado para residentes e negócios locais. Mas, para Anguilla, uma ilha de 91 mil quilômetros quadrados e população de menos de 20 mil pessoas, esse não é mais o caso.
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Desde a chegada do ChatGPT, em novembro de 2022, o território britânico no Caribe registrou um aumento na procura por esse endereço. Isso porque, no inglês, a sigla “AI” diz respeito a inteligência artificial — mesmo termo para o sufixo administrado por Anguilla.
A procura vem de empresas de tecnologia e startups, que apostam seus negócios em inteligência artificial e, por isso, querem ter sua “marca” na web. Um nome comum é a americana Character.AI, criada pelo brasileiro Daniel de Freitas. Além disso, gigantes da tecnologia possuem domínios alternativos com essa terminologia, como Google, Facebook e Microsoft.
Esse boom deve levar Anguilla a arrecadar entre US$ 25 milhões a US$ 30 milhões neste ano apenas com a comercialização do sufixo “.ai”, segundo reportagem da Bloomberg. A título de comparação, o valor levantado com o domínio em 2021 foi de US$ 7,4 milhões. Para 2023, a projeção era que ficasse em US$ 8,3 milhões, diz a reportagem.
Mar Hicks, professor da Universidade da Virgínia, nos EUA
A cifra representa boa parte da receita recorrente de Anguilla, que esperava levantar US$ 107 milhões neste ano, segundo projeções do governo realizadas em dezembro passado.
Além disso, é uma fatia considerável do Produto Interno Bruto (PIB) da ilha, que registrou US$ 300 milhões em 2021, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para Mar Hicks, professor de ciência de dados da Universidade de Virgínia e historiador da computação, afirma que essa alta no registro de domínios “.ai” reforça o furor em torno da inteligência artificial.
“Parece que esse é mais um exemplo de como estamos numa corrida do ouro da IA neste momento”, disse à Bloomberg.