Mesmo entre os jovens, ainda há quem não dispense ter o livro em mãos. É o caso do advogado Caio Felippe: após uma breve experiência com um leitor digital emprestado por uma amiga, há pouco mais de um ano, ele logo voltou ao papel. “A tela remete muito ao celular, à televisão, e isso geralmente não prende tanto a minha atenção quanto o livro”, diz.
Ao analisar os aspectos que o fizeram abandonar o dispositivo, o jovem de 23 anos ressalta a questão do brilho da tela – mesmo sendo ajustável, diz preferir a luz ambiente – e as funcionalidades de manuseio do aparelho, como o mecanismo de passagem de páginas. “Não que não seja uma ferramenta eficiente, mas, para mim, foi uma questão de adaptação”, conta. Já a analista de produtos Júlia Bandeira, de 24 anos, relata ter feito a migração do papel para o leitor digital. “Só uso livros físicos quando me emprestam, não costumo comprar”, afirma. Por causa da área em que atua, ela conta estar acostumada a lidar com novas tecnologias e não sente falta da relação afetiva com o impresso.
Usuária do Kindle desde 2011, Júlia também considera importante o fato de a opção digital prescindir da produção de papel e enfatiza a facilidade de “carregar uma biblioteca inteira num único lugar”.
Essa praticidade também faz com que Felippe não descarte uma nova tentativa com os leitores eletrônicos: “Pode ser que, no futuro, desenvolvam um que me atraia mais. Mas, hoje em dia, meu posicionamento é a favor do livro físico”, afirma.
Meio a meio. Entre aqueles totalmente adaptados à leitura digital e os que ainda não abrem mão do impresso, existem também os que adotam os dois meios, a depender da circunstância.
A estudante de letras Mariana Fortes, de 22 anos, declara-se adepta dos leitores digitais há cerca de cinco anos, apesar de certa resistência inicial. “Acho que quem tem relação afetiva muito forte com o livro sempre quer tê-lo na estante. Mas o leitor digital também tem vantagens”, afirma.
Pelo lado positivo, Mariana, assim como Júlia, destaca aspectos práticos: ela o considera o leitor eletrônico mais fácil de manusear e carregar no ônibus e metrô, possibilitando melhor aproveitamento da leitura em seu trajeto diário. “Além disso, há livros que quero ler, mas que não faço tanta questão de ter no formato físico”, acrescenta ela.