Tosca Musk, irmã de Elon, é dona de ‘Netflix erótico’


Irmã do bilionário é dona da plataforma Passionflix, que organiza romances e fanfics eróticos a partir de um 'termômetro de safadeza'

Por Brooks Barnes
Atualização:
Tosca Musk é a irmã mais nova do bilionário Elon e dona da Passionflix, plataforma de streaming de obras eróticas Foto: Mark Abramson/The New York Times - 6/5/2022

LOS ANGELES – Tosca Musk não está pessoalmente interessada em turismo espacial ou na fabricação de carros elétricos. Ela não é uma encrenqueira no Twitter que agora está comprando a rede social. E não está nadando em dinheiro, pelo menos não no dinheiro da pessoa mais rica do mundo.

Mas ela é parecida com Elon Musk, seu irmão mais velho, pelo menos em uma coisa: está determinada a transformar uma ideia que poderia ser facilmente ridicularizada em um negócio de sucesso, que se danem os profetas da desgraça.

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Seu projeto envolve romances.

Tosca Musk, 47 anos, é a força por trás do Passionflix, um serviço de streaming por assinatura arrivista dedicado a adaptações de romances comerciais e fanfics eróticas em filmes e séries. O serviço online custa US$ 6 por mês e organiza o conteúdo por um “termômetro de safadeza”. As categorias são “Tão convencional”, “Levemente excitante”, “Paixão & Romance”, “Delícias picantes constrangedoras” e “Não dá para ver no trabalho”. O Passionflix arrecadou quase US$ 22 milhões em financiamento inicial.

“Estamos em busca de mais cinco, talvez 10 (milhões)”, disse Tosca. “Sabe de alguém que possa se interessar?”

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Além das adaptações – a grande maioria dirigida por Tosca, que é a CEO da empresa –, o Passionflix oferece uma variedade rotativa de material licenciado. Entre as opções estão “Encontros casuais”, um filme de 2013 estrelado pela Duquesa de Sussex, então conhecida como Meghan Markle, e “Apenas duas noites”, uma comédia romântica de 2014 estrelada por Miles Teller. Filmes de estúdio como “Sabrina” e “O Paciente Inglês”, ambos da década de 1990, também estão disponíveis.

Passionflix é uma espécie de Hallmark Channel sexy. As histórias são simples, e a atuação às vezes não é sofisticada. O diálogo exibido no Passionflix costuma ser extraído direto do material de origem, que pode ser majestosamente brega. “Senti falta de fazer amor com você”, sussurra um bonitão sem camisa em “Gabriel’s Rapture”, uma série da Passionflix baseada no romance best-seller de Sylvain Reynard. “Era como se um dos meus membros estivesse faltando.”

Mas, por favor, não chame o Passionflix de prazer culposo. “Odeio essa descrição”, disse Tosca com seu jeito direto. “É simplesmente prazer.” E tire da cabeça os pensamentos sujos: termômetro de safadeza à parte, o conteúdo do Passionflix raramente se aproxima do limiar do soft-porn. Há cenas de sexo, com certeza, mas a sensualidade costuma ser moderada – um olhar sedutor aqui, uma coxa roçando ali. Tosca impõe uma regra de nada de nudez frontal abaixo da cintura.

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“Na maioria das vezes, as pessoas menosprezam o romance – aparentemente há algo radical em ter o desejo feminino como tema principal – e não acham que ele seja intelectual o suficiente”, disse Tosca. “Acho que isso está errado. Romance é sobre validar emoções. Trata-se de tirar a vergonha da sexualidade. São histórias edificantes.”

“Nada do que fazemos é a respeito de ser uma vítima, ou uma mulher em perigo, ou sobre a domesticação de mulheres”, continuou ela. “Seja um romance de segunda chance ou a história da Cinderela, no fim, são duas pessoas que se conectam, se comunicam e se comprometem.”

O Passionflix foi lançado em setembro de 2017 e agora está disponível em 150 países; o conteúdo é legendado em nove idiomas. Mas o progresso tem sido lento. O serviço de streaming tem apenas seis funcionários. A pandemia paralisou a produção por um tempo. O número de assinantes é um mistério, e Tosca se recusa a dar dados específicos e analistas dizem que o serviço ainda é muito pequeno para ser monitorado. (As assinaturas cresceram 73% em 2021 em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do Passionflix.)

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Além disso, a corrida do ouro dos streamings está perdendo força. No mínimo, está se tornando mais difícil abrir caminho. “O mercado atual de serviços de streaming é turbulento, com os principais serviços de streaming gastando milhões para atrair a atenção dos consumidores, e os serviços de nicho não têm esse tipo de orçamento”, disse Brett Sappington, da Interpret, consultoria de mídia.

“Serviços de nicho costumam ficar à mercê de agregadores como smart TVs, boxes de streaming ou plataformas online”, continuou Sappington. “Eles têm pouco poder de negociação para compartilhamento de receita; muitas vezes são os últimos da fila para suporte ao desenvolvedor; e com frequência não podem se dar ao luxo de ter os espaços nobres, na primeira página em sites ou lojas de aplicativos.”

Mais de 300 serviços de streaming estão disponíveis nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de consultoria Parks Associates. Os oito maiores foram responsáveis por cerca de 88% da demanda por conteúdo original de janeiro a março, de acordo com a Parrot Analytics. Os serviços de nicho lutam pelo equilíbrio – como o Revry, que foca em conteúdo para a comunidade LGBT+; o Bloody Disgusting, para os fãs de terror; a kweliTV, dedicada à cultura negra; e o pequeno Passionflix.

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Mas Tosca não parece estar prestes a desistir.

“Isso não está nos meus genes”, disse ela, com um sorriso largo. “O lema da nossa família poderia ser: continue tentando, continue tentando, continue tentando.”

Elon Musk, é claro, é o fundador da SpaceX, CEO da Tesla e a pessoa mais rica do planeta; ele fechou um acordo de US$ 44 bilhões em abril para comprar o Twitter. O outro irmão mais velho de Tosca Musk, Kimbal Musk, é um empresário de restaurantes e ativista pelo consumo de alimentos sem intermediários, e faz parte dos conselhos da SpaceX e da Tesla. A mãe deles, Maye Musk, é uma modelo que publicou recentemente o livro de memórias “A Woman Makes a Plan” (Uma mulher faz um plano, em tradução livre). (Durante um tempo, Maye Musk administrou a conta do Instagram do Passionflix.)

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Tosca Musk descreveu o assinante típico do Passionflix como “engajado vorazmente” com o site, e isso talvez seja um eufemismo se Jan Edwards for um referencial deles. Ela ficou viúva em 2015 e se aposentou de seu emprego na área de recursos humanos em janeiro. Jan, 65 anos, mora em Tuckerton, Nova Jersey, e é assinante do Passionflix desde 2018. “Só estou colocando a roupa na secadora – é um dia animado por aqui, devo dizer –, então é um bom momento para conversar”, disse ela quando um repórter ligou.

Por que ela assina o serviço? “Ah, essa é fácil de responder”, disse ela. “Na maioria das vezes, sou ignorada pelo restante dos serviços.”

Jan disse que se tornou viciada em ficção romântica em 2009, quando um amigo a “provocou” a ler a história de amor sadomasoquista “Cinquenta Tons de Cinza”. Era o equivalente a uma droga de entrada no gênero literário: Jan agora lê até três romances por semana.

“As pessoas menosprezam o romance, mas isso me faz sentir bem – e muitas mulheres concordam, embora elas não costumem se manifestar”, disse ela.

Não são apenas as mulheres: a Romance Writers of America, grupo de escritores nos EUA, estima que 18% dos leitores de romances são do sexo masculino. Milhares de novos títulos de romance surgem todos os anos. Cerca de 48 milhões de cópias foram vendidas em 2021, incluindo e-books, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, de acordo com o NPD BookScan.

Os primeiros financiadores do Passionflix incluíram o produtor de televisão Norman Lear e sua esposa, Lyn, que também é produtora; Jason Calacanis, empresário da internet e um investidor anjo; e Kimbal Musk.

E Elon Musk?

“É difícil para mim responder a essa pergunta”, disse Tosca Musk. “Se eu disser que ele é um investidor, em seguida todo mundo dirá: ‘Ah, ela fez o irmão pagar por isso’. E se eu disser que ele não investe, então todos dirão: ‘Ele não a apoia’”.

Elon Musk não respondeu às tentativas de contato.

A First Look Media é o maior investidor do Passionflix, embora o CEO do grupo, Michael Bloom, tenha se recusado a divulgar o tamanho de sua participação. (Tosca Musk continua sendo a proprietária majoritária do Passionflix.)

A First Look, fundada por Pierre Omidyar, o bilionário do eBay, é formada por várias entidades não conectadas. Há um braço sem fins lucrativos focado em jornalismo investigativo e documentários. Um estúdio de entretenimento, o Topic, que é especializado em filmes de prestígio como “Spencer”, “Spotlight: Segredos Revelados” e “O Mauritano”. Um departamento relativamente novo abriga serviços de streaming de nicho, entre eles o Topic.com, que foca em crimes, e o Passionflix.

“Entendemos perfeitamente que estamos caminhando ao lado dos pés de elefantes”, disse Bloom, referindo-se aos serviços de streaming para todos os públicos, como HBO Max e Netflix. “Mas não estamos tentando ser eles. Há uma oportunidade para serviços especializados como o Passionflix de atender a um público específico de uma maneira que os grandes serviços tradicionais não fazem.”

História

O escapismo romântico costumava ser um item importante na televisão. Foi impulsionado pela minissérie (“Pássaros Feridos”, “Luz, Câmera, Ilusão”) na década de 1980 e o filme da semana na década de 1990 (todas aquelas adaptações de Danielle Steel). Mas as redes de TV abandonaram em grande maioria esses formatos nos anos 2000. O custo era uma das razões; elas também começaram a favorecer repetidos seriados sobre crimes e reality shows, incluindo a franquia “Bachelor”, que se baseia na ideia de romance.

Ao longo da última década, apenas um pequeno número de adaptações de romances chegou à televisão. Menos deles ainda (“Outlander” na Starz, “Bridgerton” na Netflix) tiveram sucesso.

O Passionflix não foi concebido como um modo duvidoso de lucrar com o boom do streaming, disse Tosca. Na realidade, ela e duas amigas, Jina Panebianco e Joany Kane, queriam fazer um romance picante para a televisão, mas não conseguiram encontrar interessados em Hollywood.

“Então tivemos que criar uma solução de distribuição”, disse Tosca.

Tosca, cujo nome é uma homenagem à ópera de Puccini, estudou cinema na Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. Depois de se formar em 1997, trabalhou na Alliance, produtora canadense, antes de se mudar para Los Angeles, onde dirigiu, escreveu e produziu o filme “Puzzled” (2001), com apoio de Elon Musk. Por fim, ela começou a produzir e dirigir filmes de TV para canais como Hallmark, Lifetime e ION Television.

Mas ela estava frustrada. “Vivia entrando em conflitos com executivos da TV que não estavam interessados em histórias com mulheres empoderadas acolhendo sua sexualidade.”

Quem é Tosca Musk?

Tosca fala em um ritmo alucinante e com um sotaque que reflete o tempo vivido no Canadá, nos EUA e na África do Sul, onde cresceu. Ela é alta, cheia de energia e franca. No início de uma entrevista no Ritz-Carlton, Marina del Rey, perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles no mês passado, ela anunciou que sua filha, Isabeau, 9 anos, estava em uma sala ali por perto jogando videogame e que ela havia concebido a filha e seu irmão gêmeo, Grayson, por meio de um doador de esperma anônimo e fertilização in vitro.

Tosca se mudou para a Geórgia durante a pandemia para aproveitar os generosos incentivos fiscais do Estado para produção de filmes e televisão. Ela tinha se apoderado de uma grande parte do Ritz-Carlton para uma convenção de fãs inaugural do Passionflix: a PassionCon.

Os pacotes para duas pessoas custavam US$ 1.000 e incluíam hospedagem para duas noites, refeições, bebidas alcoólicas, cabelo e maquiagem, painéis com estrelas do Passionflix e uma festa do pijama para a estreia da terceira temporada de “Driven”, seriado sobre uma mulher de coração de ouro que se apaixona por um bad boy piloto de corrida. Cerca de 200 pessoas compareceram, disse Tosca, algumas de lugares distantes como Austrália e Alemanha. (Sim, ela usou um pijama.)

“Foi como um sonho”, disse Jan, que veio de Nova Jersey. “Esta comunidade é importante de verdade para mim.”

Encontrar maneiras de levar os negócios do Passionflix para além da tela é uma nova aposta para Tosca. Ela também usou a PassionCon para apresentar o vinho da marca Passionflix. As garrafas custam US$ 35 e carregam o slogan: “Delícias picantes constrangedoras”. / TRADUÇÃO POR ROMINA CÁCIA

Tosca Musk é a irmã mais nova do bilionário Elon e dona da Passionflix, plataforma de streaming de obras eróticas Foto: Mark Abramson/The New York Times - 6/5/2022

LOS ANGELES – Tosca Musk não está pessoalmente interessada em turismo espacial ou na fabricação de carros elétricos. Ela não é uma encrenqueira no Twitter que agora está comprando a rede social. E não está nadando em dinheiro, pelo menos não no dinheiro da pessoa mais rica do mundo.

Mas ela é parecida com Elon Musk, seu irmão mais velho, pelo menos em uma coisa: está determinada a transformar uma ideia que poderia ser facilmente ridicularizada em um negócio de sucesso, que se danem os profetas da desgraça.

Seu projeto envolve romances.

Tosca Musk, 47 anos, é a força por trás do Passionflix, um serviço de streaming por assinatura arrivista dedicado a adaptações de romances comerciais e fanfics eróticas em filmes e séries. O serviço online custa US$ 6 por mês e organiza o conteúdo por um “termômetro de safadeza”. As categorias são “Tão convencional”, “Levemente excitante”, “Paixão & Romance”, “Delícias picantes constrangedoras” e “Não dá para ver no trabalho”. O Passionflix arrecadou quase US$ 22 milhões em financiamento inicial.

“Estamos em busca de mais cinco, talvez 10 (milhões)”, disse Tosca. “Sabe de alguém que possa se interessar?”

Além das adaptações – a grande maioria dirigida por Tosca, que é a CEO da empresa –, o Passionflix oferece uma variedade rotativa de material licenciado. Entre as opções estão “Encontros casuais”, um filme de 2013 estrelado pela Duquesa de Sussex, então conhecida como Meghan Markle, e “Apenas duas noites”, uma comédia romântica de 2014 estrelada por Miles Teller. Filmes de estúdio como “Sabrina” e “O Paciente Inglês”, ambos da década de 1990, também estão disponíveis.

Passionflix é uma espécie de Hallmark Channel sexy. As histórias são simples, e a atuação às vezes não é sofisticada. O diálogo exibido no Passionflix costuma ser extraído direto do material de origem, que pode ser majestosamente brega. “Senti falta de fazer amor com você”, sussurra um bonitão sem camisa em “Gabriel’s Rapture”, uma série da Passionflix baseada no romance best-seller de Sylvain Reynard. “Era como se um dos meus membros estivesse faltando.”

Mas, por favor, não chame o Passionflix de prazer culposo. “Odeio essa descrição”, disse Tosca com seu jeito direto. “É simplesmente prazer.” E tire da cabeça os pensamentos sujos: termômetro de safadeza à parte, o conteúdo do Passionflix raramente se aproxima do limiar do soft-porn. Há cenas de sexo, com certeza, mas a sensualidade costuma ser moderada – um olhar sedutor aqui, uma coxa roçando ali. Tosca impõe uma regra de nada de nudez frontal abaixo da cintura.

“Na maioria das vezes, as pessoas menosprezam o romance – aparentemente há algo radical em ter o desejo feminino como tema principal – e não acham que ele seja intelectual o suficiente”, disse Tosca. “Acho que isso está errado. Romance é sobre validar emoções. Trata-se de tirar a vergonha da sexualidade. São histórias edificantes.”

“Nada do que fazemos é a respeito de ser uma vítima, ou uma mulher em perigo, ou sobre a domesticação de mulheres”, continuou ela. “Seja um romance de segunda chance ou a história da Cinderela, no fim, são duas pessoas que se conectam, se comunicam e se comprometem.”

O Passionflix foi lançado em setembro de 2017 e agora está disponível em 150 países; o conteúdo é legendado em nove idiomas. Mas o progresso tem sido lento. O serviço de streaming tem apenas seis funcionários. A pandemia paralisou a produção por um tempo. O número de assinantes é um mistério, e Tosca se recusa a dar dados específicos e analistas dizem que o serviço ainda é muito pequeno para ser monitorado. (As assinaturas cresceram 73% em 2021 em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do Passionflix.)

Além disso, a corrida do ouro dos streamings está perdendo força. No mínimo, está se tornando mais difícil abrir caminho. “O mercado atual de serviços de streaming é turbulento, com os principais serviços de streaming gastando milhões para atrair a atenção dos consumidores, e os serviços de nicho não têm esse tipo de orçamento”, disse Brett Sappington, da Interpret, consultoria de mídia.

“Serviços de nicho costumam ficar à mercê de agregadores como smart TVs, boxes de streaming ou plataformas online”, continuou Sappington. “Eles têm pouco poder de negociação para compartilhamento de receita; muitas vezes são os últimos da fila para suporte ao desenvolvedor; e com frequência não podem se dar ao luxo de ter os espaços nobres, na primeira página em sites ou lojas de aplicativos.”

Mais de 300 serviços de streaming estão disponíveis nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de consultoria Parks Associates. Os oito maiores foram responsáveis por cerca de 88% da demanda por conteúdo original de janeiro a março, de acordo com a Parrot Analytics. Os serviços de nicho lutam pelo equilíbrio – como o Revry, que foca em conteúdo para a comunidade LGBT+; o Bloody Disgusting, para os fãs de terror; a kweliTV, dedicada à cultura negra; e o pequeno Passionflix.

Mas Tosca não parece estar prestes a desistir.

“Isso não está nos meus genes”, disse ela, com um sorriso largo. “O lema da nossa família poderia ser: continue tentando, continue tentando, continue tentando.”

Elon Musk, é claro, é o fundador da SpaceX, CEO da Tesla e a pessoa mais rica do planeta; ele fechou um acordo de US$ 44 bilhões em abril para comprar o Twitter. O outro irmão mais velho de Tosca Musk, Kimbal Musk, é um empresário de restaurantes e ativista pelo consumo de alimentos sem intermediários, e faz parte dos conselhos da SpaceX e da Tesla. A mãe deles, Maye Musk, é uma modelo que publicou recentemente o livro de memórias “A Woman Makes a Plan” (Uma mulher faz um plano, em tradução livre). (Durante um tempo, Maye Musk administrou a conta do Instagram do Passionflix.)

Tosca Musk descreveu o assinante típico do Passionflix como “engajado vorazmente” com o site, e isso talvez seja um eufemismo se Jan Edwards for um referencial deles. Ela ficou viúva em 2015 e se aposentou de seu emprego na área de recursos humanos em janeiro. Jan, 65 anos, mora em Tuckerton, Nova Jersey, e é assinante do Passionflix desde 2018. “Só estou colocando a roupa na secadora – é um dia animado por aqui, devo dizer –, então é um bom momento para conversar”, disse ela quando um repórter ligou.

Por que ela assina o serviço? “Ah, essa é fácil de responder”, disse ela. “Na maioria das vezes, sou ignorada pelo restante dos serviços.”

Jan disse que se tornou viciada em ficção romântica em 2009, quando um amigo a “provocou” a ler a história de amor sadomasoquista “Cinquenta Tons de Cinza”. Era o equivalente a uma droga de entrada no gênero literário: Jan agora lê até três romances por semana.

“As pessoas menosprezam o romance, mas isso me faz sentir bem – e muitas mulheres concordam, embora elas não costumem se manifestar”, disse ela.

Não são apenas as mulheres: a Romance Writers of America, grupo de escritores nos EUA, estima que 18% dos leitores de romances são do sexo masculino. Milhares de novos títulos de romance surgem todos os anos. Cerca de 48 milhões de cópias foram vendidas em 2021, incluindo e-books, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, de acordo com o NPD BookScan.

Os primeiros financiadores do Passionflix incluíram o produtor de televisão Norman Lear e sua esposa, Lyn, que também é produtora; Jason Calacanis, empresário da internet e um investidor anjo; e Kimbal Musk.

E Elon Musk?

“É difícil para mim responder a essa pergunta”, disse Tosca Musk. “Se eu disser que ele é um investidor, em seguida todo mundo dirá: ‘Ah, ela fez o irmão pagar por isso’. E se eu disser que ele não investe, então todos dirão: ‘Ele não a apoia’”.

Elon Musk não respondeu às tentativas de contato.

A First Look Media é o maior investidor do Passionflix, embora o CEO do grupo, Michael Bloom, tenha se recusado a divulgar o tamanho de sua participação. (Tosca Musk continua sendo a proprietária majoritária do Passionflix.)

A First Look, fundada por Pierre Omidyar, o bilionário do eBay, é formada por várias entidades não conectadas. Há um braço sem fins lucrativos focado em jornalismo investigativo e documentários. Um estúdio de entretenimento, o Topic, que é especializado em filmes de prestígio como “Spencer”, “Spotlight: Segredos Revelados” e “O Mauritano”. Um departamento relativamente novo abriga serviços de streaming de nicho, entre eles o Topic.com, que foca em crimes, e o Passionflix.

“Entendemos perfeitamente que estamos caminhando ao lado dos pés de elefantes”, disse Bloom, referindo-se aos serviços de streaming para todos os públicos, como HBO Max e Netflix. “Mas não estamos tentando ser eles. Há uma oportunidade para serviços especializados como o Passionflix de atender a um público específico de uma maneira que os grandes serviços tradicionais não fazem.”

História

O escapismo romântico costumava ser um item importante na televisão. Foi impulsionado pela minissérie (“Pássaros Feridos”, “Luz, Câmera, Ilusão”) na década de 1980 e o filme da semana na década de 1990 (todas aquelas adaptações de Danielle Steel). Mas as redes de TV abandonaram em grande maioria esses formatos nos anos 2000. O custo era uma das razões; elas também começaram a favorecer repetidos seriados sobre crimes e reality shows, incluindo a franquia “Bachelor”, que se baseia na ideia de romance.

Ao longo da última década, apenas um pequeno número de adaptações de romances chegou à televisão. Menos deles ainda (“Outlander” na Starz, “Bridgerton” na Netflix) tiveram sucesso.

O Passionflix não foi concebido como um modo duvidoso de lucrar com o boom do streaming, disse Tosca. Na realidade, ela e duas amigas, Jina Panebianco e Joany Kane, queriam fazer um romance picante para a televisão, mas não conseguiram encontrar interessados em Hollywood.

“Então tivemos que criar uma solução de distribuição”, disse Tosca.

Tosca, cujo nome é uma homenagem à ópera de Puccini, estudou cinema na Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. Depois de se formar em 1997, trabalhou na Alliance, produtora canadense, antes de se mudar para Los Angeles, onde dirigiu, escreveu e produziu o filme “Puzzled” (2001), com apoio de Elon Musk. Por fim, ela começou a produzir e dirigir filmes de TV para canais como Hallmark, Lifetime e ION Television.

Mas ela estava frustrada. “Vivia entrando em conflitos com executivos da TV que não estavam interessados em histórias com mulheres empoderadas acolhendo sua sexualidade.”

Quem é Tosca Musk?

Tosca fala em um ritmo alucinante e com um sotaque que reflete o tempo vivido no Canadá, nos EUA e na África do Sul, onde cresceu. Ela é alta, cheia de energia e franca. No início de uma entrevista no Ritz-Carlton, Marina del Rey, perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles no mês passado, ela anunciou que sua filha, Isabeau, 9 anos, estava em uma sala ali por perto jogando videogame e que ela havia concebido a filha e seu irmão gêmeo, Grayson, por meio de um doador de esperma anônimo e fertilização in vitro.

Tosca se mudou para a Geórgia durante a pandemia para aproveitar os generosos incentivos fiscais do Estado para produção de filmes e televisão. Ela tinha se apoderado de uma grande parte do Ritz-Carlton para uma convenção de fãs inaugural do Passionflix: a PassionCon.

Os pacotes para duas pessoas custavam US$ 1.000 e incluíam hospedagem para duas noites, refeições, bebidas alcoólicas, cabelo e maquiagem, painéis com estrelas do Passionflix e uma festa do pijama para a estreia da terceira temporada de “Driven”, seriado sobre uma mulher de coração de ouro que se apaixona por um bad boy piloto de corrida. Cerca de 200 pessoas compareceram, disse Tosca, algumas de lugares distantes como Austrália e Alemanha. (Sim, ela usou um pijama.)

“Foi como um sonho”, disse Jan, que veio de Nova Jersey. “Esta comunidade é importante de verdade para mim.”

Encontrar maneiras de levar os negócios do Passionflix para além da tela é uma nova aposta para Tosca. Ela também usou a PassionCon para apresentar o vinho da marca Passionflix. As garrafas custam US$ 35 e carregam o slogan: “Delícias picantes constrangedoras”. / TRADUÇÃO POR ROMINA CÁCIA

Tosca Musk é a irmã mais nova do bilionário Elon e dona da Passionflix, plataforma de streaming de obras eróticas Foto: Mark Abramson/The New York Times - 6/5/2022

LOS ANGELES – Tosca Musk não está pessoalmente interessada em turismo espacial ou na fabricação de carros elétricos. Ela não é uma encrenqueira no Twitter que agora está comprando a rede social. E não está nadando em dinheiro, pelo menos não no dinheiro da pessoa mais rica do mundo.

Mas ela é parecida com Elon Musk, seu irmão mais velho, pelo menos em uma coisa: está determinada a transformar uma ideia que poderia ser facilmente ridicularizada em um negócio de sucesso, que se danem os profetas da desgraça.

Seu projeto envolve romances.

Tosca Musk, 47 anos, é a força por trás do Passionflix, um serviço de streaming por assinatura arrivista dedicado a adaptações de romances comerciais e fanfics eróticas em filmes e séries. O serviço online custa US$ 6 por mês e organiza o conteúdo por um “termômetro de safadeza”. As categorias são “Tão convencional”, “Levemente excitante”, “Paixão & Romance”, “Delícias picantes constrangedoras” e “Não dá para ver no trabalho”. O Passionflix arrecadou quase US$ 22 milhões em financiamento inicial.

“Estamos em busca de mais cinco, talvez 10 (milhões)”, disse Tosca. “Sabe de alguém que possa se interessar?”

Além das adaptações – a grande maioria dirigida por Tosca, que é a CEO da empresa –, o Passionflix oferece uma variedade rotativa de material licenciado. Entre as opções estão “Encontros casuais”, um filme de 2013 estrelado pela Duquesa de Sussex, então conhecida como Meghan Markle, e “Apenas duas noites”, uma comédia romântica de 2014 estrelada por Miles Teller. Filmes de estúdio como “Sabrina” e “O Paciente Inglês”, ambos da década de 1990, também estão disponíveis.

Passionflix é uma espécie de Hallmark Channel sexy. As histórias são simples, e a atuação às vezes não é sofisticada. O diálogo exibido no Passionflix costuma ser extraído direto do material de origem, que pode ser majestosamente brega. “Senti falta de fazer amor com você”, sussurra um bonitão sem camisa em “Gabriel’s Rapture”, uma série da Passionflix baseada no romance best-seller de Sylvain Reynard. “Era como se um dos meus membros estivesse faltando.”

Mas, por favor, não chame o Passionflix de prazer culposo. “Odeio essa descrição”, disse Tosca com seu jeito direto. “É simplesmente prazer.” E tire da cabeça os pensamentos sujos: termômetro de safadeza à parte, o conteúdo do Passionflix raramente se aproxima do limiar do soft-porn. Há cenas de sexo, com certeza, mas a sensualidade costuma ser moderada – um olhar sedutor aqui, uma coxa roçando ali. Tosca impõe uma regra de nada de nudez frontal abaixo da cintura.

“Na maioria das vezes, as pessoas menosprezam o romance – aparentemente há algo radical em ter o desejo feminino como tema principal – e não acham que ele seja intelectual o suficiente”, disse Tosca. “Acho que isso está errado. Romance é sobre validar emoções. Trata-se de tirar a vergonha da sexualidade. São histórias edificantes.”

“Nada do que fazemos é a respeito de ser uma vítima, ou uma mulher em perigo, ou sobre a domesticação de mulheres”, continuou ela. “Seja um romance de segunda chance ou a história da Cinderela, no fim, são duas pessoas que se conectam, se comunicam e se comprometem.”

O Passionflix foi lançado em setembro de 2017 e agora está disponível em 150 países; o conteúdo é legendado em nove idiomas. Mas o progresso tem sido lento. O serviço de streaming tem apenas seis funcionários. A pandemia paralisou a produção por um tempo. O número de assinantes é um mistério, e Tosca se recusa a dar dados específicos e analistas dizem que o serviço ainda é muito pequeno para ser monitorado. (As assinaturas cresceram 73% em 2021 em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do Passionflix.)

Além disso, a corrida do ouro dos streamings está perdendo força. No mínimo, está se tornando mais difícil abrir caminho. “O mercado atual de serviços de streaming é turbulento, com os principais serviços de streaming gastando milhões para atrair a atenção dos consumidores, e os serviços de nicho não têm esse tipo de orçamento”, disse Brett Sappington, da Interpret, consultoria de mídia.

“Serviços de nicho costumam ficar à mercê de agregadores como smart TVs, boxes de streaming ou plataformas online”, continuou Sappington. “Eles têm pouco poder de negociação para compartilhamento de receita; muitas vezes são os últimos da fila para suporte ao desenvolvedor; e com frequência não podem se dar ao luxo de ter os espaços nobres, na primeira página em sites ou lojas de aplicativos.”

Mais de 300 serviços de streaming estão disponíveis nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de consultoria Parks Associates. Os oito maiores foram responsáveis por cerca de 88% da demanda por conteúdo original de janeiro a março, de acordo com a Parrot Analytics. Os serviços de nicho lutam pelo equilíbrio – como o Revry, que foca em conteúdo para a comunidade LGBT+; o Bloody Disgusting, para os fãs de terror; a kweliTV, dedicada à cultura negra; e o pequeno Passionflix.

Mas Tosca não parece estar prestes a desistir.

“Isso não está nos meus genes”, disse ela, com um sorriso largo. “O lema da nossa família poderia ser: continue tentando, continue tentando, continue tentando.”

Elon Musk, é claro, é o fundador da SpaceX, CEO da Tesla e a pessoa mais rica do planeta; ele fechou um acordo de US$ 44 bilhões em abril para comprar o Twitter. O outro irmão mais velho de Tosca Musk, Kimbal Musk, é um empresário de restaurantes e ativista pelo consumo de alimentos sem intermediários, e faz parte dos conselhos da SpaceX e da Tesla. A mãe deles, Maye Musk, é uma modelo que publicou recentemente o livro de memórias “A Woman Makes a Plan” (Uma mulher faz um plano, em tradução livre). (Durante um tempo, Maye Musk administrou a conta do Instagram do Passionflix.)

Tosca Musk descreveu o assinante típico do Passionflix como “engajado vorazmente” com o site, e isso talvez seja um eufemismo se Jan Edwards for um referencial deles. Ela ficou viúva em 2015 e se aposentou de seu emprego na área de recursos humanos em janeiro. Jan, 65 anos, mora em Tuckerton, Nova Jersey, e é assinante do Passionflix desde 2018. “Só estou colocando a roupa na secadora – é um dia animado por aqui, devo dizer –, então é um bom momento para conversar”, disse ela quando um repórter ligou.

Por que ela assina o serviço? “Ah, essa é fácil de responder”, disse ela. “Na maioria das vezes, sou ignorada pelo restante dos serviços.”

Jan disse que se tornou viciada em ficção romântica em 2009, quando um amigo a “provocou” a ler a história de amor sadomasoquista “Cinquenta Tons de Cinza”. Era o equivalente a uma droga de entrada no gênero literário: Jan agora lê até três romances por semana.

“As pessoas menosprezam o romance, mas isso me faz sentir bem – e muitas mulheres concordam, embora elas não costumem se manifestar”, disse ela.

Não são apenas as mulheres: a Romance Writers of America, grupo de escritores nos EUA, estima que 18% dos leitores de romances são do sexo masculino. Milhares de novos títulos de romance surgem todos os anos. Cerca de 48 milhões de cópias foram vendidas em 2021, incluindo e-books, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, de acordo com o NPD BookScan.

Os primeiros financiadores do Passionflix incluíram o produtor de televisão Norman Lear e sua esposa, Lyn, que também é produtora; Jason Calacanis, empresário da internet e um investidor anjo; e Kimbal Musk.

E Elon Musk?

“É difícil para mim responder a essa pergunta”, disse Tosca Musk. “Se eu disser que ele é um investidor, em seguida todo mundo dirá: ‘Ah, ela fez o irmão pagar por isso’. E se eu disser que ele não investe, então todos dirão: ‘Ele não a apoia’”.

Elon Musk não respondeu às tentativas de contato.

A First Look Media é o maior investidor do Passionflix, embora o CEO do grupo, Michael Bloom, tenha se recusado a divulgar o tamanho de sua participação. (Tosca Musk continua sendo a proprietária majoritária do Passionflix.)

A First Look, fundada por Pierre Omidyar, o bilionário do eBay, é formada por várias entidades não conectadas. Há um braço sem fins lucrativos focado em jornalismo investigativo e documentários. Um estúdio de entretenimento, o Topic, que é especializado em filmes de prestígio como “Spencer”, “Spotlight: Segredos Revelados” e “O Mauritano”. Um departamento relativamente novo abriga serviços de streaming de nicho, entre eles o Topic.com, que foca em crimes, e o Passionflix.

“Entendemos perfeitamente que estamos caminhando ao lado dos pés de elefantes”, disse Bloom, referindo-se aos serviços de streaming para todos os públicos, como HBO Max e Netflix. “Mas não estamos tentando ser eles. Há uma oportunidade para serviços especializados como o Passionflix de atender a um público específico de uma maneira que os grandes serviços tradicionais não fazem.”

História

O escapismo romântico costumava ser um item importante na televisão. Foi impulsionado pela minissérie (“Pássaros Feridos”, “Luz, Câmera, Ilusão”) na década de 1980 e o filme da semana na década de 1990 (todas aquelas adaptações de Danielle Steel). Mas as redes de TV abandonaram em grande maioria esses formatos nos anos 2000. O custo era uma das razões; elas também começaram a favorecer repetidos seriados sobre crimes e reality shows, incluindo a franquia “Bachelor”, que se baseia na ideia de romance.

Ao longo da última década, apenas um pequeno número de adaptações de romances chegou à televisão. Menos deles ainda (“Outlander” na Starz, “Bridgerton” na Netflix) tiveram sucesso.

O Passionflix não foi concebido como um modo duvidoso de lucrar com o boom do streaming, disse Tosca. Na realidade, ela e duas amigas, Jina Panebianco e Joany Kane, queriam fazer um romance picante para a televisão, mas não conseguiram encontrar interessados em Hollywood.

“Então tivemos que criar uma solução de distribuição”, disse Tosca.

Tosca, cujo nome é uma homenagem à ópera de Puccini, estudou cinema na Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. Depois de se formar em 1997, trabalhou na Alliance, produtora canadense, antes de se mudar para Los Angeles, onde dirigiu, escreveu e produziu o filme “Puzzled” (2001), com apoio de Elon Musk. Por fim, ela começou a produzir e dirigir filmes de TV para canais como Hallmark, Lifetime e ION Television.

Mas ela estava frustrada. “Vivia entrando em conflitos com executivos da TV que não estavam interessados em histórias com mulheres empoderadas acolhendo sua sexualidade.”

Quem é Tosca Musk?

Tosca fala em um ritmo alucinante e com um sotaque que reflete o tempo vivido no Canadá, nos EUA e na África do Sul, onde cresceu. Ela é alta, cheia de energia e franca. No início de uma entrevista no Ritz-Carlton, Marina del Rey, perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles no mês passado, ela anunciou que sua filha, Isabeau, 9 anos, estava em uma sala ali por perto jogando videogame e que ela havia concebido a filha e seu irmão gêmeo, Grayson, por meio de um doador de esperma anônimo e fertilização in vitro.

Tosca se mudou para a Geórgia durante a pandemia para aproveitar os generosos incentivos fiscais do Estado para produção de filmes e televisão. Ela tinha se apoderado de uma grande parte do Ritz-Carlton para uma convenção de fãs inaugural do Passionflix: a PassionCon.

Os pacotes para duas pessoas custavam US$ 1.000 e incluíam hospedagem para duas noites, refeições, bebidas alcoólicas, cabelo e maquiagem, painéis com estrelas do Passionflix e uma festa do pijama para a estreia da terceira temporada de “Driven”, seriado sobre uma mulher de coração de ouro que se apaixona por um bad boy piloto de corrida. Cerca de 200 pessoas compareceram, disse Tosca, algumas de lugares distantes como Austrália e Alemanha. (Sim, ela usou um pijama.)

“Foi como um sonho”, disse Jan, que veio de Nova Jersey. “Esta comunidade é importante de verdade para mim.”

Encontrar maneiras de levar os negócios do Passionflix para além da tela é uma nova aposta para Tosca. Ela também usou a PassionCon para apresentar o vinho da marca Passionflix. As garrafas custam US$ 35 e carregam o slogan: “Delícias picantes constrangedoras”. / TRADUÇÃO POR ROMINA CÁCIA

Tosca Musk é a irmã mais nova do bilionário Elon e dona da Passionflix, plataforma de streaming de obras eróticas Foto: Mark Abramson/The New York Times - 6/5/2022

LOS ANGELES – Tosca Musk não está pessoalmente interessada em turismo espacial ou na fabricação de carros elétricos. Ela não é uma encrenqueira no Twitter que agora está comprando a rede social. E não está nadando em dinheiro, pelo menos não no dinheiro da pessoa mais rica do mundo.

Mas ela é parecida com Elon Musk, seu irmão mais velho, pelo menos em uma coisa: está determinada a transformar uma ideia que poderia ser facilmente ridicularizada em um negócio de sucesso, que se danem os profetas da desgraça.

Seu projeto envolve romances.

Tosca Musk, 47 anos, é a força por trás do Passionflix, um serviço de streaming por assinatura arrivista dedicado a adaptações de romances comerciais e fanfics eróticas em filmes e séries. O serviço online custa US$ 6 por mês e organiza o conteúdo por um “termômetro de safadeza”. As categorias são “Tão convencional”, “Levemente excitante”, “Paixão & Romance”, “Delícias picantes constrangedoras” e “Não dá para ver no trabalho”. O Passionflix arrecadou quase US$ 22 milhões em financiamento inicial.

“Estamos em busca de mais cinco, talvez 10 (milhões)”, disse Tosca. “Sabe de alguém que possa se interessar?”

Além das adaptações – a grande maioria dirigida por Tosca, que é a CEO da empresa –, o Passionflix oferece uma variedade rotativa de material licenciado. Entre as opções estão “Encontros casuais”, um filme de 2013 estrelado pela Duquesa de Sussex, então conhecida como Meghan Markle, e “Apenas duas noites”, uma comédia romântica de 2014 estrelada por Miles Teller. Filmes de estúdio como “Sabrina” e “O Paciente Inglês”, ambos da década de 1990, também estão disponíveis.

Passionflix é uma espécie de Hallmark Channel sexy. As histórias são simples, e a atuação às vezes não é sofisticada. O diálogo exibido no Passionflix costuma ser extraído direto do material de origem, que pode ser majestosamente brega. “Senti falta de fazer amor com você”, sussurra um bonitão sem camisa em “Gabriel’s Rapture”, uma série da Passionflix baseada no romance best-seller de Sylvain Reynard. “Era como se um dos meus membros estivesse faltando.”

Mas, por favor, não chame o Passionflix de prazer culposo. “Odeio essa descrição”, disse Tosca com seu jeito direto. “É simplesmente prazer.” E tire da cabeça os pensamentos sujos: termômetro de safadeza à parte, o conteúdo do Passionflix raramente se aproxima do limiar do soft-porn. Há cenas de sexo, com certeza, mas a sensualidade costuma ser moderada – um olhar sedutor aqui, uma coxa roçando ali. Tosca impõe uma regra de nada de nudez frontal abaixo da cintura.

“Na maioria das vezes, as pessoas menosprezam o romance – aparentemente há algo radical em ter o desejo feminino como tema principal – e não acham que ele seja intelectual o suficiente”, disse Tosca. “Acho que isso está errado. Romance é sobre validar emoções. Trata-se de tirar a vergonha da sexualidade. São histórias edificantes.”

“Nada do que fazemos é a respeito de ser uma vítima, ou uma mulher em perigo, ou sobre a domesticação de mulheres”, continuou ela. “Seja um romance de segunda chance ou a história da Cinderela, no fim, são duas pessoas que se conectam, se comunicam e se comprometem.”

O Passionflix foi lançado em setembro de 2017 e agora está disponível em 150 países; o conteúdo é legendado em nove idiomas. Mas o progresso tem sido lento. O serviço de streaming tem apenas seis funcionários. A pandemia paralisou a produção por um tempo. O número de assinantes é um mistério, e Tosca se recusa a dar dados específicos e analistas dizem que o serviço ainda é muito pequeno para ser monitorado. (As assinaturas cresceram 73% em 2021 em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do Passionflix.)

Além disso, a corrida do ouro dos streamings está perdendo força. No mínimo, está se tornando mais difícil abrir caminho. “O mercado atual de serviços de streaming é turbulento, com os principais serviços de streaming gastando milhões para atrair a atenção dos consumidores, e os serviços de nicho não têm esse tipo de orçamento”, disse Brett Sappington, da Interpret, consultoria de mídia.

“Serviços de nicho costumam ficar à mercê de agregadores como smart TVs, boxes de streaming ou plataformas online”, continuou Sappington. “Eles têm pouco poder de negociação para compartilhamento de receita; muitas vezes são os últimos da fila para suporte ao desenvolvedor; e com frequência não podem se dar ao luxo de ter os espaços nobres, na primeira página em sites ou lojas de aplicativos.”

Mais de 300 serviços de streaming estão disponíveis nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de consultoria Parks Associates. Os oito maiores foram responsáveis por cerca de 88% da demanda por conteúdo original de janeiro a março, de acordo com a Parrot Analytics. Os serviços de nicho lutam pelo equilíbrio – como o Revry, que foca em conteúdo para a comunidade LGBT+; o Bloody Disgusting, para os fãs de terror; a kweliTV, dedicada à cultura negra; e o pequeno Passionflix.

Mas Tosca não parece estar prestes a desistir.

“Isso não está nos meus genes”, disse ela, com um sorriso largo. “O lema da nossa família poderia ser: continue tentando, continue tentando, continue tentando.”

Elon Musk, é claro, é o fundador da SpaceX, CEO da Tesla e a pessoa mais rica do planeta; ele fechou um acordo de US$ 44 bilhões em abril para comprar o Twitter. O outro irmão mais velho de Tosca Musk, Kimbal Musk, é um empresário de restaurantes e ativista pelo consumo de alimentos sem intermediários, e faz parte dos conselhos da SpaceX e da Tesla. A mãe deles, Maye Musk, é uma modelo que publicou recentemente o livro de memórias “A Woman Makes a Plan” (Uma mulher faz um plano, em tradução livre). (Durante um tempo, Maye Musk administrou a conta do Instagram do Passionflix.)

Tosca Musk descreveu o assinante típico do Passionflix como “engajado vorazmente” com o site, e isso talvez seja um eufemismo se Jan Edwards for um referencial deles. Ela ficou viúva em 2015 e se aposentou de seu emprego na área de recursos humanos em janeiro. Jan, 65 anos, mora em Tuckerton, Nova Jersey, e é assinante do Passionflix desde 2018. “Só estou colocando a roupa na secadora – é um dia animado por aqui, devo dizer –, então é um bom momento para conversar”, disse ela quando um repórter ligou.

Por que ela assina o serviço? “Ah, essa é fácil de responder”, disse ela. “Na maioria das vezes, sou ignorada pelo restante dos serviços.”

Jan disse que se tornou viciada em ficção romântica em 2009, quando um amigo a “provocou” a ler a história de amor sadomasoquista “Cinquenta Tons de Cinza”. Era o equivalente a uma droga de entrada no gênero literário: Jan agora lê até três romances por semana.

“As pessoas menosprezam o romance, mas isso me faz sentir bem – e muitas mulheres concordam, embora elas não costumem se manifestar”, disse ela.

Não são apenas as mulheres: a Romance Writers of America, grupo de escritores nos EUA, estima que 18% dos leitores de romances são do sexo masculino. Milhares de novos títulos de romance surgem todos os anos. Cerca de 48 milhões de cópias foram vendidas em 2021, incluindo e-books, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, de acordo com o NPD BookScan.

Os primeiros financiadores do Passionflix incluíram o produtor de televisão Norman Lear e sua esposa, Lyn, que também é produtora; Jason Calacanis, empresário da internet e um investidor anjo; e Kimbal Musk.

E Elon Musk?

“É difícil para mim responder a essa pergunta”, disse Tosca Musk. “Se eu disser que ele é um investidor, em seguida todo mundo dirá: ‘Ah, ela fez o irmão pagar por isso’. E se eu disser que ele não investe, então todos dirão: ‘Ele não a apoia’”.

Elon Musk não respondeu às tentativas de contato.

A First Look Media é o maior investidor do Passionflix, embora o CEO do grupo, Michael Bloom, tenha se recusado a divulgar o tamanho de sua participação. (Tosca Musk continua sendo a proprietária majoritária do Passionflix.)

A First Look, fundada por Pierre Omidyar, o bilionário do eBay, é formada por várias entidades não conectadas. Há um braço sem fins lucrativos focado em jornalismo investigativo e documentários. Um estúdio de entretenimento, o Topic, que é especializado em filmes de prestígio como “Spencer”, “Spotlight: Segredos Revelados” e “O Mauritano”. Um departamento relativamente novo abriga serviços de streaming de nicho, entre eles o Topic.com, que foca em crimes, e o Passionflix.

“Entendemos perfeitamente que estamos caminhando ao lado dos pés de elefantes”, disse Bloom, referindo-se aos serviços de streaming para todos os públicos, como HBO Max e Netflix. “Mas não estamos tentando ser eles. Há uma oportunidade para serviços especializados como o Passionflix de atender a um público específico de uma maneira que os grandes serviços tradicionais não fazem.”

História

O escapismo romântico costumava ser um item importante na televisão. Foi impulsionado pela minissérie (“Pássaros Feridos”, “Luz, Câmera, Ilusão”) na década de 1980 e o filme da semana na década de 1990 (todas aquelas adaptações de Danielle Steel). Mas as redes de TV abandonaram em grande maioria esses formatos nos anos 2000. O custo era uma das razões; elas também começaram a favorecer repetidos seriados sobre crimes e reality shows, incluindo a franquia “Bachelor”, que se baseia na ideia de romance.

Ao longo da última década, apenas um pequeno número de adaptações de romances chegou à televisão. Menos deles ainda (“Outlander” na Starz, “Bridgerton” na Netflix) tiveram sucesso.

O Passionflix não foi concebido como um modo duvidoso de lucrar com o boom do streaming, disse Tosca. Na realidade, ela e duas amigas, Jina Panebianco e Joany Kane, queriam fazer um romance picante para a televisão, mas não conseguiram encontrar interessados em Hollywood.

“Então tivemos que criar uma solução de distribuição”, disse Tosca.

Tosca, cujo nome é uma homenagem à ópera de Puccini, estudou cinema na Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. Depois de se formar em 1997, trabalhou na Alliance, produtora canadense, antes de se mudar para Los Angeles, onde dirigiu, escreveu e produziu o filme “Puzzled” (2001), com apoio de Elon Musk. Por fim, ela começou a produzir e dirigir filmes de TV para canais como Hallmark, Lifetime e ION Television.

Mas ela estava frustrada. “Vivia entrando em conflitos com executivos da TV que não estavam interessados em histórias com mulheres empoderadas acolhendo sua sexualidade.”

Quem é Tosca Musk?

Tosca fala em um ritmo alucinante e com um sotaque que reflete o tempo vivido no Canadá, nos EUA e na África do Sul, onde cresceu. Ela é alta, cheia de energia e franca. No início de uma entrevista no Ritz-Carlton, Marina del Rey, perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles no mês passado, ela anunciou que sua filha, Isabeau, 9 anos, estava em uma sala ali por perto jogando videogame e que ela havia concebido a filha e seu irmão gêmeo, Grayson, por meio de um doador de esperma anônimo e fertilização in vitro.

Tosca se mudou para a Geórgia durante a pandemia para aproveitar os generosos incentivos fiscais do Estado para produção de filmes e televisão. Ela tinha se apoderado de uma grande parte do Ritz-Carlton para uma convenção de fãs inaugural do Passionflix: a PassionCon.

Os pacotes para duas pessoas custavam US$ 1.000 e incluíam hospedagem para duas noites, refeições, bebidas alcoólicas, cabelo e maquiagem, painéis com estrelas do Passionflix e uma festa do pijama para a estreia da terceira temporada de “Driven”, seriado sobre uma mulher de coração de ouro que se apaixona por um bad boy piloto de corrida. Cerca de 200 pessoas compareceram, disse Tosca, algumas de lugares distantes como Austrália e Alemanha. (Sim, ela usou um pijama.)

“Foi como um sonho”, disse Jan, que veio de Nova Jersey. “Esta comunidade é importante de verdade para mim.”

Encontrar maneiras de levar os negócios do Passionflix para além da tela é uma nova aposta para Tosca. Ela também usou a PassionCon para apresentar o vinho da marca Passionflix. As garrafas custam US$ 35 e carregam o slogan: “Delícias picantes constrangedoras”. / TRADUÇÃO POR ROMINA CÁCIA

Tosca Musk é a irmã mais nova do bilionário Elon e dona da Passionflix, plataforma de streaming de obras eróticas Foto: Mark Abramson/The New York Times - 6/5/2022

LOS ANGELES – Tosca Musk não está pessoalmente interessada em turismo espacial ou na fabricação de carros elétricos. Ela não é uma encrenqueira no Twitter que agora está comprando a rede social. E não está nadando em dinheiro, pelo menos não no dinheiro da pessoa mais rica do mundo.

Mas ela é parecida com Elon Musk, seu irmão mais velho, pelo menos em uma coisa: está determinada a transformar uma ideia que poderia ser facilmente ridicularizada em um negócio de sucesso, que se danem os profetas da desgraça.

Seu projeto envolve romances.

Tosca Musk, 47 anos, é a força por trás do Passionflix, um serviço de streaming por assinatura arrivista dedicado a adaptações de romances comerciais e fanfics eróticas em filmes e séries. O serviço online custa US$ 6 por mês e organiza o conteúdo por um “termômetro de safadeza”. As categorias são “Tão convencional”, “Levemente excitante”, “Paixão & Romance”, “Delícias picantes constrangedoras” e “Não dá para ver no trabalho”. O Passionflix arrecadou quase US$ 22 milhões em financiamento inicial.

“Estamos em busca de mais cinco, talvez 10 (milhões)”, disse Tosca. “Sabe de alguém que possa se interessar?”

Além das adaptações – a grande maioria dirigida por Tosca, que é a CEO da empresa –, o Passionflix oferece uma variedade rotativa de material licenciado. Entre as opções estão “Encontros casuais”, um filme de 2013 estrelado pela Duquesa de Sussex, então conhecida como Meghan Markle, e “Apenas duas noites”, uma comédia romântica de 2014 estrelada por Miles Teller. Filmes de estúdio como “Sabrina” e “O Paciente Inglês”, ambos da década de 1990, também estão disponíveis.

Passionflix é uma espécie de Hallmark Channel sexy. As histórias são simples, e a atuação às vezes não é sofisticada. O diálogo exibido no Passionflix costuma ser extraído direto do material de origem, que pode ser majestosamente brega. “Senti falta de fazer amor com você”, sussurra um bonitão sem camisa em “Gabriel’s Rapture”, uma série da Passionflix baseada no romance best-seller de Sylvain Reynard. “Era como se um dos meus membros estivesse faltando.”

Mas, por favor, não chame o Passionflix de prazer culposo. “Odeio essa descrição”, disse Tosca com seu jeito direto. “É simplesmente prazer.” E tire da cabeça os pensamentos sujos: termômetro de safadeza à parte, o conteúdo do Passionflix raramente se aproxima do limiar do soft-porn. Há cenas de sexo, com certeza, mas a sensualidade costuma ser moderada – um olhar sedutor aqui, uma coxa roçando ali. Tosca impõe uma regra de nada de nudez frontal abaixo da cintura.

“Na maioria das vezes, as pessoas menosprezam o romance – aparentemente há algo radical em ter o desejo feminino como tema principal – e não acham que ele seja intelectual o suficiente”, disse Tosca. “Acho que isso está errado. Romance é sobre validar emoções. Trata-se de tirar a vergonha da sexualidade. São histórias edificantes.”

“Nada do que fazemos é a respeito de ser uma vítima, ou uma mulher em perigo, ou sobre a domesticação de mulheres”, continuou ela. “Seja um romance de segunda chance ou a história da Cinderela, no fim, são duas pessoas que se conectam, se comunicam e se comprometem.”

O Passionflix foi lançado em setembro de 2017 e agora está disponível em 150 países; o conteúdo é legendado em nove idiomas. Mas o progresso tem sido lento. O serviço de streaming tem apenas seis funcionários. A pandemia paralisou a produção por um tempo. O número de assinantes é um mistério, e Tosca se recusa a dar dados específicos e analistas dizem que o serviço ainda é muito pequeno para ser monitorado. (As assinaturas cresceram 73% em 2021 em relação ao ano anterior, disse um porta-voz do Passionflix.)

Além disso, a corrida do ouro dos streamings está perdendo força. No mínimo, está se tornando mais difícil abrir caminho. “O mercado atual de serviços de streaming é turbulento, com os principais serviços de streaming gastando milhões para atrair a atenção dos consumidores, e os serviços de nicho não têm esse tipo de orçamento”, disse Brett Sappington, da Interpret, consultoria de mídia.

“Serviços de nicho costumam ficar à mercê de agregadores como smart TVs, boxes de streaming ou plataformas online”, continuou Sappington. “Eles têm pouco poder de negociação para compartilhamento de receita; muitas vezes são os últimos da fila para suporte ao desenvolvedor; e com frequência não podem se dar ao luxo de ter os espaços nobres, na primeira página em sites ou lojas de aplicativos.”

Mais de 300 serviços de streaming estão disponíveis nos Estados Unidos, de acordo com a empresa de consultoria Parks Associates. Os oito maiores foram responsáveis por cerca de 88% da demanda por conteúdo original de janeiro a março, de acordo com a Parrot Analytics. Os serviços de nicho lutam pelo equilíbrio – como o Revry, que foca em conteúdo para a comunidade LGBT+; o Bloody Disgusting, para os fãs de terror; a kweliTV, dedicada à cultura negra; e o pequeno Passionflix.

Mas Tosca não parece estar prestes a desistir.

“Isso não está nos meus genes”, disse ela, com um sorriso largo. “O lema da nossa família poderia ser: continue tentando, continue tentando, continue tentando.”

Elon Musk, é claro, é o fundador da SpaceX, CEO da Tesla e a pessoa mais rica do planeta; ele fechou um acordo de US$ 44 bilhões em abril para comprar o Twitter. O outro irmão mais velho de Tosca Musk, Kimbal Musk, é um empresário de restaurantes e ativista pelo consumo de alimentos sem intermediários, e faz parte dos conselhos da SpaceX e da Tesla. A mãe deles, Maye Musk, é uma modelo que publicou recentemente o livro de memórias “A Woman Makes a Plan” (Uma mulher faz um plano, em tradução livre). (Durante um tempo, Maye Musk administrou a conta do Instagram do Passionflix.)

Tosca Musk descreveu o assinante típico do Passionflix como “engajado vorazmente” com o site, e isso talvez seja um eufemismo se Jan Edwards for um referencial deles. Ela ficou viúva em 2015 e se aposentou de seu emprego na área de recursos humanos em janeiro. Jan, 65 anos, mora em Tuckerton, Nova Jersey, e é assinante do Passionflix desde 2018. “Só estou colocando a roupa na secadora – é um dia animado por aqui, devo dizer –, então é um bom momento para conversar”, disse ela quando um repórter ligou.

Por que ela assina o serviço? “Ah, essa é fácil de responder”, disse ela. “Na maioria das vezes, sou ignorada pelo restante dos serviços.”

Jan disse que se tornou viciada em ficção romântica em 2009, quando um amigo a “provocou” a ler a história de amor sadomasoquista “Cinquenta Tons de Cinza”. Era o equivalente a uma droga de entrada no gênero literário: Jan agora lê até três romances por semana.

“As pessoas menosprezam o romance, mas isso me faz sentir bem – e muitas mulheres concordam, embora elas não costumem se manifestar”, disse ela.

Não são apenas as mulheres: a Romance Writers of America, grupo de escritores nos EUA, estima que 18% dos leitores de romances são do sexo masculino. Milhares de novos títulos de romance surgem todos os anos. Cerca de 48 milhões de cópias foram vendidas em 2021, incluindo e-books, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, de acordo com o NPD BookScan.

Os primeiros financiadores do Passionflix incluíram o produtor de televisão Norman Lear e sua esposa, Lyn, que também é produtora; Jason Calacanis, empresário da internet e um investidor anjo; e Kimbal Musk.

E Elon Musk?

“É difícil para mim responder a essa pergunta”, disse Tosca Musk. “Se eu disser que ele é um investidor, em seguida todo mundo dirá: ‘Ah, ela fez o irmão pagar por isso’. E se eu disser que ele não investe, então todos dirão: ‘Ele não a apoia’”.

Elon Musk não respondeu às tentativas de contato.

A First Look Media é o maior investidor do Passionflix, embora o CEO do grupo, Michael Bloom, tenha se recusado a divulgar o tamanho de sua participação. (Tosca Musk continua sendo a proprietária majoritária do Passionflix.)

A First Look, fundada por Pierre Omidyar, o bilionário do eBay, é formada por várias entidades não conectadas. Há um braço sem fins lucrativos focado em jornalismo investigativo e documentários. Um estúdio de entretenimento, o Topic, que é especializado em filmes de prestígio como “Spencer”, “Spotlight: Segredos Revelados” e “O Mauritano”. Um departamento relativamente novo abriga serviços de streaming de nicho, entre eles o Topic.com, que foca em crimes, e o Passionflix.

“Entendemos perfeitamente que estamos caminhando ao lado dos pés de elefantes”, disse Bloom, referindo-se aos serviços de streaming para todos os públicos, como HBO Max e Netflix. “Mas não estamos tentando ser eles. Há uma oportunidade para serviços especializados como o Passionflix de atender a um público específico de uma maneira que os grandes serviços tradicionais não fazem.”

História

O escapismo romântico costumava ser um item importante na televisão. Foi impulsionado pela minissérie (“Pássaros Feridos”, “Luz, Câmera, Ilusão”) na década de 1980 e o filme da semana na década de 1990 (todas aquelas adaptações de Danielle Steel). Mas as redes de TV abandonaram em grande maioria esses formatos nos anos 2000. O custo era uma das razões; elas também começaram a favorecer repetidos seriados sobre crimes e reality shows, incluindo a franquia “Bachelor”, que se baseia na ideia de romance.

Ao longo da última década, apenas um pequeno número de adaptações de romances chegou à televisão. Menos deles ainda (“Outlander” na Starz, “Bridgerton” na Netflix) tiveram sucesso.

O Passionflix não foi concebido como um modo duvidoso de lucrar com o boom do streaming, disse Tosca. Na realidade, ela e duas amigas, Jina Panebianco e Joany Kane, queriam fazer um romance picante para a televisão, mas não conseguiram encontrar interessados em Hollywood.

“Então tivemos que criar uma solução de distribuição”, disse Tosca.

Tosca, cujo nome é uma homenagem à ópera de Puccini, estudou cinema na Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. Depois de se formar em 1997, trabalhou na Alliance, produtora canadense, antes de se mudar para Los Angeles, onde dirigiu, escreveu e produziu o filme “Puzzled” (2001), com apoio de Elon Musk. Por fim, ela começou a produzir e dirigir filmes de TV para canais como Hallmark, Lifetime e ION Television.

Mas ela estava frustrada. “Vivia entrando em conflitos com executivos da TV que não estavam interessados em histórias com mulheres empoderadas acolhendo sua sexualidade.”

Quem é Tosca Musk?

Tosca fala em um ritmo alucinante e com um sotaque que reflete o tempo vivido no Canadá, nos EUA e na África do Sul, onde cresceu. Ela é alta, cheia de energia e franca. No início de uma entrevista no Ritz-Carlton, Marina del Rey, perto do Aeroporto Internacional de Los Angeles no mês passado, ela anunciou que sua filha, Isabeau, 9 anos, estava em uma sala ali por perto jogando videogame e que ela havia concebido a filha e seu irmão gêmeo, Grayson, por meio de um doador de esperma anônimo e fertilização in vitro.

Tosca se mudou para a Geórgia durante a pandemia para aproveitar os generosos incentivos fiscais do Estado para produção de filmes e televisão. Ela tinha se apoderado de uma grande parte do Ritz-Carlton para uma convenção de fãs inaugural do Passionflix: a PassionCon.

Os pacotes para duas pessoas custavam US$ 1.000 e incluíam hospedagem para duas noites, refeições, bebidas alcoólicas, cabelo e maquiagem, painéis com estrelas do Passionflix e uma festa do pijama para a estreia da terceira temporada de “Driven”, seriado sobre uma mulher de coração de ouro que se apaixona por um bad boy piloto de corrida. Cerca de 200 pessoas compareceram, disse Tosca, algumas de lugares distantes como Austrália e Alemanha. (Sim, ela usou um pijama.)

“Foi como um sonho”, disse Jan, que veio de Nova Jersey. “Esta comunidade é importante de verdade para mim.”

Encontrar maneiras de levar os negócios do Passionflix para além da tela é uma nova aposta para Tosca. Ela também usou a PassionCon para apresentar o vinho da marca Passionflix. As garrafas custam US$ 35 e carregam o slogan: “Delícias picantes constrangedoras”. / TRADUÇÃO POR ROMINA CÁCIA

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