A rede social do momento foi apresentada por Mark Zuckerberg na noite desta quarta-feira, 5: o Threads — conhecido também como “Twitter do Instagram” — já conquistou 30 milhões de usuários em menos de 24 horas e chega ao mundo com suporte de uma gigante de tecnologia rica e cheia de recursos. Com a empolgação entre usuários e especialistas, há quem diga que a rede é, até o momento, a opção certa para desbancar o Twitter, de Elon Musk.
No Threads, os usuários podem fazer publicações de até 500 caracteres, publicar fotos e vídeos e compartilhar conteúdos de amigos. Mesmo entregando uma plataforma relativamente simples, o app já se destaca por facilitar a forma com que os usuários podem ingressar na rede - a integração a partir do Instagram pode ser um dos caminhos para o sucesso.
“A vida é mais fácil para quem é ‘herdeiro’, especialmente se já aproveita toda a base de usuários do Instagram”, brinca Alexandre Inagaki, consultor em redes sociais. “Tendo por trás uma gigante tecnológica capaz de garantir estabilidade de servidores, além de um departamento de marketing atraindo celebridades e influenciadores para a plataforma, agora sim podemos dizer que o Twitter encontrou um concorrente, enfim, capaz de desbancá-lo nesta rinha de bilionários”.
Para Inagaki, além da base de quase 2 bilhões de usuários do Instagram, o app também sai na frente na hora de receber seus novos visitantes: com infraestrutura fornecida pela Meta, a rede não precisou “parcelar” seu funcionamento. Usuários de Android e iPhone puderam acessar a plataforma ao mesmo tempo, além de não ser necessário esperar por convites ou códigos específicos para acessar a novidade, como faz o Bluesky.
Além do Bluesky, apps como Mastodon e Koo — que viu um pico de usuários brasileiros em dezembro passado, o que obrigou a rede a acelerar seu desenvolvimento — não tiveram o mesmo sucesso por serem restritivos, com uma fila de espera que poderia passar um mês.
Outro ponto levantado por especialistas é a possibilidade de atrair curiosos do Instagram. Todo usuário que aderir ao Threads ganha um botão que redireciona para a rede social com apenas um clique. O artifício pode ser um impulsionador para pessoas que não usam o Twitter, mas que estão ativas no Instagram diariamente, explica Edney Souza, professor de inovação, tecnologia e negócios digitais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
“Isso é uma vantagem. É uma espécie de ‘cavalo de troia’ que o Zuckerberg colocou no instagram. O usuário pode olhar e pensar que todos os amigos do Instagram já estão lá, então vale dar uma olhada, não precisa de muito convencimento”, apontou Souza. E esse é um caminho sem volta: para apagar a conta no Threads, é necessário deletar a conta no Instagram.
Melhorias são necessárias
Com menos de 24 horas de lançamento, o Threads já alcançou cerca de 30 milhões de usuários, de acordo com Zuckerberg, mas tem pontos negativos que podem colocar o futuro da rede em xeque caso não sejam resolvidos rapidamente.
A principal reclamação entre os usuários é a forma como o feed é apresentado. Sem possibilidade de escolher entre ordem cronológica ou mesmo uma aba em que sejam mostradas apenas publicações de amigos, a plataforma é um mix de posts de pessoas aleatórias que podem não estar relacionadas com os seus interesses.
Assim, ainda é difícil ver o conteúdo das pessoas seguidas organicamente, sendo necessário procurar pela conta na busca caso queira visualizar algum post específico. Ainda, não existe um mecanismo de buscas por assunto, como são os trending topics do Twitter. As hashtags também ainda não estão em funcionamento e algumas alterações cadastrais só podem ser feitas no Instagram.
A condição, de acordo com os especialistas, deve ser temporária e é possível que a Meta tenha optado pelo lançamento “light” para surfar na onda de rejeição do Twitter. Os ajustes, porém, precisam ser feitos se a rede realmente quiser manter o posto de “matadora” do passarinho azul.
Segundo o analista de redes sociais Matt Navarra, a plataforma é vista com bons olhos por investidores e pode atrair ainda mais mercado de publicidade para o império de Zuckerberg. “Grandes marcas terão prazer em (investir) uma boa quantidade de dinheiro com publicidade na plataforma. Será mais palatável e seguro para a marca do que o que está sendo oferecido no Twitter”, explicou.
Nesta quinta-feira, 6, Adam Mosseri, CEO do Instagram, admitiu as falhas que estão sendo apontadas pelos usuários do Threads e afirmou que a empresa já está ciente do que ainda falta na plataforma.
“O verdadeiro teste não é se conseguimos criar hype, mas se todos vocês encontrarão valor suficiente no aplicativo para continuar usando-o ao longo do tempo. E há muitos elementos básicos que estão faltando: pesquisa, hashtags, um feed de seguidores, sincronização de gráficos, mensagens. Estamos trabalhando nisso. A equipe (incrível) está trabalhando. Mas, para ser sincero, isso levará tempo”, disse Mosseri pela nova rede social.