Se smartphones são como carros, porque ficamos com eles por tão pouco tempo?


A troca frequente de celular tem um preço tanto para nossos bolsos, como para o meio ambiente

Por Brian X. Chen

Um smartphone não é muito diferente de um carro. Quando os pais acham que seus filhos têm idade e responsabilidade suficientes, deixam eles ter um. Existem várias formas de pagamento: à vista, parcelado ou por aluguel. E, assim como os carros, os modelos de celular se tornaram quase impossíveis de se diferenciar de um ano para o outro.

No entanto, há uma grande diferença entre carros e telefones, ou pelo menos na forma como as pessoas os tratam. Sempre que necessário, os donos de automóveis levam seu veículo a uma oficina para manutenção e reparos. Mas quando algo tão básico – e barato – como a bateria de um celular começa a não funcionar tão bem, as pessoas geralmente trocam de aparelho.

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“Todo mundo sabe que os pneus do seu carro se desgastam e você precisa substitui-los”, disse Kyle Wiens, CEO do iFixit, site que publica instruções para consertar eletrônicos. “Há uma ilusão psicológica em torno de não ter que fazer manutenção em eletrônicos como fazemos com carros.”

Como consequência, a média de tempo que as pessoas ficam com um carro antes de substituí-lo, cerca de oito anos, supera o período de tempo entre uma troca e outra de celular, mais ou menos três anos e meio. Entretanto, com um pouco cuidado, a vida útil de um bom smartphone pode chegar a seis anos.

Trocar de celular com frequência sai caro para o bolso, porém ainda mais para o meio ambiente. Fabricar um telefone, composto por pelo menos 70 materiais, consome muita energia e isso geralmente ocorre em países onde a produção de eletricidade causa elevadas emissões de carbono, de acordo com especialistas em design industrial.

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Devemos parar por um momento e nos perguntar: por que trocamos de celular antes mesmo de ser necessário?

Na verdade, há um arsenal de pesquisas a respeito do tema. Alguns fatores – como o custo elevado de certos reparos – estão fora do nosso controle. Mas um grande motivo para isso é puramente comportamental. Compreender a psicologia de por que costumamos trocar de celular pode contribuir muito na mudança de hábitos para economizar dinheiro e reduzir o consumo, segundo os especialistas.

Um estudo de 2021 da Universidade de Tecnologia de Delft entrevistou 617 pessoas na Europa Ocidental que tinham substituído recentemente seus smartphones e outros produtos. A pesquisa perguntava quanto tempo essas pessoas tinham usado o último celular antes de substituí-lo e o motivo da troca. E àquelas pessoas com telefones quebrados ou sem funcionar direito, se tinham considerado consertar o aparelho.

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A justificativa mais comum para a troca de celular foi uma perda de desempenho, como software mais lento ou uma bateria degradada. Apenas 30% dos que disseram ter um smartphone que já não funcionava tão bem (com uma bateria que se esgota rapidamente) afirmaram ter considerado consertá-lo.

A segunda razão mais comum dada para a troca de aparelho foi simplesmente sentir que era hora de comprar um novo.

Ruth Mugge, professora de design da Delft e autora do estudo, disse que havia uma percepção equivocada entre as pessoas de que três anos e meio era o período que um celular poderia durar – mesmo entre pessoas cujos telefones continuavam funcionando depois desse intervalo.

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Essa crença, disse ela, é determinada por um ambiente que provoca um desejo de atualização. Um desses fatores é o incentivo do marketing das operadoras de celular, que enviam e-mails para lembrá-lo de trocar seu aparelho antigo por um crédito que pode ser usado na compra de um novo telefone. Outro motivador é a pressão dos colegas, pois amigos e conhecidos trocam de smartphone quase todo ano.

“Se você continua com o seu durante um período longo, as pessoas podem achá-lo um pouco estranho”, disse Ruth.

Outro fator para as trocas é mais difícil de se contrapor: há poucos incentivos para as pessoas fazerem reparos. Isso porque os celulares, hermeticamente fechados com cola e parafusos minúsculos, são complicados de se consertar para uma pessoa comum e as peças podem ser caras.

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Um estudo da revista Consumer Reports descobriu que as pessoas querem consertar seus telefones quando eles quebram, mas se deparam com obstáculos. Entre os entrevistados com aparelhos que começaram a apresentar defeitos nos últimos cinco anos, 25% tentaram consertar o celular, mas acabaram substituindo-o, enquanto apenas 16% o consertaram. Os demais continuaram usando o smartphone sem tentar consertá-lo ou apenas trocaram por outro.

Produzir um smartphone necessita de muitos recursos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Então, o que fazer? Para começar, você pode tratar seu celular como se ele fosse mais parecido com seu carro. Se ele ainda estiver em grande parte funcionando, é possível cuidar dele fazendo uma manutenção básica, como substituir a bateria.

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Os smartphones não têm os lembretes úteis que os mecânicos oferecem aos proprietários de automóveis, como o adesivo que mostra a data da próxima troca de óleo, mas você mesmo pode fazer isso. Crie um evento em seu calendário para levar seu telefone a uma assistência técnica para comprar uma bateria nova a cada três anos, que costuma ser quando a bateria perde a força, fazendo com que o celular desligue após algumas horas (e, talvez não por coincidência, quando as pessoas acreditam que ele não tem mais jeito).

Você também pode criar um lembrete de calendário anual para fazer um checkup no aparelho. Isso pode significar coisas simples, como excluir aplicativos e fotos dos quais você não precisa mais para liberar espaço de armazenamento digital, o que pode acelerar o backup do telefone.

Outro fator pode ser fazer as contas. Por cerca de US$ 70, você pode substituir a bateria do seu celular em uma assistência, o que torna essa solução relativamente barata. Digamos que, em dois anos, você troque seu telefone de US$ 800 por US$ 300 em crédito para comprar um modelo novo de US$ 800. Isso significa gastar US$ 500 em um novo aparelho a cada dois anos; ao longo de oito anos, você terá gasto US$ 2.800 com celulares. Por outro lado, caso tenha um aparelho que custou US$ 800 e substitua a bateria dele duas vezes, pagando US$ 70 por cada, gastará US$ 940 no mesmo período. Para muitos, principalmente para as famílias com vários celulares, isso representa uma grande economia.

Você também pode lembrar a si mesmo de praticar o autocontrole quando anúncios de novos aparelhos são exibidos na TV ou aparecem em sua caixa de entrada, disse Lee Vinsel, autor de “The Innovation Delusion” (A ilusão da inovação, em tradução livre), um livro sobre como nossa obsessão pelo novo matou a arte da manutenção. Isso também inclui resistir ao desejo de julgar aqueles que não têm os dispositivos mais novos.

“Uma mudança cultural precisa acontecer”, disse Vinsel. “Precisamos parar de ser seduzidos pela publicidade e apenas pensar na situação como um todo, inclusive no meio ambiente.”

No entanto, é importante ressaltar que no caso de alguns problemas comuns em smartphones o conserto pode não valer a pena. Como, por exemplo, quando quebrei a tela do meu iPhone 12, a peça para troca da Apple custava cerca de US$ 300. Quando o custo do conserto fica próximo do preço de um novo dispositivo, comprar um substituto pode fazer sentido. (Isto posto, paguei pelo conserto, pois sou muito apegado ao meu celular.)

Mas as condições para o reparo dos smartphones estão melhorando. No ano passado, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou que iria fechar o cerco contra as empresas que impediam as pessoas de consertar seus produtos. E uma lei do estado de Nova York aprovada em junho, que exigiria que as empresas de tecnologia liberassem o acesso a ferramentas de reparo e diagnóstico de eletrônicos, aguarda uma assinatura da governadora Kathy Hochul.

Como consequência de todo o movimento regulatório, o conserto está aos poucos se tornando mais simples. O que precisa mudar agora é a nossa mentalidade./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Um smartphone não é muito diferente de um carro. Quando os pais acham que seus filhos têm idade e responsabilidade suficientes, deixam eles ter um. Existem várias formas de pagamento: à vista, parcelado ou por aluguel. E, assim como os carros, os modelos de celular se tornaram quase impossíveis de se diferenciar de um ano para o outro.

No entanto, há uma grande diferença entre carros e telefones, ou pelo menos na forma como as pessoas os tratam. Sempre que necessário, os donos de automóveis levam seu veículo a uma oficina para manutenção e reparos. Mas quando algo tão básico – e barato – como a bateria de um celular começa a não funcionar tão bem, as pessoas geralmente trocam de aparelho.

“Todo mundo sabe que os pneus do seu carro se desgastam e você precisa substitui-los”, disse Kyle Wiens, CEO do iFixit, site que publica instruções para consertar eletrônicos. “Há uma ilusão psicológica em torno de não ter que fazer manutenção em eletrônicos como fazemos com carros.”

Como consequência, a média de tempo que as pessoas ficam com um carro antes de substituí-lo, cerca de oito anos, supera o período de tempo entre uma troca e outra de celular, mais ou menos três anos e meio. Entretanto, com um pouco cuidado, a vida útil de um bom smartphone pode chegar a seis anos.

Trocar de celular com frequência sai caro para o bolso, porém ainda mais para o meio ambiente. Fabricar um telefone, composto por pelo menos 70 materiais, consome muita energia e isso geralmente ocorre em países onde a produção de eletricidade causa elevadas emissões de carbono, de acordo com especialistas em design industrial.

Devemos parar por um momento e nos perguntar: por que trocamos de celular antes mesmo de ser necessário?

Na verdade, há um arsenal de pesquisas a respeito do tema. Alguns fatores – como o custo elevado de certos reparos – estão fora do nosso controle. Mas um grande motivo para isso é puramente comportamental. Compreender a psicologia de por que costumamos trocar de celular pode contribuir muito na mudança de hábitos para economizar dinheiro e reduzir o consumo, segundo os especialistas.

Um estudo de 2021 da Universidade de Tecnologia de Delft entrevistou 617 pessoas na Europa Ocidental que tinham substituído recentemente seus smartphones e outros produtos. A pesquisa perguntava quanto tempo essas pessoas tinham usado o último celular antes de substituí-lo e o motivo da troca. E àquelas pessoas com telefones quebrados ou sem funcionar direito, se tinham considerado consertar o aparelho.

A justificativa mais comum para a troca de celular foi uma perda de desempenho, como software mais lento ou uma bateria degradada. Apenas 30% dos que disseram ter um smartphone que já não funcionava tão bem (com uma bateria que se esgota rapidamente) afirmaram ter considerado consertá-lo.

A segunda razão mais comum dada para a troca de aparelho foi simplesmente sentir que era hora de comprar um novo.

Ruth Mugge, professora de design da Delft e autora do estudo, disse que havia uma percepção equivocada entre as pessoas de que três anos e meio era o período que um celular poderia durar – mesmo entre pessoas cujos telefones continuavam funcionando depois desse intervalo.

Essa crença, disse ela, é determinada por um ambiente que provoca um desejo de atualização. Um desses fatores é o incentivo do marketing das operadoras de celular, que enviam e-mails para lembrá-lo de trocar seu aparelho antigo por um crédito que pode ser usado na compra de um novo telefone. Outro motivador é a pressão dos colegas, pois amigos e conhecidos trocam de smartphone quase todo ano.

“Se você continua com o seu durante um período longo, as pessoas podem achá-lo um pouco estranho”, disse Ruth.

Outro fator para as trocas é mais difícil de se contrapor: há poucos incentivos para as pessoas fazerem reparos. Isso porque os celulares, hermeticamente fechados com cola e parafusos minúsculos, são complicados de se consertar para uma pessoa comum e as peças podem ser caras.

Um estudo da revista Consumer Reports descobriu que as pessoas querem consertar seus telefones quando eles quebram, mas se deparam com obstáculos. Entre os entrevistados com aparelhos que começaram a apresentar defeitos nos últimos cinco anos, 25% tentaram consertar o celular, mas acabaram substituindo-o, enquanto apenas 16% o consertaram. Os demais continuaram usando o smartphone sem tentar consertá-lo ou apenas trocaram por outro.

Produzir um smartphone necessita de muitos recursos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Então, o que fazer? Para começar, você pode tratar seu celular como se ele fosse mais parecido com seu carro. Se ele ainda estiver em grande parte funcionando, é possível cuidar dele fazendo uma manutenção básica, como substituir a bateria.

Os smartphones não têm os lembretes úteis que os mecânicos oferecem aos proprietários de automóveis, como o adesivo que mostra a data da próxima troca de óleo, mas você mesmo pode fazer isso. Crie um evento em seu calendário para levar seu telefone a uma assistência técnica para comprar uma bateria nova a cada três anos, que costuma ser quando a bateria perde a força, fazendo com que o celular desligue após algumas horas (e, talvez não por coincidência, quando as pessoas acreditam que ele não tem mais jeito).

Você também pode criar um lembrete de calendário anual para fazer um checkup no aparelho. Isso pode significar coisas simples, como excluir aplicativos e fotos dos quais você não precisa mais para liberar espaço de armazenamento digital, o que pode acelerar o backup do telefone.

Outro fator pode ser fazer as contas. Por cerca de US$ 70, você pode substituir a bateria do seu celular em uma assistência, o que torna essa solução relativamente barata. Digamos que, em dois anos, você troque seu telefone de US$ 800 por US$ 300 em crédito para comprar um modelo novo de US$ 800. Isso significa gastar US$ 500 em um novo aparelho a cada dois anos; ao longo de oito anos, você terá gasto US$ 2.800 com celulares. Por outro lado, caso tenha um aparelho que custou US$ 800 e substitua a bateria dele duas vezes, pagando US$ 70 por cada, gastará US$ 940 no mesmo período. Para muitos, principalmente para as famílias com vários celulares, isso representa uma grande economia.

Você também pode lembrar a si mesmo de praticar o autocontrole quando anúncios de novos aparelhos são exibidos na TV ou aparecem em sua caixa de entrada, disse Lee Vinsel, autor de “The Innovation Delusion” (A ilusão da inovação, em tradução livre), um livro sobre como nossa obsessão pelo novo matou a arte da manutenção. Isso também inclui resistir ao desejo de julgar aqueles que não têm os dispositivos mais novos.

“Uma mudança cultural precisa acontecer”, disse Vinsel. “Precisamos parar de ser seduzidos pela publicidade e apenas pensar na situação como um todo, inclusive no meio ambiente.”

No entanto, é importante ressaltar que no caso de alguns problemas comuns em smartphones o conserto pode não valer a pena. Como, por exemplo, quando quebrei a tela do meu iPhone 12, a peça para troca da Apple custava cerca de US$ 300. Quando o custo do conserto fica próximo do preço de um novo dispositivo, comprar um substituto pode fazer sentido. (Isto posto, paguei pelo conserto, pois sou muito apegado ao meu celular.)

Mas as condições para o reparo dos smartphones estão melhorando. No ano passado, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou que iria fechar o cerco contra as empresas que impediam as pessoas de consertar seus produtos. E uma lei do estado de Nova York aprovada em junho, que exigiria que as empresas de tecnologia liberassem o acesso a ferramentas de reparo e diagnóstico de eletrônicos, aguarda uma assinatura da governadora Kathy Hochul.

Como consequência de todo o movimento regulatório, o conserto está aos poucos se tornando mais simples. O que precisa mudar agora é a nossa mentalidade./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Um smartphone não é muito diferente de um carro. Quando os pais acham que seus filhos têm idade e responsabilidade suficientes, deixam eles ter um. Existem várias formas de pagamento: à vista, parcelado ou por aluguel. E, assim como os carros, os modelos de celular se tornaram quase impossíveis de se diferenciar de um ano para o outro.

No entanto, há uma grande diferença entre carros e telefones, ou pelo menos na forma como as pessoas os tratam. Sempre que necessário, os donos de automóveis levam seu veículo a uma oficina para manutenção e reparos. Mas quando algo tão básico – e barato – como a bateria de um celular começa a não funcionar tão bem, as pessoas geralmente trocam de aparelho.

“Todo mundo sabe que os pneus do seu carro se desgastam e você precisa substitui-los”, disse Kyle Wiens, CEO do iFixit, site que publica instruções para consertar eletrônicos. “Há uma ilusão psicológica em torno de não ter que fazer manutenção em eletrônicos como fazemos com carros.”

Como consequência, a média de tempo que as pessoas ficam com um carro antes de substituí-lo, cerca de oito anos, supera o período de tempo entre uma troca e outra de celular, mais ou menos três anos e meio. Entretanto, com um pouco cuidado, a vida útil de um bom smartphone pode chegar a seis anos.

Trocar de celular com frequência sai caro para o bolso, porém ainda mais para o meio ambiente. Fabricar um telefone, composto por pelo menos 70 materiais, consome muita energia e isso geralmente ocorre em países onde a produção de eletricidade causa elevadas emissões de carbono, de acordo com especialistas em design industrial.

Devemos parar por um momento e nos perguntar: por que trocamos de celular antes mesmo de ser necessário?

Na verdade, há um arsenal de pesquisas a respeito do tema. Alguns fatores – como o custo elevado de certos reparos – estão fora do nosso controle. Mas um grande motivo para isso é puramente comportamental. Compreender a psicologia de por que costumamos trocar de celular pode contribuir muito na mudança de hábitos para economizar dinheiro e reduzir o consumo, segundo os especialistas.

Um estudo de 2021 da Universidade de Tecnologia de Delft entrevistou 617 pessoas na Europa Ocidental que tinham substituído recentemente seus smartphones e outros produtos. A pesquisa perguntava quanto tempo essas pessoas tinham usado o último celular antes de substituí-lo e o motivo da troca. E àquelas pessoas com telefones quebrados ou sem funcionar direito, se tinham considerado consertar o aparelho.

A justificativa mais comum para a troca de celular foi uma perda de desempenho, como software mais lento ou uma bateria degradada. Apenas 30% dos que disseram ter um smartphone que já não funcionava tão bem (com uma bateria que se esgota rapidamente) afirmaram ter considerado consertá-lo.

A segunda razão mais comum dada para a troca de aparelho foi simplesmente sentir que era hora de comprar um novo.

Ruth Mugge, professora de design da Delft e autora do estudo, disse que havia uma percepção equivocada entre as pessoas de que três anos e meio era o período que um celular poderia durar – mesmo entre pessoas cujos telefones continuavam funcionando depois desse intervalo.

Essa crença, disse ela, é determinada por um ambiente que provoca um desejo de atualização. Um desses fatores é o incentivo do marketing das operadoras de celular, que enviam e-mails para lembrá-lo de trocar seu aparelho antigo por um crédito que pode ser usado na compra de um novo telefone. Outro motivador é a pressão dos colegas, pois amigos e conhecidos trocam de smartphone quase todo ano.

“Se você continua com o seu durante um período longo, as pessoas podem achá-lo um pouco estranho”, disse Ruth.

Outro fator para as trocas é mais difícil de se contrapor: há poucos incentivos para as pessoas fazerem reparos. Isso porque os celulares, hermeticamente fechados com cola e parafusos minúsculos, são complicados de se consertar para uma pessoa comum e as peças podem ser caras.

Um estudo da revista Consumer Reports descobriu que as pessoas querem consertar seus telefones quando eles quebram, mas se deparam com obstáculos. Entre os entrevistados com aparelhos que começaram a apresentar defeitos nos últimos cinco anos, 25% tentaram consertar o celular, mas acabaram substituindo-o, enquanto apenas 16% o consertaram. Os demais continuaram usando o smartphone sem tentar consertá-lo ou apenas trocaram por outro.

Produzir um smartphone necessita de muitos recursos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Então, o que fazer? Para começar, você pode tratar seu celular como se ele fosse mais parecido com seu carro. Se ele ainda estiver em grande parte funcionando, é possível cuidar dele fazendo uma manutenção básica, como substituir a bateria.

Os smartphones não têm os lembretes úteis que os mecânicos oferecem aos proprietários de automóveis, como o adesivo que mostra a data da próxima troca de óleo, mas você mesmo pode fazer isso. Crie um evento em seu calendário para levar seu telefone a uma assistência técnica para comprar uma bateria nova a cada três anos, que costuma ser quando a bateria perde a força, fazendo com que o celular desligue após algumas horas (e, talvez não por coincidência, quando as pessoas acreditam que ele não tem mais jeito).

Você também pode criar um lembrete de calendário anual para fazer um checkup no aparelho. Isso pode significar coisas simples, como excluir aplicativos e fotos dos quais você não precisa mais para liberar espaço de armazenamento digital, o que pode acelerar o backup do telefone.

Outro fator pode ser fazer as contas. Por cerca de US$ 70, você pode substituir a bateria do seu celular em uma assistência, o que torna essa solução relativamente barata. Digamos que, em dois anos, você troque seu telefone de US$ 800 por US$ 300 em crédito para comprar um modelo novo de US$ 800. Isso significa gastar US$ 500 em um novo aparelho a cada dois anos; ao longo de oito anos, você terá gasto US$ 2.800 com celulares. Por outro lado, caso tenha um aparelho que custou US$ 800 e substitua a bateria dele duas vezes, pagando US$ 70 por cada, gastará US$ 940 no mesmo período. Para muitos, principalmente para as famílias com vários celulares, isso representa uma grande economia.

Você também pode lembrar a si mesmo de praticar o autocontrole quando anúncios de novos aparelhos são exibidos na TV ou aparecem em sua caixa de entrada, disse Lee Vinsel, autor de “The Innovation Delusion” (A ilusão da inovação, em tradução livre), um livro sobre como nossa obsessão pelo novo matou a arte da manutenção. Isso também inclui resistir ao desejo de julgar aqueles que não têm os dispositivos mais novos.

“Uma mudança cultural precisa acontecer”, disse Vinsel. “Precisamos parar de ser seduzidos pela publicidade e apenas pensar na situação como um todo, inclusive no meio ambiente.”

No entanto, é importante ressaltar que no caso de alguns problemas comuns em smartphones o conserto pode não valer a pena. Como, por exemplo, quando quebrei a tela do meu iPhone 12, a peça para troca da Apple custava cerca de US$ 300. Quando o custo do conserto fica próximo do preço de um novo dispositivo, comprar um substituto pode fazer sentido. (Isto posto, paguei pelo conserto, pois sou muito apegado ao meu celular.)

Mas as condições para o reparo dos smartphones estão melhorando. No ano passado, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou que iria fechar o cerco contra as empresas que impediam as pessoas de consertar seus produtos. E uma lei do estado de Nova York aprovada em junho, que exigiria que as empresas de tecnologia liberassem o acesso a ferramentas de reparo e diagnóstico de eletrônicos, aguarda uma assinatura da governadora Kathy Hochul.

Como consequência de todo o movimento regulatório, o conserto está aos poucos se tornando mais simples. O que precisa mudar agora é a nossa mentalidade./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Um smartphone não é muito diferente de um carro. Quando os pais acham que seus filhos têm idade e responsabilidade suficientes, deixam eles ter um. Existem várias formas de pagamento: à vista, parcelado ou por aluguel. E, assim como os carros, os modelos de celular se tornaram quase impossíveis de se diferenciar de um ano para o outro.

No entanto, há uma grande diferença entre carros e telefones, ou pelo menos na forma como as pessoas os tratam. Sempre que necessário, os donos de automóveis levam seu veículo a uma oficina para manutenção e reparos. Mas quando algo tão básico – e barato – como a bateria de um celular começa a não funcionar tão bem, as pessoas geralmente trocam de aparelho.

“Todo mundo sabe que os pneus do seu carro se desgastam e você precisa substitui-los”, disse Kyle Wiens, CEO do iFixit, site que publica instruções para consertar eletrônicos. “Há uma ilusão psicológica em torno de não ter que fazer manutenção em eletrônicos como fazemos com carros.”

Como consequência, a média de tempo que as pessoas ficam com um carro antes de substituí-lo, cerca de oito anos, supera o período de tempo entre uma troca e outra de celular, mais ou menos três anos e meio. Entretanto, com um pouco cuidado, a vida útil de um bom smartphone pode chegar a seis anos.

Trocar de celular com frequência sai caro para o bolso, porém ainda mais para o meio ambiente. Fabricar um telefone, composto por pelo menos 70 materiais, consome muita energia e isso geralmente ocorre em países onde a produção de eletricidade causa elevadas emissões de carbono, de acordo com especialistas em design industrial.

Devemos parar por um momento e nos perguntar: por que trocamos de celular antes mesmo de ser necessário?

Na verdade, há um arsenal de pesquisas a respeito do tema. Alguns fatores – como o custo elevado de certos reparos – estão fora do nosso controle. Mas um grande motivo para isso é puramente comportamental. Compreender a psicologia de por que costumamos trocar de celular pode contribuir muito na mudança de hábitos para economizar dinheiro e reduzir o consumo, segundo os especialistas.

Um estudo de 2021 da Universidade de Tecnologia de Delft entrevistou 617 pessoas na Europa Ocidental que tinham substituído recentemente seus smartphones e outros produtos. A pesquisa perguntava quanto tempo essas pessoas tinham usado o último celular antes de substituí-lo e o motivo da troca. E àquelas pessoas com telefones quebrados ou sem funcionar direito, se tinham considerado consertar o aparelho.

A justificativa mais comum para a troca de celular foi uma perda de desempenho, como software mais lento ou uma bateria degradada. Apenas 30% dos que disseram ter um smartphone que já não funcionava tão bem (com uma bateria que se esgota rapidamente) afirmaram ter considerado consertá-lo.

A segunda razão mais comum dada para a troca de aparelho foi simplesmente sentir que era hora de comprar um novo.

Ruth Mugge, professora de design da Delft e autora do estudo, disse que havia uma percepção equivocada entre as pessoas de que três anos e meio era o período que um celular poderia durar – mesmo entre pessoas cujos telefones continuavam funcionando depois desse intervalo.

Essa crença, disse ela, é determinada por um ambiente que provoca um desejo de atualização. Um desses fatores é o incentivo do marketing das operadoras de celular, que enviam e-mails para lembrá-lo de trocar seu aparelho antigo por um crédito que pode ser usado na compra de um novo telefone. Outro motivador é a pressão dos colegas, pois amigos e conhecidos trocam de smartphone quase todo ano.

“Se você continua com o seu durante um período longo, as pessoas podem achá-lo um pouco estranho”, disse Ruth.

Outro fator para as trocas é mais difícil de se contrapor: há poucos incentivos para as pessoas fazerem reparos. Isso porque os celulares, hermeticamente fechados com cola e parafusos minúsculos, são complicados de se consertar para uma pessoa comum e as peças podem ser caras.

Um estudo da revista Consumer Reports descobriu que as pessoas querem consertar seus telefones quando eles quebram, mas se deparam com obstáculos. Entre os entrevistados com aparelhos que começaram a apresentar defeitos nos últimos cinco anos, 25% tentaram consertar o celular, mas acabaram substituindo-o, enquanto apenas 16% o consertaram. Os demais continuaram usando o smartphone sem tentar consertá-lo ou apenas trocaram por outro.

Produzir um smartphone necessita de muitos recursos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Então, o que fazer? Para começar, você pode tratar seu celular como se ele fosse mais parecido com seu carro. Se ele ainda estiver em grande parte funcionando, é possível cuidar dele fazendo uma manutenção básica, como substituir a bateria.

Os smartphones não têm os lembretes úteis que os mecânicos oferecem aos proprietários de automóveis, como o adesivo que mostra a data da próxima troca de óleo, mas você mesmo pode fazer isso. Crie um evento em seu calendário para levar seu telefone a uma assistência técnica para comprar uma bateria nova a cada três anos, que costuma ser quando a bateria perde a força, fazendo com que o celular desligue após algumas horas (e, talvez não por coincidência, quando as pessoas acreditam que ele não tem mais jeito).

Você também pode criar um lembrete de calendário anual para fazer um checkup no aparelho. Isso pode significar coisas simples, como excluir aplicativos e fotos dos quais você não precisa mais para liberar espaço de armazenamento digital, o que pode acelerar o backup do telefone.

Outro fator pode ser fazer as contas. Por cerca de US$ 70, você pode substituir a bateria do seu celular em uma assistência, o que torna essa solução relativamente barata. Digamos que, em dois anos, você troque seu telefone de US$ 800 por US$ 300 em crédito para comprar um modelo novo de US$ 800. Isso significa gastar US$ 500 em um novo aparelho a cada dois anos; ao longo de oito anos, você terá gasto US$ 2.800 com celulares. Por outro lado, caso tenha um aparelho que custou US$ 800 e substitua a bateria dele duas vezes, pagando US$ 70 por cada, gastará US$ 940 no mesmo período. Para muitos, principalmente para as famílias com vários celulares, isso representa uma grande economia.

Você também pode lembrar a si mesmo de praticar o autocontrole quando anúncios de novos aparelhos são exibidos na TV ou aparecem em sua caixa de entrada, disse Lee Vinsel, autor de “The Innovation Delusion” (A ilusão da inovação, em tradução livre), um livro sobre como nossa obsessão pelo novo matou a arte da manutenção. Isso também inclui resistir ao desejo de julgar aqueles que não têm os dispositivos mais novos.

“Uma mudança cultural precisa acontecer”, disse Vinsel. “Precisamos parar de ser seduzidos pela publicidade e apenas pensar na situação como um todo, inclusive no meio ambiente.”

No entanto, é importante ressaltar que no caso de alguns problemas comuns em smartphones o conserto pode não valer a pena. Como, por exemplo, quando quebrei a tela do meu iPhone 12, a peça para troca da Apple custava cerca de US$ 300. Quando o custo do conserto fica próximo do preço de um novo dispositivo, comprar um substituto pode fazer sentido. (Isto posto, paguei pelo conserto, pois sou muito apegado ao meu celular.)

Mas as condições para o reparo dos smartphones estão melhorando. No ano passado, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou que iria fechar o cerco contra as empresas que impediam as pessoas de consertar seus produtos. E uma lei do estado de Nova York aprovada em junho, que exigiria que as empresas de tecnologia liberassem o acesso a ferramentas de reparo e diagnóstico de eletrônicos, aguarda uma assinatura da governadora Kathy Hochul.

Como consequência de todo o movimento regulatório, o conserto está aos poucos se tornando mais simples. O que precisa mudar agora é a nossa mentalidade./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Um smartphone não é muito diferente de um carro. Quando os pais acham que seus filhos têm idade e responsabilidade suficientes, deixam eles ter um. Existem várias formas de pagamento: à vista, parcelado ou por aluguel. E, assim como os carros, os modelos de celular se tornaram quase impossíveis de se diferenciar de um ano para o outro.

No entanto, há uma grande diferença entre carros e telefones, ou pelo menos na forma como as pessoas os tratam. Sempre que necessário, os donos de automóveis levam seu veículo a uma oficina para manutenção e reparos. Mas quando algo tão básico – e barato – como a bateria de um celular começa a não funcionar tão bem, as pessoas geralmente trocam de aparelho.

“Todo mundo sabe que os pneus do seu carro se desgastam e você precisa substitui-los”, disse Kyle Wiens, CEO do iFixit, site que publica instruções para consertar eletrônicos. “Há uma ilusão psicológica em torno de não ter que fazer manutenção em eletrônicos como fazemos com carros.”

Como consequência, a média de tempo que as pessoas ficam com um carro antes de substituí-lo, cerca de oito anos, supera o período de tempo entre uma troca e outra de celular, mais ou menos três anos e meio. Entretanto, com um pouco cuidado, a vida útil de um bom smartphone pode chegar a seis anos.

Trocar de celular com frequência sai caro para o bolso, porém ainda mais para o meio ambiente. Fabricar um telefone, composto por pelo menos 70 materiais, consome muita energia e isso geralmente ocorre em países onde a produção de eletricidade causa elevadas emissões de carbono, de acordo com especialistas em design industrial.

Devemos parar por um momento e nos perguntar: por que trocamos de celular antes mesmo de ser necessário?

Na verdade, há um arsenal de pesquisas a respeito do tema. Alguns fatores – como o custo elevado de certos reparos – estão fora do nosso controle. Mas um grande motivo para isso é puramente comportamental. Compreender a psicologia de por que costumamos trocar de celular pode contribuir muito na mudança de hábitos para economizar dinheiro e reduzir o consumo, segundo os especialistas.

Um estudo de 2021 da Universidade de Tecnologia de Delft entrevistou 617 pessoas na Europa Ocidental que tinham substituído recentemente seus smartphones e outros produtos. A pesquisa perguntava quanto tempo essas pessoas tinham usado o último celular antes de substituí-lo e o motivo da troca. E àquelas pessoas com telefones quebrados ou sem funcionar direito, se tinham considerado consertar o aparelho.

A justificativa mais comum para a troca de celular foi uma perda de desempenho, como software mais lento ou uma bateria degradada. Apenas 30% dos que disseram ter um smartphone que já não funcionava tão bem (com uma bateria que se esgota rapidamente) afirmaram ter considerado consertá-lo.

A segunda razão mais comum dada para a troca de aparelho foi simplesmente sentir que era hora de comprar um novo.

Ruth Mugge, professora de design da Delft e autora do estudo, disse que havia uma percepção equivocada entre as pessoas de que três anos e meio era o período que um celular poderia durar – mesmo entre pessoas cujos telefones continuavam funcionando depois desse intervalo.

Essa crença, disse ela, é determinada por um ambiente que provoca um desejo de atualização. Um desses fatores é o incentivo do marketing das operadoras de celular, que enviam e-mails para lembrá-lo de trocar seu aparelho antigo por um crédito que pode ser usado na compra de um novo telefone. Outro motivador é a pressão dos colegas, pois amigos e conhecidos trocam de smartphone quase todo ano.

“Se você continua com o seu durante um período longo, as pessoas podem achá-lo um pouco estranho”, disse Ruth.

Outro fator para as trocas é mais difícil de se contrapor: há poucos incentivos para as pessoas fazerem reparos. Isso porque os celulares, hermeticamente fechados com cola e parafusos minúsculos, são complicados de se consertar para uma pessoa comum e as peças podem ser caras.

Um estudo da revista Consumer Reports descobriu que as pessoas querem consertar seus telefones quando eles quebram, mas se deparam com obstáculos. Entre os entrevistados com aparelhos que começaram a apresentar defeitos nos últimos cinco anos, 25% tentaram consertar o celular, mas acabaram substituindo-o, enquanto apenas 16% o consertaram. Os demais continuaram usando o smartphone sem tentar consertá-lo ou apenas trocaram por outro.

Produzir um smartphone necessita de muitos recursos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Então, o que fazer? Para começar, você pode tratar seu celular como se ele fosse mais parecido com seu carro. Se ele ainda estiver em grande parte funcionando, é possível cuidar dele fazendo uma manutenção básica, como substituir a bateria.

Os smartphones não têm os lembretes úteis que os mecânicos oferecem aos proprietários de automóveis, como o adesivo que mostra a data da próxima troca de óleo, mas você mesmo pode fazer isso. Crie um evento em seu calendário para levar seu telefone a uma assistência técnica para comprar uma bateria nova a cada três anos, que costuma ser quando a bateria perde a força, fazendo com que o celular desligue após algumas horas (e, talvez não por coincidência, quando as pessoas acreditam que ele não tem mais jeito).

Você também pode criar um lembrete de calendário anual para fazer um checkup no aparelho. Isso pode significar coisas simples, como excluir aplicativos e fotos dos quais você não precisa mais para liberar espaço de armazenamento digital, o que pode acelerar o backup do telefone.

Outro fator pode ser fazer as contas. Por cerca de US$ 70, você pode substituir a bateria do seu celular em uma assistência, o que torna essa solução relativamente barata. Digamos que, em dois anos, você troque seu telefone de US$ 800 por US$ 300 em crédito para comprar um modelo novo de US$ 800. Isso significa gastar US$ 500 em um novo aparelho a cada dois anos; ao longo de oito anos, você terá gasto US$ 2.800 com celulares. Por outro lado, caso tenha um aparelho que custou US$ 800 e substitua a bateria dele duas vezes, pagando US$ 70 por cada, gastará US$ 940 no mesmo período. Para muitos, principalmente para as famílias com vários celulares, isso representa uma grande economia.

Você também pode lembrar a si mesmo de praticar o autocontrole quando anúncios de novos aparelhos são exibidos na TV ou aparecem em sua caixa de entrada, disse Lee Vinsel, autor de “The Innovation Delusion” (A ilusão da inovação, em tradução livre), um livro sobre como nossa obsessão pelo novo matou a arte da manutenção. Isso também inclui resistir ao desejo de julgar aqueles que não têm os dispositivos mais novos.

“Uma mudança cultural precisa acontecer”, disse Vinsel. “Precisamos parar de ser seduzidos pela publicidade e apenas pensar na situação como um todo, inclusive no meio ambiente.”

No entanto, é importante ressaltar que no caso de alguns problemas comuns em smartphones o conserto pode não valer a pena. Como, por exemplo, quando quebrei a tela do meu iPhone 12, a peça para troca da Apple custava cerca de US$ 300. Quando o custo do conserto fica próximo do preço de um novo dispositivo, comprar um substituto pode fazer sentido. (Isto posto, paguei pelo conserto, pois sou muito apegado ao meu celular.)

Mas as condições para o reparo dos smartphones estão melhorando. No ano passado, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou que iria fechar o cerco contra as empresas que impediam as pessoas de consertar seus produtos. E uma lei do estado de Nova York aprovada em junho, que exigiria que as empresas de tecnologia liberassem o acesso a ferramentas de reparo e diagnóstico de eletrônicos, aguarda uma assinatura da governadora Kathy Hochul.

Como consequência de todo o movimento regulatório, o conserto está aos poucos se tornando mais simples. O que precisa mudar agora é a nossa mentalidade./TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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