Um grupo de 26 organizações do mercado editorial e de veículos de jornalismo se uniram para cobrar o desenvolvimento ético da inteligência artificial (IA) na área e respeito às propriedades intelectuais dos jornais em todo o mundo. Entre as instituições que fazem parte do movimento, divulgado nesta quarta-feira, 6, está a Associação Nacional de Jornais (ANJ) da qual o Estadão faz parte.
O documento cita diretrizes consideradas essenciais para a prática do jornalismo diante do avanço de tecnologias de IA. Batizado de “Princípios Globais para a Inteligência Artificial”, também aponta que o avanço da IA está mudando a forma como as pessoas interagem e aplicam as ferramentas em conteúdos criativos.
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“Embora as tecnologias de IA proporcionem benefícios substanciais ao público, aos criadores de conteúdo, às empresas e à sociedade em geral, elas também apresentam riscos para a sustentabilidade dos setores criativos, para a confiança do público no conhecimento, no jornalismo e na ciência e para a saúde de nossas democracias”, explica a carta.
Ainda, de acordo com o documento, a intenção não é levantar uma bandeira contra a IA, e sim caminhar com o desenvolvimento da tecnologia para melhorar o trabalho das redações. A carta reconhece que os modelos de linguagem trazem oportunidades para o setor.
A urgência, porém, é na forma como isso é feito. “A apropriação indiscriminada de nossa propriedade intelectual por sistemas de IA é antiética, prejudicial e uma violação de nossos direitos protegidos”, diz o documento.
Com isso, o grupo prevê o acompanhamento de questões relacionadas à propriedade intelectual, transparência, responsabilidade, qualidade e integridade, justiça, segurança, design e desenvolvimento sustentável. A ideia é, também, que os grupos de mídia possam orientar o desenvolvimento da IA para evitar práticas anticoncorrenciais, que possam prejudicar a diversidade do setor.
“A inteligência artificial tem um enorme potencial em benefício do conhecimento e da humanidade, mas é preciso começar fazendo o certo: respeito às leis e aos direitos de autor. Por isso, entendemos necessária a regulação e o reconhecimento aos produtores de jornalismo profissional”, disse o presidente-executivo da ANJ, o jornalista Marcelo Rech, em nota no site da associação.
Milhares de veículos da Europa, Ásia e Américas fazem parte do grupo que desenvolveu o documento, por meio de suas associações. Veja as entidades que assinaram o documento:
- AMI – Colombian News Media Association
- Asociación de Entidades Periodísticas Argentinas (Adepa)
- Association of Learned & Professional Society Publishers
- Associação Nacional de Jornais (ANJ)
- Czech Publishers’ Association
- Danish Media Association
- Digital Content Next
- European Magazine Media Association
- European Newspapers Publishers’ Association
- European Publishers Council
- FIPP
- Grupo de Diarios América (GDA)
- Inter American Press Association
- Korean Association of Newspapers
- Magyar Lapkiadók Egyesülete (Hungarian Publishers’ Association)
- NDP Nieuwsmedia
- News/Media Alliance
- News Media Association
- News Media Canada
- News Media Europe
- News Media Finland
- News Publishers’ Association
- Nihon Shinbun Kyokai (The Japan Newspaper Publishers & Editors Association)
- Professional Publishers Association
- STM
- World Association of News Publishers (WAN-IFRA)