‘Stories do WhatsApp’, antes renegados, são adotados por jovens para furar a bolha nas eleições 2022


Ferramenta vem sendo utilizada pela primeira vez por muitos usuários nativos do Instagram

Por Guilherme Guerra
Atualização:

Nesta primeira semana do segundo turno das eleições 2022, algo mudou no WhatsApp. O aplicativo de mensagens foi tomado por mensagens de cunho político em um lugar desconhecido por muitos: os Status, recurso do mensageiro que lembra os Stories, do Instagram.

Lançado em 2019, os Status também exibem imagens em tela inteira de curta duração - elas somem após 24 horas. O formato foi inventado pelo aplicativo Snapchat em 2011 e rapidamente adotado por Mark Zuckerberg, chefão da Meta (companhia dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), para minar o crescimento do rival.

Ainda que os recursos sejam bastante parecidos, os “stories do Zap” têm público e uso bastante diferente daquele visto no Instagram - óleo e água, praticamente.

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No WhatsApp Status, é mais comum encontrar pessoas mais velhas publicando selfies, montagens de bom dia e mensagens de cunho político. Influenciadores e usuários mais jovens tendem a preferir compartilhar imagens efêmeras no aplicativo-irmão, mostrando momentos da rotina, compartilhando os hits do momento e espalhando piadas e memes.

A chegada do segundo turno das eleições presidenciais, em uma disputa apertada onde cada voto vai fazer a diferença, foi o incentivo para que alguns usuários acostumados ao Instagram desbravassem o recurso do “Zap” para romper a própria bolha e conversar com outros públicos nas eleições.

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“Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato”, conta o coordenador de vendas Henrique Trovó, 28, que posta conteúdos anti-Bolsonaro no mensageiro. “Se eu posto no meu Instagram, a mensagem vai apenas para a minha bolha.”

Segundo ele, dezenas de pessoas “aleatórias”, isto é, de fora do seu círculo íntimo, têm visualizado as imagens: o responsável por fazer o carreto de uma mudança, a secretária de uma clínica médica e um motorista que lhe deu carona anos atrás, entre outros.

“Comecei a ver o status deles e percebi que são bolsonaristas. Com essa nova onda de mensagens, essas pessoas vão começar a ver um outro ponto de vista (político)”, diz Trovó. Na média, cerca de duzentas pessoas têm visto as publicações dele, acrescenta.

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Henrique Trovó começou a utilizar os status do WhatsApp para mostrar novos pontos de vista a outros usuários da plataforma Foto: Acervo pessoal

Esse é também o caso do arquiteto Hugo Rossini, 29, que aproveitou a ocasião para postar também nos Stories do Facebook (sim, Zuckerberg espalhou o recurso em todos os seus serviços). A estratégia faz sentido, já que não apenas os Stories do Face parecem ter uma taxa de uso tão baixa quanto os Stories do WhatsApp, como também a rede social também é dominada por uma demografia mais velha atualmente.

“Percebi que essas ferramentas atingem um público diferente. O Instagram, que eu uso com mais frequência, acabou ficando com um público mais parecido com o meu perfil e a grande maioria das pessoas vota nos mesmos candidatos que eu”, conta. “No Facebook, por exemplo, pessoas que estudaram comigo há mais de 10 anos podem ver o que eu posto.”

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Em redes sociais como o Twitter, a estratégia de ir para o status do WhatsApp tem sido incentivada como parte de uma campanha “vira-voto”, principalmente por apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na plataforma, é comum ver usuários declarando que é a primeira vez que utilizam a função e pedindo materiais virais para repostar no mensageiro.

A movimentação dos últimos dias tem feito apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentar iniciativa parecida - o volume de postagens, porém, parece ser menor até aqui.

Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato

Henrique Trovó, que aderiu à ferramenta nesta semana

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Feijão com arroz do cardápio digital

Para o brasileiro, o WhatsApp é o “feijão com arroz” do cardápio digital. Com 120 milhões de usuários no País, é difícil encontrar quem não tenha o aplicativo de mensagens no celular. Além disso, serviços do tipo foram impulsionados pela pandemia, forçando diversos segmentos da sociedade a adotar o Zap como canal de comunicação.

“Justamente por isso, o WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro. Muito mais do que o Instagram”, explica Raquel Recuero, pesquisadora da área de Comunicação da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Daí a importância do mensageiro na comunicação do País, principalmente nas eleições: “As plataformas digitais sempre são utilizadas para não só para conhecer candidatos, mas também para espalhar e receber informações”.

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O WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro

Raquel Recuero, pesquisadora da UCPel

A maior prova disso está nas eleições de 2018, quando o WhatsApp foi considerado um vetor para a desinformação em grupos na plataforma. Com listas de transmissão que reuniam centenas de pessoas, era possível encaminhar mensagens enganosas na plataforma de forma rápida e individualizada. A disseminação rápida das fakes news levou o aplicativo a realizar mudanças, limitando, em janeiro de 2019, o encaminhamento de mensagens para apenas cinco contatos.

Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), a inserção de recursos no WhatsApp, como o Status, traz vantagens: “Não há exigência de instalação de outros aplicativos para usar a funcionalidade, que se aproveita do fato de que muitos planos de celular oferecem navegação gratuita no Zap, sem impactar a franquia de dados”, diz.

O uso do recurso também é importante para quem quer alcançar um número maior de contatos, já que não há limites para o número de pessoas que podem visualizar os Status.

Vida após as eleições

É difícil saber o quanto a onda da última semana impulsionou o uso do WhatsApp, já que a Meta não revela números a respeito. Para o futuro, o desafio dos “stories do Zap” é continuar com o novo gás depois das eleições.

Não será uma tarefa fácil. João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-Rio), ressalta o fato de que os status do WhatsApp precisam de audiência, e não podem ser uma comunicação unilateral.

“Não é só porque as pessoas estão se mobilizando nas publicações que essa funcionalidade vai começar a ser vista”, diz. “O que as pessoas estão fazendo nesse momento é tentar recorrer a todas as formas de abrir um canal de interação com seus contatos. Elas descobriram (ou lembraram) que os status do WhatsApp são mais um desses canais.”

Da parte dos jovens que migraram, o recurso deve continuar sendo utilizado de forma temporária até as eleições. “Não é algo que meus amigos usam, então depois (do segundo turno) volto a usar só o Instagram”, diz Trovó. “Depois vai voltar para o abandono.” /COLABOROU BRUNA ARIMATHEA

Nesta primeira semana do segundo turno das eleições 2022, algo mudou no WhatsApp. O aplicativo de mensagens foi tomado por mensagens de cunho político em um lugar desconhecido por muitos: os Status, recurso do mensageiro que lembra os Stories, do Instagram.

Lançado em 2019, os Status também exibem imagens em tela inteira de curta duração - elas somem após 24 horas. O formato foi inventado pelo aplicativo Snapchat em 2011 e rapidamente adotado por Mark Zuckerberg, chefão da Meta (companhia dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), para minar o crescimento do rival.

Ainda que os recursos sejam bastante parecidos, os “stories do Zap” têm público e uso bastante diferente daquele visto no Instagram - óleo e água, praticamente.

No WhatsApp Status, é mais comum encontrar pessoas mais velhas publicando selfies, montagens de bom dia e mensagens de cunho político. Influenciadores e usuários mais jovens tendem a preferir compartilhar imagens efêmeras no aplicativo-irmão, mostrando momentos da rotina, compartilhando os hits do momento e espalhando piadas e memes.

A chegada do segundo turno das eleições presidenciais, em uma disputa apertada onde cada voto vai fazer a diferença, foi o incentivo para que alguns usuários acostumados ao Instagram desbravassem o recurso do “Zap” para romper a própria bolha e conversar com outros públicos nas eleições.

“Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato”, conta o coordenador de vendas Henrique Trovó, 28, que posta conteúdos anti-Bolsonaro no mensageiro. “Se eu posto no meu Instagram, a mensagem vai apenas para a minha bolha.”

Segundo ele, dezenas de pessoas “aleatórias”, isto é, de fora do seu círculo íntimo, têm visualizado as imagens: o responsável por fazer o carreto de uma mudança, a secretária de uma clínica médica e um motorista que lhe deu carona anos atrás, entre outros.

“Comecei a ver o status deles e percebi que são bolsonaristas. Com essa nova onda de mensagens, essas pessoas vão começar a ver um outro ponto de vista (político)”, diz Trovó. Na média, cerca de duzentas pessoas têm visto as publicações dele, acrescenta.

Henrique Trovó começou a utilizar os status do WhatsApp para mostrar novos pontos de vista a outros usuários da plataforma Foto: Acervo pessoal

Esse é também o caso do arquiteto Hugo Rossini, 29, que aproveitou a ocasião para postar também nos Stories do Facebook (sim, Zuckerberg espalhou o recurso em todos os seus serviços). A estratégia faz sentido, já que não apenas os Stories do Face parecem ter uma taxa de uso tão baixa quanto os Stories do WhatsApp, como também a rede social também é dominada por uma demografia mais velha atualmente.

“Percebi que essas ferramentas atingem um público diferente. O Instagram, que eu uso com mais frequência, acabou ficando com um público mais parecido com o meu perfil e a grande maioria das pessoas vota nos mesmos candidatos que eu”, conta. “No Facebook, por exemplo, pessoas que estudaram comigo há mais de 10 anos podem ver o que eu posto.”

Em redes sociais como o Twitter, a estratégia de ir para o status do WhatsApp tem sido incentivada como parte de uma campanha “vira-voto”, principalmente por apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na plataforma, é comum ver usuários declarando que é a primeira vez que utilizam a função e pedindo materiais virais para repostar no mensageiro.

A movimentação dos últimos dias tem feito apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentar iniciativa parecida - o volume de postagens, porém, parece ser menor até aqui.

Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato

Henrique Trovó, que aderiu à ferramenta nesta semana

Feijão com arroz do cardápio digital

Para o brasileiro, o WhatsApp é o “feijão com arroz” do cardápio digital. Com 120 milhões de usuários no País, é difícil encontrar quem não tenha o aplicativo de mensagens no celular. Além disso, serviços do tipo foram impulsionados pela pandemia, forçando diversos segmentos da sociedade a adotar o Zap como canal de comunicação.

“Justamente por isso, o WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro. Muito mais do que o Instagram”, explica Raquel Recuero, pesquisadora da área de Comunicação da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Daí a importância do mensageiro na comunicação do País, principalmente nas eleições: “As plataformas digitais sempre são utilizadas para não só para conhecer candidatos, mas também para espalhar e receber informações”.

O WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro

Raquel Recuero, pesquisadora da UCPel

A maior prova disso está nas eleições de 2018, quando o WhatsApp foi considerado um vetor para a desinformação em grupos na plataforma. Com listas de transmissão que reuniam centenas de pessoas, era possível encaminhar mensagens enganosas na plataforma de forma rápida e individualizada. A disseminação rápida das fakes news levou o aplicativo a realizar mudanças, limitando, em janeiro de 2019, o encaminhamento de mensagens para apenas cinco contatos.

Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), a inserção de recursos no WhatsApp, como o Status, traz vantagens: “Não há exigência de instalação de outros aplicativos para usar a funcionalidade, que se aproveita do fato de que muitos planos de celular oferecem navegação gratuita no Zap, sem impactar a franquia de dados”, diz.

O uso do recurso também é importante para quem quer alcançar um número maior de contatos, já que não há limites para o número de pessoas que podem visualizar os Status.

Vida após as eleições

É difícil saber o quanto a onda da última semana impulsionou o uso do WhatsApp, já que a Meta não revela números a respeito. Para o futuro, o desafio dos “stories do Zap” é continuar com o novo gás depois das eleições.

Não será uma tarefa fácil. João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-Rio), ressalta o fato de que os status do WhatsApp precisam de audiência, e não podem ser uma comunicação unilateral.

“Não é só porque as pessoas estão se mobilizando nas publicações que essa funcionalidade vai começar a ser vista”, diz. “O que as pessoas estão fazendo nesse momento é tentar recorrer a todas as formas de abrir um canal de interação com seus contatos. Elas descobriram (ou lembraram) que os status do WhatsApp são mais um desses canais.”

Da parte dos jovens que migraram, o recurso deve continuar sendo utilizado de forma temporária até as eleições. “Não é algo que meus amigos usam, então depois (do segundo turno) volto a usar só o Instagram”, diz Trovó. “Depois vai voltar para o abandono.” /COLABOROU BRUNA ARIMATHEA

Nesta primeira semana do segundo turno das eleições 2022, algo mudou no WhatsApp. O aplicativo de mensagens foi tomado por mensagens de cunho político em um lugar desconhecido por muitos: os Status, recurso do mensageiro que lembra os Stories, do Instagram.

Lançado em 2019, os Status também exibem imagens em tela inteira de curta duração - elas somem após 24 horas. O formato foi inventado pelo aplicativo Snapchat em 2011 e rapidamente adotado por Mark Zuckerberg, chefão da Meta (companhia dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), para minar o crescimento do rival.

Ainda que os recursos sejam bastante parecidos, os “stories do Zap” têm público e uso bastante diferente daquele visto no Instagram - óleo e água, praticamente.

No WhatsApp Status, é mais comum encontrar pessoas mais velhas publicando selfies, montagens de bom dia e mensagens de cunho político. Influenciadores e usuários mais jovens tendem a preferir compartilhar imagens efêmeras no aplicativo-irmão, mostrando momentos da rotina, compartilhando os hits do momento e espalhando piadas e memes.

A chegada do segundo turno das eleições presidenciais, em uma disputa apertada onde cada voto vai fazer a diferença, foi o incentivo para que alguns usuários acostumados ao Instagram desbravassem o recurso do “Zap” para romper a própria bolha e conversar com outros públicos nas eleições.

“Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato”, conta o coordenador de vendas Henrique Trovó, 28, que posta conteúdos anti-Bolsonaro no mensageiro. “Se eu posto no meu Instagram, a mensagem vai apenas para a minha bolha.”

Segundo ele, dezenas de pessoas “aleatórias”, isto é, de fora do seu círculo íntimo, têm visualizado as imagens: o responsável por fazer o carreto de uma mudança, a secretária de uma clínica médica e um motorista que lhe deu carona anos atrás, entre outros.

“Comecei a ver o status deles e percebi que são bolsonaristas. Com essa nova onda de mensagens, essas pessoas vão começar a ver um outro ponto de vista (político)”, diz Trovó. Na média, cerca de duzentas pessoas têm visto as publicações dele, acrescenta.

Henrique Trovó começou a utilizar os status do WhatsApp para mostrar novos pontos de vista a outros usuários da plataforma Foto: Acervo pessoal

Esse é também o caso do arquiteto Hugo Rossini, 29, que aproveitou a ocasião para postar também nos Stories do Facebook (sim, Zuckerberg espalhou o recurso em todos os seus serviços). A estratégia faz sentido, já que não apenas os Stories do Face parecem ter uma taxa de uso tão baixa quanto os Stories do WhatsApp, como também a rede social também é dominada por uma demografia mais velha atualmente.

“Percebi que essas ferramentas atingem um público diferente. O Instagram, que eu uso com mais frequência, acabou ficando com um público mais parecido com o meu perfil e a grande maioria das pessoas vota nos mesmos candidatos que eu”, conta. “No Facebook, por exemplo, pessoas que estudaram comigo há mais de 10 anos podem ver o que eu posto.”

Em redes sociais como o Twitter, a estratégia de ir para o status do WhatsApp tem sido incentivada como parte de uma campanha “vira-voto”, principalmente por apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na plataforma, é comum ver usuários declarando que é a primeira vez que utilizam a função e pedindo materiais virais para repostar no mensageiro.

A movimentação dos últimos dias tem feito apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) tentar iniciativa parecida - o volume de postagens, porém, parece ser menor até aqui.

Eu nunca tinha usado os Status do WhatsApp, mas vi que era um lugar com gente mais velha e com quem eu não tinha contato

Henrique Trovó, que aderiu à ferramenta nesta semana

Feijão com arroz do cardápio digital

Para o brasileiro, o WhatsApp é o “feijão com arroz” do cardápio digital. Com 120 milhões de usuários no País, é difícil encontrar quem não tenha o aplicativo de mensagens no celular. Além disso, serviços do tipo foram impulsionados pela pandemia, forçando diversos segmentos da sociedade a adotar o Zap como canal de comunicação.

“Justamente por isso, o WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro. Muito mais do que o Instagram”, explica Raquel Recuero, pesquisadora da área de Comunicação da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Daí a importância do mensageiro na comunicação do País, principalmente nas eleições: “As plataformas digitais sempre são utilizadas para não só para conhecer candidatos, mas também para espalhar e receber informações”.

O WhatsApp é um aplicativo muito mais pervasivo para o brasileiro

Raquel Recuero, pesquisadora da UCPel

A maior prova disso está nas eleições de 2018, quando o WhatsApp foi considerado um vetor para a desinformação em grupos na plataforma. Com listas de transmissão que reuniam centenas de pessoas, era possível encaminhar mensagens enganosas na plataforma de forma rápida e individualizada. A disseminação rápida das fakes news levou o aplicativo a realizar mudanças, limitando, em janeiro de 2019, o encaminhamento de mensagens para apenas cinco contatos.

Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), a inserção de recursos no WhatsApp, como o Status, traz vantagens: “Não há exigência de instalação de outros aplicativos para usar a funcionalidade, que se aproveita do fato de que muitos planos de celular oferecem navegação gratuita no Zap, sem impactar a franquia de dados”, diz.

O uso do recurso também é importante para quem quer alcançar um número maior de contatos, já que não há limites para o número de pessoas que podem visualizar os Status.

Vida após as eleições

É difícil saber o quanto a onda da última semana impulsionou o uso do WhatsApp, já que a Meta não revela números a respeito. Para o futuro, o desafio dos “stories do Zap” é continuar com o novo gás depois das eleições.

Não será uma tarefa fácil. João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-Rio), ressalta o fato de que os status do WhatsApp precisam de audiência, e não podem ser uma comunicação unilateral.

“Não é só porque as pessoas estão se mobilizando nas publicações que essa funcionalidade vai começar a ser vista”, diz. “O que as pessoas estão fazendo nesse momento é tentar recorrer a todas as formas de abrir um canal de interação com seus contatos. Elas descobriram (ou lembraram) que os status do WhatsApp são mais um desses canais.”

Da parte dos jovens que migraram, o recurso deve continuar sendo utilizado de forma temporária até as eleições. “Não é algo que meus amigos usam, então depois (do segundo turno) volto a usar só o Instagram”, diz Trovó. “Depois vai voltar para o abandono.” /COLABOROU BRUNA ARIMATHEA

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