'Mulheres não precisam ser perfeitas', diz fundadora da Girls Who Code


A advogada americana Reshma Saujani criou uma ONG nos Estados Unidos para ensinar meninas e mulheres a programar; ela acaba de lançar o livro 'Corajosa Sim, Perfeita Não' no Brasil

Por Giovanna Wolf
Atualização:
Reshma Saujani éuma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia Foto: Divulgação

A primeira programadora do mundo foi uma mulher, Ada Lovelace. A americana Grace Hopper, já nos anos 1950, foi uma das criadoras da pioneira linguagem Cobol e ajudou a criar o termo “bug”. Mas hoje, apenas 24% dos cientistas da computação no mundo hoje são mulheres. “Isso não faz sentido: a tecnologia está cada vez mais presente na nossa rotina e nós, mulheres, queremos mudar a realidade”, afirma a advogada americana Reshma Saujani, uma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia. 

Desde 2012, Reshma é a presidente executiva da organização sem fins lucrativos Girls Who Code (mulheres que programam, em tradução livre do inglês), que ensina programação para meninas e mulheres nos Estados Unidos – com programas espalhadas pelo país, a instituição já mudou a vida de 185 mil pessoas nos últimos anos. É uma forma, segundo a americana, de evitar que a presença feminina no setor caia – segundo estimativas da ONG, sem iniciativas de inclusão, o número de mulheres em tecnologia pode cair para 22% no País. 

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Para a advogada, trata-se de uma questão de estímulos. “Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. As meninas acabam desistindo antes de tentar”, diz ela ao Estado, em entrevista realizada durante a última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde esteve para lançar seu livro Corajosa Sim, Perfeita Não – uma tese de que o perfeccionismo imposto às mulheres, desde cedo, é um obstáculo para seu sucesso no mercado de trabalho. 

Por que há tão poucas mulheres na ciência da computação?

É uma questão de cultura. Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. Se uma menina ligar a televisão e assistir a um programa sobre engenheiros e cientistas da computação, sempre verá homens. Com isso, estamos dizendo para as mulheres que essa indústria não é para elas – e, infelizmente, elas estão escutando. Além disso, há o sentimento de que programação é muito difícil e é preciso ser um “nerd” para ser bom na área, e isso não é verdade. Nós ensinamos as meninas a não desistirem antes de tentar. 

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De que forma a ONG ajuda meninas a entrar no mundo da programação?

Temos programas tanto para meninas que ainda estão na escola como para mulheres que já saíram dela. Uma das atividades da ONG é um curso de verão imersivo de duas semanas com aulas de programação para garotas entre 10 e 18 anos em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Boston e Seattle. Queremos despertar nas meninas o interesse pela ciência da computação, para elas considerarem a área como uma possível faculdade e uma carreira a ser seguida. 

O que o setor de tecnologia ganha trazendo para o mercado cientistas da computação mulheres?

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Se você perguntar para uma garota o que ela quer fazer quando crescer, provavelmente ela vai dizer que quer resolver algum problema. Algo relacionado à educação, à mudança climática e até à cura do câncer. Elas têm muita vontade de mudar o mundo. A presença de mulheres nesse setor pode conectar muitas tecnologias a transformações reais. 

Como as empresas de tecnologia podem ajudar a incluir as mulheres no mercado?

Cerca de 130 corporações apoiam a Girls Who Code e elas têm sido boas parceiras. É preciso, entretanto, mudar a cultura: como a maioria da força de trabalho é masculina, as empresas não estão acostumadas a trabalhar com mulheres. As companhias devem ser receptivas e dar suporte às mulheres. Isso não envolve só a admissão, mas também dar o espaço para elas poderem ser promovidas. Não faz sentido contratar mulheres e forçar elas saírem da indústria um tempo depois. 

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O seu livro diz que o perfeccionismo está sufocando as mulheres no mercado de trabalho. Por que ele é um problema?

Escrevi o livro com base em conversas que tive com outras mulheres e também a partir de experiências com as meninas participantes dos programas da Girls Who Code. Muitas mulheres nem sequer tentam começar a programar porque acreditam que não são boas o suficiente. Até mesmo quando estão programando, não confiam no seu trabalho.

E de onde vem isso?

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Desde crianças, elas são ensinadas a serem educadas e a não se machucarem, enquanto os meninos são incentivados a se sujar e até a escalar brinquedos. Eles são ensinados a serem corajosos; elas, a a serem perfeitas. Isso faz com que as mulheres tenham medo de falhar. Por isso, se sentem infelizes e reprimem seus sonhos. É comum mulheres não se candidatarem para vagas de emprego porque não se sentem qualificadas para isso – mesmo quando são qualificadas de fato. 

Como as mulheres podem mudar esse comportamento?

Com coragem. E essa força é como um músculo: precisa ser exercitada. É uma prática para ser construída no dia a dia. Além disso, é preciso praticar a imperfeição e cometer erros. 

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Que conselho você daria para uma menina brasileira que quer ser programadora?

Vá em frente, o mundo está esperando por você.

Livro: Corajosa sim, Perfeita não Editora: Sextante Preço oficial: R$ 24,99

Reshma Saujani éuma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia Foto: Divulgação

A primeira programadora do mundo foi uma mulher, Ada Lovelace. A americana Grace Hopper, já nos anos 1950, foi uma das criadoras da pioneira linguagem Cobol e ajudou a criar o termo “bug”. Mas hoje, apenas 24% dos cientistas da computação no mundo hoje são mulheres. “Isso não faz sentido: a tecnologia está cada vez mais presente na nossa rotina e nós, mulheres, queremos mudar a realidade”, afirma a advogada americana Reshma Saujani, uma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia. 

Desde 2012, Reshma é a presidente executiva da organização sem fins lucrativos Girls Who Code (mulheres que programam, em tradução livre do inglês), que ensina programação para meninas e mulheres nos Estados Unidos – com programas espalhadas pelo país, a instituição já mudou a vida de 185 mil pessoas nos últimos anos. É uma forma, segundo a americana, de evitar que a presença feminina no setor caia – segundo estimativas da ONG, sem iniciativas de inclusão, o número de mulheres em tecnologia pode cair para 22% no País. 

Para a advogada, trata-se de uma questão de estímulos. “Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. As meninas acabam desistindo antes de tentar”, diz ela ao Estado, em entrevista realizada durante a última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde esteve para lançar seu livro Corajosa Sim, Perfeita Não – uma tese de que o perfeccionismo imposto às mulheres, desde cedo, é um obstáculo para seu sucesso no mercado de trabalho. 

Por que há tão poucas mulheres na ciência da computação?

É uma questão de cultura. Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. Se uma menina ligar a televisão e assistir a um programa sobre engenheiros e cientistas da computação, sempre verá homens. Com isso, estamos dizendo para as mulheres que essa indústria não é para elas – e, infelizmente, elas estão escutando. Além disso, há o sentimento de que programação é muito difícil e é preciso ser um “nerd” para ser bom na área, e isso não é verdade. Nós ensinamos as meninas a não desistirem antes de tentar. 

De que forma a ONG ajuda meninas a entrar no mundo da programação?

Temos programas tanto para meninas que ainda estão na escola como para mulheres que já saíram dela. Uma das atividades da ONG é um curso de verão imersivo de duas semanas com aulas de programação para garotas entre 10 e 18 anos em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Boston e Seattle. Queremos despertar nas meninas o interesse pela ciência da computação, para elas considerarem a área como uma possível faculdade e uma carreira a ser seguida. 

O que o setor de tecnologia ganha trazendo para o mercado cientistas da computação mulheres?

Se você perguntar para uma garota o que ela quer fazer quando crescer, provavelmente ela vai dizer que quer resolver algum problema. Algo relacionado à educação, à mudança climática e até à cura do câncer. Elas têm muita vontade de mudar o mundo. A presença de mulheres nesse setor pode conectar muitas tecnologias a transformações reais. 

Como as empresas de tecnologia podem ajudar a incluir as mulheres no mercado?

Cerca de 130 corporações apoiam a Girls Who Code e elas têm sido boas parceiras. É preciso, entretanto, mudar a cultura: como a maioria da força de trabalho é masculina, as empresas não estão acostumadas a trabalhar com mulheres. As companhias devem ser receptivas e dar suporte às mulheres. Isso não envolve só a admissão, mas também dar o espaço para elas poderem ser promovidas. Não faz sentido contratar mulheres e forçar elas saírem da indústria um tempo depois. 

O seu livro diz que o perfeccionismo está sufocando as mulheres no mercado de trabalho. Por que ele é um problema?

Escrevi o livro com base em conversas que tive com outras mulheres e também a partir de experiências com as meninas participantes dos programas da Girls Who Code. Muitas mulheres nem sequer tentam começar a programar porque acreditam que não são boas o suficiente. Até mesmo quando estão programando, não confiam no seu trabalho.

E de onde vem isso?

Desde crianças, elas são ensinadas a serem educadas e a não se machucarem, enquanto os meninos são incentivados a se sujar e até a escalar brinquedos. Eles são ensinados a serem corajosos; elas, a a serem perfeitas. Isso faz com que as mulheres tenham medo de falhar. Por isso, se sentem infelizes e reprimem seus sonhos. É comum mulheres não se candidatarem para vagas de emprego porque não se sentem qualificadas para isso – mesmo quando são qualificadas de fato. 

Como as mulheres podem mudar esse comportamento?

Com coragem. E essa força é como um músculo: precisa ser exercitada. É uma prática para ser construída no dia a dia. Além disso, é preciso praticar a imperfeição e cometer erros. 

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Livro: Corajosa sim, Perfeita não Editora: Sextante Preço oficial: R$ 24,99

Reshma Saujani éuma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia Foto: Divulgação

A primeira programadora do mundo foi uma mulher, Ada Lovelace. A americana Grace Hopper, já nos anos 1950, foi uma das criadoras da pioneira linguagem Cobol e ajudou a criar o termo “bug”. Mas hoje, apenas 24% dos cientistas da computação no mundo hoje são mulheres. “Isso não faz sentido: a tecnologia está cada vez mais presente na nossa rotina e nós, mulheres, queremos mudar a realidade”, afirma a advogada americana Reshma Saujani, uma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia. 

Desde 2012, Reshma é a presidente executiva da organização sem fins lucrativos Girls Who Code (mulheres que programam, em tradução livre do inglês), que ensina programação para meninas e mulheres nos Estados Unidos – com programas espalhadas pelo país, a instituição já mudou a vida de 185 mil pessoas nos últimos anos. É uma forma, segundo a americana, de evitar que a presença feminina no setor caia – segundo estimativas da ONG, sem iniciativas de inclusão, o número de mulheres em tecnologia pode cair para 22% no País. 

Para a advogada, trata-se de uma questão de estímulos. “Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. As meninas acabam desistindo antes de tentar”, diz ela ao Estado, em entrevista realizada durante a última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde esteve para lançar seu livro Corajosa Sim, Perfeita Não – uma tese de que o perfeccionismo imposto às mulheres, desde cedo, é um obstáculo para seu sucesso no mercado de trabalho. 

Por que há tão poucas mulheres na ciência da computação?

É uma questão de cultura. Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. Se uma menina ligar a televisão e assistir a um programa sobre engenheiros e cientistas da computação, sempre verá homens. Com isso, estamos dizendo para as mulheres que essa indústria não é para elas – e, infelizmente, elas estão escutando. Além disso, há o sentimento de que programação é muito difícil e é preciso ser um “nerd” para ser bom na área, e isso não é verdade. Nós ensinamos as meninas a não desistirem antes de tentar. 

De que forma a ONG ajuda meninas a entrar no mundo da programação?

Temos programas tanto para meninas que ainda estão na escola como para mulheres que já saíram dela. Uma das atividades da ONG é um curso de verão imersivo de duas semanas com aulas de programação para garotas entre 10 e 18 anos em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Boston e Seattle. Queremos despertar nas meninas o interesse pela ciência da computação, para elas considerarem a área como uma possível faculdade e uma carreira a ser seguida. 

O que o setor de tecnologia ganha trazendo para o mercado cientistas da computação mulheres?

Se você perguntar para uma garota o que ela quer fazer quando crescer, provavelmente ela vai dizer que quer resolver algum problema. Algo relacionado à educação, à mudança climática e até à cura do câncer. Elas têm muita vontade de mudar o mundo. A presença de mulheres nesse setor pode conectar muitas tecnologias a transformações reais. 

Como as empresas de tecnologia podem ajudar a incluir as mulheres no mercado?

Cerca de 130 corporações apoiam a Girls Who Code e elas têm sido boas parceiras. É preciso, entretanto, mudar a cultura: como a maioria da força de trabalho é masculina, as empresas não estão acostumadas a trabalhar com mulheres. As companhias devem ser receptivas e dar suporte às mulheres. Isso não envolve só a admissão, mas também dar o espaço para elas poderem ser promovidas. Não faz sentido contratar mulheres e forçar elas saírem da indústria um tempo depois. 

O seu livro diz que o perfeccionismo está sufocando as mulheres no mercado de trabalho. Por que ele é um problema?

Escrevi o livro com base em conversas que tive com outras mulheres e também a partir de experiências com as meninas participantes dos programas da Girls Who Code. Muitas mulheres nem sequer tentam começar a programar porque acreditam que não são boas o suficiente. Até mesmo quando estão programando, não confiam no seu trabalho.

E de onde vem isso?

Desde crianças, elas são ensinadas a serem educadas e a não se machucarem, enquanto os meninos são incentivados a se sujar e até a escalar brinquedos. Eles são ensinados a serem corajosos; elas, a a serem perfeitas. Isso faz com que as mulheres tenham medo de falhar. Por isso, se sentem infelizes e reprimem seus sonhos. É comum mulheres não se candidatarem para vagas de emprego porque não se sentem qualificadas para isso – mesmo quando são qualificadas de fato. 

Como as mulheres podem mudar esse comportamento?

Com coragem. E essa força é como um músculo: precisa ser exercitada. É uma prática para ser construída no dia a dia. Além disso, é preciso praticar a imperfeição e cometer erros. 

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Reshma Saujani éuma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia Foto: Divulgação

A primeira programadora do mundo foi uma mulher, Ada Lovelace. A americana Grace Hopper, já nos anos 1950, foi uma das criadoras da pioneira linguagem Cobol e ajudou a criar o termo “bug”. Mas hoje, apenas 24% dos cientistas da computação no mundo hoje são mulheres. “Isso não faz sentido: a tecnologia está cada vez mais presente na nossa rotina e nós, mulheres, queremos mudar a realidade”, afirma a advogada americana Reshma Saujani, uma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia. 

Desde 2012, Reshma é a presidente executiva da organização sem fins lucrativos Girls Who Code (mulheres que programam, em tradução livre do inglês), que ensina programação para meninas e mulheres nos Estados Unidos – com programas espalhadas pelo país, a instituição já mudou a vida de 185 mil pessoas nos últimos anos. É uma forma, segundo a americana, de evitar que a presença feminina no setor caia – segundo estimativas da ONG, sem iniciativas de inclusão, o número de mulheres em tecnologia pode cair para 22% no País. 

Para a advogada, trata-se de uma questão de estímulos. “Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. As meninas acabam desistindo antes de tentar”, diz ela ao Estado, em entrevista realizada durante a última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde esteve para lançar seu livro Corajosa Sim, Perfeita Não – uma tese de que o perfeccionismo imposto às mulheres, desde cedo, é um obstáculo para seu sucesso no mercado de trabalho. 

Por que há tão poucas mulheres na ciência da computação?

É uma questão de cultura. Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. Se uma menina ligar a televisão e assistir a um programa sobre engenheiros e cientistas da computação, sempre verá homens. Com isso, estamos dizendo para as mulheres que essa indústria não é para elas – e, infelizmente, elas estão escutando. Além disso, há o sentimento de que programação é muito difícil e é preciso ser um “nerd” para ser bom na área, e isso não é verdade. Nós ensinamos as meninas a não desistirem antes de tentar. 

De que forma a ONG ajuda meninas a entrar no mundo da programação?

Temos programas tanto para meninas que ainda estão na escola como para mulheres que já saíram dela. Uma das atividades da ONG é um curso de verão imersivo de duas semanas com aulas de programação para garotas entre 10 e 18 anos em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Boston e Seattle. Queremos despertar nas meninas o interesse pela ciência da computação, para elas considerarem a área como uma possível faculdade e uma carreira a ser seguida. 

O que o setor de tecnologia ganha trazendo para o mercado cientistas da computação mulheres?

Se você perguntar para uma garota o que ela quer fazer quando crescer, provavelmente ela vai dizer que quer resolver algum problema. Algo relacionado à educação, à mudança climática e até à cura do câncer. Elas têm muita vontade de mudar o mundo. A presença de mulheres nesse setor pode conectar muitas tecnologias a transformações reais. 

Como as empresas de tecnologia podem ajudar a incluir as mulheres no mercado?

Cerca de 130 corporações apoiam a Girls Who Code e elas têm sido boas parceiras. É preciso, entretanto, mudar a cultura: como a maioria da força de trabalho é masculina, as empresas não estão acostumadas a trabalhar com mulheres. As companhias devem ser receptivas e dar suporte às mulheres. Isso não envolve só a admissão, mas também dar o espaço para elas poderem ser promovidas. Não faz sentido contratar mulheres e forçar elas saírem da indústria um tempo depois. 

O seu livro diz que o perfeccionismo está sufocando as mulheres no mercado de trabalho. Por que ele é um problema?

Escrevi o livro com base em conversas que tive com outras mulheres e também a partir de experiências com as meninas participantes dos programas da Girls Who Code. Muitas mulheres nem sequer tentam começar a programar porque acreditam que não são boas o suficiente. Até mesmo quando estão programando, não confiam no seu trabalho.

E de onde vem isso?

Desde crianças, elas são ensinadas a serem educadas e a não se machucarem, enquanto os meninos são incentivados a se sujar e até a escalar brinquedos. Eles são ensinados a serem corajosos; elas, a a serem perfeitas. Isso faz com que as mulheres tenham medo de falhar. Por isso, se sentem infelizes e reprimem seus sonhos. É comum mulheres não se candidatarem para vagas de emprego porque não se sentem qualificadas para isso – mesmo quando são qualificadas de fato. 

Como as mulheres podem mudar esse comportamento?

Com coragem. E essa força é como um músculo: precisa ser exercitada. É uma prática para ser construída no dia a dia. Além disso, é preciso praticar a imperfeição e cometer erros. 

Que conselho você daria para uma menina brasileira que quer ser programadora?

Vá em frente, o mundo está esperando por você.

Livro: Corajosa sim, Perfeita não Editora: Sextante Preço oficial: R$ 24,99

Reshma Saujani éuma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia Foto: Divulgação

A primeira programadora do mundo foi uma mulher, Ada Lovelace. A americana Grace Hopper, já nos anos 1950, foi uma das criadoras da pioneira linguagem Cobol e ajudou a criar o termo “bug”. Mas hoje, apenas 24% dos cientistas da computação no mundo hoje são mulheres. “Isso não faz sentido: a tecnologia está cada vez mais presente na nossa rotina e nós, mulheres, queremos mudar a realidade”, afirma a advogada americana Reshma Saujani, uma das principais ativistas do mundo pela redução da desigualdade de gênero no setor de tecnologia. 

Desde 2012, Reshma é a presidente executiva da organização sem fins lucrativos Girls Who Code (mulheres que programam, em tradução livre do inglês), que ensina programação para meninas e mulheres nos Estados Unidos – com programas espalhadas pelo país, a instituição já mudou a vida de 185 mil pessoas nos últimos anos. É uma forma, segundo a americana, de evitar que a presença feminina no setor caia – segundo estimativas da ONG, sem iniciativas de inclusão, o número de mulheres em tecnologia pode cair para 22% no País. 

Para a advogada, trata-se de uma questão de estímulos. “Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. As meninas acabam desistindo antes de tentar”, diz ela ao Estado, em entrevista realizada durante a última Bienal do Livro do Rio de Janeiro, onde esteve para lançar seu livro Corajosa Sim, Perfeita Não – uma tese de que o perfeccionismo imposto às mulheres, desde cedo, é um obstáculo para seu sucesso no mercado de trabalho. 

Por que há tão poucas mulheres na ciência da computação?

É uma questão de cultura. Desde a infância, as Barbies transmitem a ideia de que matemática é chato e fazer compras no shopping é legal. Se uma menina ligar a televisão e assistir a um programa sobre engenheiros e cientistas da computação, sempre verá homens. Com isso, estamos dizendo para as mulheres que essa indústria não é para elas – e, infelizmente, elas estão escutando. Além disso, há o sentimento de que programação é muito difícil e é preciso ser um “nerd” para ser bom na área, e isso não é verdade. Nós ensinamos as meninas a não desistirem antes de tentar. 

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Temos programas tanto para meninas que ainda estão na escola como para mulheres que já saíram dela. Uma das atividades da ONG é um curso de verão imersivo de duas semanas com aulas de programação para garotas entre 10 e 18 anos em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, Boston e Seattle. Queremos despertar nas meninas o interesse pela ciência da computação, para elas considerarem a área como uma possível faculdade e uma carreira a ser seguida. 

O que o setor de tecnologia ganha trazendo para o mercado cientistas da computação mulheres?

Se você perguntar para uma garota o que ela quer fazer quando crescer, provavelmente ela vai dizer que quer resolver algum problema. Algo relacionado à educação, à mudança climática e até à cura do câncer. Elas têm muita vontade de mudar o mundo. A presença de mulheres nesse setor pode conectar muitas tecnologias a transformações reais. 

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Cerca de 130 corporações apoiam a Girls Who Code e elas têm sido boas parceiras. É preciso, entretanto, mudar a cultura: como a maioria da força de trabalho é masculina, as empresas não estão acostumadas a trabalhar com mulheres. As companhias devem ser receptivas e dar suporte às mulheres. Isso não envolve só a admissão, mas também dar o espaço para elas poderem ser promovidas. Não faz sentido contratar mulheres e forçar elas saírem da indústria um tempo depois. 

O seu livro diz que o perfeccionismo está sufocando as mulheres no mercado de trabalho. Por que ele é um problema?

Escrevi o livro com base em conversas que tive com outras mulheres e também a partir de experiências com as meninas participantes dos programas da Girls Who Code. Muitas mulheres nem sequer tentam começar a programar porque acreditam que não são boas o suficiente. Até mesmo quando estão programando, não confiam no seu trabalho.

E de onde vem isso?

Desde crianças, elas são ensinadas a serem educadas e a não se machucarem, enquanto os meninos são incentivados a se sujar e até a escalar brinquedos. Eles são ensinados a serem corajosos; elas, a a serem perfeitas. Isso faz com que as mulheres tenham medo de falhar. Por isso, se sentem infelizes e reprimem seus sonhos. É comum mulheres não se candidatarem para vagas de emprego porque não se sentem qualificadas para isso – mesmo quando são qualificadas de fato. 

Como as mulheres podem mudar esse comportamento?

Com coragem. E essa força é como um músculo: precisa ser exercitada. É uma prática para ser construída no dia a dia. Além disso, é preciso praticar a imperfeição e cometer erros. 

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